domingo, 13 de setembro de 2009




Segundo o Dicionário Aurélio Cooperar significa é operar ou obrar simultaneamente; trabalhar em comum; colaborar; cooperar para o bem público; cooperar para o trabalho em equipe. E, segundo o mesmo dicionário. Competição é ato ou efeito de competir; concorrer; rivalizar; busca simultânea por dois ou mais indivíduos, de uma vantagem, uma vitória, um prêmio, etc.

A falta de cooperação e o grande crescimento vertiginoso da competição entre profissionais da Educação são dois elementos de explicação corrente sobre insucessos, problemas, lacunas, déficits e dificuldades nos espaços escolares. Vejamos alguns casos exemplificativos.

Em um recente encontro de Geógrafos ocorrido na cidade de Campina Grande-PB, um dos organizadores do evento, ao ver um ilustre convidado na platéia, sob efeito de ódio, rancor, maldade, inveja, tomou o microfone e desmoralizou, desrespeitou, envergonhou um dos maiores geomorfologistas do Brasil. Os motivos: O professor pensa contra o sistema que se estabeleceu no Brasil. O professor não é de esquerda. O professor fala, questiona, critica com lucidez as políticas educacionais e o rumo que tem tomado o ensino da Geografia no Brasil.

Numa recente Conferência Internacional sobre o ensino da Matemática, os Professores desta disciplina evidenciaram que a cada dia os profissionais da educação estão mais distantes do ponto de vista cooperativo, tanto dentro dos mesmos espaços escolares (o que é muito sério), como também entre profissionais de outros ciclos e espaços.

Jean-Jacques Rousseau, ao tratar do "bom selvagem", chama a atenção para o fato de que, em estado primitivo, o homem tinha um estado de felicidade natural, e até de piedade, como o que se nota nos próprios animais. Rousseau faz nos pensar que este estado “selvagem do bem”, seria como um professor que, sozinho, escreve, ler, educa, alfabetiza com maestria. E, de repente, aparece outro professor que chama atenção de outrem, porque pensa diferente, porque fala diferente, escreve diferente, educa diferente, alfabetiza diferente.

Assim surgem as comparações, que geram competições. E essas competições vão ter como conseqüência uma desenfreada busca pelo poder. Surge um conceito de posse. Surge a coisificação do ser humano. Nasce a falta de cooperação entre os professores, que sob esse prisma, não leva à evolução, mas ao desejo de destruição unilateral, a princípio. E me parece que a educação contemporânea trabalha com essa dicotomia entre competir e cooperar.

Nas escolas, nas secretarias de educação e entre os profissionais escutamos muito as perguntas: "Quem é o melhor? Quem sabe mais? Quem consegue vencer?" E a Educação nos corredores das Escolas, refém desse diapasão, acaba por guiar, com acordes desafinados, a todos nós. E quem é capaz de partilhar, de trabalhar em equipe, de desenvolver autonomia e criatividade, é visto como inimigo, como competidor, como adversário. Quando, na verdade, cada professor, cada educador tem seu ritmo, suas fórmulas, sua criatividade, e isso o torna rico, único, Cooperador de uma Obra muito maior que todos nós.

Os professores, de forma geral, possuem possibilidades que não podem ser reduzidas a uma visão que compara e iguala os diferentes. Porque a simples comparação leva a uma competição desnecessária. Por essas razões é que consideramos que a autonomia deve ser a palavra de ordem para minimizar os efeitos da competição e promover a ascensão da cooperação no processo educaticional.

O que falta para muitos profissionais na Educação é aprender a conviver e aprender a respeitar as diferenças, e, mais do que isso, aprender com elas. Não existem professores que fazem parte de uma alta estirpe; não existem professores que pertençam a etnias privilegiadas; não existem professores que possuam a cidadania e outros não. Estes valores pertencem à natureza do viver e está para todos. Mas há, em contrapartida, Professores que pensam e trabalham para um crescimento holístico da sociedade, do mundo, pela eduação.

Tenho incansavelmente falado que nós fazemos parte de uma categoria que deve, acima de qualquer coisa, ter suas bases na humanização do processo profissional. Sem um olhar humanizado, sem um envolvimento sentimental, sem entrega incondicional, a competição se solidifica. A educação, sem dúvida, passa pelo afeto. A tomada de certas posturas na educação é processo e, como tal, não se resolve em uma ou duas gestões. Mas o caminho, sem dúvida, é a cooperação entre os professores – dentro e fora da sala de aula.

É possível, sim, mobilizar toda a categoria de professores municipais em pequenas, porém revolucionárias cooperações em prol do desenvolvimento pleno da Educação. Assim, poderíamos responder à inquietação de Rousseau, pois, pois não há legado maior que os pais possam deixar aos filhos, e que os governos possam deixar aos cidadãos, do que uma educação de qualidade construindo o respeito e a competência, sem perder de vista que inteligência sem coração, na metáfora da emoção, não leva lugar nenhum.

Precisamos de educadores e educandos educados! Educados para com eles mesmos e para com os outros. Educados para com o meio ambiente, para com a sua cidade, para com o seu estado, para com o seu país, para com o mundo. Precisamos de Professores Cooperadores e não Professores Competidores. Embora o mundo tenha evidenciado estes últimos, o tempo – grande remédio de tudo – irá mostrar que o só haverá mundo feliz, só haverá Educação sem antagonismos, se fizemos a ponte entre nós e o outro, através da Cooperação.


Minhas Referencias:
Gabriel Chalita.
Caroline Matos dos Santos.

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