Livro Primeiras Águas - Poesias

Este é o livro I da série Primeiras Águas.

Campanha Gravatá Eficiente

Fomentando uma nova plataforma de discussão.

A Liberdade das novas idéias começa aqui.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O $ilas Malafaia é me$mo um cara e$perto e sabe muito bem do que é acu$ado



Vejam algumas pérolas da Entrevista do $ilas Malafaia à revista PIAUI:

“O cara lá do raio que o parta me dá 10 mil contos porque ele é um burro e eu sou um fera, porque ele é ingênuo e eu fiz lavagem cerebral nele?. Isso é preconceito da elite, que acha que todo evangélico é tapado, idiota, a ralé da classe social explorada por um malandro”.

Entre o anúncio de um kit de Bíblias e a interpretação de um versículo, Malafaia também divulga campanhas para arrecadar doações, como a do Clube de 1 Milhão de Almas, na qual o fiel doa 1 mil reais em troca de uma graça igualmente generosa. O objetivo é levantar 1 bilhão de reais com 1 milhão de doações. No final de agosto, o contador eletrônico de seu site contabilizava quase 38 mil adesões. Malafaia também já pediu para os fiéis doarem parte do aluguel e 30% de seus rendimentos, em vez do dízimo literal de 10%.


“Ralé que doa 100 mil... As pessoas não têm ideia do que está acontecendo no meio evangélico”.


A Associação Vitória em Cristo, do Malafaia, é uma entidade cristã – considerada sem fins lucrativos, o que a exime do pagamento de impostos, tem sua sede em uma construção moderna e envidraçada que contrasta com os arredores de comércio pobre e terrenos baldios abandonados.

Por ano, fatura 40 milhões de reais, captados nas ofertas e doações de fiéis e admiradores.

No ano passado, a entidade adquiriu por 4 milhões de dólares, nos Estados Unidos, um jato Gulfstream III. É nele que Malafaia e sua família se locomovem pelo Brasil e no exterior. O avião tem doze lugares, sofá, cozinha, sistema individual de entretenimento e autonomia de oito horas de voo. Em sua fuselagem está escrito In favour of God.

Em seu escritório decorado com sobriedade em tons de preto e carvalho, ele usava um cardigã de listas azuis e brancas da grife Tommy Hilfiger, calça social e sapatos de verniz pretos. Como muitos pastores, também é adepto do relógio dourado, do anel de brilhantes na mão direita e, eventualmente, do celular pendurado no cinto.


“Todo mundo se acha no direito de chamar evangélico de ladrão e não acontece nada. Mas se alguém falar um ‘a’ dessa bicharada, é o fim do mundo”.


Em seus negócios privados, sua grande alavancada, como ele diz, deu-se quando conseguiu vender Bíblias em parcelas a perder de vista na televisão. Até então, as editoras dividiam o valor em apenas três vezes. Graças à amizade com um evangélico da diretoria do Banco Cédula, no Rio, Malafaia conseguiu que lhe dessem crédito na emissão de boletos bancários e junto a operadoras de cartão de crédito. Em 2005, em três meses, vendeu 100 mil Bíblias de 120 reais divididos em dez vezes sem juros – um recorde ainda inédito no mercado.

De sua lavra, Malafaia lança a média de quatro livros por ano. São cerca de noventa publicados, todos entre 64 e 72 páginas. Segundo ele próprio: “Mais do que isso, o cara não lê, acha grosso demais”.

Desde 2007, Malafaia já foi investigado duas vezes pela Receita Federal e outras três pelo Ministério Público Federal por suspeita de desvio do dinheiro do dízimo e lesão à crendice popular. Em uma das vezes, disse que ficou provado o erro de um contador que, sem sua anuência, deixou de recolher um tributo. “Paguei tudo no outro dia sem contestar. Quem atira pedra como eu atiro não pode ter telhado de vidro. Eu sou besta?”


Com forte estrutura midiática, as igrejas pentecostais deram origem às neopentecostais, que catapultaram às alturas a ideia da valorização do aqui e do agora, da atuação do diabo na vida cotidiana e da relação de troca monetária entre Deus e os homens.

“Antes era: céu, céu, lindo céu, quando eu morrer eu vou ter tudo, mas enquanto isso, aqui na Terra, eu serei um lascado, todo ferrado. Mas a Bíblia fala da vida abundante, de a pessoa conquistar e ser feliz aqui e agora”, explicou-me Malafaia, uma tarde em seu escritório. 

“Na Bíblia, o assunto finanças é como qualquer outro, as pessoas é que fazem alarde com isso”, disse. Uma das passagens mais evocadas pelos neopentecostais é a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios: “Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.”


Malafaia pediu demissão do cargo de tesoureiro da Convenção Geral das Assembleias de Deus, que era contrária à criação da subdenominação. Ele deixou a função dizendo que as finanças da instituição eram “caso de polícia”.
“Eu não faço porcaria, está vendo? Se eu gosto de coisa boa, imagina Deus”, disse.

Contou aos fiéis que a igreja de Nova Iguaçu vai custar 3 milhões de reais, que precisava ainda levantar 2 milhões para concluir o templo de Joinville e outro 1,5 milhão para o de São José dos Pinhais. “Como a gente faz tudo isso? Só com a liberalidade e a fidelidade dos irmãos. Vamos zerar essa conta. Se você quiser fazer uma oferta especial, peça um envelope para você”, disse a todos. “Vamos orar para Deus dar as verbas para vocês. Frutifica a semente que eu e meus irmãos plantamos!”, gritou. Ouviam-se brados de “Aleluia”, “Glória a Deus” e “Louvado”.

Uma banda começou a tocar uma música etérea, suave. Dos cantos do auditório, saíram rapazes e moças distribuindo pilhas de envelopes onde se lia a frase “Minha semente para uma colheita abençoada”, impressa sobre uma foto de ramos de trigo. Dezesseis deles também carregavam máquinas Cielo para o pagamento da doação em cartão de débito ou crédito. Na Vitória em Cristo, 30% das ofertas são acertadas no cartão. “Não se envergonhe, não se cale, você é um agente de Deus”, disse Malafaia. O barulho dos zíperes de bolsas e carteiras era ensurdecedor.

Malafaia perscrutava a plateia, como que preocupado com a possibilidade de uma ovelha se desgarrar. Quando percebeu que o movimento dos obreiros havia cessado, deu a ordem: “Levanta o seu envelope aí.” E, como uma onda feita por torcidas em estádios de futebol, os envelopes foram surgindo um a um e ficaram suspensos no ar. “Glória a Deus”, ele disse antes de iniciar uma oração. Dias depois, calculou ter arrecadado por volta de 10 mil reais naquela noite. “Era meio do mês, o pessoal já está com o dinheiro mais contado”, explicou. Só com dízimos e ofertas, a Vitória em Cristo tem uma receita de 20 milhões de reais por ano. Malafaia sustenta que, proporcionalmente ao número de fiéis, é a maior arrecadação das Assembleias de Deus no país.

O pastor Malafaia acredita que o Brasil terá em breve um presidente da República evangélico, mas que não será alguém saído dos quadros da igreja. “É alguém que surgirá da política e que, contingencialmente, será evangélico”.
Hoje são 73 parlamentares, mas acredita que o número pode dobrar. Na eleição passada, os três candidatos a deputado federal que apoiou somaram mais de 300 mil votos. Seu irmão, Samuel Malafaia, foi o terceiro deputado estadual mais votado do Rio.

Edir Macedo ficou bem impressionado e convidou Malafaia para se lançar candidato a deputado federal em 1998, com a perspectiva de construir o seu nome como alternativa da Igreja Universal à Presidência. A recusa lhe custou o programa que tinha na Record. Desde então, a relação com Macedo é turbulenta.

Em que Malafaia acha que se diferencia do líder da Igreja Universal? “Eles estão muito violentos nessa coisa de pedir dinheiro”, explicou. “E adotam um discurso perverso na relação com os fiéis. Dizem que, se você não tem uma coisa, é porque você não crê. Já eu afirmo que, se você não tem, é porque foi burro ou jogou a oportunidade fora”, prosseguiu.

Silas Malafaia contou que, no final do ano passado, foi chamado para uma conversa pelo vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho. O dono da Globo lhe disse que a rede queria conhecer melhor o mundo dos evangélicos. E contou terem percebido, na emissora, que Edir Macedo “não era a voz” dos protestantes no Brasil. Desde então, eles mantêm um canal de comunicação. “Sabe quantas vezes apareci no Jornal Nacional só este ano?”, perguntou o pastor, dando a resposta com a mão bem aberta. “Cinco.”

Um dos sonhos de Malafaia é comprar um horário na Globo para fazer pregações. “Ainda vou conseguir”, disse. “Eles já estão abrindo. Olha o programa do Faustão: está cheio de cantor evangélico se apresentando lá.”
“Trairagem, safadeza!”, resmungou enquanto se olhava no espelho. Mais do que ter perdido o horário da madrugada na TV Bandeirantes, ele não se conformava com a ursada do apóstolo Valdemiro Santiago. Soube-se que, numa negociação direta com a cúpula da Bandeirantes, Santiago ofereceu 150% a mais do que o pago por Malafaia pelo horário das 2 horas às 6h45, algo em torno de 10 milhões de reais por mês.

Com exceção da Globo e do SBT, as demais emissoras gostam e querem vender horários para pastores evangélicos. O pagamento é em dia porque têm dinheiro vivo na mão; o custo de produção dos programas é baixíssimo, o que reduz muito o risco de bancarrota e, consequentemente, de calote. E, como a concorrência entre eles é forte, acabam pagando muito mais por horários desprezados pela audiência, como é o caso das madrugadas. “O R. R. Soares está saindo da Band até agosto e estão me oferecendo para pegar o horário”, disse. “Mas estão querendo enfiar a faca, estou fora.”

Terminou a conversa revelando o resultado dos pedidos de oferta. Em menos de dez dias, 145 pessoas haviam doado os 10 011 reais (cada) e outras 2 mil, os 911 reais (cada).

terça-feira, 27 de setembro de 2011

RESULTADO DO ENEM 2010 DAS ESCOLAS DE GRAVATÁ



Professora Jane, Adjunta da Escola Devaldo Borges:

Segue o quadro enviado pela senhora e quero muito lhe agradecer pelo e-mail, pelo respeito e pelas palavras muito bem postas em sua mensagem. Já excluí a última postagem referente a estes dados e agora estou retificando o quadro, graças a sua contribuição.

Aproveito para divulgar o blog da sua escola e dizer que o Primeiras Águas estará sempre disposto a ser parceiro em iniciativas futuras.

www.blogdodevaldo.blogspot.com


Muito obrigado.


QUADRO DO RESULTADO DO ENEM 2010 DAS ESCOLAS DE GRAVATÁ

RANKING DE GRAVATÁ
NOME
MÉDIA
RANKING
NACIONAL




SALESIANAS

596.45
2.319º
COLÉGIO BATISTA

584.93
2.648º
EREMGRA (REFERÊNCIA)

571.32
 5.196º
DEVALDO BORGES

533.97
10.583º
EREMPAF (ANTÔNIO FARIAS)
522.49
12.825º
AARÃO LINS

516.02
14.062º
CLETO CAMPELO
509.47
15.248º




1ª SEMANA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA DE ARAPIRACA


17 a 21 de Outubro de 2011

PALESTRAS - PROGRAMAÇÃO

1º DIA: SEGUNDA (17/10/2011) - ABERTURA: 18:00 HS

PALESTRA 1: 18:30

PALESTRANTE: PROF. DR. ELOI TEIXEIRA CÉSAR (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUÍZ DE FORA)
A EXPERIÊNCIA DA POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA NO CENTRO DE CIÊNCIAS DA UFJF.

PALESTRA 2: 19:40 HS

Palestrante: Profª Dra. Lúcia Monteiro (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA: AMBIENTES DE APRENDIZAGEM E PARADIGMAS.

PALESTRA 3: 20:50 HS

Palestrante: MSc. Francisco de Assis Martins Gomes Rego Filho (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)
TERAPIA FOTODINÂMICA PARA TRATAMENTO DE CÂNCER: ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E IMPACTO SOCIAL.


2º DIA: TERÇA (18/10/2011)

PALESTRA 1: 18:30
Palestrante: Prof. Dr. Elton Fireman (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

O ENSINO DE FÍSICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.
PALESTRA 2: 19:40 HS
Palestrante: Prof. Dr. Evandro Costa (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)
INTEGRANDO AGENTES HUMANOS E AGENTES DE SOFTWARE NUMA TENTATIVA DE MELHORAR A EDUCAÇÃO.

PALESTRA 3: 20:50 HS
Palestrante: Wandearley Dias da Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

ENSINANDO FÍSICA PARA DEFICIENTES VISUAIS E AUDITIVOS


3º DIA: QUARTA (19/10/2011)

PALESTRA 1: 18:30

Palestrante: MSc. Guendalina Lucas de Souza (SEE-AL)
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO ESCOLAR.

PALESTRA 2: 19:40 HS

PALESTRANTE: PROF. DR. CARLOS ARGOLO PEREIRA ALVES (IFAL).
DINÂMICA DA DENGUE EM TEMPO DISCRETO.

PALESTRA 3: 20:50 HS
Palestrante: Prof. Dr. Jenner Barreto (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PODE CONTRIBUIR PARA A INCLUSÃO SOCIAL?


4º DIA: QUINTA (20/10/2011)

PALESTRA 1: 18:30
Palestrante: Prof. Dr. Marlon Soares (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
Falta Confirmar o Título da Palestra

PALESTRA 2: 19:40 HS
Palestrante: Prof. Dr. Alexandre Medeiros (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO)
AS DIMENSÕES DO UNIVERSO

PALESTRA 3: 20:50 HS
Palestrante: Prof. Dr. William de Siqueira Piauí (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)
EINSTEIN CRÍTICO DO ENSINO TRADICIONAL.

5º DIA: SEXTA (21/10/2011)

PALESTRA 1: 18:30
Palestrante: Prof. Carlos Ciscato (Diretor do Curso Intergraus – SP/Autor de livros didáticos de Ciências e Química)
TÉCNICAS PARA MELHORAR O DESEMPENHO DO PROFESSOR EM AULA

PALESTRA 2: 19:40 HS
Palestrante: Prof. Luis Pereira (Professor do Curso Intergraus – SP/Autor de livros didáticos de Química)
DANDO VIDA AO ENSINO DE QUÍMICA

PALESTRA 3: 20:50 HS
Palestrante: Prof. MSc. Aníbal Fonseca (Ciência Prima)
Falta Confirmar o Título da Palestra.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ab'Saber: Se Dilma ouvisse quem entende, não concordaria com Código


Agência Senado
Dayanne Sousa

O geógrafo Aziz Ab'Aaber: "Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia"



O geógrafo Aziz Ab'Saber vê com gravidade os rumos da política ambiental brasileira. Enquanto a proposta de reforma no Código Florestal avança e pode ser aprovada em definitivo no próximo mês, estudos apontam erros na concessão de florestas para manejo sustentável. "É muito sério", sentencia o cientista e professor da Universidade de São Paulo (USP).

- Se a dona Dilma ouvisse os cientistas e pessoas que entendem da Amazônia, ela não iria concordar com o Código - critica. Para ele, a discussão está rodeada por intenções apenas políticas. "Eu acho que o pessoal do governo, sobretudo o pessoal da Agricultura e da Ciência e Tecnologia estão inventando tudo o que podem para fazer política".

Estudo feito pela Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq), da USP, apontou que o manejo sustentável - regulado pela Lei de Gestão de Florestas Públicas de 2006 - não é viável economicamente. Segundo a pesquisa coordenada pelo professor Edson Vidal, o intervalo de 30 anos imposto para o ciclo de corte não permite a recuperação das espécies com maior interesse comercial.

Ab'Saber destaca a pressão de grupos ruralistas e avalia que há um grande interesse pela manutenção de propriedades na Amazônia.

- Muita gente quer espaço como patrimônio, não é para explorar de forma sustentável. Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia. Até gente do exterior.

Leia a entrevista.

Um artigo recente da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) dá poucas esperanças de sucesso para o chamado manejo sustentável. A pesquisa estabelece que não seria nem mesmo economicamente viável.

Eu acho que o pessoal do governo, sobretudo o pessoal da Agricultura e da Ciência e Tecnologia estão inventando tudo o que podem para fazer política. O pessoal da Esalq tem suas razões. Lá no governo a coisa está muito séria, a Dilma herdou do Lula um quadro extremamente complicado. E ainda colocaram na Ciência e Tecnologia uma pessoa que nunca gostou de ciência, nunca fez ciência. É muito sério, eu não quero nem dar minha opinião porque eu tenho muitos inimigos. Você precisa ver como o Aldo Rebelo ficou furioso comigo porque eu fiz uma crítica séria da revisão do Código Florestal que ele queria.
Um embate inevitável...

Um dia desses o jornal colocou um morrinho baixinho com um pouquinho de árvore em cima para interpretar as bobagens que o Aldo falou sobre proteção de topos de morro. Só que ele não sabe nada sobre as cimeiras de certas áreas que tem terras altas. Nas regiões intermediárias de 100, de 150 metros de terrenos cristalinos e solo vermelho, tem que conservar toda a cimeira, não é um "morrotezinho". E essas pessoas não sabem enxergar o que está perto dos seus olhos. Aí começa a fazer desenho, deixar que os jornalistas - que não têm culpa - pensem que é um morrotezinho, mas é uma cimeira de serranias florestadas, como é a Cantareira. E a zona costeira também tem outros problemas, precisa de proteção. É preciso conhecer o Brasil!

A política de concessão de florestas tem que ser revista?

Eles estão querendo, em cima do erro grande que já foi feito sobre a revisão do Código Florestal, ampliar a possibilidade de usar espaços em áreas que são reservas integradas na Amazônia. É uma coisa a mais. Precisa ser entendida pela pressão que a dona Kátia Abreu (DEM-TO) e outros estão fazendo. Eles querem é o espaço da Amazônia. Muita gente quer espaço como patrimônio, não é para explorar de forma sustentável.

Se essas alternativas não funcionam, como então cumprir a proposta de aliar desenvolvimento econômico com preservação?

A alternativa é não ampliar o espaço da Reserva Legal das propriedades. Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia. Até gente do exterior. Se você, em vez de conservar os 20% passíveis de serem ocupados por atividades agrárias, passar para 80%, imagina o que vai ser. Vão arrasar tudo, vender para terceiros desesperados para ter um patrimoniozinho.
Como o senhor tem acompanhado a discussão do Código Florestal? Tem alguma expectativa de que ela possa terminar bem?

Se a dona Dilma ouvisse os cientistas e pessoas que entendem da Amazônia, ela não iria concordar com o Código. Tenho plena certeza, pela competência e pela sensatez que ela tem, ela não iria concordar com o que esse pessoal está fazendo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Uma Nova “Revolução Francesa” na Física?



Por Alexandre Medeiros*


A notícia de ontem (22 de setembro de 2011) da medição das velocidades de neutrinos como sendo maiores do que a velocidade da luz no vácuo (realizada por uma equipe de cientistas franceses trabalhando no CERN) caiu como se fosse uma bomba no território da Física. A mídia comum, não os periódicos especializados onde se dá o verdadeiro debate científico, foi tomada de assalto pela notícia e a repercutiu pelo mundo. Em, poucos minutos jornais sensacionalistas de todo o mundo já anunciavam a queda do Rei Albert Einstein e a fragmentação do seu poderoso Império da Teoria Relatividade.

Alunos e ex-alunos meus correram para me comunicar também a “grande novidade” desta iminente revolução científica; mas, eu já a havia visto repercutindo na imprensa internacional.
Todos eles, assim como a mídia, em geral, estavam excitados com os novos ventos teóricos que já sentiam soprar.

“E então, professor?” Perguntou-me um deles, o mais afoito e o mais jovem, também. “A Teoria da Relatividade caiu mesmo?”

Se por acaso aquilo tudo que estava sendo anunciado fosse mesmo verdade, a sua pergunta poderia fazer sentido, ou não. De fato, a Relatividade prevê que a maior velocidade do Universo deve ser a velocidade da luz no vácuo. E era exatamente isso que os aludidos resultados estavam a contrariar. Mas, ainda era muito cedo para saber se aquilo era mesmo real e mesmo que o fosse para se poder avaliar melhor a extensão do “prejuízo”.

Eu ainda estava em estado de perplexidade com todo aquele alvoroço juvenil, e só pude dizer: “calma crianças, devagar com o andor que o santo é de barro”.

Eles me olharam meio atônitos; pois não era aquilo que eles queriam ouvir de mim. Queriam apenas que eu lhes desse um pouco de gasolina para jogarem na fogueira. Afinal, eu como seu professor de História da Física, sempre lhes falara das Revoluções Científicas do passado e eles estavam agora se vendo na iminência de adentrar em uma de verdade e das grandes. Ao menos, era isso que lhes diziam os jornais com seu sensacionalismo barato.

Mas, eu pensei cá comigo, que como diria o velho Nietzsche: “não é da minha boca que esses ouvidos precisam”. Afinal, a Ciência não se constrói com debates em jornais e muito menos com gasolina nos alvoroços. O palco do verdadeiro debate científico não é a grande mídia. Ela apenas o repercute na medida dos seus interesses imediatos de audiência. E isso pouco ou nada tem a ver com os caminhos da ciência. Portanto, “calma crianças, que o bicho papão talvez nem exista”.

Mas, e o que dizer dos fatos?

Procurei o site do CERN, palco da tão propalada descoberta e lá estava, realmente, a indicação de que os resultados do referido trabalho haviam sido comunicados ontem mesmo ao ArXiv. Já ficava claro, portanto, que “alguém” pouco cauteloso vazara precipitadamente a “preciosa informação”, ainda não digerida, para a grande imprensa.

Fui, então, ao site da Universidade de Cornell, onde o ArXiv está baseado e fiz o download do trabalho. Uma coisa me chamou imediatamente a atenção no mesmo: havia quase um milhão (risos) de autores. Pelo jeito, como diria o Andy Warhol, “todos ali queriam, ao menos, os seus quinze minutos de fama”. Ou quem sabe, talvez, com mais otimismo, entrar triunfante no panteão da glória revolucionária da ciência.

Confesso que a minha primeira impressão com aquela montanha de nomes não foi das melhores.

Mas, e o texto? O que dizia o texto, afinal?

Uma vela ao santo e a outra vela ao diabo. O texto contrastava em tudo com o sensacionalismo da mídia internacional, que a própria equipe de pesquisa, evidentemente, fomentara. E do qual agora, no corpo do artigo, procurava prudentemente se esquivar.

Mas, afinal, o que dizia o texto, homem de Deus?

O texto era apenas um relato “cauteloso” dos experimentos realizados com a detecção de neutrinos entre 2008 e 2011 e a determinação de suas velocidades nos laboratórios do CERN e nas instalações subterrâneas das montanhas do Grande Sasso, onde haviam sido feitas as medidas finais das velocidades. O artigo estava redigido de modo cuidadoso e detalhado no tocante aos procedimentos observacionais adotados, às técnicas utilizadas, ao tratamento estatístico, e figuras ilustrativas evidenciavam o trajeto das partículas sob as montanhas e suas localizações pormenorizadas com o auxílio de GPS.

O artigo era de uma cautela aparente, pois “todos” sabem que resultados semelhantes já haviam sido encontrados no Fermilab em 2007, mas que eles haviam sido posteriormente desacreditados por erros experimentais. E nada daquilo causara um furor jornalístico até então.

Logo...

Mas, as conclusões do artigo eram, de fato, perfeitamente cautelosas. Os autores afirmavam peremptoriamente, de maneira quase positivista, a sua adesão pura e simples aos resultados dos experimentos e a necessidade de sua confirmação posterior e independente. E mais, ainda, os autores recusavam-se também, prudentemente, a adentrar no terreno movediço das especulações teóricas açodadas antes que tais resultados externos fossem anunciados. Ótimo!

Em suas próprias palavras: "Apesar da grande importância da medição aqui relatada e da estabilidade da análise, o impacto potencialmente grande do resultado motiva a continuação dos nossos estudos em investigar possíveis efeitos sistemáticos ainda desconhecidos que poderiam explicar a observada anomalia. Nós, deliberadamente, não tentamos qualquer interpretação teórica ou fenomenológica dos resultados".

Portanto, diante do acima exposto e mais ainda sabendo que hoje haverá no CERN, ao meio dia (horário de Brasília), um seminário dos autores da referida pesquisa a ser transmitido via Internet para o mundo e também que outras equipes já iniciaram os preparativos para testarem independentemente os aludidos resultados encontrados, vamos ressaltar a prudência nas conclusões a serem antecipadamente tiradas.

Afinal, como diz a sabedoria popular: "apressado come cru". Vamos aguardar, portanto, os resultados de outras equipes independentes e só depois tentar tirar quaisquer conclusões. Como eu disse desde o início: "devagar com o andor que o santo é de barro".

Essa palavra de cautela não deve, entretanto, ser confundida com qualquer postura reacionária à mudança. A quesatão é que não devemos nos esquecer do evento midiatico semelhante ocorrido quando do anúncio da célebre “Fusão Fria” que começou como uma grande fusão e terminou apenas como uma fria.

Mas, também não devemos garantir apressadamente que nada de novo poderá acontecer e adotar assim uma prudência conservadora sem fundamento na realidade, como aquela que o nosso “Grande Timoneiro” adotou recentemente diante do anúncio da crise econômica internacional de 2008. Na época o nosso Guia Supremo nos garantiu que aquilo começava como uma onda, mas que ele podia nos assegurar que depois viraria apenas uma marolinha. Não virou! Virou foi um Tsunami.

Portanto, como não temos uma bola de cristal, como acreditava ter o nosso Grande Timoneiro, é melhor termos cautela e não tirarmos conclusões apressadas. O que se avizinha tanto pode ser uma nova Fria, como também um verdadeiro Tsunami. Quem viver verá!

ADENDOS

ARTIGO ORIGINAL dos pesquisadores franceses:

Measurement of the neutrino velocity with the OPERA detector in the CNGS beam

OPERA

(Submitted on 22 Sep 2011)

Abstract: The OPERA neutrino experiment at the underground Gran Sasso Laboratory has measured the velocity of neutrinos from the CERN CNGS beam over a baseline of about 730 km with much higher accuracy than previous studies conducted with accelerator neutrinos. The measurement is based on high-statistics data taken by OPERA in the years 2009, 2010 and 2011. Dedicated upgrades of the CNGS timing system and of the OPERA detector, as well as a high precision geodesy campaign for the measurement of the neutrino baseline, allowed reaching comparable systematic and statistical accuracies. An early arrival time of CNGS muon neutrinos with respect to the one computed assuming the speed of light in vacuum of (60.7 \pm 6.9 (stat.) \pm 7.4 (sys.)) ns was measured. This anomaly corresponds to a relative difference of the muon neutrino velocity with respect to the speed of light (v-c)/c = (2.48 \pm 0.28 (stat.) \pm 0.30 (sys.)) \times 10-5.

Artigo original completo disponível em:   http://arxiv.org/abs/1109.4897

LINK do SEMINÁRIO de 23 de setembro de 2011 – 16:00 (horário da Suiça), 12:00 (horário de Brasília):



New results from OPERA on neutrino properties (23 September 2011) indico.cern.ch

*Professor Alexandre Medeiros - Físico UFRPE.




Post do Facebook

Que devo dizer?

Bem, na condição de professor de Geografia, interessado em assuntos da Física, da Quântica, da Química da Biologia, das Ciências em geral, leitor contumaz ainda com muita sede de conhecer “de tudo um pouco”, eu posso dizer o que sei (ridicularmente) em consequência ao que sinto (humanamente), por exemplo, o período de desenvolvimento de uma droga é de, aproximadamente, 10 a 12 anos, certo? Sei também, desde os primeiros anos de estudos universitários, que tempo, ciência, consenso e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Os diferentes tempos que envolvem a pesquisa científica, a decisão política, a opinião pública e as nossas impressões pós “descobertas” estão em naipes totalmente distintos.  Li recentemente em um periódico científico, um artigo que dizia que a própria evolução do conhecimento científico, representada pela filosofia da ciência hegemônica até a primeira metade do século XX, como uma empreitada contínua, progressiva e cumulativa, passa a representar, após as revoluções científicas de Kuhn, saltos descontínuos nos quais paradigmas supostamente incomunicáveis se sucedem de tempos em tempos.

Recordo-me, como poeta, do meu poeta preferido, por uma série de motivos (dentre eles, ser professor de Geografia) o poema Verdade: “A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez”.

Eu prefiro ser, como diria um grande professor do século XVIII, crente de que a verdade está na ciência até que ela própria desminta o que aparentemente seja empírico. Essa tênue linha filosófica será, sempre, a gasolina dos nossos cérebros, ou melhor, como diria Lobato “a graça” na engrenagem das nossas limitadas ideias.

O importante é sempre perguntar: por quê? Muito mais até que ouvir conselhos de um “timoneiro” de primeira viagem.