Livro Primeiras Águas - Poesias

Este é o livro I da série Primeiras Águas.

Campanha Gravatá Eficiente

Fomentando uma nova plataforma de discussão.

A Liberdade das novas idéias começa aqui.

domingo, 31 de agosto de 2008

Onde Estaria Deus?


Semana passada, em uma das minhas aulas na sala da 8ª série, falava sobre a Guerra Fria e todos os seus acontecimentos. Chegamos a um dos itens que tratava da “Corrida Espacial” entre os Estados Unidos (EUA) e a antiga União Soviética (URSS). Falamos que para ambos, houve um fato que mudaria a vida de cada um dos países e também da Terra para sempre.


Para a URSS, o momento mais importante ocorreu em 12 de abril de 1961, quando o major da Força Aérea Soviética, Yuri Gagárin, aos 27 anos, tornou-se o primeiro homem a viajar no espaço, tripulando a nave-satélite Vostok.


Para os EUA, o fato mais importante só aconteceu oito anos mais tarde, quando o astronauta Neil Armstrong, comandante da Apollo 11, pisou em solo lunar em 1969.


Como sempre faço, em cada item que estudamos, acrescento algumas informações que não aparecem no nosso Livro Didático. Na ocasião, citei algumas frases dos dois cosmonautas. Uma das frases que citei de Gagárin, chamou a atenção de um aluno, que me argüiu:
- Como ele pode ter dito isso, Professor? Ele era ateu?


Eu, com sincera humildade, e sem perder a oportunidade de educar, provocando, respondi:
- Bom, se ele era ateu ou não, eu não sei. Particularmente eu não acredito que ele fosse, diante de algumas coisas que ele mesmo disse, ao ver a Terra lá de cima.
- O que ele disse mais? – perguntou-me ele.
- Não se sabe bem o que era verdade ou o que era mentira durante a Guerra Fria. Mas, dizem que ele falou: “Circulando ao redor da terra em minha nave espacial eu notei quanto é bonito nosso planeta. Pessoas do mundo cuidem dele e façam-no permanecer bonito, não o destruam.”
- Uma pessoa que está extremamente preocupado com o planeta, não pode ter sido ateu. Ou pode? - Perguntei, olhando pra ele.
E continuei:
- Dizem que ele também falou: “A Terra é azul”. No entanto, segundo os próprios registros das conversas entre ele e a sua equipe (Official Russian Space Agency Voice Recordings of Jury Gagarin In Space, 1961) não mostram em nenhum momento que ele falou tal frase.
- Mas ele dizer que não viu Deus é demais. – retrucou meu aluno.
- Por quê? Ele não viu mesmo! – sentenciei-o a reflexão e ao silêncio...

Meu aluno ficou muito aborrecido porque o pai dos cosmonautas afirmou, ao ficar em órbita, que não havia visto Deus. Isto porque, todos afirmavam que "os céus" seria a morada de Deus. Ele deve ter ouvido isso desde a infância, assim como eu ouvia... Ele também disse que as estrelas não brilhavam como ele via quando estava na Terra.

Como disse para meu aluno, sabe-se pouco sobre o que é verdade durante aquele período obscuro e de constante tensão no mundo chamado de Bipolar...


Voltando pra casa e pensando naquele momento da aula, eu me recordei, em meus arquétipos, uma linda história que li em um dos livros psicografados de Chico Xavier, que não me recordo o título. A história é a seguinte:

Os sinais de Deus

Um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor, todas as noites, que o rico chefe de grande caravana resolveu chamá-lo:
- “Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler”?
- “Sei ler, sim senhor. Leio tudo que o Grande Pai Celeste escreve”.
- “Como assim?”
O servo humilde explicou-se:
- “Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu”?
- “Pela letra”.
- “Quando o senhor recebe uma jóia, como sabe quem a fez?”
- “Pela marca do ourives”.
- “Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe se foi um carneiro, um cavalo um boi”?
- “Pelos rastros” - respondeu o chefe, surpreendido com aquele questionário.
O velho crente convidou-o para fora da barraca e mostrou-lhe o céu.
- “Senhor, aquelas coisas escritas lá em cima, este deserto aqui embaixo, nada disso pode ter sido desenhado ou escrito pelas mãos dos homens”.


ps:

Deus não precisa dizer que existe, para alguém acreditar que Ele existe.

Ele não está alí, aqui ou acolá, como o próprio Cristo ensinou.

E onde Ele está, então?

Dentro de cada um de nós, ora!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

CONHECEREIS A VERDADE E ELA VOS LIBERTARÁ


No mundo ocidental todas as religiões Cristãs são segundo a Bíblia. E todos os adeptos destas religiões acreditam que a Bíblia é um livro sagrado e intocável por ter sido escrito por Deus para alguns, inspirado por Deus para outros ou simplesmente que a Bíblia é a palavra de Deus.

Segundo a edição de 2001 da “World Christian Encyclopedia” existem 33.830 denominações cristãs no mundo, onde cada uma defende um ponto de vista específico, de acordo com seus dogmas e interpretações meramente humanas. Isto significa dizer, portanto, que a Bíblia dá margem para milhares de interpretações, não havendo um consenso geral entre os cristãos.

Aqui no Brasil os Cristãos que seguem a Bíblia são aproximadamente 100 milhões de pessoas, sendo que 73% da população se declara Católica Apostólica Romana, enquanto que apenas 15% é de formação Protestante. Segundo o Senso do IBGE de 2000 existem aproximadamente 150 mil igrejas evangélicas de todos os tipos espalhadas pelo Brasil. Estes dados também nos apontam para uma infinidade de percepções bíblicas diferentes.

Se tomarmos as duas maiores religiões Cristãs no Brasil, elas nos apontam o primeiro questionamento acerca da idéia de que se admite ser a Bíblia a palavra de Deus. A Igreja Católica reconhece a Bíblia como um conjunto de 72 livros sagrados. A Bíblia dos Protestantes possui apenas 66 livros. Os livros retirados com a reforma são chamados de Deuterocanônicos, formados por: Eclesiástico, 1º e 2º Macabeus, Baruc, Tobias, Judite, Sabedoria. Além destes livros, eliminaram também trechos de Daniel e Esther.

Ora, vem-nos uma questão:
Se a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, portanto, intocável e inquestionável, porque o Grande Martin Lutero – por quem temos grande admiração – retirou seis dos livros anteriormente existentes?

Atentemos também para um outro fato importante do ponto de vista didático. A Bíblia começou a ser escrita em línguas que já não existem e traduzidas para o Hebraico, depois para o Grego, depois para o Greco-romano, que passou para o Latim, que traduziram para o Inglês até chegar a nossa Língua Portuguesa. Alguém se recorda da brincadeira chamada “telefone sem fio” e o resultado moral que ela nos traz? Pois bem, pensemos nela ao recordarmos dos milhares de homens tradutores que, ao seu bel prazer, trouxe-nos os dados que hoje lemos na Bíblia.

Portanto, conhecendo o grande número de seguimentos religiosos que interpretam a Bíblia de uma forma particular, ao ponto de uns terem mais livros que outros, e o fato de que o livro sofreu modificações ao longo dos milênios por seus tradutores, o lógico, a razão, a fé raciocinada nos leva a crer que ele não pode ser a palavra de Deus.

A Bíblia é um livro extraordinário, que tem um valor espiritual imenso. A bíblia é, sem sombra de dúvida, um dos maiores documentos históricos do mundo cristão e é o livro mais lido do mundo. Particularmente tenho minhas ressalvas porque para lermos a Bíblia precisamos ter maturidade espiritual e cultura senão incorremos em dois problemas: fascinação e alienação.

Interessante observarmos que o maior homem do mundo, o Salvador, o Mestre, o Modelo e Guia, o Rabi da Galiléia ou simplesmente Jesus Cristo, jamais se arriscou em escrever sequer uma palavra que fosse. Tão sábio que é, entendia que amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas, resumia toda a lei e os profetas, isentando-se de ser algo de controvérsias, como foram os seus antecessores.

Não conhecemos passagens em que Jesus afirma que a Bíblia era a palavra de Deus. Ele mesmo foi a maior vítima por saber que todos os textos judaicos estavam carecendo de mudanças profundas. Jesus discordou de quase todos os ensinamentos antes Dele. Exemplo?

Vejamos:
No Livro do Exôdo, no capítulo 21 lemos um extenso texto onde Deus coloca algumas normas, citando várias vezes a morte à aquele que ferir o outro mortalmente, raptá-lo, insultar pai ou mãe. E no versículo 33 lemos: "Mas se acontecer dano grave, pagarás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, contusão por contusão."

Porém, no Evangelho de S. Mateus, no capítulo 5, Cristo disse no Sermão da Montanha: "Ouviste o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao mau. Pelo contrário, se alguém te esbofeteia na face direita, vira-lhe também a outra."

Este é um das centenas de exemplos que ilustram a visão contrária que tinha Jesus dos textos bíblicos, principalmente aos que se referem a Moises. As idéias revolucionárias de Amor que Jesus pregava, contrariando os antigos ensinos, foram os verdadeiros motivos que o levaram a morte.

É no Antigo testamento que encontramos as maiores provas de que a Bíblia não pode ser considerada a palavra de Deus. O velho testamento tem tantas passagens absurdas que Deus não pode ser Deus e ter dito e feito tantos absurdos.

Há erros geográficos, históricos e científicos que chegam a derrogar as leis da natureza – considerando que tais leis são divinas e imutáveis. Nosso objetivo, ao contrário do que muitos pensam, não é de desrespeitar a Bíblia, de agredir quaisquer religiões, de ser chamado de ateu. Temos um profundo respeito por todas as crenças, sejam cristãs ou não, porque temos a certeza de que o mundo precisa de tolerância e de viver conforme Jesus nos ensinou, amando-nos uns aos outros. O nosso objetivo é puramente didático, científico.

Queremos proporcionar a disseminação da fé lógica, argumentativa embasada na ciência. Estamos no século da luz, do esclarecimento, do bem, da paz que certamente nascerá e reinará nos corações humanos. Não há como vivermos fechados em nossas crenças, atrelados as nossas limitações e tradições muitas vezes preconceituosas e arcaicas.

Citarei aqui alguns exemplos de como podemos ter a certeza de que a Bíblia, tal como está ou como foi escrita, não pode ser vista como um livro intocável, sagrado e inquestionável e que, portanto, nela só existam verdades absolutas.

Vejamos alguns exemplos de como era Deus nos textos judaicos.

1- OS ARREPENDIMENTOS DE DEUS


v Genesis VI, 6 - 7: Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até a ave dos céus; porque me arrependo de havê-los feito.

v I Samuel XV, 11: Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir, e não cumpriu as minhas palavras. Então Samuel se contristou, e toda a noite clamou ao SENHOR.

v Êxodo XXXII, 14: Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo.

Deus é uma das personagens que mais se arrependeu segundo a Bíblia. Ora, não se pode imaginar Deus, perfeição infinita, arrepender-se de qualquer coisa que tenha feito, como se a consciência e onisciência não fossem qualidades inerentes a Deus.

Sendo Deus infinita perfeição, é claro que não haveria nada porque se arrepender. O Deus que adoramos e amamos não pode está sujeito às paixões e erros humanos.


2- ATAQUES DE CÓLERA

v Êxodo XXXII, 27 – 28: E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho. E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens.

v Samuel XXX, 17: E feriu-os Davi, desde o crepúsculo até à tarde do dia seguinte; nenhum deles escapou, senão só quatrocentos moços que, montados sobre camelos, fugiram.

v Juizes XI, 33: E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.

v DEUTERONÔMIO XIII, 8 – 9: Não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás; Mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo.

v DEUTERONÔMIO XIII, 15: Certamente ferirás, ao fio da espada, os moradores daquela cidade, destruindo a ela e a tudo o que nela houver, até os animais.

v NÚMEROS XXXI, 7: E pelejaram contra os midianitas, como o SENHOR ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens.


Contam-se para mais de 700 ataques de cólera entre os livros de Êxodo e o segundo de Reis. E o Jeová, que deu ao seu povo o mandamento “não matarás”, aconselhava passar ao fio da espada os amigos e até irmãos com uma incrível ferocidade. Não se concebe um Deus de infinita perfeição tomado de rancor, pronto para descarregar, sobre suas criaturas, a sua tremenda ira.

E, no entanto, sendo Ele Misericordioso e Piedoso, tardio de se irar e grande beneficência e verdade, que faz justiça ao órfão e a viúva, a prática do seu amor descrito no velho testamento nos faz duvidar de que haja um pingo deste sentimento puro em Deus.

Há uma história de um jovem evangélico que viajou 300 pra fazer o vestibular de Direito. Na frente da Universidade, antes de entrar para fazer a prova, olhou para um amigo e disse:
- Vou consultar a Palavra de Deus. Se ela disser que é para eu fazer essa prova, eu faço.
Abriu diante do amigo a Bíblia e depois de alguns segundos, com os olhos tristes e confirma:
- A palavra diz que eu não devo fazer essa prova. Não devo contrariar a palavra do Senhor.
O amigo, sem conhecer que parte do texto ele tinha lido, retrucou:
- E porque você não fez essa consulta antes de pagar a inscrição e de viajar 300 km?
Ele, com aquela certeza tristonha, finaliza:
- É que o testemunho do crente tem que ser na hora do acontecimento.
(...)


Muitas são as pessoas tão radicais que nada fazem sem antes consultar a palavra do senhor, como muitos fanáticos por horóscopo. Esse tipo de comportamento, sem fazer nenhuma ofensa ou com intuito de desrespeitar o culto de casa um, de certa forma ele é alienante e fanatizante. Alguns mais alargados que dizem: “não devemos nos apegar a palavra que mata, mas sim a espírito que vivifica.” No entanto, este espírito que vivifica também é conveniência de cada um.

Existem tantos argumentos e conveniências tão humanas baseados nas interpretações pessoais de cada crença, que, muitas vezes, nos assustamos com certas posturas recorrentes à Bíblia. Recentemente um pastor dos Estados Unidos achou na Bíblia que a pena de morte é justificada perante a palavra inspirada por Deus.

Queremos, mais uma vez, ressaltar que nossa proposta não é de desfigurar a Bíblia, nem de tirar da Bíblia o seu grande valor. O que queremos é fazer uma reflexão fria, metodológica, racional, científica, pois bem sabemos que falar da Bíblia é navegar no mundo dos tabus, de contradições. Além de acharem que o livro é divino e sagrado, as pessoas também não se apegam às contradições.


Vejamos alguns exemplos simples de contradições textuais da Bíblia.

1- NA CRIAÇÃO:

a) Como pode Deus ter criado a luz e depois o sol, (Genesis 1, 13-14) se o sol é a própria luz? Como Ele pode ter criado a luz e depois criar o sol? Como Ele separou a luz das trevas, se as trevas nada mais são do que a privação da luz? Como fez o dia antes que o sol fosse criado?
b) Como podemos explicar o fato de Adão e Eva serem as primeiras pessoas a habitarem a Terra, se Cain quando matou Abel foi expulso do Oriente e, no local pra onde foi encontrou uma mulher com quem se casou e construiu uma cidade?
c) Porque se atribuiu à Serpente o papel de Satã, se a Bíblia apenas diz que a cobra era o mais astuto dos animais? Que língua falava essa serpente? E como andava antes da maldição de ser condenada a passar a se arrastar e comer pó? Será que a serpente andava de suspensório, com dois pés embaixo? Como explicar a desobediência da serpente se nunca se ouviu falar em cobra que comesse pó e como explicar que tantas mulheres possam dar a luz sem dor a tantos homens, comam o seu pão sem precisar do suor do seu rosto porque está em Genesis 3, 16-19, contrariando o que o Cristo dizia? Como poder ser punido com tanto rigor um ente primitivo como Adão, que não sabia distinguir entre o bem e o mal? E a prova disso se encontra no versículo 22, onde está escrito: “eis que o homem é como um de nós sabendo o bem e o mal. Cain cometeu um fratricídio e não mereceu uma pena tão severa, a despeito da maldição: “fugitivo e vagabundo serás na Terra” (Genesis 4, 12). Foi banido para Nodi e lá construiu a cidade com sua mulher, que não se sabe de onde ela veio.


2- A ARCA DE NOÉ:

a) Na história da arca choveu tanto que inundou a Terra completamente. A primeira questão é lógica: de onde veio tanta água se as águas do céu é fruto da evaporação das águas da superfície terrestre? Ainda a questão da medida da arca, que transformando hoje para as nossas medidas, teríamos uma arca com 60 metros de comprimento, por 37 de largura e 20 de altura e ali se tinha um casal de cada bicho. E o que interessante é saber como é que Noé e sua turma fizeram para não deixar a cobra não comer o sapo, o leão não se alimentar do cervo? Como eles alimentaram tantos animais se não havia um depósito de alimentos pra tantos animais? Como puderam tão poucas pessoas, limpar tantos dejetos de tantos animais?


3- O SOL PAROU DE GIRAR EM TORNO DA TERRA

a) Em Josué 10, lemos que Josué estava guerreando contra os Amorreus, que não eram tementes a Deus. E pelo que já sabemos, Deus, pra mandar matar e fazer chacinas no Velho Testamente era de uma ira sem igual. E o que diz essa passagem? Estava entardecendo e Josué não teria tempo para matar todo mundo daquela tribo, porque naquele tempo não se tinha luz elétrica. Então Deus fez uma façanha, para agradar a Josué: parou o sol no firmamento para que ele matasse até o último dos Amorreus, que já estavam destroçados com as pedras que caíram do céu jogadas por Deus. Quem escreveu este texto não conhecia nada de astrofísica. Alunos do ensino fundamental aprendem nas aulas de geografia que não é o sol que está girando em torno da Terra. Há quem defenda com a famosa frase feita: “Para Deus, nada é impossível”, que Deus poderia ter parado a Terra, querendo justificar o injustificável. Deus não pode está criando uma Lei e depois derrogando por capricho humano. As leis que regem o Universo as Divinas, portanto, perfeitas. Não podem está mudando de uma hora pra outra. Se Deus parasse a Terra, ele estaria parando o maior e mais rápido veículo que conhecemos. Seria a maior das catástrofes do sistema solar. A Terra está girando numa velocidade de 180.000 km/h. imaginemos, agora, um freio a 180.000 km/h! todas as coisas animadas e inanimadas seriam jogadas ao espaço. Ondas maiores que o Himalaia cobririam a Terra e florestas inteiras seriam arrancadas do chão. Tudo isso apenas para Josué matar os Amorreus em nome de Deus. É muita manteiga pra pouco pão. Mas as pessoas se apegam as letras porque acreditarem que ta tudo certo, que tudo é inquestionável na Bíblia e não a lêem com raciocínio.

b) Outro fato interessante escrito em I Reis XX, 27: “Eram como dois pequenos rebanhos de cabras”. Como um grupo tão pequeno de pessoas puderam, num só dia, matar 100.000 Sírios? E ainda por cima derrubaram o muro da cidade matando mais 27.000 restantes. Que muro pequeno esse não?! Como é que se mata cem mil pessoas em um dia sem armas poderosas? Naquele tempo as armas eram artesanais, facas, espadas, bastões de madeiras, lanças. A bomba atômica que caiu em Hiroshima e outra em Nagazaki matou 80.000 na explosão e 200.000 foram mortos com os efeitos radioativos durantes seis meses.

c) Como admitir que Deus afirmou: “os pais não morreram pelos filhos e nem os filhos pelos pais, mas cada qual morrerá pelo seu pecado.” Lemos em Deuteronomio 24, 16. Até aí, tudo bem. Mas, ele se enfureceu tanto quanto o Rei Saul ao ponto de assolar o povo com uma fome de três anos, com raiva de Saul. Deus só se aplacou quando Davi (Samuel 21,) mandou matar setes netos do seu antecessor.

d) Não parece muito verossímil que o anjo do senhor tenha numa só noite exterminado 185.000 assírios; nem que 120.000 midianitas tenham sido mortos pelos 300 de Gideão, descrito em Juizes 8, 10. Fazer guerras naquela época superava a potência nuclear que se tem hoje. Os Judeus eliminaram em um só dia 120.000 da tribo de Judá, todos homens poderosos, por terem abandonado o Senhor Deus, de seus pais. E o motivo da morte é uma das coisas mais incríveis. Levaram cativas 200.000 mulheres e crianças do seu povo irmão que foi feito escravo. O que dizer dos 500.000 homens escolhidos que caíram feridos de Israel e o que dizer de 1 milhão de etíopes que foram destroçados sem ter restado nenhum sequer? Será que a Etiópia já dispunha de uma população de um milhão de habitantes? Estes dados estatísticos são impossíveis. Não existiam nações com esta população naquele tempo.

e) Elias era profeta de Deus, mas, cometeu várias atrocidades. Matou 450 profetas de Baal (Reis 18, 22 e 40). Mesmo assim, foi arrebatado ao céu no carro de fogo, coberto de glória, por vontade do Senhor. Seu sucessor Elizeu só porque um grupos de rapazes caçoavam dele com a irreverência própria da juventude, amaldiçoou-lhes em nome de Deus, saindo do bosque com duas Ursas, que despedaçaram 42 meninos (II Reis 2, 23-24).



4- DEUS FOI VISTO POR ALGUÉM?

a) No Novo Testamento, João afirma que Deus nunca foi visto por ninguém. Em João 1, 18: “E ninguém jamais viu a Deus.” Em 14, 12, ele fala: “Aquele a quem nenhum dos homens viu, nem pode ver”. Em Timóteo 6, 16, também registra que jamais se viu a Deus. “Não que algum homem tenha visto ao Pai.” Afirmação feita por Jesus em João 6, 46.

b) No Antigo Testamento lemos que Deus disse: “Eu apareci a Abraão, a Isac e a Jacó. E Moises, Arão, Nadibi e Abium e mais 70 anciões viram Deus. Falava Deus a Moisés face a face como qualquer homem fala ao seu amigo (Êxodo 33, 11). Contudo advertiu Deus: “Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá”. Em seguida abre uma exceção: “Me verás pelas costas, mas minha face não se verá.” E no entanto o próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele vê a forma do Senhor”. Em Números 12, 8: “Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas.” E finalmente, em Reis 11, encontramos “Deus por duas vezes apareceu a Salomão.”

c) Afinal, Deus foi visto por alguém? Não precisamos responder esta indagação porque sabemos que ninguém jamais viu a Deus e que apesar das aparentes discrepâncias podem ser atribuídas ou a intenção de enfatizar a experiência para valorizar o ensino ou ao fato de terem visto espíritos superiores, confundidos com Deus.


Só por estes exemplos podem perceber logicamente que a Bíblia não é tão inerrante quanto se pensa.

Houve um pastor protestante que teve a audácia de mostrar que existia a proibição da prática do Espiritismo na Bíblia. Havia no livro de Deuteronômio um texto que dizia que era proibido consultar a médiuns, adivinhos e qualquer prática do Espiritismo. Absurdo. As palavras médium e Espiritismo foram inventadas nos anos 50 do século XIX por Alan Kardec. Se a Bíblia foi escrita há tantos anos atrás, como pode haver duas palavras que não existiam no vocabulário dos povos antigos? Recordemos que a própria Bíblia assegura que ninguém modificará um só til. E alguns tradutores preconceituosos do movimento protestante acrescentaram duas palavras de uma vez só, num pequeno texto.

Será que estes erros estão apenas nas antigas escrituras? Só o Antigo Testamento foi modificado e só ele contem tais discrepâncias que ferem a fé e a lógica? O Novo Testamento também sobre do mesmo mal. Observemos que dos quatro evangelistas, dois não conheceram Jesus, Marcos e Lucas. João escreveu sobre Ele quando já tinha 80 anos, na ilha de Patmos e seu Evangelho só foi publicado 60 anos depois que o Cristo voltou aos Céus. O Evangelho de Mateus foi publicado 50 anos depois.

Ninguém nunca ouviu falar no Sermão da Planura de Lucas. Em Mateus é chamado de Sermão da Montanha. O texto de Lucas diz que Jesus desceu até a planura e exclamou... Enquanto que o texto de Mateus diz que Jesus subiu ao monte e começou a ensinar... No sermão descrito por Lucas Jesus afirma: “Bem aventurados os pobres, porque deles é o reino dos céus.” No sermão relatado por Mateus Ele diz: “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.”

Observemos que há dois detalhes importantes que precisamos analisar. Primeiro: Jesus subiu ou desceu? Ele ensinou no alto do monte ou na planura? Claro que isso não importa do ponto de vista religioso, mas, é uma prova de que nem os evangelistas se entendem quanto aos detalhes da vida de Jesus. O segundo ponto é quando Lucas não escreve em seu texto a palavra “espírito”. Se ele apenas disse que Jesus disse “bem aventurados os pobres, porque deles é o reino dos céus”, convenhamos que exista muito pobre que não merece o reino dos céus. Mateus, de forma mais coerente, fala dos “pobres de espírito”. Haveremos de concordar que o termo usado por Mateus é bem mais próximo das idéias revolucionárias do Cristo. As idéias dos dois evangelistas mostra que há pobres de espírito e há espíritos pobres e que as informações que saiam de boca em boca, como era a tradição, foram perdendo as suas bases reais e verdadeiras, as suas origens verídicas.

Há passagens outras no Evangelho que não tem nenhum sentido se reconhecermos Jesus Cristo como o enviado de Deus. Frase que dizem que teria dito que não podem ser verdadeiras. Vejamos alguns exemplos. Jesus disse, quando estava na cruz: - Pai, porque me abandonaste? E outra: - Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito. Se Jesus tivesse dito que o Pai havia o abandonado, ele seria um fraco e não o salvador do mundo. Ele estaria blasfemando contra Deus, supondo que Deus havia sido injusto com Ele.

Um evangelista diz que as últimas palavras do Cristo foram: “- Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.” Outro diz que Ele apenas disse: - “Pai, porque me abandonaste?” O outro diz que Jesus disse: - “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” O e último não disse nada sobre o que supostamente foram as últimas palavras do Cristo no alto do madeiro. Então, o que Jesus disse na cruz? As três frases, uma delas ou nenhuma delas?

Outra passagem sem sentido. Jesus ter chicoteado nos vendilhões no Templo só porque estavam ganhando o pão com suas vendas. Ele tinha autoridade moral para repreender sem precisar bater nas pessoas, mostrando-se uma pessoa violenta. Gandhi, muito menos que Ele, jamais reagiu com violência. Em uma das suas passeatas, um soldado britânico o batia e ele apenas olhava com ternura enquanto se levantava. O soldado batia e ele mais uma vez olhava com amor. Na terceira, o soldado se sentia como se estivesse batendo no próprio pai. Gandhi nunca reagiu. Ele foi o autor da não-violência. Ele não era “contra” a violência, porque se ele fosse contra, ele seria também violento como foram os ingleses com seu povo. Era adepto a não-obediência pacífica. Preferia morrer, mas não reagia com violência. Isso é o que podemos de chamar de coragem. E Jesus ter reagido com violência? Não faz sentido.

O que é verdade? O que é mera interpretação humana? O que é mentira? O que precisamos fazer para não incorrermos em erros repetidos historicamente? Como ver a Bíblia do ponto de vista religioso? Qual deve ser a nossa postura, ENQUANTO CRISTÃOS, diante do século XXI que trouxe a luz da Razão pela Ciência? Devemos esvaziar as igrejas? Rasgar a Bíblia?

De forma alguma deveremos deixar nossas convicções. Em hipótese alguma devemos repetir erros dos movimentos inquisitórios da França do século XIX, queimando livros. Já basta a dívida com a natureza de derrubarmos árvores para fazer papel.
O que nós precisamos é nos abrirmos para verdades outras. O que precisamos é de nos desvencilharmos de preconceitos judaicos de 500 anos de história. O que precisamos é nos reconhecemos como irmãos que se toleram, que se abrem para novas formas de enxergar o mundo.

Jesus Cristo é o maior exemplo de que nós precisamos crescer e aprender muito espiritualmente para que possamos estar, todos, sem nenhuma exceção religiosa, ao Seu lado, vencendo o mundo como Ele venceu e enxergando no outro a possibilidade única de chegarmos ao “paraíso” prometido por Ele.

E se Ele prometeu, eu sei que Nele há a verdade. Não sou um homem de fé. Sou um homem de convicção. Quem tem fé, acredita. Quem tem convicção simplesmente sabe. E eu tenho convicção de que a Bíblia não é palavra de Deus, nem foi Ele quem inspirou. Mas tenho, como cristão que sou, o profundo respeito por todos que acreditam, porque não me reconheço como dono da verdade e não a ninguém reconheço como detentor da verdade absoluta. Eu apenas me recordo as palavras do Cristo:
"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará".

Algumas pessoas se sentem perdidas quando diante dessas afirmações. Aonde vou me segurar se está tudo errado? Mas, em verdade, é preciso concebermos algumas idéias muito simples: a bíblia é um livro sem valor? Não. A bíblia é um livro sagrado? Não. A bíblia foi escrita ou inspirada por Deus? Não. Foi escrita por homens inspiradas por espíritos, alguns superiores e outros inferiores.
Tem muito haver com a época, mas não contas atrocidades. Deus, sendo Amor, não poderia ter ensinado tantas matanças. Por mais que seja atrasado um povo, não se justificam tantas maldades, tantos crimes. Temos que considerar que a bíblia carece de reformas, de reconstituições dos escritos e lembrar sempre de que a bíblia é um livro sagrado para os cristãos ocidentais.
O Corão é livro sagrado dos mulçumanos. Tem o livro sagrado dos Budistas o Tripitaka. Tem o livro sagrado dos Hindus: o Rig-Veda. Todos estes livros foram modificados com anos, porque eles são passiveis de modificações e atualizações e interpretações diferentes das originais. Todos estes livros foram desfigurados na sua essencia
O guia dos Cristãos é Jesus. O guia dos Budistas é Buda. O guia dos mulçumanos é Maomé. Moisés é o líder dos Judeus, que eram liderados na época de Jesus pelos Fariseus, Saduceus e Essênios. Os hinduístas seguem Krishina. E entre Krishina e Jesus tem algumas coincidências interessantes.
Aliás, tem até a história de um pastor protestante que cruzou com um templo budista. De gravata, paletó e com a bíblia debaixo do braço, ele olhou e viu que na frente daquele templo imenso, um monge orava. Ele se aproximou do monge e perguntou:
- Você conheceu Jesus Cristo.
E o monge responde:
- Olhe, ele não freqüenta o nosso templo. Mas aí na frente tem um bairro de novatos, o senhor pergunta por lá e talvez alguém o conheça.
Se nós chegarmos a uma filial da igreja universal e perguntar a algum daqueles freqüentadores se conhecem Sidarta Gautama, eles vão responder a mesma coisa.

O que temos que entender é que todos os livros sagrados de todas as religiões sofreram deformações porque são passiveis de atualizações hoje. Todos eles foram desfigurados porque os homens são os mesmos em qualquer parte do planeta. Interpretam as escrituras sagradas de acordo com as necessidades ideológicas, políticas, sociais e pelas conveniências religiosas e até por interesses institucionais religiosos.

Ainda, precisamos convir um detalhe. Buda ascendeu na Índia 600 anos antes de Cristo. Ensinou coisas notáveis como o Cristo ensinou. Krishina ascendeu 2000 anos antes do Cristo. Falou de reencarnação de forma majestosa, com uma beleza inconfundível. A história do Krishina é muito semelhante ao do Cristo. Maria foi fecundada pelo Espírito Santo. Era uma virgem. A mãe de Krishina foi fecundada virgem por um raio de sol. O rei mandou matar todas as crianças do sexo masculino para poder alcançar a cabeça do Messias. O mesmo ocorreu com Krishina. Jesus nasceu numa manjedoura (outra história da corachinha). Três reis magos não existem em passagem nenhuma do Evangelho. Krishina também nasceu numa palhoça. Jesus fez um Sermão da Montanha, considerado a poesia mais linda do mundo, em todos os tempos. Krishina também fez sermão e disse coisas lindas de se ouvir: “Sede como o Sândalo que perfuma o machado que o golpeia”. Jesus disse: “Quando alguém te bater um lado da face, daí o outro lado”. Ou seja, as mesmas coisas, os mesmos ensinamentos.

Na verdade, Deus precisou falar através de seus emissários em diversas épocas da humanidade, em diversos lugares, culturas e etnias do planeta. Jamais as mensagens do Cristo terão ressonância no mundo mulçumano. Jamais os cristãos verão Buda como messias de sua época. Maomé não será visto como filho de Deus aqui no maior país católico do mundo, nem Jesus é o messias no mundo oriental. E Jesus sabia de tudo isso antes mesmo do começo dos tempos.

Jesus é um educador, um psicólogo, um terapeuta do seu tempo e todas as suas parábolas eram agrárias, condizentes com a cultura do povo. Porque que Jesus não fez a parábola da bicicleta. Porque não existiam bicicletas. Era a parábola do bom samaritano, a parábola da noite de núpcias. Ele se utilizada de elementos alcançáveis. Mas também há parábolas absurdas que não condizem com a figura pura do Cristo, como por exemplo a parábola da figueira, que é uma bobagem tremenda e que nem temos interpretação pra tanto. Pode ter sido um texto mal escrito, mal interpretado por Lucas. Conta que Jesus estava com fome, pediu fruto a figueira e como a figueira não deu Ele amaldiçoou a figueira, que secou no mesmo instante. Será que Jesus fez isso mesmo? Será que foi assim como está escrito?

Há outras passagens e interpelações muito fortes atribuídas a Jesus. Frases como: “não julgueis para não serdes julgados.” Coitado os juízes e dos advogados, pois estão todos no fogo do inferno. Perguntamos: quem é que não julga? Sem julgamento não há evolução. Julgamos a escola que nossos filhos irão estudar, o supermercado onde iremos comprar, o tomate da feira julgamos se serve ou não. Todos julgamos e é necessário se façam julgamentos. O Cristo pode ter dito: “Não condeneis, para não serdes condenados.” Faria mais sentido. Ele mesmo julgou quais os doze que o seguiriam, qual a melhor hora de falar ao povo, se carregaria a cruz, se perdoaria Pilatos. Julgar é tomar um posicionamento, ter uma atitude.

Outra passagem: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao pai senão por mim.” Jesus não poderia ter dito isso, porque sendo Ele o espírito mais avançado, o governador da Terra, sabia que muitos foram ao Pai antes dele. Se assim não fosse, o que aconteceu com todas as pessoas que vieram antes dele? Será que todos os profetas não foram ao Pai? Moisés não teria conseguido arrastar devotos ao Pai? Será que Buda e Krishina não conseguiram levar devotos para os Céus, para Deus? Talvez o Cristo tenha dito: “Eu sou o caminho da verdade e da vida; muitos vão ao pai através de mim.” Mas como as pessoas querem fazer Jesus de Deus, acharam que a única salvação e o único caminho era Jesus.

Aliás, essa idéia é defendida pelos seguidores da seita das Testemunhas de Jeová. Eles acreditam que estão entre uma das 12 tribos de Judá que irão para o céu, enquanto que os outros ficarão aqui no inferno. Ou seja, mais de 6 bilhões de pessoas que não estão em uma das doze tribos, já estão com ingresso comprado para o inferno, porque eles se auto-definem como sendo “salvos” e nós, condenados. Portanto, sendo Jesus um espírito excelso não poderia desconhecer os grandes lideres que passaram por aqui antes dele, inclusive, acredito eu, enviados por Ele próprio para iniciar o seu trabalho.

Todas as palavras que o Cristo disse foram interpretados por homens que não tinham maturidade para alcançar as suas verdades. Vejamos o exemplo simples. Os próprios apóstolos não estavam junto com Ele no dia do calvário. O Judas Escariotes era tão rude, ignorante de saber que achou que entregando Jesus, estaria colaborando para que o Cristo tomasse o poder e implantasse o seu reino, porque Jesus dizia que era rei e que tinha um reinado onde ninguém mais padeceria. Aquele beijo não foi o da traição, foi o beijo da fidelidade. O Judas quando olhou para Ele estava conspirando uma grande ação política. Ele queria que o Cristo tomasse o poder de Roma e mostrasse quem era o líder daquele povo. E quando ele estava na ceia e o Cristo disse: “- Vai logo filho e faz o que tem de fazer”, ele pensou: “- Chegou a hora”. Ele achou que entregando Jesus começaria a revolução e ao aceitar as moedas, ele o fez por decorrência. Mas quando ele viu a bobagem que havia feito e quando soube que o reino de Jesus não era desse mundo, ele arrependeu-se de tal forma que se matou. Era um fraco e não entendeu a idéia de reino do Cristo.

Engraçado é que todos os anos fazem a festa de Judas, o traidor. Queimam e esfaqueiam como ato de vingança pela sua traição com o Cristo. Nascem filhos com nomes de Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, mas ninguém coloca o nome de Judas. Hoje, as pessoas que queimam Judas na semana santa só porque ele recebeu as moedas, vende Jesus a grosso e a varejo mundo afora e não se arrepende um só instante do que faz.

Então, como fica o Espiritismo diante da Bíblia?
A primeira coisa que temos que recordar é que este livro sagrado é para uma parte do ocidente. Os budistas e mulçumanos tão o dobro dos adeptos cristãos e eles não consideram a bíblia melhor que os livros deles. Os hindus não consideram nossos evangelhos melhor do que o Mahabharata, do que os outros livros do Rig-Veda. Outro detalhe é que a bíblia é mais nova que os livros orientais. Eles trouxeram informações sobre Deus e o Universo antes da bíblia. Jesus na Índia é considerado um simples santo, um profeta no máximo. É preciso ter uma visão holística de tudo isso. Tudo que existe na Terra, existe por uma necessidade e preenche uma finalidade.

Todos os grandes líderes não escreveram nada. Nem Buda, nem Krishina, nem Maomé. Escreveram por eles. Aconteceu o que aconteceu com o que o Cristo disse, imagine com todos os outros. Tudo deformado para está de conformidade com um pensamento centralizador e dominador.

Vejamos o que aconteceu com os nossos santos da igreja católica. Todos os santos têm coroa. Vejamos a imagem de Nossa Senhora da Conceição da Praia como é enfeitada com bastão na mão, coroa, mantos. Porque esta imagem é a imagem dos Reis e dos poderosos. E todos os santos eram associados ao poder.
Na China o Buda é gordo. Na Índia o Buda é magro. Na China todos os Reis das dinastias eram obesos, não faziam nada a não ser comer e dormir. Eram preguiçosos e indolentes. Portanto, se o Rei era gordo, a imagem do Buda teria que ser gordo também, para que o Budismo pudesse se manter forte, ao lado das grandes dinastias. Na Índia, os homens mais puros, os Avatás eram todos magros, não comiam carne, faziam jejum como Buda fez. Assim, o Buda também teria que aparecer magro para os devotos indianos.
Os homens são os mesmos. Assim como as deformações sofridas no Cristianismo, ocorreram também em todas as religiões.

No movimento Católico nós temos diversas divisões. Igreja Católica Apostólica Romana (Girafas Natalinas, Girafas Pascais), Igreja Greco Católica Melquita, Igreja Greco Católica Croata, Igreja Católica Liberal, Igreja Ortodoxa: Igreja Armênia, Igreja Ortodoxa Ucraniana, Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Copta.
No Protestantismo (Lutero) nós temos: Adventismo, Anabaptismo, Anglicanismo, Calvinismo, Luteranismo, Metodismo, Pentecostalismo, Neo-pentecostalismo, Presbiterianismo (Calvino), Cristianismo Esotérico: Catarismo, Gnosticismo, Rosacrucianismo, Maniqueísmo, Testemunhas de Jeová e os Quakers. Há ainda nomes engraçados: “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias” (Mormonismo). Os santos dos primeiros dias não servem?
Conhecemos o Judaísmo, Islamismo e a Fé Bahai. Há também as Religiões Não-abraâmicas: Messianismo, New Age, Seicho-no-ie, Siquismo, Zoroastrismo (Zoroastro) e as Religiões Dharmicas: Budismo (Buda), Bramanismo, Confucionismo, Hinduísmo (Krishna), Jainismo, Taoísmo e, por fim, temos as Religiões pagãs: Batuque, Candomblé, Druidismo, Vodu, Umbanda (genuinamente brasileira), Xamanismo, Xintoísmo e a Wicca.

Todas estas religiões são as mesmas em seus comportamentos e atitudes porque viraram instituições. Os grandes lideres não pregaram religião alguma. Nem Buda, nem Krishina, nem Cristo, nem Maomé. Eles pregaram a religiosidade. O homem é que não entendeu e quis fazer religião da religiosidade.

Mas, e o Espiritismo?
Primeira coisa que temos que conceber é que a Doutrina Espírita é a única religião cristã do ocidente que não se fundamenta na Bíblia. Infelizmente, aqui no Brasil, o Espiritismo quase que perdeu por completo a sua essência original, porque os espíritas querem fazer da Doutrina uma religião segundo os Evangelhos. Não é Espiritismo que tem que ser conforme o Evangelho, mas o Evangelho é que tem que ser segundo o Espiritismo.

A concepção Espírita é superior a concepção dos Evangelhos, porque os Evangelhos não explicam o Espiritismo, mas o Espiritismo explica os Evangelhos. A diferença fundamental ente a Doutrina Espírita e as outras religiões cristãs é que o Espiritismo não se fundamenta na bíblia.

Quando Allan Kardec lançou O Livro dos Espíritos, a Doutrina se inaugurou na Terra. Onde estavam os Evangelhos? Onde estava a religião? Segundo livro da codificação é o Livro dos Médiuns. Onde estavam a religião e os Evangelhos? Terceiro livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nós queremos fazer deste terceiro livro o único e a base para a Doutrina.

Observemos uma frase poderosa de Emmanuel: “O Espiritismo é o Cristianismo redivivo.” Se é redivivo é porque estava na UTI da história, prestes a morrer. O Espiritismo veio com a missão que é ressuscitar os ensinamentos do Cristo na mentalidade contemporânea do povo sem igrejismo, sem rituais, sem hierarquias, sem símbolos, sem altares, sem pieguismo, sem cerimônias, sem paramentos. Uma religião livre, uma religião natural. A ligação da criatura com o Criador, como Cristo pregava. O que Jesus ensinou senão leis e ensinamentos espirituais? Os mesmos ensinamentos que espíritos estão ensinando pelo mundo, dentro das casas espíritas. Porque que temos que fazer do Espiritismo um partido de crença, uma religião a mais? O Espiritismo é a religião e não uma religião a mais.

A percepção sobre o Evangelho também deve ser muito clara. O que o Evangelho? Quando Cristo disse: “Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas”, não havia livro escrito. Lucas e Marcos não conheceram Jesus. Mateus e João escreveram muito tempo depois da ascensão do Cristo. Então, que Evangelho era esse que ele mandou pregar?

A palavra “Evangelho" (do grego "ευαγγέλιον" / "euaggélion") é composto de "eu-" ("bom") + "aggelion" ("notícia"). Ou seja, “A Boa Nova” é o termo mais coerente para a tradução da palavra. Foi isso que Jesus mandou pregar. Ele pediu que seus discípulos pregassem aquele conhecimento novo: que havia mundo espiritual, que nós somos eternos, que existe causa e efeito, que o homem teria que conquistar as virtudes para chegar até Ele, que existiam espíritos, que havia reencarnação. Era essa a Boa nova.

O Evangelho, a Boa Nova que Jesus se referiu não foi referente aos livros, mesmo porque, como dissemos, eles não existiam. Muitos pensam que seguir o Evangelho é está dentro das igrejas e decorando versículo por versículo, numa lavagem de números infinitos que não levam a nada. Se a mazelas do mundo pudessem ser resolvidas pelas letras decoradas, os protestantes já teriam dominado o mundo, porque eles sabem de cor cada versículo.

O que percebemos é que essas letras dos evangelhos só trouxe guerra santa, 500 anos de inquisição, de intolerância religiosa, divisões, partidarismos de todos os níveis. O Espiritismo não tem que fazer este tipo de Evangelho e sim, seguir a recomendação de Jesus, a Boa Nova. Infelizmente os Espíritas no Brasil lêem mais bíblia do que os livros da codificação. Todos ficam com receio, com medo questionar a bíblia porque crêem que tudo ali está certinho. Não, a bíblia é cheia de contradições. Se nós não colocarmos os princípios espíritas na bíblia, ela é um repositório de incongruências.

Observemos que Kardec não pode usar tudo que estava nos Evangelhos. Apenas usou os ensinamentos morais para os espíritos interpretarem os ensinamentos do Cristo porque as outras informações estavam tão deformadas que não havia como usá-las com exatidão, com certeza do que estava sendo ensinado. O Espiritismo se fundamenta nas leis da natureza. Os seus princípios são leis naturais. As mesmas leis que Jesus se baseou pra ensinar as verdades eternas. Reencarnação, existência e imortalidade da alma, determinismo e livre arbítrio, causa e efeito, Deus, corpo espiritual, comunicabilidade com os espíritos, evolução, pluralidade dos mundos habitados. Tudo isso são leis da natureza e são os princípios básicos da Doutrina que jamais estarão ultrapassados. Todas elas são leis de Deus e, portanto, são imutáveis. Agora, como o homem interpreta estas leis, muda todos os dias.

A Doutrina Espírita tirou Jesus da cruz que todo mundo adora e colocou-o ao nosso lado, pra caminhar como Ele fazia com os apóstolos, inspirando as nossas atitudes e nossas ações. O Cristo humilhado e fraco que todos cultuam não existe no Espiritismo. O Cristo foi um valente, muito maior do que todos os profetas e líderes que o mundo já conheceu em toda a sua história.

O que é Espiritismo na Terra senão um conhecimento novo, uma tecnologia de inteligência para melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas que pisam no chão do planeta. Precisamos acabar com a idéia de que o Espiritismo é um partido de crença. O Espiritismo é um agente transformador. Veio para mudar o mundo. Nós poderíamos fazer com o Espiritismo o maior movimento cultural da Terra. O Espiritismo é uma Doutrina de gigantes, mas está nos ombros de muitos pigmeus. Tem um incêndio pra ser feito de iluminação de consciências e estamos todos segurando a luz de uma vela, com tanta escuridão e ignorância na Terra.

Portanto, precisamos de certa forma, acordar e sair desse atavismo religioso que o passado nos prende. São 16 séculos de catolicismo em nossos arquétipos espirituais, em nossas recordações do passado. Temos que abrir a nossa mente e perceber que Jesus nos chama, que chegou a hora. Nós que sair da nossa zona de conforto e avançar um pouco mais, construindo espaços de espiritualidade na Terra. O Cristo precisa de nós para o trabalho ser feito. Ele precisa dos nossos braços, das nossas ações, das nossas vontades, da nossa voz.

O homem precisa chegar um nível de transcendência a um nível de fé onde igreja nenhuma mais importe. Essa é a verdadeira fé. A fé que transcende os templos, as fronteiras, que transcende as opiniões, que está legitimada na razão, como dizia Kardec: “A verdadeira fé é aquela que encara a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.” Ele estava colocando a crença atrás da convicção, porque o espírita não é um homem de fé, espírita é um homem de convicção. Quem tem fé acredita, quem tem convicção sabe. A fé se apóia na crença e a convicção na certeza.

As religiões são como vidraças. Do lado de fora da vidraça está a realidade. E você, que está dentro de uma religião está sempre vendo a realidade através da vidraça que te mostra. Só que há vidraças que são de vidro fumê. Outras são vidraças marteladas que distorcem qualquer realidade. E há vidraças que são de vidro cristalino. (Kalil Gibran Kalil).

O espiritismo é de vidro cristalino.

Este texto é uma homenagem ao grande confrade baiano Cloves Nunes por quem nutrimos uma estima e uma admiração por todos os seus trabalhos e dedicação ao movimento. Posso dizer que sou resultado de muito do que já aprendi com ele.

Cloves, Muito Obrigado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Melhor de Todos os Softwares da Educação



Por mais que se crie, que se projete e que se pense em ambientes educativos de alta tecnologia, estejam eles em quaisquer níveis, com livros e apostilas, com espaços confortáveis, com computadores de última geração e laboratórios equipados, eles jamais serão auto-suficientes e existirão sem a presença humana, sem a qual a sua existência não teria sentido algum.

É indiscutível que os computadores e todas as ferramentas modernas que estão surgindo nos espaços educativos são de suma importância para a aquisição de uma qualidade de aprendizagem muito mais apurada e mais democrática do que aquela em que eu nos anos 80 vivenciei no antigo ginasial, hoje, Ensino Fundamental.

Mas nada pode existir com um sentido completo dentro da educação se não houver a presença, a interferência e a interação do elemento humano. E dentre todos os importantes sujeitos humanos existentes nos ambientes educativos, um é que poderíamos chamar de software da educação. O melhor de todos. A parte que faz funcionar todos os mais modernos hardwares do mundo educacional: O Professor.

Se pudéssemos chamar a Escola de hardware, não há dúvida de que o software é o Professor. É ele que faz movimentar toda a Escola. É através dele, com suas experiências, com sua inteligência, com suas interferências, que elaboram-se respostas a todas as perguntas mais difíceis de responder dentro do processo educativo. É ele que dá vida e que faz movimentar a Escola e que, portanto, sem o mesmo, a escola não pode existir. Alguém já me perguntou um dia qual a diferença entre "home sweet home" e "house sweet house"... A escola, o espaço educativo não existe sem a presença do mestre, do professor. É como querermos que exista um lar sem uma familía.

Se precisamos realmente de equipar os ambientes educativos com o melhor do que há em tecnologia, também é necessário dar ênfase ao lado humano das relações existentes nos ambientes educativos. Tais ambientes precisam estar revestidos de humanização, de serem organismos vivos, embora existam conflitos variados que podem, com inteligência, serem transformados em matéria de aprendizado e amadurecimento.

No entanto, muitos destes conflitos surgem a partir de um grupo de professores desinteressados que desistiram da tarefa de exercer suas funções de forma substancial. São muitos os professores que são vítimas de colegas que se felicitam em perturbarem o equilíbrio escolar, comprometendo as atividades mais coerentes, com ações inovadoras e fora daquilo que costumeiramente eles mesmos chamam de "tradicional".

Conhecemos ambientes educativos repletos de egos. Professores que apenas querem desanimar os mais engajados com a causa educativa. Enchem-se de critérios para desqualificar qualquer forma dinâmica de ensino e o pior, encontram ressonância em elementos afins dentro do ambiente educativo. Poderíamos compará-los com os vírus que atacam os softwares e também os hardwares do sistema educacional.

São vírus que sugam, dissipam e eliminam todas as iniciativas bem elaboradas por professores comprometidos com a Educação sob uma visão holística, humana, soberana e libertária. Por se tratar de um vírus, a resolução que levará à cura é formatar com um ação madura que é enfrentar sem fugir das etapas da ética, da moral, da verdade e da justiça.

Infelizmente, muitos vírus são tratados com backups mal feitos que apenas amenizam, que disfarçam e, portanto, jamais eliminam o mesmo porque os seus agentes administrativos que programam todo o sistema escolar, fogem do caminho mais longo e mais difícil, mas infalível, que é a ética profissional e o respeito pelos melhores softwares, compostos por saberes admiráveis e transformadores.

Diante de tantos vírus, eu me pergunto: os softwares resistiram por quanto tempo? Como poderemos esperar que o futuro seja melhor, com antivírus que contemple os saberes na perspectiva da complexidade, fechando o cerco e explorando novos ângulos de atuação que protejam ações honestas e louváveis nos ambientes educativos?

Embora tais elementos nocivos sejam muito freqüentes, nos fazendo pensar que estamos sem saída e que ou nos vinculamos aos vírus ou desistimos da nossa verdadeira função, há uma luz no fim do túnel. Aliás, uma não, muitas. E dentre as muitas luzes existentes nesse mundo, me recordei de um gênio contemporâneo que devido à sua excepcional visão integradora da totalidade, os softwares podem ter esperanças de dias melhores. Me refiro a Edgar Morin e os Sete Saberes necessários à educação do futuro.

Morin considera que há sete saberes fundamentais com os quais toda cultura e toda sociedade deveriam trabalhar, segundo suas especificidades. Esses saberes são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano.

Esses saberes são indispensáveis frente à racionalidade dos paradigmas dominantes que deixam de lado questões importantes para uma visão abrangente da realidade. Para Morin, é impressionante como a educação, que visa transmitir conhecimentos, seja cega em relação ao conhecimento humano. Ao invés de promover o conhecimento para a compreensão da totalidade, fragmenta-o, impedindo que o todo e as partes se comuniquem numa visão de conjunto.

Por outro lado, como diz Morin, o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação. A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a idéia de diversidade. O princípio da unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas.

Para tanto, torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo vírus altamente perniciosos ao processo educativo, como, por exemplo, o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das sociedades.

Assim como vemos apenas a ponta de um iceberg, ao olharmos para o professor, vemos apenas um software que se apresenta na frente de um grande conglomerados de sujeitos que necessitam urgentemente de reformas primordiais. Estamos cansados de sermos atacados pelos vírus da inveja, do egocentrismo, do revanchismo e da falta de ética dentro dos ambientes educativos. Quando as autoridades irão reconhecer o poder transformador do maior de todos os softwares da Educação? Penso que chegou o momento de pensarmos e agirmos com mais rigor sobre isso.

domingo, 24 de agosto de 2008

Quanto tempo dura um sonho Chinês?


Muito mais que o resto do mundo, os chineses, pobres e ricos, atletas e simples camponeses já sentem saudades dos dias em que o mundo virou-se para um dos países mais fechados do mundo. A vida precisa voltar aos dias normais, muito embora esta normalidade não tenha sido alterada na maior parte do maior país comunista do mundo.

Durante os jogos foi possível observamos o quanto a China é um país de grandes contrastes, tanto quanto é o nosso Brasil. Óbvio que temos algo que lá não se tem e, que aqui, não usamos em sua justa aplicação, havendo outros que abusam dela: a liberdade. Talvez os chineses não sejam tão diferentes de nós quanto pensamos. Talvez sejam mais. A começar pela grande contradição que o significado original do seu próprio nome (China) carrega.

O nome original da China é Zhongguo, que literalmente significa “Terra do Meio” ou “Nação do Centro”. Nem Confúcio, se fosse nosso contemporâneo explicaria porque não existe a idéia do caminho do meio, da tolerância de quem vive no meio a busca de escolhas. Todos os valores ideológicos estão primados na idéia do meio, que abrace a todos, sem distinção e com pleno exercício da liberdade, que é o maior de todos os valores.

O Governo Chinês, uma das ditaduras mais duras de nosso tempo, merece letras maiúsculas, afinal, ele controla tudo, estando inclusive acima de Deus. Aliás, que Deus? O camarada Mao? Os lamas tibetanos, por exemplo, estão proibidos de ressuscitar sem a autorização do Estado. Os tentáculos do Partido Comunista, que é a mesma coisa que o Governo, controlam:
A internet - são 30.000 censores só pra web;
A religião - há católicos, mas eles não podem reconhecer o Papa como seu líder e padres e bispos precisam passar pelo crivo do PC antes de serem ordenados;
A TV e os Jornais – sabe-se que existem mais cem jornalistas presos (como Arnaldo Jabor) e blogueiros (como eu, modestamente) por escreverem e se expressarem contra a idéia totalitária do governo comunista;
E até os relógios - Na China, pelo seu tamanho territorial deveria possuir cerca de quatro fusos horários, como acontece aqui no Brasil. No entanto, o Governo definiu, e não se discute, que o horário oficial do País é o horário de Pequim. Imaginemos se o Brasil tivesse o horário de Brasília como sendo o único para todas as cinco regiões! Fernando de Noronha teria o mesmo horário que o Acre.

Além disso, filme de sexo em casa, é proibido. Um casal foi preso por assistir em sua casa, após ser denunciados por vizinhos. A polícia invadiu a casa e confiscou a fita e o aparelho. Aqui no Brasil, crianças e adolescentes chegam em qualquer locadora e até mesmo nas feiras livres e compram DVDs e levam para casa e assistem filmes, muitas vezes, bizarros. Isto quando não assistem ao vivo...

Homossexualismo é caso de polícia, mas a prática do aborto é legalizada. O fanatismo da censura gera anomalias como uma estatística que diz que 77% dos chineses não sabem que a AIDS pode ser evitada com o uso da camisinha. E a maioria dos homens só perde a virgindade aos 23 anos. Como o aborto é permitido, só 2% das chinesas casadas tomam pílulas anticoncepcionais.

Aqui no Brasil temos Deputado Federal declaradamente homossexual, o dia da parada gay e o aborto ainda é proibido apesar da pressão feita pelos Estados Unidos e vergonhosamente ainda feito em clínicas clandestinas. Na China, os fetos são jogados em depósitos como se fossem dejetos e são triturados para virarem adubo.

A cada feriado do Ano-Novo, mais de 300 milhões de chineses viajam pelo país para se juntarem a suas famílias. Com trens superlotados e sem banheiros, muitos se previnem usando fraldas geriátricas. Enquanto isso, só a cidade de Pequim gastou US$ 1,9 bilhão com os jogos olímpicos.

O cardápio chinês é um dos mais exóticos do mundo. Lá se come de tudo: jumento, cão, carneiro, cobra e foca. Apenas os machos, é óbvio. Não sei se é por terem um gosto diferente por comidas simplesmente ou se é falta realmente do que comer. Eu adoro saborear a buchada feita pela minha sogra, mas, jamais, ela seria minha base alimentar de todos os dias.

Diz uma lenda que se um homem morrer sem se casar, sua linhagem estará comprometida em sua próxima encarnação. Caso esse infortúnio aconteça, sua família trata de matar ou mandar matar uma jovem para ser enterrada com ele e assim casarem-se no pós-morte, livrando-se da maldição. No ano passado, uma quadrilha especializada em conseguir "noivas cadáveres" foi presa.

Apesar disso, o Governo instituiu o Comitê de Orientação Espiritual Civilizadora. Os chineses são orientados a não escarrarem em público, não jogarem lixo na rua, respeitarem áreas de não-fumantes, falarem mais baixo em público (eles gostam de conversar aos berros), não agacharem na rua e lavarem as mãos de vez em quando. Igualzinho se faz nas nossas cidades, dentro das escolas, em frente às nossas casas, não é?!

Com gastos totais provavelmente superando os US$ 42 bilhões (cerca de R$ 65 bi), os Jogos Olímpicos de Pequim podem ser os mais caros da história - mais que o dobro dos US$ 16 bilhões (R$ 24 bi) investidos nos Jogos de Atenas, há quatro anos. Paradoxalmente, cerca de 40 milhões de agricultores perderam as suas terras no país, 24 milhões de pessoas que precisam de trabalho urbano, 740.000 graduados universitários não conseguem encontrar emprego e há números que apontam que a China já chegou ao número de 250 milhões de pessoas em situação de miséria total, sem atendimento à saúde, saneamento básico, escola, emprego.

São muitos as diversas distorções existentes na vida chinesa que a televisão não mostrou durantes os jogos olímpicos e as graves violações em matéria de direitos humanos, que contradizem os valores abraçados pelas olimpíadas, foram sensuradas ao mundo. Por exemplo, a China leva a cabo mais de 7.000 execuções por ano, ou seja, 80% de todas as penas de morte aplicadas no mundo. é provável que este número seja apenas uma pequena estimativa diante da real situação política imposta pelo Governo Comunista Chinês.

Até quando a China vai suportar e administrar tantos problemas como uma previsível quebra da sua bolsa de valores, uma inflação desmedida, um desastre ecológico e motins sociais que se estão se multiplicando por toda a nação do meio? Não sabemos.

O que se sabe é que os ursos pandas, os animais que simbolizam o país, estão em vias de extinção e os camponeses têm cada vez menos terra arável e as grandes cidades estão as vias de uma explosão ocupacional humana sem precedentes, criando um conglomerado de gente que não vive, apenas subsiste.

Durante as Olimpíadas os chineses, para a alegria do Partido Comunista, gritavam "Zhongguo, Jia You", ou seja, "força, China". Mas, cá com meus botões, eles sentiam a necessidade de gritar para o mundo outras frases do tipo: “Wo men he bei pi jiu, Ba Xi?”, como fazem os torcedores do meu glorioso Sport após ganhar do freguês Náutico. (risos)!
Talvez seja este o tempo em que dure um sonho chinês, um sonho brasileiro...

Ah! Quanto a tradução da frase acima, vale a pena pesquisar o seu significado.


Wo Ai Ni, Ba Xi!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Vamos Filosofar Sorrido?

ENTREVISTA PARA UMA GRANDE EMPRESA


1º) Candidato formado na USP
Diretor: - Qual e a coisa mais rápida do mundo?
Candidato: - Ora, é um pensamento.
Diretor: - Por que?
Candidato:- Porque um pensamento ocorre quase instantaneamente.
Diretor: - Muito bem, excelente resposta.

2º) Candidato formado na PUC
Diretor: - Qual é a coisa mais rápida do mundo?
Candidato: - Um piscar de olhos.
Diretor: - Por que?
Candidato: - Porque e tão rápido que as vezes nem vemos.
Diretor: - ótimo

3º) Candidato formado na UNICAMP
Diretor: - Qual é a coisa mais rápida do mundo?
Candidato: - A eletricidade.
Diretor: - Por que?
Candidato: - Veja, ao ligarmos um interruptor, acendemos uma lâmpada a 5km de distância instantaneamente.
Diretor: - Excelente.

4º) Candidato fazendo curso no SENAI do Piaui­
Diretor: - Qual e a coisa mais rápida do mundo?
Candidato: - Uma diarréia…
Diretor: - Como assim ? Esta brincando ? Explique isso…
Candidato: - Isso mesmo. Outra noite eu tive uma diarréia tão forte, que antes que eu pudesse pensar, piscar os olhos ou acender a luz, já tinha me cagado todo…
Diretor: - O emprego é seu!

Moral da História: 'Fundamento técnico e cálculo não é tudo… Entender de cagadas é o que o mercado precisa!!! '

domingo, 17 de agosto de 2008

Do Livro "Primeiras Águas" - Ricardo Vieira

Abelha Habilidosa

Dedicado a Déborah, abelha, Vieira.

Seu nome do hebraico
Trouxe a candura,
Da abelha o mel e o favo,
Os louros das ralas madeixas
Que marcou sua infância primeira,
Trouxe os castanhos nos olhos
Profundos e leais
Espertos observando
Tudo e a todos.

A 18 de Agosto
Vi nascer criança feliz,
Frágil e tão forte
Início da noite do despertar
Primogênita do meu viver.

Teus primeiros passos
Eu vi chegar
E a tua primeira palavra
Ouvia com sorriso de rasgado
Era mar, era alegria
Era vivaz o teu cantar.

Cresceu em dias distantes
Dos meus dias solitários
E viajante da vida
Passeava com teus pés
Vivia longe do teu dia-a-dia
E dos teus anelos primeiros.

A timidez é a sua marca
Mas me diz tanto o teu olhar
Cala-me a voz de esperança
Conquistando uma posição
Que não meio, fim, começo...
Está, pra sempre, em mim
E eu em você, doravante.

Hoje a tristeza da partida
É colocada de lado
Quando estou contigo
E eu me pergunto:
Há tempo que foi tempo perdido?
Como vai ser os nossos destinos?

Uma família nova há de nascer
E...Florescer! Crescer! Amar! Unir!
Como você deseja e merece
Mas meu jardim, agora órfão,
Estará de flores abertas

Pra te receber no vôo de volta
Depois de
Mostrar ao mundo,
O seu mundo!
Seu! Conquistado!
Abelha
Habilidosa
Que você sempre foi e será.

Bem-me-quer
Coleta meus sentimentos...
Mal-me-quer
Saudade que não tem limite...

Eis que fico, sem parte de mim
Sem algo que mediei
Está entre os vivos loucos
Da Terra de Frei Caneca...

E...
Onde quer que você esteja
Estarei contigo
Velando
Torcendo
Esperando
Você voltar pra meus braços
De pai saudoso.

Desejo-lhe apenas
Com todo amor que pude lhe dar:
Seja feliz!

E assim que o destino conspirar
E a saudade de quem não vive mais
Bater no peito sem dó
Não fala nada... Venha aos braços
Desse ser que chora
E me aperta, sem comiseração,
Nos braços seus
Minha Déborah, abelha, Vieira.

PS: Minha homenagem ao dia 18 de Agosto de 2008, quando você faz 12 anos de vida. Apesar de milhas e milhas de distância, neste país frio, o meu coração continua fervendo de saudade, de fé, de amor por você.
Feliz Aniversário, minha primogênita!

O PAPEL DA GEOGRAFIA

Costumeiramente me dirijo diretamente para a sala de aula, não passando pela sala dos professores. Ao chegar à porta da 8ª série A, um aluno me olho sorrindo, segura no meu ombro direito e fala: - “Eu nunca tive, em toda a minha vida, e nunca vou ter, um professor como o senhor.” Foi o melhor bom dia que tive na escola, nos últimos tempos. O mesmo aluno, após eu agradecê-lo pelas suas palavras gentis, ajuntou com a seguinte reclamação: - “Só falta o senhor fazer uma viagem com a gente.”
Para muitos alunos, assim como para muitos colegas de profissão e a maioria da sociedade, a Geografia só faz sentido se for atrelada ao fator turístico de seus conteúdos. Todos reconhecem a importância da Biologia, da Física, da Matemática, das Línguas, mas poucos entendem que a Geografia transcende a idéia de belas narrativas de viagens agradáveis de ouvir ou de lembranças penosas de alguma passagem de suas vidas.
Diante desta preocupação do meu aluno, prestes a entrar no Ensino médio, eu me fiz duas perguntas: qual o verdadeiro papel da Geografia e qual o valor que ela tem na vida do aluno? É óbvio que vieram muitos outros questionamentos do tipo: estou cumprindo de forma justa e ética a minha função de Educador?
Para me ajudar nessa análise, recorri a um artigo científico intitulado “Papel e valor do ensino da geografia e de sua pesquisa”, publicado originalmente in Boletim Carioca de Geografia, ano VII, 1954, de onde faço minhas ressalvas e considerações acerca do papel da Geografia em minha vida.
Quantos não se limitam a impor listas de Estados e capitais, dos pontos cardeais, das estações do ano, dos paralelos e meridianos, em suas aulas de Geografia ou quantos habitantes existem no planeta? Infeliz do aluno que desconheça estes dados, sem o menor sentido para a sua vida porque sequer reconhecem a sua identidade no cosmos. Já ouvimos dizer que a fraqueza em conhecimentos geográficos é um sinal de inferioridade no desenvolvimento intelectual de qualquer pessoa.
Um dia a minha filha chegou da escola decepcionada com a sua nota em Geografia. Ela não havia tirado a nota do topo. Me mostrou onde havia errado e colocou a culpa em mim. Analisei a prova e não encontrei erro que justificasse a nota 9,0 da minha primogênita. Até que ela me explicou, apontando o erro:
- O Senhor disse que a Amazônia não é o pulmão do mundo. A professora fez essa pergunta na prova e eu respondi o que o senhor tinha me dito. Ela me disse que eu errei.
Procuramos a direção escolar com a prova na mão. Mostramos a questão que grifada como errada e a pessoa que nos recepcionou espantou-se, afirmando: -“Até eu que não sou professora de Geografia sei que este conceito sobre a Amazônia está errado.”
A nota foi revista e reconhecida como correta pela professora. Não precisamos dar detalhes de como a imagem da professora ficou manchada na escola, sem como foi difícil pra ela perceber o quanto as suas aulas estavam fora do contexto.
Quem somos nós para julgarmos e condenarmos colegas de profissão! Mas, é importante discutirmos o que estamos fazendo nas salas de aula, o que é conteúdo indispensável na vida dos alunos e como estes devem ser vistos na prática da docência geográfica, em qualquer nível de ensino. Em síntese: qual o papel da Geografia na minha vida?
Anos atrás, quando freqüentava a Biblioteca Central da UFPE, após sair do sexto andar do CFCH, eu encontrei um autor (que graças a Deus perdeu-se no esquecimento) que escreveu uma das frases mais tristes e esdrúxulas que eu conheço. Eu pesquisa sobre os diversos conceitos da Geografia e buscava construir o meu próprio conceito. A frase era: “Das muitas coisas sem serventia, uma delas é a Geografia.”
É provável que esta frase encontre ressonância na vida de muitos alunos que juntos com outros inúmeros professores, criando em torno de suas vidas duas hipóteses: ou a Geografia é irmã intelectual mais nova do Turismo ou ela uma ferramenta de tortura gratuita imposta aos discentes. Qual destas duas é a pior das hipóteses? Eu não sei. E se as duas são realmente corretas e eu esteja errado? Significa dizer que a Geografia é, sem dúvida, sem serventia, quando não perigosa para a sociedade.
É preciso, portanto, fechar todos os departamentos de Geografia nas Universidades, excluí-la do currículo nacional como matéria obrigatória e extinguir associações e conselhos federativos de Geografia espalhados pelo mundo, haja vista que a mesma não contribui para o enriquecimento das mentes jovens e a sua formação.
Seria possível provar a sua utilidade num mundo onde toda e qualquer ciência é também uma técnica, onde toda pesquisa leva a dar um instrumento útil à coletividade? Seria possível provarmos que a Geografia é indispensável para a formação de uma consciência política, social, coletiva? É possível comprovarmos que as ciências geográficas evoluem na medida em que o homem se modifica e estas o ajudam a enfrentar as transformações mundiais?
É mister, portanto, estabelecer o valor a Geografia no ensino e determinar sua utilidade como moderno instrumento de trabalho. Se a Geografia é matéria decorativa, memorizadora, pouco importa. Mesmo sendo uma idéia pseudo da mesma, precisamos entender e aceitar que o papel da memória na vida acadêmica é indispensável. É sabido que nada se pode aprender sem o uso indispensável da memória e sem se recorrer às nomenclaturas.
Para aprendermos Matemática (matéria chamada de lógica) é preciso que registremos na nossa memória regras de fórmulas das mais variadas, portanto, decorando as mesmas. Como entendermos fatos relatados pela História se não tivermos uma base de dados com nomes e datas? O conhecimento de Literatura só será bem absorvido se o aluno tiver retido dados cronológicos de autores e obras, formando uma base rica e sólida.
Por fim, a ciência geográfica requer de cada um de nós um mínimo de conhecimentos que precisam ser decodificados pela memorização e que sejam armazenados para que no futuro ele seja resgatado, como ocorre com todas as matérias que buscam a contextualização através da ação consciente do professor.
Um bom ensino de geografia, portanto, como qualquer outro ensino, não pode deixar de recorrer à memória. É necessário reduzir sem medo a massa de nomes insípidos e de pormenores sem valor; é necessário, sobretudo, reduzi-la a proporções mais justas. Impõe-se uma escolha ao professor, a quem cabe a difícil tarefa de exercitar com inteligência a memória dos alunos, seja dentro do espaço escolar, seja nas atividades dirigidas extraclasse.
É possível que u número significativamente imenso de professores de Geografia que desconhecem a Geografia não é uma ciência de fatos isolados simples, passíveis de serem conhecidos por si e em si. Um nome de um país, um dado sobre um rio, por exemplo, não podem ser transformados em conhecimento científico da Geografia. O grande desafio é fazer com que estes dados possam ser instrumento de formação do cidadão, para que ele compreenda que uma relação simbiótica entre o conhecimento e aquele que o detém.
A geografia encontra no ensino cívico sua função de representar o mundo, de que é detentora, na qualidade de trabalho intelectual. Daí o seu valor moral, pois, contribuindo para a compreensão do mundo, revela tudo o que une os homens: é uma lição de solidariedade humana.
Nem só os diferentes aspectos da economia brasileira devem ser ensinados, mas também, ao jovem gaúcho, como vive e como luta seu irmão sertanejo nordestino; o jovem carioca ou paulista deve ser levado para fora da atmosfera urbana a fim de conhecer e sentir a vida de seus patrícios, colonos de fazendas ou pescadores amazonenses.
Uma aula sobre o algodão nos Estados Unidos ou sobre a índia moderna, uma exposição sobre o equipamento industrial europeu, ensinam mais a respeito da unidade do mundo de que todas as homílias tradicionais.
Graças ao seu campo de estudo, ao seu método de trabalho, a geografia tem lugar no ensino. Tem-no por ser uma ciência moderna, produto de um mundo que é o mesmo em que vivem os jovens.
Ela desenvolve as suas qualidades intelectuais e morais, e dá-lhes um conhecimento dos mais úteis para o pleno desenvolvimento de suas personalidades no quadro em que devem desabrochar. A geografia é uma das formas do humanismo moderno.
A qualidade do ensino lucrará com o severo preparo dos professores em cada especialidade e a proibição absoluta de ensinar toda e qualquer disciplina ao indivíduo que não recebeu uma formação científica e didática. O professor de Geografia deve ser um humanista, um cidadão do mundo que reconhece em seus alunos, uma extensão de sua própria vida.
E se a Geografia invade as nossas vidas, as nossas mentes, as salas de aula, o coração e a mente de cada um de nós, conforme acreditam os verdadeiros defensores das ciências geográficas, fica respondida as questões primeiras: qual o verdadeiro papel da Geografia e qual o valor que ela tem na vida do aluno?
Sem me atrever a ter uma resposta completa, correta ou infalível, dedico este as observações a todos os Professores que crêem na Geografia de Lucivânio Jatobá e de Manuel Correia de Miranda... É apenas um ponte de partida, mas indispensável.

sábado, 16 de agosto de 2008

EXALTAÇÃO AOS PSEUDÔNIMOS - APELIDOS AMOROSOS


“- …Ó Phreak, Phreak, Phreak…
- Mais um “Phreak” e eu te bato. Dúvida?
- Quero te ajudar, mas você não pode deixar sua mãe te vestir… Você é um caso perdido!
- Preciso de um apelido, cara. Sem um apelido não sou ninguém.
- Nisso você tem razão.
- Sexta-feira nós vemos isso.
- Espera… Que tal “O Mestre do Desastre”?
- É mesmo um caso perdido.
- “Ultra Laser”? “Doutor Destino”? …” (Hackers, O Filme)

Esse é um pedaço do Filme Hackers onde o personagem Joye fala da necessidade de um apelido na net.


Eu me recordo de que nunca passei por isso quando criança. Ou seja, o fato de um apelido pegar e virar um caso de tapas entre os mais sínicos dos colegas de sala. Tampouco aquele apelido que todo mundo gosta de ouvir você chamar pela garota mais linda da escola ou pelo seu melhor amigo.


Em casa eu tive um apelido que nunca pegou e outro que minhas irmãs me chamavam na hora que precisavam me atingir, me provocar, me fazer partir pra violência com puxões de cabelos e seções de beliscões.


O primeiro que nunca pegou foi dado por minha mãe: Kalunga. Aliás, foi por causa desse apelido que eu me tornei torcedor do Corinthians. Me recordo que Kalunga era o patrocinador do clube na década de 80. Kalunga! Pode?!


O segundo e mais terrível da minha infância é de autoria das minhas irmãs Andréa e Amanda. Alias as duas também foram irmãs até na hora de eu devolver o apelido pra cada uma delas. O dito apelido era... era... era... Vocês estão loucos pra saber não é?!


Minhas queridas irmãs me chamavam irritantemente de “Babado”. Engraçado que havia um frevo-canção cantado por Gal Costa que dizia, em um dos seus trechos: “Babados, shorts e xaxados, seguram as pontas do meu coração...” Elas cantavam pra me infernizar. Andréa era “Bebéria” e Amanda era “Babanda”. Me sentia vingado.


Mas o tempo passou e a coisa mudou. A necessidade de um apelido hoje é virtual. Em se tratando de Internet, nós criamos os famosos Nicks para nossos pseudônimos. E aí, vale tudo. Nomes de personagens de desenhos animados, de peças de computador, de comandos. Enfim. No meu tempo apelido tinha até sobrenome.


Creio que para cada duas pessoas que conhecemos na infância e nos dias atuais, uma teve um apelido. Isto se a proporção não for de um para um. Mas, eu tenho um caso extraordinário na história dos pseudônimos e apelidos sem precedentes. Imaginem vocês que eu fui capaz de criar e presentear uma pessoa só com mais de 10 apelidos. Todos revestidos de intenso carinho, claro! Afinal de contas, esta pessoa é a mulher com quem desejo viver o resto dos meus dias.


Quando nos conhecemos fui tratando logo de dar-lhe um apelido carinhoso. Me utilizei de um substantivo da Língua Esperanto para o primeiro apelido: Bebo. E de deste, foram surgindo uma infinidade de derivações e adaptações. Bebinho foi o segundo apelido, seguido de perto de “Binho” – este, ela me chama até hoje.


E de derivação em derivação, de criação em criação, surgiram: "Uêberti", "Uêbertizinho". Depois “Unaiti” e “Unaitizinho”. “Uiti”, “Uititizinho”, “Uitizinho”, “bunitinho”, “Buitinho” foram surgindo dia após dia.

Depois vieram “Munito” e “Munitinho”. Ainda temos os apelidos compostos, como por exemplo: “Os cola-badoque”, “As munestinha-danadinha”, “Os Pôa-pôa”, “Os bicigo-toleto”, “Os peto-peto-peto”. E atualmente eu a chamo de “Nino”.


Perderam as contas?
Eu também.


Cada um destes apelidos marca as fases dos nossos quase quatro anos de convivência pacífica, de amizade, de cumplicidade, de carinho, de consideração, de tolerância, de luta, de sacrifícios, de vitórias. E quantas vitórias!


Disse certa vez o Marques de Maricá que quando o Amor nos visita, a Amizade se despede.

Eu devo discordar do Marques porque, neste caso, a soma de todos os apelidos dados tem como resultado a união destes dois sublimes sentimentos.


Já o grande Fernando Pessoa disse que as cartas de amor, para serem de amor têm que ser ridículas.

Não sei se estou sendo ridículo em escrever estas coisas, mas o que fiz foi apenas exaltar os pseudônimos e os apelidos amorosos, pois que esta é a minha profissão de fé.

domingo, 10 de agosto de 2008

A Escola e a Tolerância Religiosa no Brasil Moderno.

“Parece-me essencial que haja pobres ignorantes. (...) Não é preciso instruir o artesão, mas sim o burguês. (...) Se o povo se mete a raciocinar, tudo estará perdido”. (Voltaire)

Esta frase de Voltaire (codinome de François-Marie Arouet) resume bem a idéia que se tinha o Iluminista sobre manter o povo sem escolas, sem formação. Estranhamente essa declaração nega os princípios de um movimento que inspirou a Declaração dos Direitos Humanos, França, 1789. Escolas para pobres, para quê? Formação acadêmica para os menos favorecidos era dinheiro jogado fora ou um risco para a soberania das burguesias dominantes. Mas nem sempre foi assim.

As primeiras escolas nasceram na Suméria há certa de cinco mil anos. Os primeiros documentos que comprovam foram encontrados na cidade suméria de Uruk, onde entre outros papiros, estava um que continha uma lista de palavras que provavelmente foram usadas com provável objetivo de estudo e a prática.

O progresso deu-se de forma lenta nos anos séculos que se seguiram, mas na metade do terceiro milênio, deve Ter existido uma série de escolas em toda a Suméria onde a escrita era formalmente ensinada. Na antiga cidade de Shurupk, a cidade do Noé sumério (Utnapishtim é o seu nome), foram escavados em 1902-1903 um volume considerável de "livros texto" datados de cerca de 2500 Antes da Nossa Era.

Semelhante às nossas atuais instituições de ensino, a escola suméria era o centro do que podemos chamar de escrita criativa. As criações literárias do passado lá eram estudadas e copiadas, além de promoverem o aparecimento de novas composições. Enquanto que é verdade que a maior parte dos graduados da escola suméria tornavam-se escribas a serviço do templo e do palácio, entre os ricos e poderosos da Mesopotâmia, também era verdade que alguns devotavam suas vidas ao ensino.

Tal qual o professor ou professora universitários de nossos dias, muitos destes estudiosos da antigüidade dependiam de seus salários para viver, e também dedicavam-se à pesquisa e a escrever nos seus períodos de folga. A escola suméria, que provavelmente começou como um anexo ao templo, tornou-se com o tempo numa instituição secular; seu currículo também tornou-se de caráter secular. Os professores eram pagos, aparentemente, com as taxas cobradas dos estudantes.

Educação não era nem universal ou compulsória. A maior parte dos estudantes vinha de famílias abastadas; os pobres mal podiam arcar com o custo e tempo demandados por uma educação prolongada. Até recentemente, achava-se que este era o estado natural da educação na Suméria. Mas em 1946, Nikolaus Schneider, um escavador alemão, provou este fato com dados concretos.
Dos milhares de documentos administrativos publicados a partir de 2000 antes da nossa era, cerca de 500 pessoas escreveram seus nomes como escribas, e deram indicações sobre a ocupação de seus pais e deles mesmos.

Schneider compilou uma lista a partir destes dados, e descobriu que os pais destes escribas, ou seja, os pais dos estudantes graduados eram governadores, pais da cidade, embaixadores, administradores de templos, militares de altas patentes, cobradores de impostos, gerentes, pertencentes à marinha (frota marítima), escribas, arquivistas, contadores, etc. Em suma, os pais destes jovens estavam entre os mais ricos cidadãos das comunidades urbanas. Sabe-se que mulheres figuravam na lista de escribas profissionais da Suméria.

Mais na frente, vemos que as primeiras escolas primárias foram surgindo com o apoio da Igreja católica, onde os padres ensinavam aos seus coroinhas e estes, tornavam-se disseminadores das primeiras letras no interior das primeiras grandes vilas. Os senhores de grandes propriedades também foram grandes responsáveis pelo surgimento de novas escolas primárias, havendo até grandes acordos entre as paróquias e os fazendeiros, que promoviam a formação educacional dos lugarejos. E foram destas pequenas escolas que surgiram as grandes organizações educacionais até os dias atuais.

É possível que através desses contratos firmados entre Igreja e Estado – ainda que informal, de prestar serviços educacionais para a população, tenha nascido a idéia de colocar o Ensino Religioso na grade curricular, como foi feito aqui no Brasil quando os Jesuítas catequizaram milhares de índios, negros e descendentes de portugueses pobres. Nessa época, as salas de aulas eram dentro das paróquias e as paróquias, por sua vez, estavam localizadas numa área pertencente ou ao Estado ou a um Senhor de Engenho e dos grandes fazendeiros.

Embora a Lei de Diretrizes e bases da Educação em seu artigo 33 – Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996 com redação dada pela Lei n° 9475, de 22 de julho de 1997, declare em seu art. 33° que o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, nunca houve uma preocupação em preparar o professor para especializar-se para a tarefa e nunca traçou uma grande de assuntos que deveriam ser abordados durante o ano letivo.
Com essas duas brechas na lei, o ensino religioso ficou a mercê de um forte proselitismo. O professor de formação católica puxava a sardinha pra sua religião. O mesmo acontecia se o professor fosse protestante. Estamos nos referindo ao ensino público. Mas há experiências bem direcionadas no ensino particular.

Em Vitória de Santo Antão, cidade que vivi por longos anos, ao lado da Igreja Matriz de Santo Antão funciona a Escola Paroquial. Do outro lado da cidade, há uma escola protestante da Igreja Adventista. Já em Gravatá temos a Escola Batista Betânia e o Instituto Nossa Senhora de Lourdes são exemplos que forçosamente os alunos irão ver conteúdos de religião bastante específicos.

Vivemos a cultura de uma sociedade judaica-cristã, fruto de uma triste colonização. Em 31 de outubro de 1517 Martin Lutero fixou suas 95 teses na porta do palácio de Wittenberg, e em 22 de abril de 1500, dezessete anos antes, Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil. Portanto, o tipo de catolicismo ao qual fomos iniciados era de características medievais, ou seja, indulgente, inquisitório e intolerante.

Na constituição federal são atribuídos os exercícios sacerdotais à apenas três categorias religiosas: o Padre (sacerdote católico), o Rabino (sacerdote judaico) e o Pastor Protestante (sacerdote de confissão evangélica).

Ficam de fora as religiões não cristãs Islamismo e Budismo, desconhecendo, portanto o líder Islã (geralmente um Xeque) e o Monge Budista como sendo, respectivamente, autoridades sacerdotais em exercício no Brasil. Além deles, O Palestrante ou Conferencista Espírita e o Babalorixá, representantes do Espiritismo e Umbandismo (religiões cristãs) também estão fora da classificação de católicos e protestantes.

No entanto, dentre todas as grandes religiões e seitas reconhecidas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – a única que nasceu no Brasil, e, portanto, selada como genuinamente brasileira, é a Umbanda que nasceu precisamente na noite de 16 de novembro de 1908, no distrito de Neves, em São Gonçalo, próximo a cidade de Niterói.

O ensino religioso nas escolas não é definido, segundo a lei federal, 9394 da LDB, se é ou não cristão, e por isso mesmo precisamos abranger o maior número possível de expressões religiosas em nossa sociedade, para garantir o direito de livre expressão de culto, sob o risco de ignorarmos tais manifestações culturais e tornar-nos este dispositivo de lei como proselitismo e intolerância religiosa, o que contraria o espírito da própria lei. Reduzir o ensino religioso às próprias convicções religiosas, à historicidade cultural ou familiar é crime de discriminação religiosa.

E é na escola que essa garantia do respeito e da tolerância deve coexistir. O professor, a meu ver, deve ser preparado para discutir todas estas tendências religiosas e garantir que não haja descriminação e hostilidade por parte de um grupo religioso majoritário.

Seja na aula de História, de Artes, de Religião ou até na aula de Português, os professores devem promover a formação de um caráter de religiosidade e não de religião. Como Educadores, precisamos fazer com que nossos alunos transcendam a sua própria visão religiosa e descubram como é bom viver em harmonia com as pessoas que estão ao seu redor, sem precisar abrir mão da própria dignidade, sem necessitar da idéia soberba de separatismo.

Todos os envolvidos da Escola, seja ela pública ou não, desde a Suméria aos dias atuais, precisaram e precisam se despenderem de suas próprias verdades e abrirem suas mentes e corações para uma visão holística, justa, respeitosa, humilde e para a possibilidade de que, mesmo sendo pobre, semi-analfabeto ou rico e letrado (contrariando Voltaire), cada ser humano possui um verdade sobre Deus, sobre Jesus, sobre Budah, sobre Maomé, sobre Kardec, sobre Lutero. E esta, deve ser rigorosamente preservada.

Eu sou Pai




Ser pai é saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho.
Artur da Távola.


Fui pai pela primeira vez sem ter planejado. Aliás, fui pai duas vezes sem nunca ter feito planos. A minha primeira filha chama-se Déborah Lanai (primeiro nome dado por mim e o segundo pela mãe). Ambas moram hoje bem longe, na Suécia. A segunda se chama Carolina, anunciada num exame de sangue datado de 12 de junho de 2004.
Lembro-me no dia em que Déborah nasceu. Foi uma maratona. Estávamos em minha casa (eu, Keilly e o bebê de sete meses). Era madrugada do dia 18 de agosto quando a mãe me acorda dizendo que sentiu um liquido molhar a cama. Acalmei-a e voltamos a dormir sem sabermos que se tratava da bolsa.
Mais tarde, agora com dores, Keilly e eu desconfiamos que a Déborah estava pra nascer. Ligamos pra um amigo, Ramatis, que ligou pra casa dos pais de Keilly, que receberam a noticia. Saímos em direção a rodoviária e da rodoviária fomos pra Moreno, onde nos encontramos.
De lá, mãe e filha foram encaminhadas para o IMIP. Isso já era quase meio-dia. De lá, conseguimos vaga no CISAM, onde uma amiga enfermeira nos aguardava (Dona Ceça). Era através de Dona Ceça que obtínhamos notícias. Foi o dia inteiro de agonia até que a enfermeira amiga desce as rampas da maternidade me chamando aos pulos, anunciando o nascimento de minha filha, minha primeira filha. Eram quase h: 20h00min do dia 18 de Agosto de 1997.
Subimos eu e D. Lindalva (avó) até o portão de acesso aos quartos. A pediatra veio com Déborah e colocou-a no meu colo. Eu chorava copiosamente de uma maneira que jamais tinha chorado. Eu me sentia o mais forte e o mais frágil, o mais destemido e mais inseguro dos homens. Déborah pesava pouco mais que dois quilos.
Nos primeiros dois anos de vida de Déborah eu estive presente ativamente, religiosamente próximo dela. Eu morando em Vitória e elas morando em Jaboatão. Encontrávamos-nos apenas nos finais de semana e fazíamos passeios e programas juntos. Mas, o que eu mais sinto falta dessa época era colocar Déborah pra dormir.
Primeiro porque a mãe não conseguia fechar os olhos daquela loirinha. Recordo-me que Keilly dava saltos, pulos, cantos dos mais variados tipos e a menina insistia em olhá-la sem bater os olhos, soltando aqui e acolá, um sorriso vazio.
Segundo que era eu que tinha esse “poder” de ninar minha filha. Deitava-a no meu peito; aconchegava com uma frauda de pano; colocava o som com a música “Em Tuas Mãos” de Djanise França; balançava a cadeira de balanço enquanto cantava e, aos poucos, eu via aqueles olhinhos se fecharem até as duas da madruga quando pedia leite.
Passaram-se 12 anos e é essa lembrança mais terna que tenho da minha primeira experiência como pai. É desse momento que eu mais sinto falta. Se pudesse voltar aos tempos de 1997, eu escolheria passar mais tempo vivendo estes doces momentos com minha filha Déborah Lanai Silva Vieira. Hoje, sem o Vieira por ser cidadã Sueca adotada pelo marido de keilly.
Casei-me oficialmente em cartório (contrariando todas as pessoas mais próximas) no dia 30 de Abril de 2003. Dois meses depois, no dia 12 de junho (como dito anteriormente) descobrimos que minha ex-esposa estava grávida. O feto estava com um pouco mais de dois meses. Ou seja, geramos a nossa filha praticamente na lua de mel.
Dois meses depois descobrimos que se tratava de mais uma menina. Dessa vez eu não opinei por nomes. A mãe e eu havíamos combinado que se fosse homem, eu teria participação no nome. Se fosse menina, daríamos o nome de Carolina.
Compramos todos os objetos, roupas, utensílios, móveis, tudo... Nos organizamos para recebê-la por volta do mês de março de 2004. Ela nasceu no dia 12 de Janeiro, com sete meses e quase que o mesmo peso da irmã. Ao contrário de Déborah, tive a chance de assistir o nascimento de minha filha e fui impedido pela mãe... (sem comentários)...
Ela parece que antecipara sua chegada pra tentar impedir o que já estava praticamente óbvio. Quatro meses depois de seu nascimento, eu saí de casa e vim morar em Gravatá. Mesmo em casas separadas, nos mantivemos próximos, conversando e decidindo as coisas. Até que o divórcio solicitado por mim tornasse, pai e mãe, indispostos pra qualquer conversa amigável.
Minha maior dor foi ver que eu havia sido um homem e que este homem não conseguia se tornar pai. Um pai comum, um pai que pôde acompanhar a primeira filha em todos os seus passos. Enfim, havia cometido o mesmo deslize de me forçar viver longe dela. No entanto, há uma ligação muito forte entre eu e Carolina que se pode explicar.
Desde que nasceu, assim como a irmã, possuía o hábito de segurar meu nariz enquanto eu tentava colocá-la no mundo dos sonhos. Coincidência ou não, eu e minhas duas filhas nascemos numa segunda-feira e de sete meses. Carolina nasceu às h: 8:30; eu nasci às h: 11:00 e Déborah às h: 20:00.
Deborah se foi pra nunca mais voltar. Enquanto que Carolina vive há apenas 30 km distante de mim. Embora vivamos nos encontrando aos finais de semana quando podemos, é duro admitir que eu não posso ser considerado um pai diferente do meu. E como eu desejo ser diferente de tudo que tenho como lembrança! E é pra Carolina apenas que posso mostrar que sou o pai de quem ela irá sempre se honrar.
Quero com ela pelo menos:
Falar com o coração de um amigo fiel e calar com a sabedoria de um pai;
Admitir que errei e aprender que é preciso tolerância com futuros erros dela;
Mesmo vivendo distante, jamais faltarei a um momento decisivo;
Ser pai pra dizer sim, ser pai pra dizer não...

Se é verdade que ser mãe é padecer no paraíso, ser pai é ser um paraíso no padecer do filho. Ser pai é ser uma seta que aponta pro norte – orientando – deixando que seu filho(s) ou filha(s), jamais sintam-se pressionados nem desamparados ao buscar o olhar do pai que irá sorrir e irá chorar, que irá exigir e que irá doar... Ser pai é ser herói, exemplo e amizade.
Quiçá, um dia, eu não me veja assim.

Ricardo Vieira, Pai.