quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Burrice Coletiva Sem Explicação...



“Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito”. Eclesiastes 1: 14.

Não sou de utilizar da Bíblia para justificar o que penso, sinto ou acredito, mas, esta passagem citada acima estava guardada em meus arquivos, como se esperasse para o momento certo para ser usada. Creio que para o agora, ela é pertinente.
 
Quantas coisas que nos cercam são vistas como extremamente necessárias? Quantas frases que ouvimos que repetidas como verdades absolutas? Quantas pessoas nos rodeiam o cotidiano que acreditamos serem sinceras, verdadeiras, de boa índole e corretas? Quantas notícias nós lemos em jornais, blogs e revistas recebem o adjetivo da confiabilidade? São tantas não é?

Mas, pergunto, por exemplo, o que você ler tem mais prestígio do aquilo que você ouve? Recentemente li um texto de Ronaud Pereira em que ele dizia:

Eu já ouvi tanto a constatação “o mercado está ficando cada vez mais competitivo” que se fosse verdade, a “competição” já teria se tornado uma guerra. Bobagem! A falta de assunto concreto, na sociedade de forma geral e principalmente na imprensa, faz com que fiquem “inventando moda”, ou repetindo-se, ou dissecando minúcias irrelevantes ou particularidades de temas abrangentes e consensuais.


Grande parte da população vive mergulhada nesse dilema de no afã de se manter sempre informada, acaba tornando o senso comum cada vez mais comum, e incorpora de forma definitiva (às vezes) muitas inutilidades, o que me faz resgatar Nelson Rodrigues que não suportava a unanimidade, chamando-a de burra e que se não fosse pelo menos seriam tendenciosas e destrutivas. Era o que Gabriel, O Pensador, chamou de “lavagem cerebral”, compromisso individual e intransferível.

Tudo bobagem. É preciso que despertemos para certas obras que se fazem abaixo do sol e perceber que elas não sabem de nada da vida. Não existe ninguém no planeta que entenda o que é a vida em sua plenitude, porque a grande plenitude é ter certeza somos ignorantes, todos nós, diante do ato de viver.

Costumeiramente chamamos algumas pessoas, até em nossos lares, de ovelhas negras. Eu descobri que ovelhas negras são assim chamadas porque ignoram todas as obras ao seu redor e enxergam a vaidade e o desespero das pessoas a sua volta. E por ignorarem são, geralmente, felizes, conquistam seu espaço – mesmo com muitos atropelos – e avançam além do limite do medo e do preconceito.

Nem tudo que lemos, vemos e sentimos é uma verdade, de fato. Boa parte do que assistimos é, como diria Raul Seixas, ridículo e limitado. Redundante mas, nem tudo que brilha é ouro. Atentamos bem para tudo que lemos, para tudo que vemos, para tudo que sintamos, para tudo que busquemos… Tá na hora de pedirmos mais isenção de preconceito e ignorância, na mesma proporção em que pedimos a isenção do imposto de renda.

0 comentários:

Postar um comentário