sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Que será a morte?




Questionada sobre o que seria considerado um “mistério”, Madre Tereza respondeu que seria a morte. Para os cristãos o dia da morte é melhor do que o dia do seu nascimento. Na tradição judaica, a santidade do ser humano não termina com a morte. Nada era mais importante para os egípcios do que alcançar a vida eterna e eles faziam de tudo para chegar até lá. Os budistas dizem que a morte faz parte da vida, não é uma antítese da vida. Morte, para os espíritas, é a exaustão dos órgãos, da matéria e, acima de tudo, a passagem para a verdadeira realidade.

Juntem todos estes conceitos e milhares de outros em todos os povos conhecidos e mesmo assim não saberemos verbalizar e expressar o que ela faz conosco quando, sorrateiramente, visita um amigo, um parente. Frases de efeito, tapinhas nas costas, um olhar enternecido, um telefonema... Nada importa muito quando a dor da perda parece superar todos os calmantes do mundo.

A morte, hoje a tarde, visitou a querida família Moura. Quando soube, por volta de 18 horas deste dia 05 de Fevereiro de 2009, recordei Shakespeare quando ele disse: “Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”. E que coragem e que alegria tinha a querida Girlayne Moura! Chegou-me a dar um nó no pomo de adão. Imaginei como estariam o esposo e os filhos. Com certeza estavam cobertos de dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam...

Restam-nos as lembranças maravilhosas que ela, com sua espontaneidade, sua sinceridade, sua alegria, seu caráter e sua constante vontade de aproveitar o máximo da vida. Como diria Chicó (Auto da Compadecida): “Tudo que é vivo, morre. Cumpriu sua sentença”. Parece que é hora de descansar em paz. Mas quem disse que ela queria? Quem disse que nós queríamos? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Mas quem somos nós para questionar as vontades oriundas do Criador?

Bom, se é verdade que os mortos se encontram em lugares de características imprecisas, onde reina paz e harmonia, ela está, a esta hora, conversando com o todos os seus antepassados, festejando o reencontro familiar e solicitando amparo divino para os que ficaram, sem graça, aqui neste lado da história. Quanta elevação de espírito, quanta informação, quanta sagacidade intelectual e quantas saudades devem estar embasando a conversa dos integrantes da família, lá onde o tempo e as limitações da existência não têm mais importância.

É possível que a vida fosse um devaneio absurdo, um grito no deserto, se desaparecêssemos completamente com a morte física, ocorrida num dia qualquer, com o sol queimando a esperança em nossos olhos. Que coisa exageradamente sem graça é essa distância causada pela morte, seja em que cultura for! E as perguntas se seguem sem respostas. Duro admitir, mas nós ficamos... até quando não se sabe, para respondermos um monte de questões vitais sobre vida e morte. É certo que a Professora, Esposa, Mãe e Amiga Girlayne Moura respondeu as suas.

Boa Viagem, Girlayne!
Qualquer dia a gente se encontra.

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