Livro Primeiras Águas - Poesias

Este é o livro I da série Primeiras Águas.

Campanha Gravatá Eficiente

Fomentando uma nova plataforma de discussão.

A Liberdade das novas idéias começa aqui.

sábado, 26 de abril de 2014

A Cidade Que Não Aprende Com os Próprios Erros.



Já ouvi e li muitos depoimentos contra a figura de Roberto Carlos no tocante ao seu papel durante a ditadura militar. Segundo alguns críticos fervorosos e cultos, a Jovem Guarda não levantou bandeira política contra o Estado ditatorial imposto no Brasil até os anos 80. Muita gente fala mal da postura que teve, por exemplo, Caetano Veloso, durante o mesmo regime, pois defendia a luta armada e a organização de guerrilhas em nome da liberdade. Outros tantos descem a lenha no Rei do Baião, que fora a favor do militarismo, afinal, ele esteve nas forças armadas.

No meu julgamento, penso que todos eles tiveram importância capital no processo de reconstrução política no Brasil. Aliás, todos os males (que não é o caso) pelos quais passamos, todos os erros que cometemos enquanto humanidade, enquanto povo, enquanto cidadão, enquanto pessoa, fazem parte de um processo evolutivo que sempre nos apontam para uma realidade mais justa, próspera, feliz. Isto quando aprendemos com os erros. E quando não aprendemos?

Eu aprendi com os meus próprios erros. E não foram poucos. Foram muitos. Alguns dos quais sofro o efeito da improvidência e da indisciplina até hoje, embora tenha me perdoado de todos eles. No tocante a minha atuação como professor, os erros me custaram os lindos cabelos que povoavam minha linda cabeça. (Risos!). Chistes à parte, devo dizer que os meus maiores erros foram cometidos pela inexperiência e pelo modo passional de encarar as coisas, antes dos 30 anos e justamente na cidade de Pombos, onde trabalho há quase duas décadas.

Estou escrevendo sobre Pombos porque tem sido recorrendo os meus sorrisos sarcásticos diante das notícias que tenho. Não é privilégio de Gravatá ter cargos comissionados e políticos perseguindo professores e trabalhadores municipais. O assédio moral existe em todas as esferas, em todos os municípios, claro. Mas, quando a cidade é provinciana e pouco desenvolvimento sociocultural, a situação piora. E é nesse momento que lembro da Ditadura, das mortes, dos direitos políticos cassados, da música de Roberto, de Caetano, de Luiz Gonzaga, da JOC Brasileira, dos movimentos sociais e o papel de algumas lideranças religiosas como Dom Helder Câmara... E faço a comparação entre Democracia, Socialismo, Comunismo, Ditadura...

Quando eu estive sendo porta-voz dos professores de Pombos, no começo deste século, através do SinPro-PE, a nossa comissão era formada por dez professores. Eu era (pra variar) o único homem do grupo e, portanto, sempre com o poder representativo da palavra nas negociações com o executivo. Dos dez componentes, após alguns meses de trabalho, restaram apenas dois: eu e professora Fátima. As demais colegas assumiram cargos na secretaria (estão lá até hoje), outras foram para direção escolar, outras foram estudar e não tiveram “tempo” pra comparecer às assembleias. Resultado... Eu virei alvo fácil. E assim, por um erro básico, foi condenado passar dois anos numa licença sem vencimentos. Um grupo de professores me chamou de “agitador”, de “irresponsável”, que eu só queria aparecer e ganhar um cargo (foi-me oferecido, inclusive), que eu não queria dar aula, etc. Outros me apontaram como pedófilo por ter permitido alunos assistirem o filme “Todo Mundo em Pânico”.

Sofri os piores momentos de minha vida. As maiores dificuldades financeiras, amorosas e pessoais bateram com força no meu consciente, com o mesmo poder que as condenações e perseguições sofridas no início dos anos 2000. Não fosse o meu emprego em Gravatá e do Pré-vestibular da Faintvisa, teria passado por necessidades financeiras graves, afinal, me preparava pra casar e constituir família.



Quando a candidata Jane Povão ganhou às eleições, fui convidado pela mesma a assumir cargo a combinar. Não aceitei. Pedi pra me liberar numa cedência solicitada pelo então prefeito de Gravatá, Ozano Brito. E assim foi feito. Afastei-me das mágoas corrosivas daquele ambiente. No segundo ano de mandato de Jane, tenho uma bela surpresa. A minha ex-diretora escolar me liga. A mesma que me apontava como agitador e irresponsável. O diálogo foi mais ou menos assim:
- Opa, Ricardo, como vai? Aqui é fulana de Tal.
- Olá, fulana! O que manda?
- Olhe, nós estamos aqui reunidas... Interrompi:
- Nós quem?
- Eu, fulana, cicrana, beltrana... (Todas figuras que mandaram na Educação de Pombos por oito anos e que, naquele momento estavam excluídas do processo da governança).
- É que a gente tá se reunindo para reativar o sindicato e gostaria de saber se você está interessado em nos ajudar.
- Olhe, fulana, você se recorda de quando eu estava como coordenador do sindicato, você e esse grupo que está ai me chamaram de agitador? E porque agora vocês me querem junto?
Nunca mais nos falamos...

Os anos se passaram e por não saber ouvir quem deveria ouvir, Jane foi derrotada e o ex-prefeito voltou como salvador da pátria. Tenho um vídeo gravado no dia da apresentação dele aos professores, no primeiro dia letivo de 2013, onde ele chorou e vi muitos professores chorarem com ele...

Essa semana, depois de ter faltado dois dias seguidos por conta da infecção, fui obrigado a me apresentar, mesmo doente, na escola onde dou maior parte das minhas aulas e onde tenho vivido momentos de paz. A diretora me deixou livre pra voltar pra casa quando viu meu estado. Mas antes de sair, um professor me contou a nova faceta da atual gestão:
Uma diretora e uma professora da maior escola do município estão respondendo a inquérito administrativo por terem liberado os alunos de uma turma, que não estavam suportando assistir aula sem uma ventilação que amenizasse o calor. A professora, por sua vez, foi julgada como sendo a organizadora de um motim feito por alunos em frente ao Paço Municipal.

Detalhe: assim como em Gravatá e em outros municípios, Diretor escolar é APONTADO pelo poder executivo e acatado pela Secretaria de Educação. Pois é! Nem quem faz parte da governança tem garantia de livre expressão.

Enquanto respirava um pouco na sala dos professores, ouvi outra professora proferir palavras de ordem, em defesa da soberania da liberdade de expressão, contra o assédio moral, que a união dos professores deveria tomar uma atitude, etc. etc.. O engraçado é que esta professora também fez parte dos privilegiados, que passaram anos fora da sala de aula, ocupando cargo político e que me apontou diversas vezes como seu inimigo, haja vista minha luta junto ao sindicato.

São erros políticos, passados e presentes, que nos conduziram a esta degradante situação. Se no passado, os erros nos levaram à acumulação de permanentes e avultados “privilegiados” a um nível de endividamento e de falta de transparência nas contas públicas, que hoje nos atirou para este empobrecimento coletivo no presente, também não deixa de haver erros quando os mesmos privilegiados querem lutar por direitos que não correspondem ao bem comum.



Venho repetindo em minhas aulas e em conversas com amigos, o que Milton Santos afirmava categoricamente no século passado: “Não há cidadania no Brasil. A classe média não requer direitos, e sim privilégios.” Bom lembrar, também, o grande José de Castro: Existem dois grupos no mundo “o grupo dos que não comem e o grupo dos que não dormem com receio do grupo dos que não comem".

Devo dizer que no Brasil, em cidades como Pombos e Gravatá, também existem esses dois grupos, onde um quer comandar e o outro, também. Outro dia li uma postagem no facebook que dizia: “Democracia é quando Eu Mando em Você. Ditadura é quando Você Manda em Mim”.

Eis porque não acredito mais em sindicatos, em movimentos de classe. Até porque não somos classe. Somos, no máximo, grupo de uma categoria desgastada pelas nossas próprias posturas egoístas, pela falta de formação e pela incoerência de alguns. Há uma guerra de um grupo contra o outro. Se não sendo privilegiado, grita. Se está recebendo regalias, favores e benefícios, o silêncio é claustro.
E o que a vida me ensinou? A lição de sempre defender os meus direitos quando me sentir ameaçado. E ponto final. Levantar bandeiras é participar de uma facção. Aqui, ali, acolá há a segregação de interesses que apontam apenas para o próprio umbigo.

E o que cidade de Pombos não aprendeu? Grave é a constatação de um povo que não tem memória, que não sabe avaliar sem pensar em barganhas e mais triste ainda é saber que a maior parcela da população entrega as suas vidas aos políticos e não os avalia, fiscaliza, cobra e exige que lhe é de direito.

Numa cidade como Pombos, a manipulação de interesses e a partilha de dádivas entre um pequeno grupo contrastam com o desejo de ver uma Educação Laica, Democrática e Libertária, que traga ordem, disciplina, honra e progresso.

Para mim, um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado. Esta é uma cidade que não aprende com os próprios erros e reproduz a falência de todos os setores da vida social, política e econômica – molas do desenvolvimento pátrio.

Será que a solução é voltar ao marco zero? Desaprender para aprender? Deletar para escrever em cima? Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Biografia de Chico Xavier

Primeira Infância

Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao pai sobre Ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles. Nascido no seio de uma família humilde, era filho de João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus, uma dona de casa católica.

casa onde Chico nasceu

Os Abusos da Madrinha




A mãe faleceu quando Francisco tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes, Francisco foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe, Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o “menino tinha o diabo no corpo“. Não se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade: o menino viu-a após uma prece, junto à sombra de uma bananeira no quintal da casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava “paciência, resignação e fé em Jesus” ao filho.



A madrinha ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida incurável na perna. Rita decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno Francisco. Revoltado com a imposição, Francisco conversou novamente com o espírito da mãe, que lhe aconselhou a “lamber com paciência“. O espírito explicou-lhe que a simpatia “não é remédio, mas poderia aplacar a ira da madrinha“, esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Francisco.


A Madrasta

Cidália, a madrasta


O seu pai casou-se novamente, e a nova madrasta, Cidália Batista, exigiu a reunião dos nove filhos. Francisco tinha então sete anos de idade. O casal teve ainda mais seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola pública. Nesse período, o espírito de Maria João parou de manifestar-se. O jovem Francisco, para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo os legumes da horta da casa.

Na escola, como na igreja, as faculdades paranormais de Francisco continuaram a causar-lhe problemas. Durante uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem que lhe ditou as composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria professora não se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso estadual de composições escolares comemorativas do centenário da Independência do Brasil, em 1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os seus dons, Francisco submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação (com o auxílio de um espírito) sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que realizou com êxito.

A madrasta Cidália pediu a Francisco que se aconselhasse com o espírito da falecida mãe dele sobre como evitar que uma vizinha continuasse a furtar hortaliças e esta lhe disse para torná-la responsável pelo cuidado da horta, conselho que, posto em prática, levou ao fim dos furtos.

Assustado com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo. O padre Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a internação, tratando-se apenas de “fantasias de menino“. Scarzelli simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe as leituras (tidas como motivo para as fantasias) e a colocá-lo no trabalho. Francisco, então, ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas para o resto da vida.

No ano de 1924 terminou o antigo curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em horários extensos. Apesar de católico devoto e das incontáveis penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.


Chico Xavier em Família




Foto do ano de 1930, com alguns integrantes da familia de Chico Xavier. Entre elas Cidália Batista Xavier, a segunda mãe de Chico Xavier.

Adultos: da esquerda para a direita: Nelson Pena (cunhado), Carmozina Xavier Pena (irmã), Chico Xavier, João Cândido Xavier (pai), no colo João Cândido Filho (irmão), Cidália Batista Xavier (madrasta);  no colo Doralice Xavier (irmã); Geralda Xavier (irmã); Jacy Pena (cunhado); Maria da Conceição Xavier Pena (irmã).

Crianças, da esquerda para a direita: Neuza Xavier (irmã); Mauro Pena (sobrino), filho de Nelson e Carmozina; Dorita (ajudante da casa da familia Xavier, no colo criança não identificada); Nelma Pena (sobrinha), filha de Nelson e Carmozina); Lucília Xavier (irmã); Cidália Xavier (irmã); André Luiz Xavier (irmão). 

Acervo da Casa de Chico Xavier, Pedro Leopoldo. MG. Foto está às fls 62 do livro O Vôo da Garça




Açude onde conheceu Emmanuel




O Contato com a Doutrina Espírita



Em 1927, então com dezessete anos de idade, Francisco perdeu a madrasta Cidália, e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo, Francisco iniciou-se no estudo do espiritismo. No mês de maio desse mesmo ano recebeu nova mensagem de sua mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das obras de Allan Kardec e o cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de propriedade de um seu irmão. Em julho, por orientação dos espíritos seus mentores, iniciou-se na prática da psicografia, escrevendo 17 páginas. Nos quatro anos subsequentes aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro Parnaso de Além-Túmulo, ela somente tenha ganho maior clareza em finais de 1931. Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em 1928 começou a publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal.


As Primeiras Obras



Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra “Parnaso de Além-Túmulo“. Esse ano, que marca a “maioridade” do médium, é o ano do encontro com seu mentor espiritual Emmanuel, “…à sombra de uma árvore, na beira de uma represa…” (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros, e explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: “disciplina, disciplina e disciplina“. Severo e exigente o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publio Lêntulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.



Em 1932 foi publicado o “Parnaso de Além-Túmulo” pela Federação Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública brasileira, e causou espécie entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um “modesto escriturário” de armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos críticos.



Os direitos autorais das suas obras são concedidos à FEB. Neste período inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda neste período descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema que o acompanhou o resto da vida. Os espíritos seus mentores, Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos. Continuou com o seu emprego de escriturário e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. Paralelamente, iniciou uma longa série de recusas de presentes e distinções, que também perdurará por toda a vida, como por exemplo, a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em testamento, repassada pelo médium à FEB. Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais, buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações. Souto Maior relata uma tentativa de “linchamento pelos espíritos”, bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada “prova”, comum em histórias de santidade.


O processo da viúva de Humberto de Campos




No decorrer da década de 1930, destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a Emmanuel e da obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho“, atribuída ao espírito de Humberto de Campos, onde a história do Brasil é interpretada de forma mítica e teológica. Esta última obra trouxe como consequência uma ação judicial movida pela viúva do escritor, que pleiteou por essa via direitos autorais pelas obras psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso escritor maranhense.



A defesa do médium foi suportada pela FEB, e resultou, posteriormente, no clássico “A Psicografia Perante os Tribunais“, do advogado Miguel Timponi. Em sua sentença, o juiz decidiu que os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida do autor, não havendo condição do tribunal se pronunciar sobre a existência ou não da mediunidade. Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o nome do escritor falecido foi substituído pelo pseudônimo “Irmão X“.

Neste período, Francisco ingressou no serviço público federal, como Auxiliar de Serviço no Ministério da Agricultura. Como curiosidade, refere-se que, em toda a sua carreira como funcionário público, não existe registro de qualquer falta ao serviço.


Em 1943 vem a público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance “Nosso Lar“, o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium que no ano de 2010 se tornou um filme.


Livro Nosso Lar


Este é o primeiro de uma série de livros cuja autoria é atribuída ao espírito André Luiz.




Neste período, a celebridade de Chico Xavier é crescente, e cada vez mais pessoas o procuram em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo, em um centro informal de peregrinação. Tendo morrido na miséria o seu antigo patrão, José Felizardo, o médium empenha-se em arranjar-lhe um sepultamento digno, pedindo doações de casa em casa para esse fim. De acordo com o seu biógrafo Ubiratan Machado, “…até mesmo um mendigo cego doou-lhe toda a féria do dia“. (MACHADO, 1996:53).


O Caso Amauri Pena

Em 1958 o médium viu-se no centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias de um sobrinho, Amauri Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, ele mesmo médium psicógrafo, anunciou-se pela imprensa como falso médium, um imitador muito capaz, acusação que estendeu ao tio. Chico Xavier defendeu-se, negando ter qualquer proximidade com o sobrinho. Já com antecedentes de alcoolismo e com sérios remorsos pelos danos causados à reputação do tio, Amauri foi internado num sanatório psiquiátrico em São Paulo, onde veio a falecer.



A Parceria com Waldo Vieira

No mesmo período, Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois.



Em 1959 estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam a década de 1960, como o sexo, as drogas, a questão da juventude, a tecnologia, as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com esperança de um contato com parentes falecidos. Neste período popularizam-se os livros de “mensagens”: cartas ditadas a familiares por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos e roupas para os pobres da cidade.

Em 22 de maio de 1965[8] Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis, estudaram inglês e lançaram o livro “Ideal Espírita“, com o nome de “The World of The Spirits“.


As Entrevistas no Programa Televisivo Pinga-Fogo



No alvorecer da década de 1970, Chico participou de programas de televisão que alcançaram picos de audiência. Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões, passou a sofrer de angina. Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.



As décadas de 1980 e 1990


Em 1981 foi proposto para o Prêmio Nobel da Paz, que não ganhou. Neste período a sua fama ampliou-se no exterior, com diversas de suas obras sido vertidas em diversas línguas, assim como ganhou adaptações para telenovelas.

Ao final da década de 1990 o médium contava com mais de 400 títulos de livros psicografados. Nesse período estimava-se em aproximadamente 50 milhões os livros espíritas circulando no Brasil, dos quais 15 milhões eram atribuídos a Chico Xavier e 12 milhões a Kardec (SANTOS, 1997:89).

No ano de 1994 o tablóide estadunidense National Examiner publicou uma matéria em que, no título, declarava que “Fantasmas escritores fazem romancista milionário”.[9] A matéria foi alardeada no Brasil com destaque pela hoje extinta revista Manchete[10], com o título de “Secretário dos Fantasmas“, onde se declarava que, segundo informava a “National Examiner”, o médium brasileiro ficou milionário, havendo ganho 20 milhões de dólares como “secretário de fantasmas”. A revista Manchete continuava: “Segundo o jornal, ele é o primeiro a admitir que os 380 livros que lançou são de ‘ghost-writers’, mas ‘ghosts’ mesmo, em sentido literal“, concluindo “Chico simplesmente transcreve as obras psicografadas de mais de 500 escritores e poetas mortos e enterrados.”

O médium não respondeu, mas a FEB, por seu então Presidente Juvanir Borges de Souza, editora de boa parte das obras de Chico Xavier, enviou uma carta à revista em que informava utilizar os direitos autorais e remuneração pelas obras de Francisco Cândido Xavier, para uso da caridade, o mesmo se passando com outras editoras, ressaltando que “os direitos autorais são cedidos gratuitamente, visando tornar o livro espírita bastante acessível e contribuir, destarte, para a difusão da Doutrina Espírita.”

O mesmo Presidente da FEB, em 4 de outubro daquele ano, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma “moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier“, aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em proposta apresentada pelo Presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe. No documento, as entidades representativas do Espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e respeito ao médium “pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do Espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus semelhantes.”



Falecimento

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.


O médium faleceu aos 92 anos de idade em decorrência de parada cardiorrespiratória no dia 30 de junho do ano de 2002. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estariam muito felizes, e que o país estaria em festa, por isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol daquele ano no dia de seu falecimento (Chico morreu cerca de dez horas após a partida Brasil x Alemanha).


Homenagens


Chico foi eleito o mineiro do século XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino Kubitschek.


Recentemente, iniciou-se a construção de um centro em sua homenagem.

Filme biográfico




Em 2 de abril de 2010, data em que Chico Xavier completaria 100 anos, estreou Chico Xavier – O Filme, baseado na biografia “As Vidas de Chico Xavier”, do jornalista Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969 a 1975.




Psicografias

Chico Xavier psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros. Vendeu mais de 50 milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile. Psicografou cerca de 10 mil cartas de mortos para suas famílias. Cedeu os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade, desde o primeiro livro.

Suas obras são publicadas pelo Centro Espírita União, Casa Editora O Clarim, Edicel, Federação Espírita Brasileira, Federação Espírita do Estado de São Paulo, Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio, Grupo Espírita Emmanuel s/c Editora, Comunhão Espírita Cristã, Instituto de Difusão Espírita, Instituto de Divulgação Espírita André Luiz, Livraria Allan Kardec Editora, Editora Pensamento e União Espírita Mineira.

Mesmo não tendo ensino completo ele escrevia em torno de 6 livros por ano entre eles livros de romances, contos, filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias… É o escritor mais lido da América Latina. (nota: ano de 2010).

Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, entre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, e os brasileiros Olavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932. O livro gerou muita polêmica nos círculos literários da época. O de maior tiragem foi Nosso Lar, publicada no ano de 1944, atualmente com mais de 2 milhões de cópias vendidas [19], atribuído ao espírito André Luiz, sendo o primeiro volume da coleção de 17 obras, todas psicografadas por Chico Xavier, algumas delas em parceria com o médico mineiro Waldo Vieira.

Uma de suas psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso de Goiânia em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz que aceitou como prova válida (entre outras que também foram apresentadas pela defesa) um depoimento da própria vítima, já falecida, através de texto psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979, na cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido espírito de “Maurício” teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um acidente.



Marco Civil da Internet: e eu com isso?


Entenda o que muda na sua vida com a aprovação deste projeto

De onde veio isso?

Esse não é um projeto só do governo brasileiro, ele foi construído coletivamente definindo direitos e deveres dos cidadãos e empresas na internet. O enorme esforço de diversos setores da sociedade deu forma ao projeto com o maior consenso possível para a garantia dos principais direitos civis na internet.


1 - LIBERDADE DE EXPRESSÃO



O que acontece hoje?

Hoje, o que você escreve na rede pode ser eliminado sem qualquer chance de defesa. A velha e boa censura, que aterrorizou o país durante a ditadura militar, é uma prática corrente na internet, com a diferença que não é mais necessário um órgão especializado do Estado autoritário para se retirar textos, imagens, vídeos e qualquer tipo de conteúdo do ar. Basta um telefonema, ou um email de quem não queira ver o conteúdo divulgado. A falta de leis que se refiram à internet cria uma insegurança jurídica para os sites que hospedam os conteúdos e, com o receio de serem responsabilizados pelo que foi publicado pelos seus clientes como se fossem eles mesmos os responsáveis, simplesmente retiram o conteúdo do ar. Isso faz, por exemplo, com que prefeitos que não gostam de críticas ameacem processar por difamação um provedor que hospeda um blog. Ou que corporações da indústria cultural notifiquem o youtube para retirada de conteúdos que utilizem obras protegidas por direito autoral.


E eu com isso?

Você pode pensar: “Mas é justo que sejam punidos difamadores ou quem o usa indevidamente obras protegidas de propriedade intelectual privada”. Talvez, mas a pergunta é: “Quem decide isso?” Quem disse que o uso era realmente indevido? Quem disse quer se tratava de difamação, e não apenas de uma crítica ou denúncia? Essa decisão não pode ser tomada unilateralmente nem pelo denunciante, nem pelo denunciado. Por isso, as democracias modernas inventaram um sistema para tentar resolver essa questão que se chama sistema judiciário, colocando a responsabilidade da decisão na mão de um juiz. Como não há lei na internet, políticos e corporações se valem do risco econômico que os sites estão sujeitos e, com simples notificações, criem uma indústria de censura automática na rede, sem respeitar qualquer processo legal, ou dar o direito de defesa a quem produziu e divulgou os conteúdos questionados. Você perde liberdade para se expressar na rede e de se informar pelo que foi censurado!


E o que muda com a aprovação do Marco Civil da Internet?

O artigo 20 do Projeto de lei 2126/2011 retira a responsabilidade dos sites sobre os conteúdos gerados por terceiros, acabando com a insegurança jurídica e com a desculpa utilizada para a censura automática.


E quem joga contra?

A pressão da Rede Globo conseguiu criar no Marco Civil uma exceção para esta regra, ao definir que, para conteúdos com direito autoral, serão tratados especificamente na Lei de Direito Autoral, o que mantém a situação atual para esses tipos de conteúdo até que a lei seja reformada. Com isso, a Globo seguirá censurando o debate acerca de sua obra na internet, mas os outros tipos de conteúdos passam a ter uma garantia legal contra a censura automática.

2 – PRIVACIDADE


O que acontece hoje?

A privacidade se transformou, literalmente, em uma mercadoria na internet. Geralmente, nos diversos serviços gratuitos que podem ser utilizados na rede, o produto a ser comercializado é o próprio internauta na forma dos seus dados mais íntimos. Plataformas como Google e Facebook utilizam suas informações pessoais, os dados gerados pelo seu comportamento, tais como buscas, avaliações positivas e negativas de conteúdos existentes e o próprio conteúdo da sua comunicação para vender para empresas interessadas no seu padrão de consumo, ou mesmo para fornecer a governos que estejam monitorando a movimentação política de seu país ou de outros. O ex-agente da NSA, Edward Snowden, revelou ao mundo que a agência de espionagem estadunidense monitorava a comunicação privada de cidadãos de forma massiva e não apenas em investigações pontuais. Snowden também revelou que a espionagem contava com a colaboração de empresas de tecnologia e infraestrutura.


E eu com isso?

A lógica da privacidade como mercadoria compromete a própria liberdade de expressão. Sem regras de proteção da privacidade, estamos vulneráveis ao humor de um Estado autoritário, vigilante e aos interesses privados das empresas. Quanto vale o acesso aos dados dos seus exames médicos? E do seu histórico contábil? Suas preferências políticas, sexuais e culturais?


E o que muda com a aprovação do Marco Civil da Internet?

O Marco Civil estabelece uma série de proteções a nossa privacidade na internet. O artigo 7 define  que as fotos e textos que você excluiu há muito tempo do Orkut e que pensa terem sido apagados com a sua saída desta rede social, finalmente terão que ser efetivamente excluídos com a aprovação da lei. O marco civil não impede a espionagem americana, mas coloca na ilegalidade a cooperação entre empresas e governos no monitoramento massivo. A lei também não impedirá Google e Facebook de venderem nossas informações, mas define que isso deve ser autorizado de forma livre, expressa e informada. Isso sim impede que as empresas de telecomunicação guardem os dados de tudo o que fazemos na rede.


E quem joga contra?

As bancadas policialescas do Congresso Nacional conseguiram a inclusão do artigo 16 ao projeto. Este artigo define o armazenamento obrigatório de tudo que se fizer em determinados sites para fins de investigação policial. Esta inclusão vai de encontro a todo espírito de proteção da privacidade ao estabelecer a vigilância em massa. Inverte o preceito constitucional da presunção de inocência, onde todos passam a ser considerados culpados até provem o contrário.

3 - NEUTRALIDADE DE REDE


O que acontece hoje?

Este é o ponto de maior polêmica entre sociedade civil e empresas de telecomunicações. Com a aprovação da neutralidade de rede como um princípio, as empresas donas dos cabos por onde trafegam os pacotes de dados ficam impedidas de favorecer esse ou aquele serviço, esse ou aquele produto no tráfego. Basicamente, todo conteúdo deve trafegar da mesma forma, com a mesma qualidade. Essa definição é importantíssima para garantir que a internet se mantenha como um meio democrático, onde todos têm as mesmas condições de falar e ganhar repercussão. Ter uma rede neutra é definir que o dono da estrada não pode definir que veículos podem andar mais rápidos e quais tem que enfrentar um congestionamento. Se nossas estradas não fossem neutras em relação a quem viaja por elas, existiriam uma larga pista para quem pagasse mais e um pista estrita para quem não tivesse dinheiro. Ou ainda a administradora da estrada poderia definir, em um acordo comercial com montadoras, que algumas marcas de automóveis passam sem pagar pedágio, enquanto as outras são obrigadas a pagar. Como não existem leis obrigando a neutralidade na rede de internet, hoje as estradas digitais são administradas de forma assimétrica por quem controla os cabos.


E eu com isso?

Sem uma rede neutra, você não tem como saber se o serviço que usa está ruim por um motivo técnico, ou por um acordo comercial que você desconhece. Você não tem como saber se o serviço de voz do Skype está ruim por que a Microsoft (dona do Skype) não paga a NET para passar os seus produtos pela rede. Sem neutralidade,  a internet pode ser vendida como uma TV a cabo e você perde dos dois lados. O seu site não será tão visto na internet quanto o de uma corporação transnacional que poderá pagar por isso. Além disso, você não encontrará os conteúdos pelos quais não puder pagar. Perde-se dos dois lados e quem controla a infraestrutura ganha dos dois lados.


E o que muda com a aprovação do Marco Civil da Internet?

O artigo 9 no marco civil diz, claramente, que a empresa de infraestrutura deverá “tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação”. Ou seja, deve ser neutra em relação ao que passa nos seus cabos vendendo apenas capacidade de tráfego sem interferir no tráfego em si.


E quem joga contra?

As empresas de telecomunicação, mais conhecidas como Vivo/Telefônica, Claro/Embratel, TIM e Oi, são as principais opositoras, pois querem poder negociar de todos os lados do balcão e impor condições assimétricas para o consumidor. Essas empresas depositam no deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) suas esperanças de obstruir o projeto de lei que as obriga respeitar direitos civis na rede.