Em Caruaru os professores perderam muito do poder salarial após as
reformas do PCC. Em Carpina, a mesma coisa. Os professores do Estado sendo
obrigados a se entregar plenamente à jornada, gradativamente, tendo que abrir
mão de um segundo concurso. Nas Universidades, professores que consagraram sua
vida ao magistério, estão sendo obrigados a voltar às salas de aula para se
tornarem mais "especialistas" do que já são.
Não conheço nenhum país que trata de salário como sendo “mínimo”
desavergonhado que nós temos aqui no Brasil. Não conheço nenhum país onde os
professores precisam lutar pra um “piso” enquanto políticos reforçam seus
ordenados em “tetos”. Sinto-me a escória da civilização moderna, nesse sentido.
Li recentemente que em Portugal, os índices de qualidade na Educação
cresceram vertiginosamente, melhorando a vida escolar de crianças nas séries
iniciais, especialmente. Lá, apesar da imensa crise que se arrasta há algum
tempo, o governo investe pesado na qualificação e valorização do professor. Lá,
não se põe a culpa na crise, no governante que passou ou no estado caótico
filho da política partidária. O que se faz é acreditar que só a educação pode
salvar a vida de uma nação inteira, começando pela base.
No Brasil, em Pernambuco, na nossa cidade, a história é outra. Aqui o
professor é penalizado pela corrupção, pela má administração, pela
irresponsabilidade fiscal ou pela improbidade administrativa. Eles, os senhores
políticos, (tadinhos) dizem-se vítimas de heranças malditas. E, portanto,
precisam enxugar a máquina, usurpando o direito de todo trabalhador de ter seu
ordenando no final do mês.
O que me dói ainda mais é saber que NÓS é que somos responsáveis. Quero
me enquadrar porque estou me sentindo fracassado por não enxergar mais a
esperança de ter de volta o dom sublime que os antigos professores possuíam de
encorajar, de despertar, de tornar seu aluno um ser indignado diante da
injustiça causada contra a classe menos respeitada desse país.
Quando alguém me diz: “você deveria fazer um Mestrado!”. Peso, cá comigo: “Quero é passar num concurso
federal e dá uma banana pra essa vida atribulada”. Confesso que é um estado de
revolta que me toma, e, ao mesmo tempo de sarcasmo quando completo: “Quem mandou
não estudar e ser professor?!”... E por aí vão as lamúrias de um professor que
acreditou num mundo descrito por Aldous Huxley na sua adolescência e depois ter
desejado um lugar como aquele referenciado por Thomas Morus.
Precisamos despertar do estado de letargia em que nos encontramos. Caso
contrário, pagaremos um preço muito alto pela nossa incapacidade de se
levantar. “Verás que um filho teu não foge à luta”, recorda nossa canção magna.
Mas... Quando foi isso? Quando será isso?
Muitas vezes tenho inveja de nações como a França, onde o povo vai às
ruas exigir, com sangue e luta, os direitos básicos da sociedade. Gostaria que
os professores de Gravatá conquistassem o dom da indignação dos franceses. Infelizmente,
o que me resta e gritar: Socorro, Thomas Morus! Faça-se a desobediência, agora!
E liberte-nos desse mal, amém!
“Ao receber um mal os homens costumam anotá-lo em mármore. Se é um bem
que recebem, escrevem-no no pó”.
Thomas Morus
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