A ESCOLHA ERRADA
O ângulo em ele se encontrava era privilegiado. Olhou para um lado, depois o outro e atirou um tijolo de onde estava em direção a um gato que havia assassinado um dos seus pintinhos recém-nascidos. O gato foi mais rápido e a vítima acabou sendo outro pinto da vizinha, dona do gato.
O gato saltou assustado e disparou. Enquanto a ave não teve escapatória. Foi esmagado pelo tijolo. Ele que antes conseguia demonstrar desejo de vingança nos olhos, agora demonstrava um pavor sem precedentes. Não havia mais como mudar aquele assassinato fraudulento e ao mesmo tempo culposo. Fixou os olhos na vítima e ouviu um último pio, também assistido pela mãe galinácea.
Ele foi tomado de horror. Foi a pior cena que havia presenciado nos seus quase dez anos de vida. Abandonou a carcaça da ave coberta pelo móvel argiloso. O chão ao redor daquela minúscula criatura foi pintado de vermelho. O tingido o deixou estático. Teve ânimo em correr, mas não o fez. Fixou os olhos naquele ato bobo, ingênuo e ao mesmo tempo preocupante.
Seu único movimento era desenhar uma inconformidade com a cabeça e usava a linguagem das letras fugidias e quase apagadas para se questionar: “Por que fiz isso? Onde estava com a cabeça que não pensei no que de pior poderia acontecer?” Na mesma manhã havia aprendido o que significava a palavra vingança. Naquele momento sentiu o peso prático daquela expressão ignominiosa. E seguia com os pensamentos: “O que devo fazer para reparar meu erro? Tenho outra escolha?”
Seus olhos fecharam-se à tortura de ver aquela ave olhando o seu algoz. Mexeu as pernas devagar, sentindo os pés e dedos, só para ter certeza de que poderia correr se alguém o visse na cena do crime. Enquanto isso pensava numa maneira de aliviar sua dor. A realidade era muito pesada para ele naquele momento. Um plano diabólico virou contra o próprio mentor.
A sua avó se aproximou sem que ele percebesse e o pegou chorando, curvado por sobre a cerca que dividia os dois quintais. Quis saber o que tinha acontecido e com o ar de superioridade que lhe era inerentemente irreal, balançou a cabeça em sinal negativo. Ela conservou-se a distância para saber a iniciativa do neto. Teve paciência e o deixou resignado no que tivesse que ser feito. Ela estaria ali, pronta para ampará-lo.
Não esperou muito e com olhar revelador, virou-se para sua criação e decidiu: daria um dos seus pintinhos a sua vizinha sem que ela soubesse, é claro. Ela não notaria nada de diferente mesmo porque os pintinhos eram todos parecidos, com características idênticas. Como tudo na vida, a decisão foi rápida: o garoto segurou com cuidado uma de suas aves, beijou-a com carinho e a soltou no quintal da vizinha. A imperícia da galinha-mãe fez o resto. O equilíbrio estava refeito.
Esperou que o seu pintinho se juntasse aos novos irmãos com certa ansiedade e desespero. Mas a natureza sempre dá aulas de tolerância e de zelo pela vida, mesmo que esta vida não seja do mesmo padrão, se é que ela faz esse tipo de julgamento. Quanto ao morto, ele segurou a criatura esquálida e fez um funeral digno de um animal como aquele. Mesmo com escolha errada, ele fez o que era certo.
O ângulo em ele se encontrava era privilegiado. Olhou para um lado, depois o outro e atirou um tijolo de onde estava em direção a um gato que havia assassinado um dos seus pintinhos recém-nascidos. O gato foi mais rápido e a vítima acabou sendo outro pinto da vizinha, dona do gato.
O gato saltou assustado e disparou. Enquanto a ave não teve escapatória. Foi esmagado pelo tijolo. Ele que antes conseguia demonstrar desejo de vingança nos olhos, agora demonstrava um pavor sem precedentes. Não havia mais como mudar aquele assassinato fraudulento e ao mesmo tempo culposo. Fixou os olhos na vítima e ouviu um último pio, também assistido pela mãe galinácea.
Ele foi tomado de horror. Foi a pior cena que havia presenciado nos seus quase dez anos de vida. Abandonou a carcaça da ave coberta pelo móvel argiloso. O chão ao redor daquela minúscula criatura foi pintado de vermelho. O tingido o deixou estático. Teve ânimo em correr, mas não o fez. Fixou os olhos naquele ato bobo, ingênuo e ao mesmo tempo preocupante.
Seu único movimento era desenhar uma inconformidade com a cabeça e usava a linguagem das letras fugidias e quase apagadas para se questionar: “Por que fiz isso? Onde estava com a cabeça que não pensei no que de pior poderia acontecer?” Na mesma manhã havia aprendido o que significava a palavra vingança. Naquele momento sentiu o peso prático daquela expressão ignominiosa. E seguia com os pensamentos: “O que devo fazer para reparar meu erro? Tenho outra escolha?”
Seus olhos fecharam-se à tortura de ver aquela ave olhando o seu algoz. Mexeu as pernas devagar, sentindo os pés e dedos, só para ter certeza de que poderia correr se alguém o visse na cena do crime. Enquanto isso pensava numa maneira de aliviar sua dor. A realidade era muito pesada para ele naquele momento. Um plano diabólico virou contra o próprio mentor.
A sua avó se aproximou sem que ele percebesse e o pegou chorando, curvado por sobre a cerca que dividia os dois quintais. Quis saber o que tinha acontecido e com o ar de superioridade que lhe era inerentemente irreal, balançou a cabeça em sinal negativo. Ela conservou-se a distância para saber a iniciativa do neto. Teve paciência e o deixou resignado no que tivesse que ser feito. Ela estaria ali, pronta para ampará-lo.
Não esperou muito e com olhar revelador, virou-se para sua criação e decidiu: daria um dos seus pintinhos a sua vizinha sem que ela soubesse, é claro. Ela não notaria nada de diferente mesmo porque os pintinhos eram todos parecidos, com características idênticas. Como tudo na vida, a decisão foi rápida: o garoto segurou com cuidado uma de suas aves, beijou-a com carinho e a soltou no quintal da vizinha. A imperícia da galinha-mãe fez o resto. O equilíbrio estava refeito.
Esperou que o seu pintinho se juntasse aos novos irmãos com certa ansiedade e desespero. Mas a natureza sempre dá aulas de tolerância e de zelo pela vida, mesmo que esta vida não seja do mesmo padrão, se é que ela faz esse tipo de julgamento. Quanto ao morto, ele segurou a criatura esquálida e fez um funeral digno de um animal como aquele. Mesmo com escolha errada, ele fez o que era certo.
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