O Grande Colisor de Hádrons (LHC) bateu um novo recorde nesta terça-feira. O acelerador de partículas coseguiu produzir a colisão de dois feixes de prótons a 7 tera-elétron volts, criando uma explosão que os cientistas estão chamando de um "Big Bang em miniatura". O feito emocionou a equipe do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), que aplaudiu de pé o resultado da experiência assistida por pesquisadores do mundo todo via um link remoto.
O equipamento, cuja construção custou aproximadamente US$ 10 bilhões, retomou suas atividades em novembro. O LHC foi desligado nove dias depois de seu lançamento, em setembro de 2008, por problemas de superaquecimento. O reparo custou mais US$ 40 milhões.
Dez dias atrás, dois feixes de partículas começaram a percorrer, em direções opostas, o túnel oval, a uma energia de 3,5 tera-elétron volts, ou 3,5 bilhões de bilhões de elétron volts (três vezes maior do que o recorde registrado anteriormente).
"Estamos abrindo as portas para a nova física, um novo período de descobertas na história da Humanidade" - disse Rolf-Dieter Heuer, diretor-geral do Cern.
Prioridade é a 'partícula de Deus
Os cientistas esperam que o LHC lance luz sobre grandes mistérios do Universo. A principal motivação é identificar o bóson de Higgs, também conhecido como "partícula de Deus". Proposto em 1964 pelo escocês Peter Higgs, o bóson seria o responsável por dotar de massa tudo o que existe no Universo, transformando gases em galáxias, estrelas e planetas. A partícula também possibilitaria o surgimento da vida na Terra e, talvez, em outros locais do cosmos. Por isso há tanta expectativa de que o LHC forneça provas de sua existência.
Outra missão do Cern é encontrar evidências relacionadas à matéria escura, ou invisível, que seria responsável por cerca de 25% da massa do Universo. Apenas 5% do Cosmos reflete luz. Espera-se, ainda, que o LHC, em seus estimados 20 anos de vida, encontre provas reais da existência de energia escura, que representaria os 70% restantes do Universo.
As conclusões do experimento, no entanto, podem ingressar em um território hoje só explorado pela ficção científica, se comprovarem a existência de universos paralelos ou outras dimensões, além das cinco já conhecidas. E, também, se identificarem e detalharem alguma estrutura que seja anterior ao Big Bang.
O Brasil está entre os 85 países com representantes na equipe do LHC. Pesquisadores da Coppe/UFRJ atuaram em estudos de computação, calorimetria e filtragem de dados, além de construir circuitos para registro do choque entre prótons. A integração de cientistas possibilitou o desenvolvimento de tecnologias inéditas para diversos setores do projeto, como o processamento de sinais e a análise de dados.
O LHC recebeu muitas críticas, sobretudo devido a seu alto custo e seus defeitos. Ainda assim, o início da atividade do acelerador de partículas, cuja construção começou em 1994, foi cercada de grande expectativa.
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