domingo, 8 de março de 2009

CRIME HEDIONDO CONTRA O PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO


* Por Lucivãnio Jatobá

Como se não bastassem os assassinatos bárbaros cometidos pelos bandidos, que agem impunemente nas grandes cidades brasileiras, contra nós, os cidadãos e cidadãs brasileiros indefesos, agora os criminosos resolveram voltar-se contra o DESPROTEGIDO Patrimônio Arqueológico brasileiro.
Há alguns anos, fato denunciado pela imprensa, inclusive internacional, bandos de invasores de terra, no importantíssimo Parque Arqueológico da Serra da Capivara, no Piauí, destruíram diversos “murais” com inscrições rupestres milenares. O fato, apesar das denúncias, “ ficou por isso mesmo”. Agora, no mês de março de 2009, mais um crime hediondo contra a Arqueologia brasileira foi cometido e, muito provavelmente, “ficará por isso mesmo” também, para não fugir à regra.
O espaço pré-histórico escolhido para “sair do mapa’ foi o Parque Nacional do Catimbau, no município de Buique, Estado de Pernambuco. Nesse Parque importantíssimo, que reúne evidências excelentes do passado humano, de milhares de anos, há o sítio arqueológico da Pedra da Concha, um paredão abrupto em arenito paleozóico.
Esse sítio possui (possuía) inscrições rupestres da chamada Tradição Nordeste e da Tradição Agreste. Ali o espaço está impregnado de passado do homem da Pré-História brasileira. Trata-se de um laboratório a céu aberto para estudos diversos, que poderia ser usado cientificamente por muitas gerações.
Pois bem, numa ação bem pensada , criminosos , com habilidade e ousadia , destruíram o painel, com tinta a óleo. Apagaram para sempre os registros que existiam e ajudavam a compreender esse passado referido. As punições a esses criminosos, punições severas e exemplares, urgem para que novos crimes dessa natureza não voltem a acontecer. Não pode haver complacência com criminosos!
Esse fato e muitos outros que são observados no território brasileiro mostram , inequivocamente, o ódio que, nos últimos anos, vem sendo dirigido contra quem estuda, contra quem investiga, contra quem lê no Brasil. É como se a “cultura” de insignificantes tivesse que se sobrepor à cultura da humanidade adquirida ao longo de tantos milhares de anos. É a "supremacia primitiva" da barbárie intelectual.


*Professor do Curso de Arqueologia da UFPE - Recife, Brasil.

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