UMA SANFONA EMUDECEU
Vanildo de Pombos era uma daquelas criaturas que incorporava todas as facetas do manso e alegre falar nordestino, do típico “zona-da-matense” que gorjeava com timbre agudo, as canções de seus amores e desamores. A saudade tem um tom matuto desde agora.
Vanildo Vitor Cavalcante, aos 47 anos, parte, sem dizer pra onde. É provável que tenha ido se juntar aos ancestrais que aqui o trouxeram na esperança desavergonhada de ser ele um Pernambucano da clara e da gema, do sangue e do tempero nordestinês.
Dois desconhecidos, oriundos das profundezas das mazelas humanas, alvejaram, sem direito a defesa, o homem que cantava a autenticidade de nossa terra, extraindo-nos o direito de ver mais do que quatro discos, mais do que festivais nacionais e internacionais que saboreavam o pé-de-serra de sua maior alegria.
Trezentas composições, das quais, marcamos versos fortes de propulsão aveludada do tipo: "Nessa sua maldade irás envelhecer, sem conseguir vencer minha simplicidade, quem fraqueja é covarde, a inveja é do cão, quem nasce para ser forte trás o dote na mão. Pode falar de mim que não estou nem aí", diz a letra da música “Não Tô nem Aí”.
Você não está nem aí, nem aqui, nem acolá. Você está em cada coração dos que irão se acostumar com um botão eletrônico pra ouvir sua voz, porque a placa torta que indica o caminho sem contramão para a morte permanecerá torta. Para quem correu atrás do sucesso e dormiu com lágrimas nos olhos por ter gravado seu primeiro cd, seu repente agora é com a eternidade...
A essa altura do campeonato, não tem graça nenhuma dizer que você é ícone da música nordestina, do forró pernambucano, embora eu o tenha dito em vida, em poucos momentos que trocamos idéias. E não há menos graça em dizer agora que você mudou a vida dessa cidadezinha que te acolheu na terna infância...
Você que fez shows em Colônia, Amsterdã, Bruxelas, Nova York, São Paulo, Salvador e em tantos outros palcos, agora emudece com sua fiel companheira, a sanfona. Assim como ela, nós silenciamos o momento e aguardamos a hora de, frente `a frente, podermos dizer que você, por estas bandas de cá, continua sendo um dos legítimos representantes da cultura popular nordestina.
“Nos braços da graça paranaense nasceste.
Vanildo de Pombos era uma daquelas criaturas que incorporava todas as facetas do manso e alegre falar nordestino, do típico “zona-da-matense” que gorjeava com timbre agudo, as canções de seus amores e desamores. A saudade tem um tom matuto desde agora.
Vanildo Vitor Cavalcante, aos 47 anos, parte, sem dizer pra onde. É provável que tenha ido se juntar aos ancestrais que aqui o trouxeram na esperança desavergonhada de ser ele um Pernambucano da clara e da gema, do sangue e do tempero nordestinês.
Eram vinte e uma horas, do vigésimo sexto dia do mês Santana, quase um domingo, do ano que foi marcado pela sua ascensão a lista dos imortais reconhecidos pelos festejos juninos de Gravatá. Foi o dia e a hora de seu tombamento.
Dois desconhecidos, oriundos das profundezas das mazelas humanas, alvejaram, sem direito a defesa, o homem que cantava a autenticidade de nossa terra, extraindo-nos o direito de ver mais do que quatro discos, mais do que festivais nacionais e internacionais que saboreavam o pé-de-serra de sua maior alegria.
Trezentas composições, das quais, marcamos versos fortes de propulsão aveludada do tipo: "Nessa sua maldade irás envelhecer, sem conseguir vencer minha simplicidade, quem fraqueja é covarde, a inveja é do cão, quem nasce para ser forte trás o dote na mão. Pode falar de mim que não estou nem aí", diz a letra da música “Não Tô nem Aí”.
Você não está nem aí, nem aqui, nem acolá. Você está em cada coração dos que irão se acostumar com um botão eletrônico pra ouvir sua voz, porque a placa torta que indica o caminho sem contramão para a morte permanecerá torta. Para quem correu atrás do sucesso e dormiu com lágrimas nos olhos por ter gravado seu primeiro cd, seu repente agora é com a eternidade...
A essa altura do campeonato, não tem graça nenhuma dizer que você é ícone da música nordestina, do forró pernambucano, embora eu o tenha dito em vida, em poucos momentos que trocamos idéias. E não há menos graça em dizer agora que você mudou a vida dessa cidadezinha que te acolheu na terna infância...
Você que fez shows em Colônia, Amsterdã, Bruxelas, Nova York, São Paulo, Salvador e em tantos outros palcos, agora emudece com sua fiel companheira, a sanfona. Assim como ela, nós silenciamos o momento e aguardamos a hora de, frente `a frente, podermos dizer que você, por estas bandas de cá, continua sendo um dos legítimos representantes da cultura popular nordestina.
“Nos braços da graça paranaense nasceste.
Nas asas choro pombense emudecesse”.
1 comentários:
Faz bem à alma ler o que vc escreve...
Andreza
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