Livro Primeiras Águas - Poesias

Este é o livro I da série Primeiras Águas.

Campanha Gravatá Eficiente

Fomentando uma nova plataforma de discussão.

A Liberdade das novas idéias começa aqui.

domingo, 21 de setembro de 2008

O mal e o bem são forças sobre-humanas?


“Se o bem e o mal existem, você pode escolher. É preciso saber viver”.
Roberto e Erasmo.



O mal e o bem são forças sobre-humanas?

De todos os temas de reflexão, poucos têm despertado tanto interesse ao longo da História (tempo) e das sociedades (espaço) como o paradigma do Bem e do Mal, principalmente o porquê da existência do mal. Várias abordagens têm sido aplicadas a esses conceitos, de religiosos a filosóficos, passando por esotéricos e agnósticos.

Mas ultimamente estas duas forças antagônicas ganharam um caráter político que tem irritado e dividido companheiros de profissão, até amigos e familiares, haja vista uma ramificação partidária municipal tem se intitulado “do bem”, enquanto que os não partidários são vistos, logicamente, como a turma “do mal”.

É a segunda vez que infelizmente toco neste assunto. Em um outro artigo falei da minha decepção em perceber o quanto a política partidária promove o APARTHEID e o ceticismo ideológico entre entes queridos e que vem ganhando força a cada dia que se aproxima as eleições. Por onde anda a razão?

Pode parecer um bocado esquisito querer tratar de um tema que sempre pertenceu ao domínio do emocional com bases racionais incutindo a idéia política como foco, mas vejamos aonde podemos chegar. Vejamos aonde chegou as nossas “verdades” (pra não dizer interesses pessoais) defendidas com tanta veemência e muitas vezes sem nenhum escrúpulo, ao ponto de dividir uma população entre o “bem” e o “mal” numa prepotência muito infeliz.

Relembro do que falava Santo Agostinho acerca dos conceitos do Mal. Segundo classificação do doutor da Igreja, o mal pode ser natural, que são os eventos naturais (aleatórios) e pode ser moral, que é o mais conhecido por maldade, pois é praticado conscientemente. E é este mal que vem afligindo as nossas vidas. É pertinente perguntar: como nasce esse mal em nós? Qual a sua origem?

Segunda uma teoria recente, o mal (assim como o bem) é fruto da nossa maturação enquanto espécie humana. Os arquétipos registrados no nosso DNA ou ADN (que significa, em inglês, DesoxirriboNucleic Acid, ou ácido desoxirribonucléico), partem de instintos básicos (egoístas) que defendem primeiramente a nossa posição em relação ao mundo e atingem aos níveis de Socialismo e Comunismo até chegar a uma visão holística da vida humana. E nestas fases transitórias, o mal está presente em proporções que nós mesmos administramos e ao passo em que evoluímos, o bem passa a ser mais presente nas nossas decisões.

Continua complicado? Vejamos.

A minha teoria é que nós AINDA estamos num período de transição, ou seja, ainda temos os dois tipos de instintos convivendo no nosso DNA, e, conseqüentemente, no nosso comportamento. A questão é: que percentagem de cada um está no nosso ADN? A relação entre os dois tipos de instintos pode dar uma idéia sobre a nossa posição temporal nesse período de transição, ou seja, que tipo força queremos abraçar: o bem ou o mal? O que mais nos atrai? Que escolha queremos fazer? De forma muito feliz, Roberto Carlos escreveu e cantou: “Se o bem e o mal existem você pode escolher”.

Esses instintos individualistas, enquanto existirem, são prejudiciais numa espécie social, pois entram em conflito com os instintos sociais (até porque egoísmo é antagônico de altruísmo). Podemos usar a razão para contrariar esses instintos, mas temos a consciência que sozinhos não podemos fazer isso, a maior parte das pessoas não tem força de vontade suficiente. Tem que haver uma força impulsionadora. E que força é essa?

A força que liberta-nos dos nossos instintos primitivos e nos faz ascender moralmente, e, portanto, está ao lado do bem, é o conhecimento cultural. Tal conhecimento desconsidera conteúdos políticos partidários e dicotomias emocionais. O conhecimento cultural nos faz sonhar e criar força para que plantemos e semeemos a humanização equilibrada das nossas “verdades”. Escreveu uma vez o pesquisador Denyval Rodrigues: “Não existe o bem e o mal, na verdade existem pessoas que não sabem sonhar”.

De qualquer modo, o que quer que escolhamos, ficará em nossas mãos a chave para o próximo passo. Tal como na Matrix (o filme) o personagem Neo (Keanu Reaves) pôde escolher a pílula azul, que o mantém no mundo de ilusão, e ele esquece tudo o que descobrira; ou pode tomar a pílula vermelha que lhe revelará toda a verdade (uma analogia com a maçã de Eva e adão?). Temos uma pílula em cada mão, temos que escolher antes que esse momento chegue, pois podemos não ficar aqui para contar a história, porque admitamos, há entre nós pessoas suficientemente egoístas ("más") para isso.
E lembrando que tomar a pílula vermelha e escolher dar o próximo passo da nossa evolução, poderá muito bem ser o fim do Mal como o conhecemos! Para encerar mais esta reflexão, encontrei uma história muito interessante que quero compartilhar com todos que trata justamente sobre este assunto. Eu me emocionei com este texto e gostaria de dividir esta emoção com vocês.


O bem e o mal existem?

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus criou tudo o que existe?
Um aluno respondeu valentemente: - Sim, Ele criou…
- Deus criou tudo? -perguntou novamente o professor.
- Sim senhor, respondeu o jovem.
O professor respondeu
- Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito. Outro estudante levantou a mão e disse:
- Posso fazer uma pergunta, professor?
- Lógico! - foi a resposta do professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe?
- Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:
- De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.
Novamente o aluno pergunta ao professor:
- E, existe a escuridão?
O professor respondeu:
- Existe.
O estudante respondeu:
- Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
- Senhor desculpe-me a redundância: o mal existe mesmo?
O professor respondeu:
- Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal.
E o estudante respondeu:
- O mal não existe senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações.
É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.
Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado.
Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?
- Albert Einstein.

domingo, 14 de setembro de 2008

16 de Setembro a Educação vai Parar.


Educadores do magistério público param na próxima terça-feira, dia 16 de setembro, em todo o país, pela implantação o mais rápido possível do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) nos estados e nos municípios. A paralisação atende a um chamamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pois desde que a lei do piso foi sancionada pelo presidente Lula há um movimento encabeçado pelos governos do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais que tentam impedir sua implementação, com argumentos que não se sustentam, a não ser pela opção politica de continuarem a oferecer uma educação barata e de pouca qualidade.


Para mais informações acessem o site da cnte: http://www.cnte.org.br/


PRECISAMOS DEFINITIVAMENTE NOS RECONHECERMOS PARA QUE POSSAMOS RECEBER O RECONHECIMENTO DE UMA DÍVIDA HISTÓRIA QUE NOSSO PAÍS TEM COM A NOSSA CLASSE! A NOSSA CONQUISTA É A CONQUISTA DO POVO BRASILEIRO QUE SE REFLITIRÁ NO FUTURO, PROVAVELMENTE, MUITO MAIS JUSTO QUE O NOSSO PRESENTE.


ATÉ A VITÓRIA!

sábado, 13 de setembro de 2008

E eu sei lá quem é esse tal de Nelson!

Após longas negociações entre os Professores Municipais e o Poder Executivo de Pombos, o Plano de Cargos e Carreiras e Remuneração do Magistério – PCCR – entrou em processo de reformulação, seguindo a legislação vigente.

Foi eleito um grupo de professores para que junto com a secretaria de educação, os pontos a serem reformulados, adaptados, ampliados e consolidados. Tudo corria bem durante os encontros e os pontos menos contraditórios avançavam, até que se chegou à questão de aumentos salariais. A negociação não travava.

Sentindo-se prejudicado com a proposta oferecida pelo Poder Executivo, os professores em parceria com o diretório municipal do Sinpro-PE, resolveram protestar. Eu, a bucha de canhão, na condição de membro da comissão sindical, pus-me a falar com as demais pessoas envolvidas que a questão precisava ser resolvida sem perdas para a classe de professores.

E como diria um amigo meu, o processo “embaçou” e não avançamos. Nem a Secretaria de Educação nos convencia de que o aumento era justo, nem nós conseguíamos unir forças para as nossas negociações, de tal sorte que a Prefeitura saiu ganhando tempo e nós fomos nos desarticulando.

Era noite e eu estava em casa quando recebo o telefonema de uma companheira professora. Informava ela que a Câmara de Vereadores daquele município votaria às pressas o nosso PCCR, junto com outros projetos enviados pelo Poder Executivo no último dia legal para votação de emendas.

Há quem diga que aquela votação de caráter extraordinário fora uma manobra política para que a qualquer custo, os Vereadores votassem, sem nenhuma análise mais ponderada do texto em questão.

Chegamos cedo à Câmara Municipal onde fomos recebidos por um vereador que nos apoiava. Convidamos todos os professores que pudemos para estarem presente na votação. Poucos apareceram. Mesmo sem um número majoritário de professores e sem a presença da direção do Sinpro-PE, fincamos pé dentro da Câmara.

Horas mais tarde fomos chamados para uma sala de negociação. Estavam presentes a comissão de professores, a presidente da casa legislativa, uma representante do judiciário e alguns vereadores.

Um vereador presente, no arroubo de sua ignorância (provada instantes mais tarde) gritou:

- “É uma minoria de professoras que querem perturbar. A maioria dos professores está trabalhando. E o que o meu Prefeito mandar pra eu votar, eu voto. Se tivesse alguma coisa errada na lei, estavam todos os professores aqui reclamando.” (Quero dizer estas não foram palavras textuais, haja vista a formação primária do cidadão em questão).

Até àquele momento eu estava sereno nas minhas palavras e ponderava nas minhas colocações, usando de humildade diante das autoridades a fim de expor os fatos de forma racional e justa. No entanto, quando ouvi estas palavras, eu me virei em direção a quem falava e argüi com voz estridente e agressiva:

- O Senhor conhece Nelson Rodrigues?

- Quem?

- Nelson Rodrigues!

- E eu sei lá quem é esse tal de Nelson!

- Nelson Rodrigues disse, certa vez, que TODA UNÂNIMIDADE É BURRA. Mesmo não estando todos os professores aqui, não significa dizer que estamos exigindo algo impróprio ou injusto.

- Você me respeite rapaz. Não me chame de burro, não! – gaguejou ele enquanto eu deixava a sala.

Conseguimos evitar a votação naquele dia. Os vereadores que votaram pelo adiamento da votação do PCCR nos garantiram que as emendas seriam lidas com atenção. Ledo engano o nosso de imaginar que seria mudado algo no texto que tratava de aumento salarial.

Dias depois ficamos sabendo que o projeto foi aprovado pela maioria da Câmara, em uma outra reunião extraordinária que ninguém ficou sabendo. Foi uma derrota para mim e para as três professoras que estiveram sempre juntas comigo e que não se venderam, não se envergaram e não perderam a dignidade de olhar nos olhos dos demais “colegas”.
o lado escuro e o lado obscuro, feitos um para o outro.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Políticos Simpáticos e Povo sem Memória


Certa vez, o poeta Carlos Drummond de Andrade disse, meio aborrecido:

“Acho o Brasil infecto. Não tem atmosfera mental; não tem literatura; não tem arte; tem apenas uns políticos muito vagabundos”.



Um determinado locutor que se declara partidário de um grupo político, vem atacando com ferozes verbos (mal conjugados) outra corrente política apelidada de “grupo do mal”. Ele tem sido muito infeliz na função que lhe cabe, que é honroso dever de publicar os fatos de forma imparcial. E o interessante é que este mesmo locutor, sofreu perseguição e até foi agredido fisicamente quatro anos atrás, pelas mesmas pessoas que hoje ele defende.


Depois de ouvi-lo fiquei pensando, cá com meus botões: o que a política não faz! Ou melhor, me corrijo: o que a politicagem não é capaz de fazer! Foi quando me veio à memória este desabafo do meu ídolo Drummond. A política brasileira parece que representa um horrendo conto das mil e uma noites de sacanagens. Parece que nada é real, verdadeiro, autêntico, único.


As vésperas de uma eleição, vejo amigos se afastarem dos seus amigos; sei de famílias que esquecem os laços consangüíneos; sinto na pele professores te olharem atravessados e até arriscam nos afrontar com assédios morais tão freqüentes nas instituições escolares; e pelas ruas da cidade, pessoas várias se digladiam levadas por uma lavagem cerebral que só a partidária imunda é capaz de promover. Muitos eleitores e quase todos os políticos se esquecem de que temos o direito de escolher e essa escolha deve ser respeitada. É simplesmente ingênuidade esquecer de que a família e que os verdadeiros amigos são para sempre e, escolhas políticas são todas passageiras, como todos nós somos.


Muitos ainda arriscam em gritar nos microfones: “é a festa da democracia.” Que festa é esta, onde pessoas que conversávamos amigavelmente, hoje, mal nos dão um bom dia? Que festa democrática é esta que oprime a liberdade de pensamento, de ideologia e de esperanças por renovação? A democracia aí estampada nas ruas e nos lares, na verdade, tem funcionado como uma ditadura. Este tipo de comportamento reflete nos políticos que elegemos de dois em dois anos. Lembro-me o que uma das figuras mais nobres do Brasil, Millôr Fernandes, certa vez disse: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.”


As pessoas eleitas pelo povo parecem estar sempre interpretando um papel, ao invés de serem elas mesmas. Não há opinião própria, não se cultiva a personalidade, muda-se de julgamento como se troca de camisa. Os nossos representantes até se esquecem do que pensavam e do que fizeram no passado, inclusive os malfeitos, e isso efetivamente os favorece, porque alimenta a amnésia popular.


Como o brasileiro é um povo sem memória, os políticos podem mimetizarem-se à vontade, pois ninguém vai lembrar mesmo do que obraram há pouco. Não se vai lembrar, por exemplo, que o pessoal do PT defendia todo tipo de CPI. E a turma do PFL, que estava sempre disposta a barrá-la, hoje a cultua como se fosse parte de sua práxis política. Este é um exemplo nacional. Mas, quantos exemplos municipais nós podemos citar? Puxemos pela memória! Que memória? – perguntaria certamente o mestre Drummond.


Atente para este texto, um achado do professor de História do Cefet-SP José Augusto Araújo:

O Brasil vem sendo sacudido por uma sucessão interminável de denúncias e práticas comprovadas de corrupção, que criam um desalento e um pessimismo tão profundos na população a ponto de esta considerar que os políticos e os governantes em geral não passam de corjas de ladrões. Não é para menos: a corrupção inscreveu-se na normalidade da vida pública brasileira. (...)
O que confere normalidade à corrupção no Brasil é a sua extensão, o seu caráter histórico-cultural e a sua impunidade. (...) Diariamente surgem denúncias por todo o País envolvendo vereadores, prefeitos, governadores, deputados, secretários, ministros, funcionários públicos, fiscais, chefes administrativos, juízes, policiais, e assim por diante. Ladeando-a e fundindo-se com a corrupção temos o neopatrimonialismo, que, em síntese, pode ser definido como o uso do cargo público para constituir privilégios privados. (...)”


Há alguma inverdade nestas palavras? Será que o professor está sendo injusto em seu texto quando ele questiona as ações que são divulgadas na televisão todos os dias, contra aqueles que ele chama de “corja de ladrões”? A sã consciência diz que não. Mas quantos professores, quantos funcionários, quantos comerciantes, quantos comerciários, quantos, enfim, eleitores pensam e agem assim, em nosso município? Onde está a tal democracia? Quem são os ídolos políticos que o povo defende e manda as favas a própria família?


Recordo-me do escândalo do mensalão. O Roberto Jefferson virou herói nacional ao desmascarar o esquema, que ele mesmo teria sido beneficiado. Ele apunhalou o próprio governo que o anistiou. Lula chegou a dizer na época que lhe daria um cheque em branco, tamanha era a confiança que depositava nele. Quem manda confiar num homem que foi líder da tropa de choque de Collor?


Notório esperto, no sentido mais carioca do termo, Jefferson é descrito pelo jornalista Ricardo Noblat como um sobrevivente: “Sobreviveu à gordura que lhe ameaçava a saúde. E sobreviveu a muitos governos, sabendo permanecer à sombra deles quando lhe era conveniente, e sabendo se afastar deles quando julgava necessário”.


Assim como Roberto Jefferson, muitos eleitores, sangue sugas, contratados e funcionários efetivos em todo o Brasil, sobrevivem (em condição humilhante) debaixo de conchavos políticos, de barganhas eleitorais, de subsistência moral dos que vendem o voto, literalmente, por algum modo de vida – diga-se de passagem – mui vergonhosa.


Querem outro exemplo?
Anthony Garotinho, ex-governador do estado do Rio, aquele que era considerado o representante dos “evangélicos” do Brasil, em sua campanha para presidência, dizendo-se preocupado com a crise institucional – crise esta que se arrasta desde D. Pedro – foi taxativo ao afirmar: "São denúncias graves que devem ser apuradas com rigor e com serenidade”. E completou: “A que ponto nós chegamos da vida pública brasileira. É um momento muito difícil, por isso devemos agir com serenidade”.


Como Jefferson, o Garotinho sentou-se no próprio rabo e apontou o prolongamento alheio, esquecendo-se do seu, que comprovadamente foi, ou é, um exemplo de hipócrita político brasileiro. Certamente a serenidade que lhe faltou quando agrediu verbalmente uma juíza eleitoral, taxando-a de petista, quando ela os condenou à perda dos direitos políticos por três anos por causa de abuso de poder econômico durante a campanha eleitoral. Isto sem falar nas irregularidades do seu mandato de governador e das supostas acusações que pesam contra a sua esposa.


E como esquecer de Antônio Carlos Magalhães, o mesmo dos grampos telefônicos e da violação do painel do Senado, que agora aparece como arauto da moralidade pública? Pelo menos Toninho Malvadeza diverte com suas fanfarronices. Ele acaba de criar uma alcunha para o tesoureiro do PT: “Dilúvio Soares”.


Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, agastado com as dezenas de denúncias que pipocaram no seu governo, está sendo mais comedido, não colocando lenha nessa fogueira. O pai do Real – que mudou pra melhor a vida dos brasileiros – também é alvo da justiça e hoje tem ponderado os seus ataques contra o governo de Lula.


E o também tucano Aécio Neves, governador de Minas Gerais e possível candidato a sucessor de Lula foi sempre um adversário sensato, tem sido mais cauteloso ao afirmar: “O presidente tem uma história que merece o nosso respeito. O presidente Lula não é o presidente Collor”. Tem razão.


Em outro texto que eu publiquei neste blog, falei da importância do voto. Que direito de votar e uma das primeiras regras da democracia. Que precisamos ter memória política e vontade independente. É a partir do nosso voto que escolhemos principalmente o rumo das nossas vidas e de nossas famílias.


Tenho conversado com pessoas mais experientes e elas falam que não têm desejo algum de sair de casa e votar em quem quer que seja. Este é um senso comum. Mas precisamos refletir sobre o que a Igreja Católica aponta como sendo um dos pecados mais desumano: Omissão.


Ex-vereador da Cidade do Recife, o Professor Rafael de Menezes, muitos anos atrás, no programa do radialista Samir Abou Ana disse uma frase que eu jamais vou esquecer e que trago comigo na minha prática profissional e na minha vida pessoal. Disse o ilustre professor: “É na omissão dos que se intitulam bons, que os maus prevalecem-se”. Ou seja, como é que nós, - os bons - não conseguimos construir uma identidade ideólogica enquanto que os maus decidem o que será feito das nossas vidas?

A clássica idéia de que para mudar o mundo precisamos mudar a nós mesmos, parece completamente esquecida pelo povo em geral. O poeta Carlos Drummond de Andrade poderia acrescentar ao seu desabafo: “Nem todos são vagabundos, mas o povo é sem memória”.

sábado, 6 de setembro de 2008

INDEPENDÊNCIA OU MORTE (?)

(D. Leopoldina com outro “imperadorzinho” no colo. Óleo de A. Failutti. Museu Paulista).

(Gonçalves Ledo. Museu Paulista /SP).



(José Bonifácio. Obra de Oscar Pereira da Silva. Museu Paulista/SP).


(Aclamação de D. Pedro I. Prancha de Dedret. Biblioteca Nacional/Rio).




(O Grito do Ipiranga. Obra de Pedro Américo, Museu Paulista/SP).



( D.Pedro Óleo de S.R. de Sá - Museu Imperial. Petrópolis )

Para formalizar o reconhecimento da independência brasileira, o governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2 milhões de libras que Portugal devia a Inglaterra.
A Independência do Brasil, oficializada por um grito, foi resultado de um arranjo político (desprovido de mudanças sociais) preparado por um grupo de representantes das classes dominantes da época, empenhados no rompimento dos laços com a Corte Portuguesa sem mexer nas estruturas já existentes.
Esse “arranjo” manteve a monarquia, a escravidão e o latifúndio. A grande massa da população, afastada do processo decisório, continuou na miséria. Daí o historiador Mário Schmidt afirmar que o grito “Independência ou Morte” significava: Independência para as elites e Morte para o povo.


A TELA DO GRITO DO IPIRANGA

Esta tela, pintada em 1888 por Pedro Américo, é uma imitação da Batalha de Friedland, de Ernest Meissonier (1). Para diferenciá-la da obra original, o pintor paraibano acrescentou à cena um carro de bois e uma choça. O “produto” final sairia bem diferente da realidade histórica: quando encontrou os dois mensageiros da Corte, D. Pedro não usava roupa de gala, montava uma prosaica mula e estava acompanhado apenas da guarda de honra e de um pequeno grupo de seis pessoas, todos vestindo roupa simples de viagem.
Para o perquisador Mário Schmidt, D. Pedro não foi o autor da Independência do Brasil. Ele funcionou apenas como uma pecinha de uma grande máquina controlada pela aristocracia brasileira.



D. PEDRO É ACLAMADO IMPERADOR

No dia do seu aniversário (12 de outubro), D. Pedro foi aclamado Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil. Com salvas de canhões e toques de clarins comemorava-se a separação do Brasil de Portugal. Pradoxalmente, a massa popular - não beneficiada com a mudança - aplaudia entusiásticamente o acontecimento. As elites também festejavam. Para elas, a Independência do Brasil significava a manutenção dos privilégios antigos (coloniais) e novos (os decorrentes do liberalismo).



JOSÉ BONIFÁCIO

Este cidadão teve papel fundamental na aglutinação das elites em torno de D. Pedro. Das suas manobras políticas saiu o Sete de Setembro: uma independência de cima para baixo, sem nenhuma mudança social e conduzida pelo próprio herdeiro da decadente dinastia dos Braganças.



GONÇALVES LEDO

Nos bastidores da independência estavam os maçons da Grande Loja Oriente. Um de seus membros mais atuante foi Joaquim Gonçalves Ledo, partidário de uma independência democrata e republicana. O homem, porém, mudou de idéia quando grandes latifundiários e o próprio Príncipe entraram para sua Loja (8).




DONA LEOPOLDINA

A primeira mulher de D. Pedro, Dona Leopoldina, simpatizava com a causa brasileira. Na sessão do Conselho de Estado (cinco dias antes da proclamação oficial da independência), ela já se posicionava a favor da emancipação do Brasil.


O Brasil foi o único país na América que adotou a monarquia, durante todo o século XIX. Foi o único também que teve uma nobreza “artificial” criada por meio de títulos honoríferos, tirados de nomes de cidades, rios, fazendas e batalhas. O agraciado tornava-se um fiel aliado do Governo.

Para esta gente pobre o Brasil “independente” continuou o mesmo: escravos, índios, mestiços, trabalhadores pobres e camadas médias urbanas submetidas. Até quando? Ouçamos a opinião recente do ex-padre progressista Leonardo Boff: “As elites em seu mimetismo ficam sempre ao lado do governo... isso faz com que o jogo nunca se mude, apenas embaralham-se diferentemente as cartas do mesmo e único baralho.”




NOTAS

A obra "Grito do Ipiranga" de Pedro Américo , uma imensa tela a óleo (medindo 6m 56cm x 4m 10cm) foi pintada em Florença, Itália, entre os anos 1886 e 1888, por encomenda da Comissão Oficial incumbida da construção Monumento do Ipiranga, em São
Paulo. Concluída, a obra ficou em exibição naquela cidade italiana, onde foi "elogiada" pela rainha Vitória da Inglaterra. Elogios, na diplomacia e na política, quase sempre levantam suspeitas. D. João VI, por exemplo, era tratado pela diplomacia inglesa como "o príncipe mais rico do mundo" . Envaidecido, o monarca, no poder, ficou permanentemente manietado e manipulado pelos ingleses. Pois, pois!
A obra-prima de Pedro Américo foi elogiada pela governanta inglesa e também por vários soberanos europeus. Não era para menos. O pintor "oficial", financiado pelo Tesouro Brasileiro, caprichou: O vale do Ipiranga, vira colina; a mula de D. Pedro, um belo cavalo zaino; roupas simples de viagem, trajes de gala; o grupo que acompanhava o Príncipe, afastado enquanto ele despejava uma diarréia, aparece unido na sua retaguarda; os dois mensageiros que trazia as cartas, são transformados em mais de trinta guerreiros militarmente uniformizados, montando cavalos castanho-escuros e brancos.
Do artificialismo, restou algo real: um assustado caboclo a frente de um carro-de-bois , às margens de cá; um humilde casebre, às margens de lá. Às margens, sim, pois, também, de fora ficaram as massas pobres do Sete. Esta, porém, não foi a intenção do artista paraibano. Queria ele, com esse algo real, diferenciar a cópia do original: a Batalha de Friedland (entre o exército de Napoleão e tropas russas, ocorrida em junho de 1807) retratada por Ernest Meissonier (sem carro-de-bois e casebre, claro !).
A historiografia oficial brasileira cumpre diretinho o seu papel: a obra-prima (ou melhor a cópia-prima) de Pedro Américo pode ser vista e elogiada no Museu Paulista, São Paulo (Brasil 500 Anos, Atlas Histórico, p.45, Bernardo Joffly, Instván Jancsó / Consultor, Editora Três, São Paulo, 1998. História do Brasil, vol. IV, p. 111, Rocha Pombo, Editora W. M. Jackson, Sâo Paulo.
(Saga, A Grande História do Brasil, vol. 3, p. 90, Abril Cultural, São Paulo, 1981. O Projeto Brasil Urgente disponibiliza aos interessados, para pesquisa, uma reprodução da obra de Meissonier ).

"D. Pedro retornava de Santos e achava-se já às margens do riacho do Ipiranga quando o alcançaram o sargento-mor de milícias Antônio Ramis Cordeiro e o correio Paulo Bregaro, que lhe entregaram as cartas de D. Leopoldina e de Bonifácio. Com o príncipe estavam, além da guarda de honra, o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, o secretário Luís Saldanha da Gama, futuro marquês de Taubaté, o secretário particular Francisco Gomes da Silva apelidado Chalaça, o major Franciso de Castro Canto e Melo e os criados João Carlota e João Carvalho.
(Saga, A Grande História do Brasil, vol. 3, p.90, Abril Cultural, São Paulo, 1981).

"Durante muito tempo, os historiadores procuraram demonstrar que a emancipação do Brasil foi resultado do gesto heróico e solitário de D. Pedro (...) na verdade, o Sete de Setembro concretizou os ideais da aristocracia agrária, especialmente dos grande proprietário ligados à produção açucareira. Esse setor tinha em sua liderança uma elite ilustrada, herdeira das influências européias, formada por membros da magistratura, da burocracia e do clero"
(Op. cit., p. 92).

"A elite agrária desejava que a Independência provocasse o rompimento dos laços coloniais, mais não afetasse a estrutura social e econômica. Além da unidade territorial, era preciso manter a escravidão e a grande propriedade, excluindo do processo político não só os escravos como a grande massa de trabalhadores livres. Para tanto tornava-se necessário assegurar o desdobramento pacífico dos acontecimentos, impedindo-se radicalizações que levassem à república democrática" (Idem, p.93).

" Em face da possibilidade de reimplantação plena do pacto colonial, tomaram vulto as manifestações favoráveis à emancipação. No entanto, entre os grandes proprietários de terra havia o temor de que, a exemplo do que ocorrera em algumas nações da américa latina, especialmente no Haiti, o movimento independentista assumisse um caráter revolucionário, que provocasse profundas transformações na estrutura econômico-social (...) a independência viria, pois, como resultado da confluência dos interesses pessoais de D. Pedro - que pretendia manter o poder, restringido depois da Revolução do Porto - com os dos grandes proprietários de terra, empenhados em evitgar as consequências de uma rebelião popular que pudesse pôr em risco seus privilégios"
(Formação Econômica do Brasil, pp. 114/115, Marina Gusmão de Mendonça e Marcos Cordeiro Pires, Editora Thomson, São Paulo, 2002).

"O heroísmo de D. Pedro não explica a Independência do Brasil. No fundo, ele se tornou imperador por interesse das elites brasileiras"
(Nova História Crítica do Brasil, 500 anos de História Malcontada, p.120, Editora Nova Geração, São Paulo, 1998)

" Comemorada com grande entusiasmo pelo povo em geral, a Independência ocorreu, na verdade, sem a sua participação, e não alterou profundamente seu modo de vida. Os negros, por exemplo, que, em sua maioria, trabalhavam na lavoura, continuaram submetidos regime escravagista, praticamente alheios aos acontecimentos políticos "
(Saga, idem , p.93).

" Durante o movimento da Independência, a atuação da Maçonaria ocorreu sobretudo por intermédio do Grande Oriente Brasileiro, loja na qual José Bonifácio foi grão-mestre, apesar de ser dominada pelos seguidores de Gonçalves Ledo. A loja passou, contudo, a sofrer concorrência do Apostolado da Nobre Ordem dos Cavalheiros de Santa Cruz, sociedade política no estilo dos clubes secretos, porém não-maçônica, criada pelo mais velho dos irmãos Andrada.
Ambas se tornaram espaços de sociabilidade fundamentais para que os dois grupos, que disputavam a influência sobre o príncipe regente, realizassem as discussões políticas que resultaram na separação do Brasil de Portugal. Na primeira, D. Pedro foi iniciado, tomando o nome simbólico de Guatimozim , derradeiro imperador asteca, e logo depois foi elevado a mestre e, em 4 de outubro, a grão-mestre..."
(Dicionário do Brasil Imperial, p.506, Ronaldo Vainfas/Direção, verbete elaborado por Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2002).


" A carta que D. Leopoldina enviou então ao marido, expressando o temor de que as Cortes cumprissem sua ameaça de ocupar militarmente o Brasil, contribuiu para levar D. Pedro à histórica decisão do Sete de Setembro "
(Saga, ibidem, p. 90)

" Tentando obter a lealdade dos segmentos mais conservadores da aristocracia, após o Sete de Setembro D. Pedro I brindou-os com uma enxurrada de títulos nobiliárquicos, que, em poucos anos, ultrapassaram o total de títulos concedidos pela monarquia portuguesa em seus sete séculos de existência "
(Saga, ibidem, p. 92).

" Até hoje o Brasil foi construído de cima pra baixo e de fora pra dentro: a partir dos poderes coloniais, depois pelas elites proprietárias e, a seguir, pelo Estado em sua ação mobilizadora e interventora. Essa lógica sedimentou as desigualdades e agravou as exclusões"
(Depois dos 500 Anos que Brasil Queremos, p. 67 , Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis, 2000).

O primeiro país a reconhecer oficialmente a Independência do Brasil foi os EUA, em julho de 1824. Seguiram-se o México e a Argentina, em 1825. Na Europa, a França foi a primeira a dar o seu aval. Com suas afiadas garras, o leão britânico aproveitou a oportunidade, pra mais uma vez montar na cacunda dos Braganças (e dos brasileiros): para o seu reconhecimento oficial exigiu, além da manutenção dos privilégios da época joanina, que o "herói" libertador pagasse uma conta de dois milhões de libras esterlinas que Portugal devia aos bancos ingleses.
Para cumprir a exigência, o Brasil recorreu à Inglaterra e ela própria emprestou o dinheiro pra si mesma. Resultado: o Brasil não viu a cor da grana, e ficou na obrigação de pagar juros leoninos por décadas e décadas. Of course!
Pois outros dois extorsivos empréstimos foram contraidos (em 1829 e 1859), por imposição da "amiga e protetora nação" para saldar restos da duvidosa conta portuguesa. E mais: uma cláusula do contrato do dito empréstimo (artigo 3º) "mandava contar os juros a partir de outubro de 1824" (o empréstimo foi lançado em janeiro de 1825).
Por trás da negociata, obviamente estavam os Braganças D. Pedro I e D. João VI. Filho e Pai ! Um estudioso da dívida externa (eterna) brasileira, desde o Império a República, assinala: "o primeiro dinheiro que tomamos emprestado nos escravizou até o raiar da guerra do Paraguai".
(Brasil Colonia de Banqueiros, História dos Empréstimos de 1824 a 1834, p. 45, Gustavao Barroso, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1935).




FILMOGRAFIA:

Independência. 1991. Duração 17 min. Documentário. Vídeo do acervo do Instituto Cultural Itaú. Aborda o processo de Independência política do Brasil, no período 1808 - 1822. Destaque para a missão artística francesa trazida por D. João VI.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Do Portal G1:


O ator, produtor e diretor Fernando Torres morreu aos 80 anos em casa nesta quinta-feira (4) no Rio de Janeiro. Torres morreu de efisema pulmonar, segundo informação de sua empresária.
De uma família de artistas, ele era casado com Fernanda Montenegro e pai de Fernanda Torres e do cineasta Cláudio Torres. Fernando estreou no teatro em 1929, atuando em "A Dama da Madrugada", de Alejandro Casona.
Nos anos de 1956 a 1958, trabalha no Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, como ator e como assistente de direção, e assina pela primeira vez a direção de um espetáculo em "Quartos Separados", 1958.


Registo minha homenagem a esta grande figura do teatro brasileiro e da televisão brasileira.
"Reconhecemos, geralmente, os grandes homens pelos frutos deixados".
Muita Paz e muita Luz nessa sua nova trajetória Fernando Torres.

HOMENAGEM AO DURANGO KID BAIANO


O cantor Waldick Soriano, 75 anos, morreu de câncer por volta das 5h30 desta quinta-feira (4) no Inca (Instituto Nacional do Câncer), em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o fim de semana. Waldick, que vivia em Fortaleza, estava morando no Rio desde o mês de abril. O artista contra um câncer na próstata.


O corpo do cantor vai ser velado no salão principal da Câmara dos Vereadores do Rio e o sepultamento será nesta sexta-feira (5). O velório ficará aberto à visitação pública até o fim da tarde de hoje. O enterro está previsto para a manhã desta sexta-feira, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Baiano da cidade de Caetité, no sudoeste do Estado, Waldick tinha mais de 40 anos de carreira e entre os seus sucessos, do gênero brega, estão "Eu não sou cachorro, não" e "Tortura de amor".


Enquanto os garotos deixavam seus cabelos ficarem longos e as meninas usando mini-saia, as rádios executavam canções de campeões de vendagens como Carlos Alberto, Alcides Gerardi, Anisio Silva e principalmente Waldik Soriano, os parques , as quermesses, os bares tinham todos os bolachões e fotos do nosso Durango Kid.

Waldik sempre presente na mídia, uns diziam que ele tinha postura de quem era da direita, enquanto a Bossa Nova representava a esquerda, na verdade Waldik Soriano foi assediado pela esquerda por amigos, mas seu objetivo era cantar para todos suas paixões, desilusões amorosas, exaltar o amor e ser um eterno apaixonado, cantando os sentimentos naturais do ser humano, independente de poder aquisitivo, ideologia política e formação cultural.

Quem viveu os anos 60/70, querendo ou não, teve Waldik Soriano incluso na trilha sonora de sua vida, Paixão de um homem, um de seus grandes sucessos virou filme levando Waldik para as grandes telas, Tortura de Amor teve inúmeras regravações dentre elas Maria Creusa e Fagner e ele conseguiu sobreviver em evidencia além dessas décadas, mesmo com os preconceitos musicais que foram criados em nome de uma falsa cultura, muitos diziam que era cafona, quadrado e mais tarde surgiu a palavra brega, menosprezando assim nossos mitos e seus admiradores, os pseudo-cultos optavam por coisas idênticas vindas de outras bandas desde que não fosse verde-amarela, mas Waldik continuou sua trajetória dizendo que não era cachorro não, que também era gente e lembrando que a voz do povo é a voz de Deus e que ele era um mensageiro da paz e do amor vindo de São Salvador.

Graças a iniciativa de Patrícia Pilar, hoje temos um trabalho em DVD feito na medida certa para o Rei do Bolero, gravado em Fortaleza no Cine São Luiz, acompanhado com grandes músicos dando um brilho especial ao repertório do Rei. Um espetacular evento que registra para posteridade a obra de nosso Cancioneiro Popular, um show de emoções que encanta nossos corações, fico feliz em saber que temos pessoas capazes de realizar um trabalho tão brilhante e necessário de resgate da nossa cultura.

Euripedes Waldik Soriano, nascido em 13 de maio de 1933 no interior baiano, já gravou mais de 80 discos, interpretando suas composições e de grandes mestres do cancioneiro romântico mundial, confira na coletânea abaixo sucessos do inicio de sua carreira como A CARTA, MINHA ULTIMA SERENATA, originais extraídas de vinil, onde nos arranjos tem até o som das taças brindando, além dos super hits que compõe esta edição alternativa, você encontrará versões como EU VOU TER SEMPRE VOCÊ, ESTRANHOS AO LUAR, NOVA FLOR, sucessos de BIENVENIDO GRANDA e ainda um Pout-Pourrit de Roberto Carlos extraído também de um LP onde interpreta só canções da dupla Roberto e Erasmo Carlos.


Lembranças:


"Meu padrasto e minha mãe eram fãs desse "bregueiro" de voz acentuada. Me lembro que dá última vez que eu o vi, foi em um circo em Vitória de Santo Antão, creio que no ano de 1997 ou 1998, depois que meu padrasto e minha mãe me convidaram pra ir com eles ver o Waldik Soriano. Confesso que ele nunca fez o meu estilo (preconceituoso) de música. Mas pelo fato de fazer um programa em família e pelo fato deste programa ser em um circo (lugar que eu amo ir), eu aceitei e ainda de quebra, convidei uma namorada.

Cheguei primeiro com meus pais e fiquei aguardando a namorada que chegaria minutos depois acompanhada da irmã e do cunhado. Assim que minha namorada entrou, Waldik começou a cantar. E como estávamos bem em frente ao palco (picadeiro), ele não pode deixar de observar de perto a minha namorada chegando e sentando-se ao meu lado, bem de frente pra ele.

E não é que o sacana (risos) ficou dando cantadas na minha namorada? Fiquei "P" da vida, enquanto meu padrasto riu e me explicava que o cara era assim: galanteador e metido a conquistador... Pude observar que ele estava alcoolizado e mesmo contrariado, deixei que ele simplesmente babasse... (risos).


Waldik era assim...

E, do fundo do meu coração, desejo que ele não esteja assim do outro lado. Que os bons espíritos o acolha com a paz que ele merece.
Nos lembraremos que ELE NÃO ERA CACHORRO, NÃO!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

É preciso fé cega e pé atrás...


Assassinato da jornalista Sandra Gomide completa oito anos

Na quarta-feira (20 de agosto), fez oito anos que o ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, Antônio Marcos Pimenta Neves, assassinou a jornalista Sandra Gomide, na época sua namorada e editora de economia do jornal.

O jornalista matou Sandra num haras em Ibiúna, interior de São Paulo (SP), após o fim do romance dos dois. Depois de atirar nela pelas costas, ele se aproximou e lhe deu um tiro na cabeça, a 35 cm distância. Desde então, passou apenas sete meses preso.

Réu confesso, Pimenta chegou a ser condenado a 19 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Ibiúna, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que a confissão serviria para reduzia a pena, que caiu para 18 anos, informou o site Cidade Biz.

O caso agora está no Superior Tribunal de Justiça. No dia 5 de agosto, a a ministra Maria Thereza de Assis de Moura votou pela redução de três anos de sua pena, mas não aceitou o pedido para anular o Tribunal de Júri. No momento, o julgamento está interrompido pelo pedido de vista do ministro Og Fernandes. (1)

(1)- Redação Portal IMPRENSA.



No ano passado, 16,9% dos inquéritos concluídos ficaram sem definição do criminoso. Para especialistas, é isso que traz a sensação de impunidade.


Há quem diga que o Brasil teve uma aula de investigação com o caso da menina Isabella Nardoni, jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo no dia 29 de março. A população pôde acompanhar ao vivo pela televisão a reconstituição do crime, o trabalho da perícia e as hipóteses levantadas. “Seria o sangue de Isabella o encontrado no apartamento?” “Qual objeto foi usado contra a menina?” “O crime levou quanto tempo?” Perguntas que a polícia buscou responder. Dessa forma, o inquérito policial foi encerrado apontando os acusados, que serão julgados pela Justiça.Longe dos holofotes, porém, crimes continuam sem solução. No Paraná, por exemplo, em 10,9 mil crimes não foram definidos os autores, em 2007. Do total de inquéritos concluídos no estado no ano passado, 16,9% ficaram sem definição do criminoso, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

Crescimento de casos solucionados é maior

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) revela que o crescimento no número de inquéritos solucionados foi superior ao de inquéritos sem definição de autoria. De 2006 para 2007, houve aumento de 33,4% de inquéritos solucionados (concluídos com a prisão do autor e com a definição de autoria).

Para especialistas, o número, que deveria ser zero, preocupa e traz conseqüências, como a sensação de impunidade. “A falta de responsabilização do autor do crime estimula ainda mais o crescimento da criminalidade”, aponta o advogado criminal e doutor em Direito Penal pela Universidade Federal do Paraná, Juliano Breda.

Para ele, o aumento do número de inquéritos demonstra o acréscimo do fenômeno delitivo. Na comparação de 2006 com 2007, o número de inquéritos instaurados passou de 46,3 mil para 57,5 mil – aumento de 24,6%. “Enquanto as estatísticas do Ministério da Justiça apontam uma redução da criminalidade em alguns estados, especialmente em São Paulo, o Paraná vive um momento dramático de insegurança social”, diz o advogado.

Causas

De acordo com Breda, não se pode culpar exclusivamente a polícia na indefinição de autoria de um crime. “O inquérito policial é um procedimento de certa complexidade e o sucesso de uma investigação depende, sobretudo, da infra-estrutura oferecida aos órgãos policiais.”

Um investigador da região metropolitana de Curitiba conta que enfrenta essa dificuldade. Ele diz que não vai ao local do crime porque não há policiais suficientes. Num plantão da delegacia, só há um investigador, que tem de cuidar da carceragem, registrar Boletim de Ocorrência, cuidar do patrimônio da delegacia, levar presos para a audiência, entre outras atividades. “A gente consegue obter êxito quando imediatamente fica a par e não deixa esfriar.”

A promotora de Justiça Cynthia Maria de Almeida Pierri, da Promotoria de Inquéritos Policiais de Curitiba, verifica que muitos inquéritos poderiam ser melhor investigados. “Falta pegar o inquérito e terminar. Coisas se perdem com o tempo. Acabam ficando no trâmite Ministério Público e delegacia”, diz. O trâmite acontece porque é o MP que, a partir das informações do inquérito, pode oferecer denúncia e dar início à ação penal ou promover arquivamento. Segundo ela, são feitos mais arquivamentos do que oferecidas denúncias, o que deixa a maior parte dos crimes impune.

Instauração

Nem todas as ocorrências policiais viram inquéritos. Na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, por exemplo, um Boletim de Ocorrência (BO) não necessariamente transforma-se em inquérito. “Todos os BOs que são instaurados já dão início à investigação, não necessariamente ao inquérito. Na hora que tem algum indício, alguma pista, prova, que possa te levar a descobrir autoria, aí sim é instaurado inquérito”, explica o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículo, Itiro Hasshitani.

O professor de Direito Processual Penal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Maurilúcio Alves de Souza, verifica que o Estado não tem condições de instaurar inquérito para todos os crimes. “O Estado não garante o direito da vítima porque não tem condições para tal.” Para ele, no meio de muitas ocorrências que não se transformam em inquéritos, o caso Isabella poderia ser mais um crime em São Paulo. “Depois que tomou toda repercussão, eles (peritos) foram (ao local). Há dificuldade no Brasil em relação à investigação criminal”, conclui.
O escritório de advocacia Professor René Dotti adotou há dois anos uma ação inédita, segundo o sócio Beno Brandão: reunir documentos para levá-los diretamente ao Ministério Público (MP), sem a instauração de inquérito. “A gente faz tudo que é possível para não levar processo à autoridade policial. O normal seria pedir instauração do inquérito e esperar.” Segundo Brandão, estão sendo obtidos bons resultados. (2)

Na última segunda-feira, numa sala de 7ª série, eu explicava o processo da Inconfidência Mineira. Falei que todas as reuniões dos planos de conspiração contra a Coroa Portuguesa eram realizadas na casa de um tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade; expliquei qual foi a reação de dona Maria, Rainha de Portugal e como foi o esquartejamento do jovem militar conhecido com Tiradentes.

Ao final da explicação, fiz uma pergunta: Porque apenas Tiradentes recebeu sentença de morte? Alguns não haviam entendido a questão e não acertaram. A maioria acertou.

Hoje pela manhã acompanhava um programa de rádio via internet e passava a entrevista de um assaltante que havia sido preso por tentativa de roubo de um celular. O rapaz, de 29 anos, era fugitivo presidiário havia dois anos. Ele informou ao repórter que havia fugido quando lhe foi permitido visitar a família, depois de seis anos de cadeia. Segundo ele, a sua sentença era pra ser cumprida em três anos e ele já estava no sexto ano, quando resolveu não voltar mais pra prisão.

Com estes dois exemplos, percebe-se que historicamente, no Brasil, a justiça só funciona com rigor pra quem é pobre e, no caso de Tiradentes e deste presidiário, a justiça parece negar a essência pela qual foi criada. Será que vamos continuar dizendo que a justiça só funciona para uns e para outros não? De quem é a culpa de haver dois pesos e duas medidas?

Gostaria de que sugerir a leitura de uma reportagem da veja: "Os sobreviventes da burocracia - A república do papel, que sufoca a eficiência do país, só é ruim para o cidadão comum. Para os corruptos, é uma maravilha".
Disponível em: http://veja.abril.com.br/041006/p_082.ht...

Infelizmente, o fato é que a maioria da população não é esclarecida. E porque não é esclarecida? Por que não tem boa formação. E porque não tem boa formação? Por que não tem boas escolas? E porque não tem boas escolas? Por que barganham o seu voto e elegem gente como Paulo Maluf, como Severino Cavalcante e tantos outros.

Analisando friamente, percebemos que impunidade é reflexo da nossa falta de capacidade de discernimento, de esclarecimento, de formação crítica. O sistema Judiciário apenas aplica as leis e apenas os ricos podem pagar bons advogados para este use a justiça, a lei em favor do seu cliente. Bons advogados só podem pagar os ricos, então os ricos são mais difíceis de punir. Os pobres não têm condições financeiras para contratar um bom advogado para se defender, então a Justiça anda rápido. É assim.

Quanto mais travas, recursos, incidentes processuais, possibilidades de defesa tiverem no processo, mais a coisa vai ficar atrasada, portanto, o bom advogado que souber utilizar do processo (contraditório e ampla defesa - Art. 5º, inciso LV da Constituição Federal), conseguirá protelar um processo por anos. A Lei não está errada... Não é a Lei que precisa ser mudada. Que diferença fez, faz e fará um papel? Nenhuma. A Lei está certa, é o brasileiro que não cumpre nem exige que seja cumprida.

O Judiciário é um poder travado, só faz o que é possível legalmente, o que tá escrito na lei feita pelo Presidente (porque hoje o Brasil é legislado pelo Planalto - 75% das leis hoje vigentes são originárias de Decreto Presidencial ou Medida Provisória depois aprovada pelo Congresso e pela Câmara), pois as Leis do Presidente tem preferência em votação, aí não dá tempo dos legisladores formularem ou votarem as próprias leis.

Então, a lei só funciona para os pobres porque são eles que votam em quem faz as leis e quem faz as leis só está preocupado com a própria pele, criando inúmeros mecanismos para poder se safar, inúmeras falhas que depois dá crise e conflitos jurisprudenciais no STJ, STF e tribunais inferiores por causa de uma vírgula que deixa dúbio o texto da lei, ou um parágrafo que eles tiram de um artigo e colam em outro que muda tudo.

A Justiça no Brasil é diretamente proporcional a qualidade de seu povo. Ainda sim, Graças a Deus, que há muito mais juízes, promotores, procuradores, advogados, honestos, justos e que amam a profissão pelo seu próprio caráter institucional, do que políticos que gostam de fazer o bem pela coletividade.

Acredito que só pode criticar aquele que conhece muito bem o assunto, suas origens, razões, aplicabilidade e conseqüências! Não é uma Lei, um Código, uma Coletânea de Leis, um Decreto, uma Medida Provisória, que vai fazer diferença, é tudo um monte de papel. O Brasil e, conseqüentemente, a Justiça só vão mudar quando o povo brasileiro mudar!

Quanto o povo brasileiro se conscientizar que a conduta de "furtar" um brigadeiro antes dos parabéns em uma festinha de aniversário é exatamente a mesma coisa que pegar 30 mil reais das verbas públicas para interesse particular. Quanto se conscientizar que se a pessoa já esteve lá, não melhorou, piorou, fez a gente passar vergonha, roubou e o Brasil está cada vez pior, é hora de arriscar e mudar nas urnas. Mas, se viram a lista de deputados e senadores eleitos saberão que o povo não está preocupado com o Brasil. O Povo está preocupado é se o Bolsa Família vai chegar direitinho o mês que vem e o resto que se dane!

Democracia é o povo ter o maior poder para tutelar seus próprios interesses (votar) e ainda sim, mesmo que fizer bobagem na hora do voto, sua decisão é respeitada e quem ele colocou continua lá. Para quem tem um presidente que não é capaz de concordar o sujeito com o verbo e suas mais expressivas falas se resumem a metáforas futebolísticas, a existência de algo que possa ser chamado de "Justiça" já é uma vitória incomensurável.
Sem Educação, não haverá Justiça.
Sem Justiça, não haverá punição.
Sem punição, não haverá paz.
Sem paz não, haverá vida.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

CONHECE-TE A TI MESMO


Khrisna resolveu testar a sabedoria de seus súditos. Convocou Duryodhana, um rei conhecido por sua crueldade, e pediu que encontrasse um homem bom em seu reino. Duryodhana viajou durante um ano, e voltou à presença de Khrisna, dizendo:
“-Busquei um homem bom, e não encontrei. São todos egoístas e malvados”.

Khrisna chamou o rei Dhammaraja, considerado um homem santo. Pediu que percorresse seu reino em busca de um homem malvado. Dhammaraja viajou durante dois anos, e voltou a Khrisna, dizendo:

“-Perdoe-me, mas não encontrei ninguém mau. Todos têm um lado bom, apesar dos defeitos”.

Então Khrisna comentou com os outros deuses:

“Viram? O mundo é um espelho, e devolve a todos os reflexos do próprio rosto”.


Quer ver uma pessoa, por mais tagarela e comunicativa que seja, parar de falar, ficar sem assunto? Basta que você faça uma destas simples perguntas: “Quem é você?” ou “Como você se define?”. 99% das pessoas não conseguem responder. Mas se você perguntar: “O que você acha de fulano?” Bom, pode se preparar para um relatório com nuanças que você jamais supôs existirem.

Analisando estas duas situações, em uma única pessoa, levantam-se duas questões que merecem tratarmos aqui, até mesmo para trocarmos nossas experiências e fazer com que o objetivo deste Blog seja alcançado. Perguntamos:
1º - Por que as pessoas não conseguem falar de si próprias?
2º- Por que estas mesmas pessoas têm tremenda facilidade de falar (negativamente, na maioria dos casos) de outras pessoas?

Pra responder, inclusive a mim mesmo, busquei me recordar de um santo da Igreja Católica, doutor da lei, Santo Agostinho. Ele aconselhava a todos fazerem o que ele mesmo fazia. Ao cair do dia, ele pegava uns grãos de arroz e uns grãos de feijão preto e para cada ato bom que ele havia feito, era atribuído um grão de arroz, e, para ato negativo, um caroço de feijão.
Isso deveria ser feito todos os dias para que, diariamente, ele pudesse ir se avaliando e, ao mesmo tempo, se conhecendo. Ele falava que quanto mais nos analisamos, nos conhecemos, mais próximo estaremos da “felicidade” e isentos de quaisquer tipos de feridas. Garante Agostinho que se o autoconhecimento não for prioridade em nossas vidas, mais incorreremos no erro de ver os semelhantes na condição de juízes implacáveis que condenam sem hesitarem.

Em fração de segundos poderemos fazer uma lista de pessoas que agem assim, que são assim. Julgam o mundo como se não fizessem parte dele, mas que na verdade não enxergam seus próprios defeitos. Vou contar uma historinha que me auxilia na busca de nossas respostas.
Certa vez um discípulo fez essa pergunta a um sábio:
- Por que nossos semelhantes só vêem os defeitos alheios, Mestre?
Ele respondeu:
- Os homens andam enfileirados, uma atrás do outro, por isso eles não vêem seu próprio "traseiro". Então, olham, analisam e criticam o "traseiro" do outro.

Ou seja, não nos olhamos de maneira crítica, para perceber que fazemos parte de uma grande unidade e que temos nossos defeitos e qualidades. Para nós as nossas próprias qualidades se sobressaem, e das outras pessoas somente vemos os defeitos, pois a tendência do ser humano é se achar sempre desprovido do defeito alheio.

A tarefa sugerida por Santo Agostinho demanda uma série de desprendimento, de disciplina e de muita humildade para admitirmos que nós somos falhos, somos fadados ao erro constantemente, que não somos dono da verdade, que necessitamos de tolerância, tanto para dar como receber. Muitos dizem que não têm tempo para si, de parar e olhar para dentro de si mesmos. Admitimos, auto-análise é mesmo muito complicado. Falar de si mesmo é muito difícil. Mais fácil é falar do outro.

Anos atrás eu li uma pesquisa onde os psicólogos afirmavam que nós enxergamos nos outros os defeitos que temos em nós mesmos. Quando li isto, procurei me policiar, me avaliar com mais veemência, me conhecer com mais honestidade. Já conhecia a receita do sucesso de Agostinho e sempre tive claro que o ser humano gosta de se prevalecer em todos os aspectos e não aceita ser contrariado. Eis que me vem na lembrança outra história interessante. É a historia da mulher que sempre reclamava para o marido que as roupas da vizinha estavam sempre mal lavadas e imundas.
- A vizinha deveria ter vergonha de colocar as roupas sujas no varal – dizia ela ao marido, todos os dias.

Um dia, cansado de tantos comentários da mulher, o marido foi até a janela de onde dava pra ver as roupas do varal da casa vizinha. Ao chegar perto da sua vidraça, percebeu que as roupas da vizinha eram limpas. Suja era a janela da sua casa.

O interessante é que não precisamos conviver 24 horas por dia com os defeitos dos outros, mas sim com os nossos próprios. E sempre, com estes somos geralmente, condescendentes. Adoramos fazer "vista grossa" quando magoamos, quando somos intransigentes, quando somos implicantes com bobagens. Normalmente sempre tendemos a culpar as atitudes alheias, pelas nossas falhas e nos colocamos na condição de vítima e, o outro, nosso algoz e, assim, dizemos freqüentemente:
"Eu tive que perder a cabeça, você viu o que ele fez comigo?";
"Eu tava quieto no meu canto, ele é que me provocou";
"Eu suporto tudo, menos esse tipo de coisa".

A psicologia trans-pessoal e os ensinamentos Budistas nos orientam no sentido de que só “perdemos a cabeça” porque ela nunca esteve no lugar certo. Se algo nos “provoca a quietude”, esta calmaria nunca foi verdadeira. E, se “suportamos um elefante e nos engasgamos com uma formiga”, somos desequilibrados em algum nível de compreensão de nós mesmos.

Se a gente parar para examinar a situação de fora, acabamos percebendo que o que mais detestamos nos outros é exatamente o que não suportamos em nós mesmos. Digo isso porque sou uma pessoa muito impaciente e simplesmente me irrita profundamente ter que conviver com outro impaciente, porque parece que tudo fica à beira de um ataque de nervos. Era justamente isso que Khrisna quis ensinar aos seus.
Era isso que Santo Agostinho propôs. Ou seja, conhecer e reconhecer os nossos defeitos poderá causar dor, mas o processo da dor fará com que nós sejamos mais tolerantes conosco mesmos e com os outros. Isso também ocorre na maioria dos casamentos.

Os relacionamentos amorosos que tendem a durar mais são aqueles em que as duas pessoas possuem alguns tipos de defeitos diferentes. É muito mais fácil suportar alguém explosivo, quando você consegue controlar seus impulsos emocionais.
Têm alguns defeitos que parecem funcionar como um ponto de discórdia que vai afundar um relacionamento, mas quando paramos para analisar direitinho, vamos ver que um acaba ajudando o outro em suas divergências, por exemplo: Uma pessoa sem controle financeiro, casada com uma pessoa meio "pão dura".

No decorrer do relacionamento um pode ajudar o outro a não chegar aos extremos. O "pão duro" pode ajudar o gastador a não se descontrolar financeiramente e o gastador ajuda o "pão duro" a não se tornar um avarento! É um meio termo saudável, que dentro do relacionamento funciona legal.

Portanto sejamos mais tolerantes com os defeitos alheios, porque eles podem ser o reflexo de nossos próprios defeitos, que não estamos conseguindo olhar. Sem contar que o defeito do outro pode ser um ponto de equilíbrio que nos ajudará a controlar nossas características negativas.

Pra finalizar, que tal deixarmos de ir atrás dos “homens maus e egoístas” e começarmos a colher “homens bons e tolerantes”? Eles podem estar bem próximos de nós. Basta que olhemos o espelho com mais coragem.

Vale tentar.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Carta aberta para Renato Aragão, o nosso Didi.


Quinta, 23 de julho de 2008.

Querido Didi,


Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências).


Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.


Não foi por 'algum' motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última Carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.


Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não Mata ninguém... Muito pelo contrário, faz bem! Estudei na escola da zona rural, fiz Supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária.


Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento, em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família. Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que
nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais.


O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não têm a educação como prioridade. Pois a educação tira a subserviência e esse fato, por si só não interessa aos políticos no poder. Por isso, o dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso! Não acha?


Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você... É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é 'o cara'. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país, sem nenhum tipo de distinção ou discriminação. Mas, infelizmente, não é o que acontece...


No último parágrafo da sua Carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da 'minha' doação, que a 'minha' doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.


Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho. Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.


Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.


Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem, de fato, tem vocação para ser ministro e para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.


Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando...

Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari


P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal-educada: vou rasgá-la antes de abrir.



PS2* Aos otários que doaram para o criança esperança. Fiquem sabendo, as organizações Globo entregam todo o dinheiro arrecadado à UNICEF e recebem um recibo do valor para dedução do seu imposto de renda. Para vocês a Rede Globo anuncia: essa doação não poderá ser deduzida do seu imposto de renda, porque é ela quem o faz.

PS3* E O DINHEIRO DA CPMF QUE PAGAMOS DURANTE 11(ONZE) ANOS?
MELHOROU ALGUMA COISA NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE DURANTE ESSES ANOS?

BRASILEIROS PATRIOTAS DIVULGUEM ESSA REVOLTA....


Deise/ Ciriaco

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