quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ninguém sabe se a justiça brasileira é uma vírgula, ponto-e-vírgula ou um ponto final.



Galdino Jesus dos Santos


Em 20 de abril de 1997 o índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos dormia em ponto de ônibus em Brasília quando foi barbaramente assassinado. Um grupo de rapazes se aproximou do pataxó e ateou fogo em seu corpo. O índio morreu ali mesmo, com o corpo completamente queimado.

Aquele dia 20 de abril foi um ponto final para o índio Galdino.

Os quatro assassinos não teriam sido julgados e condenados se não fosse a repercussão e a pressão da opinião pública brasileira e de instituições internacionais da época. No entanto, todos eles receberam regalias em suas penas. Assim que foram encaminhados a prisão, os quatro jovens de “boa família”, não ficaram 24 horas detidos. Foram transferidos para uma biblioteca desativada, onde receberam regalias de “assassinos presos importantes”.

O julgamento foi um ponto-e-vírgula na história do judiciário brasileiro, dentre milhares que se seguem ano após ano.

Cinco anos após o assassinato do índio Galdino, um dos assassinos – Bruno Minervivo – prestou concurso público para o cargo de segurança. O edital deste concurso registrava 12 vagas e um salário de R$ 1.300,00 e exigido o ensino médio para tal função. Bruno, segundo o resultado final do concurso, ficou em 65º lugar. Logo após este resultado, misteriosamente as vagas subiram de 12 para 70 vagas. Em apenas 12 dias nas funções de segurança, Bruno foi promovido à dentista do TJDF, passando a receber o salário de R$ 6.600,00. Seu pai, presidente do TJDF, o juiz Edmundo Minervino, afirmou em entrevista que não tinha havido ato ilegal algum na nomeação de seu filho assassino.

A vírgula desta história fatídica, atípica e vergonhosa, fica para esta nomeação de um sujeito que de assassino julgado e condenado, passa a segurança e como num passe de mágica, torna-se dentista de um órgão importante como é Tribunal de Justiça.

O que podemos fazer? Em que ou em quem poderemos acreditar? – perguntaria alguém.

Eu honestamente creio que pouco nós podemos fazer. Mas, se o pouco fosse feito, muito se mudaria nesta cultura do “jeitinho brasileiro. A começar se nós falássemos, se nós usássemos as mídias para “berrar” a nossa revolta. É isso que faço agora: Berro!

- Se Bruno é tão bom assim, por que não fez concurso para o cargo de dentista?
- Por que aumentar o número de vagas exatamente para 70?
- Como estão se sentindo as outras pessoas que foram melhores colocadas que Bruno no concurso? Será que, algum dia na vida, estas pessoas vão ganhar R$ 6.600,00? E os outros profissionais que já estão trabalhando a mais tempo no TJDF?
- O que se pode esperar de um país que tem na sua justiça um juiz federal com esse comportamento?
- Que julgamento foi esse, que pena foi essa que o assassino cruel de uma pessoa já cumpriu, já foi solto e até teve tempo de fazer concurso e tudo?
- Assassinos podem fazer concurso público?
Todos nós poderemos fazer mil perguntas que podem e devem ter respostas. Não só respostas escritas de repúdia. Mas respostas efetivas, de ação, de consciência. É preciso que os bons (ou os que se dizem bons), unam-se na hora de votar em bandidos, ordinários e promíscuos politicos que circulam a nossa vida.
E o Judiciário está no mesmo caminho...
E agora, José?
Parece realmente que a justiça é uma grande vírgula intragante.

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