quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A alfabetização, A Cidadania, A política





 
Não precisamos ser professores para saber que alfabetização é um processo que envolve o domínio amplo de compreensão e uso da linguagem, fatores que formam a base para a socialização. Em suma, alfabetização é a chave para uma boa formação como um todo.

A pedagoga, Maria do Rosário Leite Brito, 40 anos, nascida na cidade de Cachoeira - BA, em uma entrevista concedida ao Reverso, afirmou que “alfabetização é o domínio da leitura e da escrita, ou seja, o indivíduo deve compreender como funciona o uso da linguagem para poder desenvolver o seu nível social. Não se resume apenas no ato de ler e escrever, mas na capacidade de compreensão do indivíduo, interpretação e produção de conhecimento”.

O que a pedagoga diz é que, a partir do momento que você conhece o sistema, ler e escreve em qualquer situação, você está letrado. Se você é leitor, sabe escrever, você tem muita chance de evoluir, o que é necessário para todas as pessoas apresentarem-se diante da sociedade. As pessoas que tiveram boa educação, uma boa alfabetização, têm muito mais chances de se colocarem na sociedade e de obterem emprego do que outra que não tem. Então, é uma possibilidade de crescimento.

Em suma, ser alfabetizado é ter a capacidade de escrever, ler e interpretar aquilo que foi lido e escrito. Se você apenas é capaz de escrever, sem nenhum domínio lógico de sua escrita e linguagem, não será possível dizer que você está consciente do que produz. Ocorre o mesmo na leitura. Ler, simplesmente, não lhe dá a certeza de que você entende o que realmente está sendo dito, lido, o que foi escrito, seja por você, seja por outra pessoa.

As escolas que têm um corpo docente que compreende o valor da alfabetização como ferramenta indispensável para o pleno exercício da cidadania, sabem que não há outra forma de se avaliar o alunado. Vale recordar também que a premissa “será bom escritor se for um bom leitor” não deverá jamais ser desconsiderada, nem pelos alunos e muito menos pelos professores. Se eu, enquanto professor, sou um bom leitor, não tenhamos dúvida de que meus alunos me verão como modelo, como exemplo e, consequentemente, estarei estimulando-os para buscarem desbravar o universo da leitura.

No entanto, mesmo com esta certeza, a maioria de nossas escolas não se propõe a avaliar com tamanha rigidez, mesmo porque a maioria dos professores, em recente pesquisa, demonstrou que são péssimos leitores. Poucos colegas de profissão lêem mais de quatro livros por ano. Poucos têm gosto pela produção textual. E pasmem. Conheço professores que não se enquadrariam na classificação de “Seres Alfabetizados”, segundo os critérios que citamos acima.

Bem, se a escola não exige que os alunos leiam e escrevam bem, com qualidade, é provável que seus professores também não estejam aptos para avaliarem seus alunos, criando, assim, um círculo negativo no processo de alfabetização. E a questão da leitura e da escrita deixa de ser prioritariamente um instrumento de formação cidadã.

Assim, há uma imensa contradição no que se prega e no que se faz. O conceito básico que aponta o ser como alfabetizado fica descaracterizado e colocado como um modelo que um dia poderá ser seguido na íntegra. Por enquanto, vamos continuar ouvindo professores dizendo “é eu”, “a gente vamos”… E continuaremos lendo absurdos dos nossos alunos como “meus pé”, “tinha escrevido”, “eu não truci o livro”…



Além disso, fica evidente que o Brasil permitirá que casos como o de Tiririca seja modelo a ser seguido, mesmo a justiça dizendo que fora insatisfatório o teste de leitura, que durou cerca de 12 horas na sede do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), em São Paulo.

No TER, Tiririca fez um ditado tirado da página 51 do livro "Justiça Eleitoral - Uma retrospectiva", editado pelo tribunal. Ele teve que escrever: "A promulgação do Código Eleitoral, em fevereiro de 1932, trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral".

Tiririca também foi obrigado a ler o título e subtítulo de duas reportagens, uma sobre o Procon e outra sobre o filme de Ayrton Senna. Ele teve de fazer uma interpretação do que leu e escreveu. O deputado eleito se recusou a fazer uma perícia do documento que apresentou ao registrar a candidatura.

O presidente do tribunal lembrou que ninguém é obrigado a produzir uma prova contra si mesmo. De acordo com Guilherme, o comediante será diplomado, qualquer que seja o resultado. "Não se constatou nada que pudesse indeferir o registro de sua candidatura. Por isso, o seu registro foi considerado legítimo", afirmou.

A perícia levantou a suspeita de que a declaração de alfabetização não foi redigida pelo humorista. Tiririca admitiu ter recebido ajuda da mulher para escrever a declaração entregue à Justiça Eleitoral. Ele alegou que uma lesão na mão o impede de aproximar o dedo indicador do polegar. Segundo o juiz Silveira, que cuida do caso, a constatação da falsidade ideológica não depende da forma como o documento foi produzido, mas de seu conteúdo. O sigilo do processo foi suspenso parcialmente.

A informação é da Folha de São Paulo, DA (SPNEWS).





Salve o Brasil!

O país dos analfabetos: alunos, professores e políticos.



































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