segunda-feira, 15 de março de 2010

Gravatá:




Valores Históricos

Para onde quer que nós olhemos, em todas as direções, Gravatá se revela em construções históricas, sabores e saberes, paisagens e poesias. São patrimônios vivos e inanimados de um lugar que nasceu da saga de um povo tipicamente ruralista e de identidade criativa.

Em 117 anos de emancipação Gravatá vem aprendendo a construir um amplo significado para a palavra cultura. O modo de fazer e de viver do seu povo vem se constituindo em um marco único no Agreste pernambucano. Desde que nasceu a partir de uma fazenda, Gravatá vem ampliando, dia após dia, o seu conceito de identidade: a identidade de Criadores de animais; identidade de Agricultores; Identidade de Artesãos; Identidade de Paladares.

Os valores, dos mais simples aos mais sofisticados, tem feito de Gravatá uma cidade recoberta de brilho através de valores pessoais intransferíveis, de valores imateriais que nenhuma parte do mundo seria possível encontrar. Todos os maiores e melhores valores de Gravatá estão em escalas subjetivas, no campo da afetividade onde o seu povo liga cada cidadão ao contexto dos valores históricos.


As contradições viram desafios


O nome Gravatá origina-se de uma planta, literalmente chamada de “Arbusto que Arranha”, além de outras corruptelas perdidas ao longo do tempo. Mais de um século depois dos primeiros desbravadores que transitavam pelo vale do Ipojuca e descansavam pelas terras da fazenda Crauatá, nosso município arranha os arbustos, os cipós e a sua natureza agrestina com uma devastação crescente de suas matas nativas, pela ação abusiva do homem que ocupa e usa o solo brejeiro de forma desordenada.

Em pleno século das revoluções tecnológicas, onde o mundo preocupa-se cada vez mais com a questão ambiental, da preservação das espécies, do controle das emissões de gases, ainda somos testemunhas de um crime validado pelo progresso. Estamos no ano internacional da biodiversidade e mesmo assim, maquinas, homens e a especulação imobiliária vem descaracterizando um lugar de natureza resistente e que se torna indefesa mediante a força bruta dos racionais imobiliários.

O nosso patrimônio arquitetônico ainda é menos agredido. Mas até quando não sabemos. São indiscutíveis os valores históricos para Pernambuco das diversas construções seculares que Gravatá possui. No entanto, pouco se tem feito para preservar a história dos casarios antigos.

O município é dono de um tesouro incalculável de bens materiais. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) atestariam, sem muito esforço, que Gravatá possui um significativo número de edificações que podem e devem ser tombados, levando-se em conta as suas funções histórica, social e cultural.

O site da Prefeitura de Gravatá (
http://www.prefeituradegravata.com.br/?pg=turismo_patrimonio) disponibiliza uma lista de prédios históricos que já deveriam estar tombados. A lista trás 21 bens materiais importantíssimos para a história de Gravatá. Destes, apenas dois estão protegidos por lei.

Segundo a Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) informa em seus registros que atualmente Gravatá possui apenas dois bens materiais tombados oficialmente. O primeiro é a antiga Cadeia pública de Gravatá – hoje Memorial de Gravatá (foto acima). O segundo é a Estrada de Ferro Recife-Gravatá. Já a Sede da Estação Ferroviária está ainda em processo de tombamento.

Educação Patrimonial

Evelina Grunberg afirma que Educação Patrimonial é o processo permanente e sistemático de trabalho educativo, que tem como ponto de partida e centro o Patrimônio Cultural com todas as suas manifestações. A mesma autora nos esclarece que o Patrimônio Cultural são todas as expressões que a sociedade e os homens criam e que, ao longo dos anos, vão se acumulando com as das gerações anteriores.

Partindo destes princípios, Gravatá poderia iniciar um processo de articulação entre as Secretarias de Educação, de Turismo e a de Meio Ambiente que viabilizassem ações voltadas para a divulgação, conservação, preservação e tombamento dos seus bens materiais.

Só é possível valorizar quando se conhece. As escolas do nosso município, através dos seus professores, podem dar o primeiro passo, promovendo passeios e trabalhos variados que permitam os alunos conhecerem e tornarem-se protagonistas de uma nova história de preservação e conservação do patrimônio de Gravatá.

Afinal, Gravatá não se resume a 117 anos de história de emancipação. Os seus valores, a sua identidade, a sua cultura e a sua natureza diversificada, precisam ser os maiores tesouros do seu povo. E este, é, para mim, o maior dos tesouros.

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