Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro da tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos.
Enterro da tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos.
No último verso do primeiro terceto desse soneto, Augusto dos Anjos diz uma verdade que não sai da minha cabeça há anos. E, em especial, nestes últimos dias. São muitas as pessoas que encontramos diariamente que se sentem indignadas, injustiçadas e, discriminadas por outros seres detentores do título “do bem”, que, por força imoral, agitam as fileiras da arrogância e batem contra a face da dignidade que carregamos aos frangalhos, quando outrora, éramos afagados por interesses esdrúxulos.
Ao contrário do que se esperava – pessoas acostumadas a serem apedrejadas e acharem que em nada mais devem acreditar – um sentimento de indignação muito forte vem reunindo um número cada vez maior de pessoas, cidadãos comuns, comerciantes, funcionários públicos e privados gravataenses que exigem uma explicação da prefeitura acerca das freqüentes ações discriminatórias que assolam o município.
Ao contrário do que se esperava – pessoas acostumadas a serem apedrejadas e acharem que em nada mais devem acreditar – um sentimento de indignação muito forte vem reunindo um número cada vez maior de pessoas, cidadãos comuns, comerciantes, funcionários públicos e privados gravataenses que exigem uma explicação da prefeitura acerca das freqüentes ações discriminatórias que assolam o município.
Este grupo tem se reunido formalmente já por duas vezes no afã fazer frente às injustas ações que objetivam punir os que representam o “mal” e barganhar com olhos fechados os que vestiram a camisa do “bem”.
Tal fato é público e notório. Basta que tenhamos o cuidado de observar diante da agencia da Caixa Econômica Federal e veremos: de um lado, a Sorveteria Gulla’s sendo obrigada a retirar as mesas e cadeiras móveis e, do lado oposto, na calçada da praça, um carro de cachorro quente que permanece com suas atividades normais.
Se circularmos durante a noite, veremos carrinhos de lanche em todas as direções que invadem vias públicas. Além de estabelecimentos que há tempos vem invadindo o exigido uso do solo municipal, que não merecem aqui anúncio gratuito. Casos outros como o vendedor de milho em frente à escola Salesianas, o vendedor de churros na Rua Amaury de Medeiros, dentre diversos outros exemplos que tomamos conhecimento.
Os donos dos estabelecimentos discriminados já somam prejuízos consideráveis e se vêem na eminência de uma provável fase de demissões em nosso município, que pouco oferece em demanda de emprego e renda. Os próprios clientes já vivem o constrangimento de não poder usufruir destes estabelecimentos que cumprem com suas obrigações e em nada prejudicam o espaço público.
Se os motivos que levam a prefeitura ao extremo da retaliação e da discriminação são de ordem político-partidária, gostaríamos de lembrar que nada mais, nada menos, 20.879 eleitores declararam-se insatisfeitos com a atual administração, ou seja, foram contra todas as ações autoritárias. Isso é fato. E será que todas estas pessoas insatisfeitas deverão ser discriminadas ou prejudicadas pelos próximos quatro anos, se o resultado do pleito for confirmado?
Orientados e apoiados por este grupo de cidadãos acima supracitados, os comerciantes perseguidos estão recorrendo à negociação legal, obedecendo aos trâmites do direito constitucional perante apresentação de documento que solicita orientações da prefeitura acerca de como estes estabelecimentos podem ser enquadrados na legalidade do uso e ocupação do solo.
Negada esta primeira instância, o grupo irá procurar a defensoria pública e, assim, buscar garantir o direito de ser tratado sem distinção e sem discriminação, haja vista que os comerciantes apenas desejam corroborar com o desenvolvimento do município, gerando emprego e renda para os munícipes.
Tais encontros serão uma constante. Os que estão sentindo-se prejudicados, os que não estão contentes com o desfecho das eleições, cidadãos comuns, personagens de vários segmentos da sociedade, munidos da indignação e do desejo de ver Gravatá livre de conchavos e de perseguições políticos, respirando o ar da liberdade, da igualdade e da fraternidade, tão almejados por todos os homens ligados aos princípios da verdade e da justiça.
São estes homens e mulheres que estão dando as mãos e formando uma corrente opositora organizada, consciente e inteligente que lutará, até o último instante, para que nossa cidade não precise ver seus filhos deixarem esta abençoada terra.
E como diz Biafra na música Sonho de Ícaro: “...Não vou mudar do meu país, nem vestir azul...” Não necessitamos de mãos que ora afagam por conveniência e ora apedrejam por negligência.
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