quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Melhor de Todos os Softwares da Educação



Por mais que se crie, que se projete e que se pense em ambientes educativos de alta tecnologia, estejam eles em quaisquer níveis, com livros e apostilas, com espaços confortáveis, com computadores de última geração e laboratórios equipados, eles jamais serão auto-suficientes e existirão sem a presença humana, sem a qual a sua existência não teria sentido algum.

É indiscutível que os computadores e todas as ferramentas modernas que estão surgindo nos espaços educativos são de suma importância para a aquisição de uma qualidade de aprendizagem muito mais apurada e mais democrática do que aquela em que eu nos anos 80 vivenciei no antigo ginasial, hoje, Ensino Fundamental.

Mas nada pode existir com um sentido completo dentro da educação se não houver a presença, a interferência e a interação do elemento humano. E dentre todos os importantes sujeitos humanos existentes nos ambientes educativos, um é que poderíamos chamar de software da educação. O melhor de todos. A parte que faz funcionar todos os mais modernos hardwares do mundo educacional: O Professor.

Se pudéssemos chamar a Escola de hardware, não há dúvida de que o software é o Professor. É ele que faz movimentar toda a Escola. É através dele, com suas experiências, com sua inteligência, com suas interferências, que elaboram-se respostas a todas as perguntas mais difíceis de responder dentro do processo educativo. É ele que dá vida e que faz movimentar a Escola e que, portanto, sem o mesmo, a escola não pode existir. Alguém já me perguntou um dia qual a diferença entre "home sweet home" e "house sweet house"... A escola, o espaço educativo não existe sem a presença do mestre, do professor. É como querermos que exista um lar sem uma familía.

Se precisamos realmente de equipar os ambientes educativos com o melhor do que há em tecnologia, também é necessário dar ênfase ao lado humano das relações existentes nos ambientes educativos. Tais ambientes precisam estar revestidos de humanização, de serem organismos vivos, embora existam conflitos variados que podem, com inteligência, serem transformados em matéria de aprendizado e amadurecimento.

No entanto, muitos destes conflitos surgem a partir de um grupo de professores desinteressados que desistiram da tarefa de exercer suas funções de forma substancial. São muitos os professores que são vítimas de colegas que se felicitam em perturbarem o equilíbrio escolar, comprometendo as atividades mais coerentes, com ações inovadoras e fora daquilo que costumeiramente eles mesmos chamam de "tradicional".

Conhecemos ambientes educativos repletos de egos. Professores que apenas querem desanimar os mais engajados com a causa educativa. Enchem-se de critérios para desqualificar qualquer forma dinâmica de ensino e o pior, encontram ressonância em elementos afins dentro do ambiente educativo. Poderíamos compará-los com os vírus que atacam os softwares e também os hardwares do sistema educacional.

São vírus que sugam, dissipam e eliminam todas as iniciativas bem elaboradas por professores comprometidos com a Educação sob uma visão holística, humana, soberana e libertária. Por se tratar de um vírus, a resolução que levará à cura é formatar com um ação madura que é enfrentar sem fugir das etapas da ética, da moral, da verdade e da justiça.

Infelizmente, muitos vírus são tratados com backups mal feitos que apenas amenizam, que disfarçam e, portanto, jamais eliminam o mesmo porque os seus agentes administrativos que programam todo o sistema escolar, fogem do caminho mais longo e mais difícil, mas infalível, que é a ética profissional e o respeito pelos melhores softwares, compostos por saberes admiráveis e transformadores.

Diante de tantos vírus, eu me pergunto: os softwares resistiram por quanto tempo? Como poderemos esperar que o futuro seja melhor, com antivírus que contemple os saberes na perspectiva da complexidade, fechando o cerco e explorando novos ângulos de atuação que protejam ações honestas e louváveis nos ambientes educativos?

Embora tais elementos nocivos sejam muito freqüentes, nos fazendo pensar que estamos sem saída e que ou nos vinculamos aos vírus ou desistimos da nossa verdadeira função, há uma luz no fim do túnel. Aliás, uma não, muitas. E dentre as muitas luzes existentes nesse mundo, me recordei de um gênio contemporâneo que devido à sua excepcional visão integradora da totalidade, os softwares podem ter esperanças de dias melhores. Me refiro a Edgar Morin e os Sete Saberes necessários à educação do futuro.

Morin considera que há sete saberes fundamentais com os quais toda cultura e toda sociedade deveriam trabalhar, segundo suas especificidades. Esses saberes são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano.

Esses saberes são indispensáveis frente à racionalidade dos paradigmas dominantes que deixam de lado questões importantes para uma visão abrangente da realidade. Para Morin, é impressionante como a educação, que visa transmitir conhecimentos, seja cega em relação ao conhecimento humano. Ao invés de promover o conhecimento para a compreensão da totalidade, fragmenta-o, impedindo que o todo e as partes se comuniquem numa visão de conjunto.

Por outro lado, como diz Morin, o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação. A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a idéia de diversidade. O princípio da unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas.

Para tanto, torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo vírus altamente perniciosos ao processo educativo, como, por exemplo, o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das sociedades.

Assim como vemos apenas a ponta de um iceberg, ao olharmos para o professor, vemos apenas um software que se apresenta na frente de um grande conglomerados de sujeitos que necessitam urgentemente de reformas primordiais. Estamos cansados de sermos atacados pelos vírus da inveja, do egocentrismo, do revanchismo e da falta de ética dentro dos ambientes educativos. Quando as autoridades irão reconhecer o poder transformador do maior de todos os softwares da Educação? Penso que chegou o momento de pensarmos e agirmos com mais rigor sobre isso.

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