terça-feira, 5 de março de 2013

Pense num País justo, num estado justo, numa cidade feliz que temos!


Em Caruaru os professores perderam muito do poder salarial após as reformas do PCC. Em Carpina, a mesma coisa. Os professores do Estado sendo obrigados a se entregar plenamente à jornada, gradativamente, tendo que abrir mão de um segundo concurso. Nas Universidades, professores que consagraram sua vida ao magistério, estão sendo obrigados a voltar às salas de aula para se tornarem mais "especialistas" do que já são.

Não conheço nenhum país que trata de salário como sendo “mínimo” desavergonhado que nós temos aqui no Brasil. Não conheço nenhum país onde os professores precisam lutar pra um “piso” enquanto políticos reforçam seus ordenados em “tetos”. Sinto-me a escória da civilização moderna, nesse sentido.

Li recentemente que em Portugal, os índices de qualidade na Educação cresceram vertiginosamente, melhorando a vida escolar de crianças nas séries iniciais, especialmente. Lá, apesar da imensa crise que se arrasta há algum tempo, o governo investe pesado na qualificação e valorização do professor. Lá, não se põe a culpa na crise, no governante que passou ou no estado caótico filho da política partidária. O que se faz é acreditar que só a educação pode salvar a vida de uma nação inteira, começando pela base.

No Brasil, em Pernambuco, na nossa cidade, a história é outra. Aqui o professor é penalizado pela corrupção, pela má administração, pela irresponsabilidade fiscal ou pela improbidade administrativa. Eles, os senhores políticos, (tadinhos) dizem-se vítimas de heranças malditas. E, portanto, precisam enxugar a máquina, usurpando o direito de todo trabalhador de ter seu ordenando no final do mês.

O que me dói ainda mais é saber que NÓS é que somos responsáveis. Quero me enquadrar porque estou me sentindo fracassado por não enxergar mais a esperança de ter de volta o dom sublime que os antigos professores possuíam de encorajar, de despertar, de tornar seu aluno um ser indignado diante da injustiça causada contra a classe menos respeitada desse país.

Quando alguém me diz: “você deveria fazer um Mestrado!”.  Peso, cá comigo: “Quero é passar num concurso federal e dá uma banana pra essa vida atribulada”. Confesso que é um estado de revolta que me toma, e, ao mesmo tempo de sarcasmo quando completo: “Quem mandou não estudar e ser professor?!”... E por aí vão as lamúrias de um professor que acreditou num mundo descrito por Aldous Huxley na sua adolescência e depois ter desejado um lugar como aquele referenciado por Thomas Morus.

Precisamos despertar do estado de letargia em que nos encontramos. Caso contrário, pagaremos um preço muito alto pela nossa incapacidade de se levantar. “Verás que um filho teu não foge à luta”, recorda nossa canção magna. Mas... Quando foi isso? Quando será isso?

Muitas vezes tenho inveja de nações como a França, onde o povo vai às ruas exigir, com sangue e luta, os direitos básicos da sociedade. Gostaria que os professores de Gravatá conquistassem o dom da indignação dos franceses. Infelizmente, o que me resta e gritar: Socorro, Thomas Morus! Faça-se a desobediência, agora! E liberte-nos desse mal, amém!

 

“Ao receber um mal os homens costumam anotá-lo em mármore. Se é um bem que recebem, escrevem-no no pó”.
                                                                          Thomas Morus

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