O mundo todo viu a imagem dos sapatos lançados pelo jornalista iraquiano Muntazer al-Zaidi contra George W. Bush. Tal iniciativa individual do repórter representava o grau mais alto de ofensa que se pode proferir contra outra pessoa, isto porque os sapatos são considerados sujos, tanto que, para visitar uma mesquita, é obrigatório ficar descalço. Há quem condene o ato do jornalista. No entanto, como diz a sabedoria popular: “os fins justifica os meios”.
Se analisarmos, sem muita cautela, o retrospecto político do George W. Bush, entenderemos que o ato do jornalista contra quem ele chamou de “cachorro” (outra ofensa grave) é totalmente explicável. A sapatada ilustra a decadência política de um governante que, durante um bom período, comportou-se como o legislador do mundo. Cada sapato atirado sobre o presidente carregou o peso de todas as mortes inúteis e mal explicadas em meio à população civil.
São tantas as histórias de arbitrariedades, de abuso de poder, de desrespeito aos direitos humanos e de uma ganância descomunal por parte de uma única pessoa – mais poderosa de todas – que ficamos pensando: se essa moda pega no Brasil?
Por que logo no Brasil? Ora, se fizéssemos uma enquete do tipo: “em quem você atiraria um sapato e chamaria de cachorro?”, uma lista enorme de políticos, funcionários públicos e privados, médicos, professores, jornalistas e até blogueiros (Opa! Em mim não!) apareceria na mídia. Ou alguém tem dúvida disso?
Sempre visualizando o macro e testando o micro, vislumbramos: já pensou se no dia 1º de Janeiro, em plena cerimônia de posse dos “eleitos” Ozano Brito e João Paulo, alguém se atrevesse a atirar contra o Ex-prefeito um par de sapatos? É impossível que aconteça? Não. É improvável que alguém tenha coragem de cometer tal ato contra excelentíssimo Ex-prefeito. Vontade não faltaria em muitos, inclusive, por parte de professores que o “apoiaram” (?) na última campanha.
Ontem, na assembléia do sindicato com os professores, a diretora que se despede do cargo, contou a todos os presentes que o contador da prefeitura apresentou um relatório financeiro onde as contas do fundeb tinham zerado, e, portanto, não haveria sobras para serem repassadas em forma de abono para os 450 professores que estiveram em sala de aula no ano letivo de 2008.
Refazendo as contas com o contador, a diretora do sindicato logo descobriu que o mesmo havia lançado no relatório dois terços de férias, quando deveria ser apenas um terço de férias. Ora, todo professor só recebe um terço de férias todos os anos, geralmente no mês de janeiro (quando deveria ser no mês de dezembro).
O ilustre contador se justificou, segundo a própria diretora sindical, dizendo que não poderia prejudicar o senhor prefeito. Foi um coral de frases revoltadas que se ouvia dentro do salão SSS (3 S). Poderia, então, prejudicar o abono ridículo dos professores? Apareceram nada mais que 129 mil Reais, sem contar com o valor do mês de Dezembro, quando antes o valor era ZERO.
Ouvi, no burburinho de vozes, alguém dizer: - Ah! Uma Sapatada no sujeito! (risos geral).
Já pensou se a moda pega?