Livro Primeiras Águas - Poesias

Este é o livro I da série Primeiras Águas.

Campanha Gravatá Eficiente

Fomentando uma nova plataforma de discussão.

A Liberdade das novas idéias começa aqui.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O QUE JARBAS DISSE DE TÃO REVELADOR?



Todos estão comentando a repercussão da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos, PMDB-PE. Ele se utilizou de uma revista de “credibilidade” nacional para falar cobras e lagartos do seu partido. O editor da revista chamou de “extraordinária” a entrevista onde o senador fez revelações de corrupção e sobrepôs-se a indignação da sociedade brasileira.


Ao que me consta, o senador Jarbas, que não é mordomo, desfruta de muitas mordomias como senador. Em sua entrevista, disse que seus pares estão mais preocupados em cargos e corrupção do que em servir o povo. Não parece contradição? E porque só agora, após tantos anos dentro do partido, resolveu assumir que está num partido corrupto? Se fosse em linguagem acessível, ele diria que a maioria dos peemedebistas são umas prostitutas? Com todo o respeito às prostitutas, honestas que são.

Honestamente, eu até agora estou tentando entender por que tanto estardalhaço se Jarbas não falou nenhuma novidade. Em que acrescentou ou qual a novidade estarrecedora foi dada pela entrevista que mudaria o rumo dos partidos em geral, sejam eles aliados ou não do governo Lula? Em que suas denúncias irão colaborar, a nível estadual e municipal, para que a imagem e a postura do político mude?

Vejamos alguns pontos da entrevista:

1- “A eleição de José Sarney para a presidência do Senado é um completo retrocesso... Sarney, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador”.
- Senador, o senhor sabe quantos prefeitos são eleitos na base da corrupção? Sabe, inclusive, quantos prefeitos corruptos foram eleitos com a ajuda de sua imagem de “bom” governador? O senhor sabe que um certo senador que vivia ao seu lado, hoje, se pudesse, contaria seu caminho?

2- “O atual PMDB NÃO SE PARECE EM NADA com aquele criado na oposição ao regime militar”.
- Me diga, senador, qual dos partidos políticos nascidos na esquerda, são hoje, os mesmos? O PT é o mesmo? O PCdoB é o mesmo? Quem mudou nestes últimos trinta anos foram os partidos ou as pessoas sem ideologias? Lula foi líder sindical cheio de ideologias. E hoje? FHC foi preso, era um sociólogo que defendia os mesmos ideais que o Lula e o senhor defendiam. E hoje?

3- “...Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista”.
- Aqui, no nosso estado, entre os funcionários que o senhor administrou, principalmente os Educadores, o senhor é visto como bom administrador de obras, mas péssimo patrão. Teve um secretário de educação que era contra a formação científica dos professores regentes. Por favor, me recorde, quais as reformas éticas e trabalhistas que o senhor fez em Pernambuco?
4- “A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil”.
- Descobrimento do Brasil! Viva! – reporto-me ao ponto 01.

5- “A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática”.
- Alguém discorda? Mais uma grande verdade para ficar guardada no hall de nossa lembrança para daqui a quatro anos? Ou seria para daqui a dois anos?

6- “A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado”.
- Quem será o partido que dará o ponta-pé inicial? O PMDB? O PSDB? O PT? O DEM? Quantas dúvidas eu tenho...

7- “Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais”.
- Nem eu queria senador! Afinal, já são de 66 anos de idade e 43 dedicados a vida política. Eu teria um bom patrimônio, ainda teria saúde pra torcer no estádio da Ilha do Retiro pelo Sport, viajar para a Europa, acompanhado de uma bela modelo (especialmente ser for miss), tomar água de coco e escutar Erasmo Carlos cantar: “pega na mentira... pega na mentira...” minha avó dizia que 7 é a conta do mentiroso. Não é por acaso que termino aqui, estas minhas mentiras.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ABUSO DE PODER, ABUSO DE AUTORIDADE: AFRONTA À LIBERDADE!



Era o fim de mais uma noite de glória para nós, RUBRO-NEGROS. E o começo indesejado de madrugada para mim e para um amigo. Ao acabar a partida entre Sport X Colo Colo, me incumbi do favor de levar três amigos em casa no meu carro. Chovia muito. Fomos até a Cohab 2 levar dois amigos em casa (pai e filho). Quando voltávamos em direção a Rua Amaury de Medeiros, encontramos um carro – Gol prata com vidro fumê – parado. Buzinei e passei. Seguimos nosso caminho, eu e um amigo.
Não demorou muito para notar, através do retrovisor do meu carro, que o veículo estava a nos seguir de perto. Na descida da Amaury de Medeiros, o veiculo “em atitude suspeita” nos cortou e se colocou lentamente a nossa frente. Na rua paralela à linha férrea, irritado com a lentidão e já desconfiado, eu acelerei e cortei-o. Circulamos a Praça 10, atravessamos a rua da usina e o carro a nos seguir.
No semáforo do cruzamento entre a Igreja Matriz e o Banco do Brasil, o sinal estava aberto para nós. No entanto, havia dezenas de pessoas que atravessavam a rua, oriundas do bloco dos estudantes e fomos obrigados a parar ao lado de outro veículo que também esperava os pedestres passarem.
De repente, o veiculo se posiciona na nossa passagem inesperadamente. Descem do veiculo três homens com armas na mão. Eu ainda iniciei a marcha ré, mas eles correram em nossa direção com armas em punho, aos gritos:
- Pare o carro! Desce do carro!

Eu e meu amigo nos apavoramos. Gritamos um para o outro do carro:

- É um assalto. Minha cabeça fervilhou imaginando a perda do fruto do meu suor...
O meu amigo sentiu-se aliviado quando conseguiu identificar um dos homens:
- Tudo bem Ricardo – disse meu amigo – é policial. Ele vai me reconhecer.
Ledo engano. Num misto de alívio por não se tratar de assalto e susto pelo tipo de abordagem feita, fomos saindo do carro, sob os gritos dos policiais civis com armas na mão, sem nenhum tipo identificação no carro, nem camisas ou batas que nos tranqüilizassem e também não assustassem as pessoas que estavam passando.

Em efeito colateral, nem eu e nem meu amigo nos acalmamos.
Os policiais, especialmente o que abordou o meu amigo, gritava, pedindo que colocássemos as mãos na cabeça. Arrogantemente gritava dizendo-se da polícia. Da minha parte, eu tentava entender o que realmente estava acontecendo. Me virei para policial que me revistou e traçamos a seguinte conversa, que irei escrever conforme minha educação e emoção e muito próximo ao que realmente se passou:
- O que foi que houve policial? O que fizemos de errado? Porque essa confusão toda? Veja quantas pessoas na rua! Que vergonha pra mim, pra meu amigo? Tinha necessidade disso? Eu passei por vocês na Cohab 2 e só aqui vocês abordaram a gente?
- É uma abordagem de rotina, meu amigo. Uma moto passou e apontou o seu carro. A placa de Natal foi alvo de suspeita.
- só porque meu carro tem placa de Natal? Quem foi essa moto? Como é que pode vocês acreditarem num motoqueiro que achou suspeito meu carro? Eu não estava correndo pelas ruas cidade, eu não estava parado em atitude suspeita ou cometendo nenhum ato de violência...
- Mas não tem escrito no carro nem na sua testa que você é cidadão ou bandido...
- Nem na sua também – retruquei o argumento.
Um terceiro policial se aproximou e perguntou se eu era de Gravatá e o que eu fazia da vida. Informei que era residente aqui mesmo e que era professor. Que o meu amigo residia bem dali perto e que era estudante de direito, que tínhamos ido levar um amigo em casa... (este policial conhecia o meu amigo e simplesmente não tentou acalmar os ânimos de seus colegas)
Enquanto isso, meu amigo discutia ferozmente com o outro agente. Eu tentava manter a calma para que não perdêssemos os nossos direitos de cidadãos livres, que poderíamos ir e vir sem sermos desrespeitados e humilhados publicamente, diante de tantas pessoas. O policial que gritava com meu amigo, ainda revistou a mala do carro, os bancos e, sentindo-se talvez decepcionado, bateu violentamente a porta do meu carro e evadiram, deixando-nos transtornados e envergonhados com a atitude.
Pessoas que assistiram tudo, assustadas, se aproximaram e perguntaram se estávamos bem e demonstraram toda a indignação diante da cena desnecessária de agentes policiais que deveriam exercer suas funções em detrimento do direito comum e do respeito ao cidadão.
Dentro do meu veículo, ainda atordoados, resolvemos nos dirigir a Delegacia de Polícia para ao menos relatar o fato ao Delegado e solicitar dele uma orientação tanto para nós quanto para os policiais. Quando lá chegamos, um novo diálogo, dessa vez, ainda mais estridente:
- O que foi que houve? – perguntou o agente que se identificou como Marcelo (que me abordou).
- A gente quer conversar com delegado. – dissemos quase com mesma voz.
- Mas por quê? Vocês apanharam? A gente estava fazendo o nosso serviço. Você no meu lugar faria a mesma coisa. – explicava o Marcelo.
- Não, a gente não apanhou e nem eu faria a mesma coisa que você. Mas a gente se sente humilhado porque vocês não souberam abordar a gente. Porque que seguiram a gente por mais de 1 km, até chegar no centro da cidade, diante de tantas pessoas e fechar o meu carro daquela maneira? – eu já não estava tão calmo...
- Queremos falar com o delegado ou com o comissário.
- Nem um nem outro está.
- Ok. Então amanhã a gente vem. – disse meu amigo.
- Venha! O meu nome é Marcelo. Diga que vocês foram abordados por nós. (havia um tom sarcasticamente ameaçador na fala do agente)...
Quando ainda fechava a porta do carro, ouvimos um dos agentes (o que abordou aos gritos meu amigo) dizer: - “Se eles vierem, a gente diz que eles desacataram a autoridade policial...”

Ao que me consta, cabe ao policial civil ou militar, zelar pela ordem e sossego públicos e pela incolumidade física dos cidadãos. Sei que no exercício de suas funções, lhes são concedidas algumas franquias, como o uso de armas de fogo, algemas e outros apetrechos sem os quais não poderá combater a criminalidade. Reconheço que é direito de todo policial honroso e sei que exercício regular desse direito não passa pelo abuso, nem se inspira no excesso ou desvio do poder conferido.
Mas, todo direito se faz acompanhar de um dever, que é o de se exercer perseguindo a harmonia das atividades. A contravenção a este dever constitui abuso de direito. Os policiais que nos abordaram não poderiam, a meu ver, usarem do preposto de que nós havíamos cometido ato ilícito ou conduta criminalmente tipificada só pelo fato de “alguém apontar meu carro como suspeito”. Eu entendo que os policiais praticaram ato abusivo (com excesso de autoridade) que causou dano ao patrimônio subjetivo moral, meu e do meu amigo.
Todo homem tem direito à integridade de seu corpo e de seu patrimônio econômico, tem igualmente à indenidade do seu amor-próprio (consciência do próprio valor moral e social, ou da própria dignidade ou decoro) e do seu patrimônio moral. E este patrimônio, eu prezo demais, por ser formador de opinião, por ser educador e por ser, simplesmente, cidadão.
E aqui vai um alerta a todos os cidadãos e também um aviso aos policiais: Se por abuso de autoridade e ameaças for atingido qualquer cidadão, obviamente arranhões foram produzidos em sua reputação moral, merece sua reparação condizentemente. Acabei de ler artigo 186, do Estatuto Civil, que diz: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O parágrafo 6º, do art. 37 da Carta da República, lembra que: “As pessoas de direito público e as de direito privado prestadores de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Por certo que, em tese, a atividade policial desempenhada envolve pequenos constrangimentos ao cidadão comum, tais como as revistas em bagagens ou pessoais, como mal necessário justificado pelo interessa maior público. Daí falar-se em dano mínimo, superável e justificável. Todavia, cada caso há de ser investigado detidamente.
O modo de abordagem também há de ser apreciado, pois tal como qualquer outro servidor público o policial deve agir com urbanidade, imparcialidade e impessoalidade. Não que haja um ideal de educação de uma Scotland Yard, mas se exige um mínimo de tratamento civilizado ao cidadão, mesmo que se verifique singelo elemento de suspeita de algum ilícito penal típico. A forma de abordagem relatada acima comprova o total despreparo dos policiais.
Eu entendo que é preciso reagir contra estes abusos de autoridades, exigir que nossos direitos sejam respeitados. Nem sempre podemos evitar que estas violências sejam praticadas contra nós, por aqueles que têm o dever – e ganham para isso – de garantir nossos direitos. Mas muitas coisas podemos fazer para evitar que elas aconteçam ou para nos livrarmos delas. O importante é não cruzemos os braços nem calemos a boca, senão essas violências contra nós continuarão e aumentarão cada vez mais.
Estou assim escrevendo porque conheço meus direitos e deveres e respeito os dos outros. Eu fico imaginando quantos pobres, principalmente, diariamente são vítimas de abusos de autoridades. Quantos são presos ilegalmente, sem ter cometido qualquer crime; quantos são revistados sem motivo e com violência; quantos barracos são invadidos por policiais, em busca de marginais que nem conhecem; quantas confissões são exigidas à força, com torturas e quantos são obrigados a testemunhar o que não viram nem ouviram?

Para finalizar, gostaria de deixar um recado aos policiais:

- Seu dever é proteger os cidadãos, garantindo suas liberdades asseguradas na Constituição;
- Não deve cometer um crime para descobrir outro;
- A violência que você cometer poderá resultar na perda de seu emprego, em pagamento de indenizações às vítimas e em sua condenação criminal;
- Agindo com violência, você estará contribuindo para que a violência se perpetue. Amanhã, a vítima pode ser você ou alguém seu;
- Sua arma só pode ser utilizada em casos de extrema necessidade;
- A autoridade deve ser imposta pelo respeito, na moral, e não pela força do arbítrio.


CUMPRA COM SEU DEVER, DENTRO DA LEI. SEU TRABALHO SÉRIO E HONESTO É INDISPENSÁVEL PARA TODOS NÓS. A SOCIEDADE PRECISA DE CONFIAR EM VOCÊ.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Que será a morte?




Questionada sobre o que seria considerado um “mistério”, Madre Tereza respondeu que seria a morte. Para os cristãos o dia da morte é melhor do que o dia do seu nascimento. Na tradição judaica, a santidade do ser humano não termina com a morte. Nada era mais importante para os egípcios do que alcançar a vida eterna e eles faziam de tudo para chegar até lá. Os budistas dizem que a morte faz parte da vida, não é uma antítese da vida. Morte, para os espíritas, é a exaustão dos órgãos, da matéria e, acima de tudo, a passagem para a verdadeira realidade.

Juntem todos estes conceitos e milhares de outros em todos os povos conhecidos e mesmo assim não saberemos verbalizar e expressar o que ela faz conosco quando, sorrateiramente, visita um amigo, um parente. Frases de efeito, tapinhas nas costas, um olhar enternecido, um telefonema... Nada importa muito quando a dor da perda parece superar todos os calmantes do mundo.

A morte, hoje a tarde, visitou a querida família Moura. Quando soube, por volta de 18 horas deste dia 05 de Fevereiro de 2009, recordei Shakespeare quando ele disse: “Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”. E que coragem e que alegria tinha a querida Girlayne Moura! Chegou-me a dar um nó no pomo de adão. Imaginei como estariam o esposo e os filhos. Com certeza estavam cobertos de dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam...

Restam-nos as lembranças maravilhosas que ela, com sua espontaneidade, sua sinceridade, sua alegria, seu caráter e sua constante vontade de aproveitar o máximo da vida. Como diria Chicó (Auto da Compadecida): “Tudo que é vivo, morre. Cumpriu sua sentença”. Parece que é hora de descansar em paz. Mas quem disse que ela queria? Quem disse que nós queríamos? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Mas quem somos nós para questionar as vontades oriundas do Criador?

Bom, se é verdade que os mortos se encontram em lugares de características imprecisas, onde reina paz e harmonia, ela está, a esta hora, conversando com o todos os seus antepassados, festejando o reencontro familiar e solicitando amparo divino para os que ficaram, sem graça, aqui neste lado da história. Quanta elevação de espírito, quanta informação, quanta sagacidade intelectual e quantas saudades devem estar embasando a conversa dos integrantes da família, lá onde o tempo e as limitações da existência não têm mais importância.

É possível que a vida fosse um devaneio absurdo, um grito no deserto, se desaparecêssemos completamente com a morte física, ocorrida num dia qualquer, com o sol queimando a esperança em nossos olhos. Que coisa exageradamente sem graça é essa distância causada pela morte, seja em que cultura for! E as perguntas se seguem sem respostas. Duro admitir, mas nós ficamos... até quando não se sabe, para respondermos um monte de questões vitais sobre vida e morte. É certo que a Professora, Esposa, Mãe e Amiga Girlayne Moura respondeu as suas.

Boa Viagem, Girlayne!
Qualquer dia a gente se encontra.