sexta-feira, 5 de setembro de 2008

HOMENAGEM AO DURANGO KID BAIANO


O cantor Waldick Soriano, 75 anos, morreu de câncer por volta das 5h30 desta quinta-feira (4) no Inca (Instituto Nacional do Câncer), em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o fim de semana. Waldick, que vivia em Fortaleza, estava morando no Rio desde o mês de abril. O artista contra um câncer na próstata.


O corpo do cantor vai ser velado no salão principal da Câmara dos Vereadores do Rio e o sepultamento será nesta sexta-feira (5). O velório ficará aberto à visitação pública até o fim da tarde de hoje. O enterro está previsto para a manhã desta sexta-feira, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Baiano da cidade de Caetité, no sudoeste do Estado, Waldick tinha mais de 40 anos de carreira e entre os seus sucessos, do gênero brega, estão "Eu não sou cachorro, não" e "Tortura de amor".


Enquanto os garotos deixavam seus cabelos ficarem longos e as meninas usando mini-saia, as rádios executavam canções de campeões de vendagens como Carlos Alberto, Alcides Gerardi, Anisio Silva e principalmente Waldik Soriano, os parques , as quermesses, os bares tinham todos os bolachões e fotos do nosso Durango Kid.

Waldik sempre presente na mídia, uns diziam que ele tinha postura de quem era da direita, enquanto a Bossa Nova representava a esquerda, na verdade Waldik Soriano foi assediado pela esquerda por amigos, mas seu objetivo era cantar para todos suas paixões, desilusões amorosas, exaltar o amor e ser um eterno apaixonado, cantando os sentimentos naturais do ser humano, independente de poder aquisitivo, ideologia política e formação cultural.

Quem viveu os anos 60/70, querendo ou não, teve Waldik Soriano incluso na trilha sonora de sua vida, Paixão de um homem, um de seus grandes sucessos virou filme levando Waldik para as grandes telas, Tortura de Amor teve inúmeras regravações dentre elas Maria Creusa e Fagner e ele conseguiu sobreviver em evidencia além dessas décadas, mesmo com os preconceitos musicais que foram criados em nome de uma falsa cultura, muitos diziam que era cafona, quadrado e mais tarde surgiu a palavra brega, menosprezando assim nossos mitos e seus admiradores, os pseudo-cultos optavam por coisas idênticas vindas de outras bandas desde que não fosse verde-amarela, mas Waldik continuou sua trajetória dizendo que não era cachorro não, que também era gente e lembrando que a voz do povo é a voz de Deus e que ele era um mensageiro da paz e do amor vindo de São Salvador.

Graças a iniciativa de Patrícia Pilar, hoje temos um trabalho em DVD feito na medida certa para o Rei do Bolero, gravado em Fortaleza no Cine São Luiz, acompanhado com grandes músicos dando um brilho especial ao repertório do Rei. Um espetacular evento que registra para posteridade a obra de nosso Cancioneiro Popular, um show de emoções que encanta nossos corações, fico feliz em saber que temos pessoas capazes de realizar um trabalho tão brilhante e necessário de resgate da nossa cultura.

Euripedes Waldik Soriano, nascido em 13 de maio de 1933 no interior baiano, já gravou mais de 80 discos, interpretando suas composições e de grandes mestres do cancioneiro romântico mundial, confira na coletânea abaixo sucessos do inicio de sua carreira como A CARTA, MINHA ULTIMA SERENATA, originais extraídas de vinil, onde nos arranjos tem até o som das taças brindando, além dos super hits que compõe esta edição alternativa, você encontrará versões como EU VOU TER SEMPRE VOCÊ, ESTRANHOS AO LUAR, NOVA FLOR, sucessos de BIENVENIDO GRANDA e ainda um Pout-Pourrit de Roberto Carlos extraído também de um LP onde interpreta só canções da dupla Roberto e Erasmo Carlos.


Lembranças:


"Meu padrasto e minha mãe eram fãs desse "bregueiro" de voz acentuada. Me lembro que dá última vez que eu o vi, foi em um circo em Vitória de Santo Antão, creio que no ano de 1997 ou 1998, depois que meu padrasto e minha mãe me convidaram pra ir com eles ver o Waldik Soriano. Confesso que ele nunca fez o meu estilo (preconceituoso) de música. Mas pelo fato de fazer um programa em família e pelo fato deste programa ser em um circo (lugar que eu amo ir), eu aceitei e ainda de quebra, convidei uma namorada.

Cheguei primeiro com meus pais e fiquei aguardando a namorada que chegaria minutos depois acompanhada da irmã e do cunhado. Assim que minha namorada entrou, Waldik começou a cantar. E como estávamos bem em frente ao palco (picadeiro), ele não pode deixar de observar de perto a minha namorada chegando e sentando-se ao meu lado, bem de frente pra ele.

E não é que o sacana (risos) ficou dando cantadas na minha namorada? Fiquei "P" da vida, enquanto meu padrasto riu e me explicava que o cara era assim: galanteador e metido a conquistador... Pude observar que ele estava alcoolizado e mesmo contrariado, deixei que ele simplesmente babasse... (risos).


Waldik era assim...

E, do fundo do meu coração, desejo que ele não esteja assim do outro lado. Que os bons espíritos o acolha com a paz que ele merece.
Nos lembraremos que ELE NÃO ERA CACHORRO, NÃO!

2 comentários:

Eu gosto das músicas dele.
E não acho bregas não!
O Brasil está perdendo grandes talentos e se enchendo de grandes e muitas porcarias, de frutas - passadas - de homens sem cultura, qual acervo musical nossos filhos herdarão???
As uvas e as mentas nas bocas alehias???!!
Me recuso a aceitar isso!
:)

Muito bem, gostei muito do que escreveu o nobre professor Ricardo Vieira e como ele designou o grande cantor Valdik Soriano:"DURANGO KID BAIANO".
Lembro-me também, quando assistia suas apresentações em cinema e circos, em Petrolândia-PE., onde nasci.
E, tem mais, quando ele terminava de cantar, ia para o brega, tomava "umas" danadas e era valente!!!
Meus parabens ao nobre professor. Abraços

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