Caro Ricardo,
Venho através deste pedir sua solidariedade na realização desta denúncia, tornando público o fato de nossos alunos estarem sem merenda escolar, há mais de 01 mês. Na escola que leciono, a merenda é servida (quando alguém doa alguma coisa e, os alunos colaboram com verduras) a cada 08 dias.
Acredito que não se faz necessário (todavia, o farei), lembrar que boa parte de nosso alunado tem na merenda escolar, a refeição do dia. Disse certa vez o mestre Josué de Castro, que “no Brasil ninguém dorme por causa da fome. Metade porque está com fome, e a outra metade porque tem medo de quem tem fome”.
Quem vai para a escola tem fome de aprender, desde que não tenha fome de fato. Se alguém afirma que não é dever da escola acabar com a fome, há de se convir que, cabe-lhe o dever de matar a fome do dia. Não há quem consiga se concentrar com pouca ou nenhuma comida no estômago. O aluno fica apático, sonolento ou irritadiço.
Este blog já nos deu a honra de apresentar uma discussão que se arrasta há anos acerca de merenda escolar, na qual tenho o orgulho e honra de ser pioneira, desde a implantação de uma horta escolar que criamos na escola Antônio Borges, em Cotunguba.
Apresentamos na Câmara de Vereadores, e foi enviado ao executivo, projeto que solicita implantação de Merenda Orgânica no município, do qual ainda não obtivemos parecer. Todavia, me pergunto: para onde foi o dinheiro da merenda convencional? Por que os alunos estão sem receber um complemento alimentar, e de qualidade?
Ao ler a reportagem acerca do exorbitante débito da prefeitura municipal de Gravatá, senti-me na obrigação de tornar público alguns fatos e cifras referentes ao orçamento aprovado para o exercício dos anos de 2008 e 2009, especialmente no que diz respeito a educação – confesso que ao concluir a leitura das outras pastas, tamanho era o mal–estar que optei por deter-me apenas ao quadro do qual faço parte.
Mas, analisando o volume de cifras enviadas pelo governo federal apenas para uma secretaria, estou certa de que o sábio leitor concluirá o montante das demais pastas que engordam os cofres do município (não digo da prefeitura, por não dispor de documentos que comprovem a entrada destes recursos e o gasto dos mesmos).
Pois bem, no ano de 2007 foi colocado em votação na Câmara Municipal de Vereadores e, aprovado, um orçamento para o exercício de 2008, que apresenta, dentre outras atividades, R$ 90.000,00 para expansão da rede de ensino (página 9 – anexo 6), R$ 90.000,00 para aquisição de móveis para a secretaria, R$ 549.000,00 para expansão e melhoria da rede de ensino, R$ 100.000,00 para construção e ampliação de prédios para ensino, R$ 200.000,00 para construção e ampliação de unidades escolares, R$ 100.000,00 para aquisição de imóveis........ e segue assim, caro cidadão gravataense, até atingir cifras astronômicas. Estes dados repetem-se com distintos códigos por pelo menos 19 (dezenove) vezes, com valores distintos.
Some-se a isso, o não cumprimento do piso salarial dos professores do município, a perda de nossa identidade cultural, de nosso patrimônio – as praças da cidade que forma totalmente modificadas, e não, reformadas, a derrubada de várias árvores que amenizavam o calor e melhoravam o ar...
Estou muito preocupada!! Onde vamos parar? O que mais está para acontecer? Que Deus nos ajude, e tenha misericórdia de nós!
Sunamita Oliveira é educadora em Gravatá.
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