sexta-feira, 7 de agosto de 2009

VOCÊ SABE QUEM FOI CARLOS MARIGHELLA?






Hoje, deitado sobre minha cama, ainda enfermo pela virose que me atormenta há dias, eu tive o prazer de assistir a um documentário sobre a vida deste homem, contada pela sua companheira Clara Sharf, em belo programa produzido pela TV Câmara. E foi muito emocionante a ouvir falar do marido, da história de vida que ambos tiveram em defesa da tão falada DEMOCRACIA BRASILEIRA, em dias em que o Congresso Nacional esqueceu do Respeito, de valores morais que só um honesto homem conhece.

Dizem que “por trás de um grande homem, há uma grande mulher”.

Eu queria renovar modestamente essa frase machista e dizer que:

“Na Frente de um Grande Homem, Há Sempre uma Grande Mulher”.

Este grande homem possui a seguinte biografia:

1911 - No dia 5 de dezembro, Carlos Marighella nasce na Rua do Desterro número 9, na cidade de São Salvador, Estado da Bahia. Seus pais são o casal Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos, e o imigrante italiano, o operário Augusto Marighella. Carlos teve sete irmãos e irmãs.

1929 - Marighella começa a cursar engenharia civil na antiga Escola Politécnica da Bahia, depois de haver estudado no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Numa e noutra escola, destaca-se como aluno, pela alegria e criatividade. São famosas suas diversas provas em versos.

1932 - Ingressa na Juventude Comunista. O Partido Comunista havia sido criado em 1922. Com a revolução de 30 uma grande efervescência política varria o Brasil. Marighella participa de manifestações contra o regime autoritário e o interventor Juracy Magalhães. Inconformado com versos de Marighella que o ridicularizavam, Juracy manda prendê-lo e espancá-lo.

1936 - Abandona o curso de engenharia e vai para São Paulo a mando da direção, reorganizar o Partido Comunista, que havia sido gravemente reprimido após o levange de 1935. É, porém, novamente preso e torturado durante 23 dias pela Polícia Especial de Felinto Muller.

1937 - Marighella é libertado pela anistia assinada pelo ministro Macedo Soares e, quatro meses depois, Getúlio dá o golpe e instaura o Estado Novo. Na clandestinidade, Marighella é encarregado da difícil tarefa de combater as tendências internas dissidentes da linha oficial do PCB em São Paulo.

1939 - Preso pela terceira vez, é confinado em Fernando de Noronha. Na cadeia, os revolucionários presos organizam uma universidade popular e Marighella dá aulas de matemática e filosofia.

1942 - Os presos políticos vão para a Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, porque Fernando de Noronha passa a ser usada como base de apoio das operações militares dos aliados no Atlântico Sul.

1943 - Na Conferência da Mantiqueira, Marighella, mesmo preso, é eleito para o Comitê Central. O Partido Comunista adota linha de apoio ao governo Vargas em razão da entrada do Brasil na guerra, posição de que ele discorda, embora a cumpra, por dever de militância.

1945 - Anistia, em abril, devolve à liberdade os presos políticos. Com a vitória das forças antifascistas, o PCB vai à legalidade e participa da eleição para a Constituinte. Marighella é eleito como um dos deputados constituintes mais votados da bancada..

1946 - Apesar do apoio de Prestes, o general Dutra, eleito Presidente da República, desencadeia repressão aos comunistas. Marighella participa ativamente da Constituinte com um dos redatores do organismo parlamentar. Conhece Clara Charf.

1947 -Ainda no primeiro semestre é fechada a União da Juventude Comunista. Depois, é o próprio Partido que é posto na ilegalidade. Marighela coordena a edição da revista teórica do PCB, Problemas e vive um relacionamento com dona Elza Sento Sé, que resulta no nascimento, em maio de 1948, de seu filho Carlos.

1948 - No início do ano são cassados os mandatos dos parlamentares comunistas. Marighella volta à clandestinidade. Data desse ano seu romance com Clara Charf, sua companheira até o fim da vida.

1949/1954 - Em São Paulo, Marighella cuida da ação sindical do PCB. Sob sua direção o PC se vincula aos operários, participa da campanha “O Petróleo é nosso” e organiza a greve geral conhecida como “dos cem mil” em 1953. Considerado esquerdista pela direção do Partido, é mandado em viagem à China. Lá é internado em razão de uma pneumonia. Depois, vai à União Soviética e volta ao Brasil em 1954.

1955 - A morte de Getúlio Vargas e o início do governo de Juscelino Kubistchek permitem que os comunistas, embora na ilegalidade, atuem de modo mais visível.

1956/1959 - O XX Congresso do PC da União Soviética inicia a desestalinização. O PCB adota a linha da “coexistência pacífica” pregada pela União Soviética. A vitória da Revolução Cubana, porém, contraria frontalmente as posições do movimento comunista internacional.

1960/1964 - A renúncia de Jânio gera uma crise política. Jango toma posse e Marighella passa a divergir da linha oficial do PC, principalmente de sua política de moderação e subordinação à burguesia. Em 1962, divisão do PC dá origem ao Partido Comunista do Brasil - PC do B.

1964 - Com o golpe de abril, instaura-se a ditadura militar. Perseguido pela polícia, Marighella entra num cinema do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, e lá resiste aos policiais até ser diversas vezes baleado, espancado e finalmente preso. Sua resistência transformou sua prisão em um ato político que teve repercussão nacional. É solto depois de 80 dias, depois de um habeas corpus pedido pelo advogado Sobral Pinto.

1965 - Escreve e publica o livro “Por que resisti à prisão”, em que aponta sua opção por organizar a resistência dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura e pela libertação nacional e o socialismo.

1966 - Publica “A Crise Brasileira”, onde aprofunda suas posições críticas à linha do PCB, prega a adoção da luta armada contra a ditadura, fundada na aliança dos operários com os camponeses.

1967 - Na Conferência Estadual de São Paulo as idéias de Marighella saem vitoriosas por ampla maioria - 33 a 3 -, apesar da participação pessoal e contrária de Luiz Carlos Prestes. Vendo que a derrota no VI Congresso era iminente, Prestes inicia um processo de intervenções nos Estados, para impedir a participação de delegados ligados à corrente de esquerda. Marighella viaja a Cuba para participar da conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade-OLAS. O PCB envia telegrama desautorizando sua participação e ameaçando-o de expulsão. Disso resulta uma carta dele rompendo com o Comitê Central do PCB e afirmando que ninguém precisa pedir licença para praticar atos revolucionários. Como represália, é expulso do Partido Comunista. Retorna ao Brasil e funda a Ação Libertadora Nacional-ALN e dá início à luta armada contra a ditadura militar.

1968 - Marighella participa diretamente de diversas ações armadas recuperando fundos para a construção da ALN. No primeiro de maio, em São Paulo, os operários tomam o palanque de assalto, expulsam o governador Sodrée realizam comemorações combativas do dia internacional dos trabalhadores. O Movimento estudantil toma conta das ruas em manifestações contra a ditadura que chegaram a mobilizar cem mil pessoas. Em outubro, porém, o Congresso da UNE é descoberto pela polícia e os estudantes sofrem grave derrota. Também no final do ano, torna-se conhecido o fato de que Marighella comandava parte das ações guerrilheiras.

1969 - No início do ano, a descoberta de planos da Vanguarda Popular Revolucionária - VPR pela polícia antecipa a saída do capitão Carlos Lamarca de um quartel do exército em Osasco, levando um caminhão carregado com armamento para a guerrilha. Em setembro o embaixador norte-americano é feito prisioneiro por um destacamento unificado com integrantes da ALN e do MR-8 e trocado por quinze presos políticos. No dia 4 de novembro, às oito horas da noite, Carlos Marighella caiu numa emboscada armada pelos inimigos do povo brasileiro em frente ao número 800 da alameda Casa Branca, em São Paulo, e foi assassinado dentro de um fusca que pertencia aos amigos presos e torturados dias antes. (foto acima)


Sua organização, a ALN sobreviveu até 1974.


Foi um momento emocionante do documentário quando Clara fala da morte do Marido. Depois de alguns dias escondida, Clara contou que conseguiu asilo político em Cuba.

Clara Scharf amargou sua primeira prisão política ainda nos tempos de Getúlio Vargas. Após o golpe militar de 1964, o companheiro de Clara, Carlos Marighela, foi assassinado “no auge da tortura” e ela, cassada por dez anos, passou para a clandestinidade.
Militância
Feminista desde os anos 50, Clara Scharf acha que a situação da mulher “mudou muito”. Mas lembra que "continuam a existir, infelizmente, o machismo, a discriminação e a desigualdade entre homem e mulher”. Com um riso cheio de energia que não denuncia os 78 anos de idade, comenta: “O bonito é que as mulheres nunca pararam de lutar e por isso elas mexem com o ser humano”.
Clara foi filiada ao Partido Comunista Brasileiro de 1945 a 1960 e entre os "períodos mais difíceis da vida" cita a fase final do governo Getúlio Vargas, nos anos 50. Teve a casa invadida e destruída no governo Jânio Quadros, mas o que considera "o pior" ocorreu nos chamados "anos de chumbo", que culminaram, para ela, com o assassinato do companheiro em 1969 e com os nove anos de exílio que se seguiram. “Começaram a prender, matar e torturar já na antevéspera do endurecimento da ditadura militar, por volta de 1968. Foi uma coisa infame, com todas as prisões, torturas e mortes, e ninguém podia se manifestar, só na clandestinidade", lembra Clara.
No depoimento à Rádio Nacional da Amazônia, ela também lamentou não ter sido mãe: "Não me foi possível ter uma vida familiar durante as ditaduras". Mas Clara Scharf ajudou a criar o filho do companheiro, Carlinhos Marighela, "que está vivo e cujos filhos eu considero meus netos". Na opinião da feminista, "tudo o que você faz em defesa do ser humano, é vida; a paz é vida, desde que esta paz defenda a saúde, a liberdade, a terra e os direitos humanos: tudo que afeta a vida tem a ver com a segurança humana”.


Obrigado Clara! Obrigado Marighella!


Vocês horam as mulheres e os homens decentes que ainda existem nesse país.

1 comentários:

Assisiti a entrevista de Clara na TV câmara, e como você tmabém me senti muito emocionada. Estes militantes, merecem todo o rspeito da sociedade. Pouquíssimas pessoas são capazes de abri mão de sua vida mais ou menos, que seja, para lutar por ideal socialista, pelo bem comum!

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