sexta-feira, 20 de maio de 2011

Quem Falar e Escrever Corretamente Será Constrangido


"Tein gêntes qui teima em enchergar as coiza com mals óios. Só qué vê o lado negativo... Tanto barúio por nada, diria o tal de Uíliam Xeiquispire. Ora, gênte, o Pograma Nassional du Livro Didáutico, do Ministério da Iducação, ao distribuí a quase quinhentos mil istudante o livro ´Pur uma vida mió`, da coleção ´Vivê, aprendê`, mostra que a linguaje populá, ainda que com incorressões, faz, pense nisto, um brasil mas democráutico, mais fraterno, onde tôdus falarão a mesma língua.

Pense bem: que istória é essa de uns falá certo e outros falá errado? Isso num iziste.

Pense bem: que diferenssa fais você pegá os peixe ou pegá os peixes? O que vale mermo é pegá os bixo, assá e traçá tomandu um goró, né mermo?

Esses gramático das zelites inventaram essas diferenssas faz quinhentos ano, só para estabelecê uma pretença superioridade de uns sobre os zoutros, até na forma de sispressar...

Ora, ninguém precisa sispressar com palavras bonitas ou de dissionário para dizer o que sente. Pra que dissionário? Você diz peguei a jia ou a gia? O som é o mesmo. General ou jenerau? As istrelas são as mesma. Você joga chadrez ou xadrez? O que importa, se o tabuleiro é igual? Os italianos, aliás, nos dão uma lição, quando lembram que depois do jogo o rei e os peões vão para a mesma caixa.

Mais uma coiza nóis num intende: pruquê o Ministério da Iducação istimula a gente a falá assim tão livrimente, mas nas provas e avaliações ezigirá, sempre, a norma curta da língua?

De qualqué forma, o que importa é que, com a flexibilidade imposta ao portuguei, o Ministério da Educação faz desmoronar o conceito de que só há uma forma correta de falar. Em outras palavras, o governo, em mais uma espetacular demonstração de criatividade, acaba com o analfabetismo. Melhor dizendo, anaufabetizmo.


Abaicho os Anaufabeto

Marcelo Alcoforado


 


“Alexandre Garcia, comentarista da Rede Globo, é um homem visível. Eu posso não gostar do conteúdo dos comentários dele até os quarks da minha matéria, mas ele continuará mais visível do que eu. Aqui neste quarto solitário, querendo vestir a roupa de otário, apenas por que ele criticou a gramática dos operários.

Dom Garcia partiu para cima do MEC por causa de uma frase escrita num livro aprovado pelo ministério em que se dizia que não existem falares errados, apenas padrões diferenciados.

Eu achei um exagero a verve alexandrina, mas é típico da minha invejosa insignificância frente aos homens visíveis. O Alex acha que tem razão: a rapaziada de baixo está destruindo o país.

Como me disse um dia um professor ao defender um pensamento de Cícero - só em citar um romano da era latina já me humilha - o qual criticou o ensino universal por que só trazia a técnica do saber, mas não a sabedoria.

Isso me dizia o professor como a própria experiência viva da frase de Cícero: aos setenta anos com um cigarro aceso e chupando para os seus pulmões toda aquela fumaça enquanto fazia seu relato.

O grande Alexandre, muito mais poderoso que o da antiguidade, é uma Garcia de pessoa. Não se pode acusar o rapaz de ter qualquer vício. De linguagem, diga-se bem.

Parece que é gaucho e não tem qualquer dificuldade em fazer muxoxo com as diferenciadas flexões verbais, especialmente aquelas da segunda pessoa tão comuns lá na terrinha.

E isso tudo aconteceu meio num clima Bolsonaro. O deputado brigão. Aqui do Rio de Janeiro.

O furibundo, ou faz o tipo, abriu uma razia conta os homossexuais com tanta violência que expôs toda a sua fobia.

Resultado: estimulou os valentões a partir para uma linguagem tão violenta no tal do twitter (mas que passarinho mais escroto este) que provocou ondas explícitas de ódio na rede mundial dos computadores complacentes. Teve gente que prometeu a própria morte a ter que dar o que tem medo de dar e gostar.

Tão logo o Garcia, com a primazia de um Alexandre, esteve no palco avantajado da família Marinho, as classes médias brasileiras letradas se açularam iguais aos homofóbicos do Bolsonaro. Mas onde está o problema destes dois ícones? É que não faltam obtusos que pretendem passar uma borracha na realidade. Eliminar a realidade.

Alexandre, Bolsonaro e a turma do repete repete, devia mesmo é seguir a lição de Cícero (aquela que busca a sabedoria). A sabedoria pode saber tirar proveito da realidade, jamais excluir a realidade.

Pois então moçada pedrigee, cheia de frases em inglês, com um caminhão de entrecortadas frases e pensamentos, tome a cicuta da realidade: vocês já não estão mais a sós.

Existe um bando de nós no salão de vocês. Um estridente de risos a estimar tuas gaiolas de ouro. O Alexandre e o Bolsonaro apenas foram pego se escondendo enquanto estavam visíveis."


A Semana do Ditoso Alexandre Garcia

José do Vale Pinheiro Feitosa



"Ministério da Educação está mais uma vez metido em maus lençóis. Agora, o mais novo objeto de desatino é um livro didático contendo erros grosseiros de Português, que ironicamente tem o título ´Por uma vida melhor`. O conteúdo valida expressões como ´os livro`, ´nós pega o peixe` e ´os menino pega o peixe`.

Em todo o País, o livro chegará às mãos de 485 mil estudantes, jovens e adultos, de 4.236 escolas. O pior é que o MEC se recusa a admitir o erro e a retirar o livro de circulação, chegando ao desplante de dizer que a "obra" foi revisada por professores universitários.

Assim, fica difícil desenvolver o intelecto de boa parcela da população, aliás, grupo do qual fazem parte os excluídos, frequentadores de escolas públicas, aqueles que mal sabem ler e escrever. Os chamados analfabetos informais agora terão formalizada a falta de conhecimento e o mau uso da gramática.

É o modo como a elite brasileira vê os carentes que dependem do governo para ter acesso aos direitos básicos do cidadão.

Sem uma qualificação educacional, os empregos que exigem aprimoramento permanecem com suas vagas ociosas sem ter ninguém em condições de preenchê-las. É o Brasil, descendo a ladeira..."

Nóis vai mal...

Coluna Reginal Marshall - Diário do Nordeste

 
 
 
Teoria da conspiração

Poderíamos encerrar por aqui, deixando que você tirasse suas próprias conclusões. Mas se faz imperativo transcrever antes, na íntegra, o último texto, um artigo de fundo, portanto o primo-editorial da jornal Diário do Nordeste, de Fortaleza, de 19 de maio passado, que faz uma avaliação equilibrada do ponto de vista ideológico, já que algumas opiniões acusam radicalmente a manobra do MEC como político-ideológica.

Onde ele cita o professor Olavo de Carvalho, ao explicar o que seriam as verdadeiras razões que levaram o MEC a aprovar os livros que fazem a apologia ao erro.

“Sem dúvida, diz ele “trata-se da maior vigarice intelectual dos últimos anos, neste que é o país da fraude. Mas atenção! Isso não é apenas burrice; esta má-fé tem método, meus senhores! Palavras do professor:

“Não há instrumento de controle social mais eficiente do que a imposição de novas normas de linguagem, que limitam o pensamento e modelam a conduta das multidões e mesmo das elites sem que estas ou aquelas, no mais das vezes, cheguem sequer a perceber que estão sendo manipuladas.

Nas altas esferas do movimento comunista, o emprego desse instrumento foi adotado como estratégia prioritária de guerra cultural para a destruição da civilização do Ocidente desde pelo menos a segunda década do século XX, entrando numa etapa de aplicação maciça, em escala mundial, a partir dos anos 60.

Hoje em dia, o controle esquerdista do vocabulário é um fato consumado, e aqueles que riam dele vinte anos atrás são os primeiros a submeter-se à autoridade postiça que prescreve limites à sua liberdade não só de expressão, mas até de pensamento.

Mudar o valor e o peso das palavras é determinar, de antemão, o curso dos pensamentos baseados nelas e, portanto, das ações que daí decorram.

Quem quer que consinta em adaptar seu discurso às exigências do ‘politicamente correto’, seja sob o pretexto que for, cede a uma das chantagens morais mais perversas de todos os tempos e se torna cúmplice do jogo de poder que a inspirou”.




Então, senhor ministro?

Educação linguística deve ser fiel à Gramática ou aos ideólogos do partido que querem se perpetuar demagogicamente no poder, através da educação e cultura? Sou eu que pergunto, sr. Fernando Haddad. De muitas outras formas, como no artigo abaixo do Diário do Nordeste, é a pergunta que todos os brasileiros que amam a sua lingua fazem neste momento.

Desserviço à educação
Publicado em 19 de maio de 2011 – Diário do Nordeste

"Apresenta várias nuances a polêmica travada em torno do livro didático ´Por uma vida melhor`, da coleção Viver e Aprender, distribuído a quase meio milhão de estudantes pelo Programa Nacional do Livro Didático, com erros gramaticais.

Embora aflore, como pretexto, o chamado preconceito linguístico em torno do choque entre a norma culta da Língua Portuguesa e a linguagem popular, revela aspectos mais graves da crise que pesa sobre a educação básica, com destaque para a Língua Pátria.

O grave nessa questão é o clima desencadeado pela obra e suas consequências perniciosas, reconhecidas e apontadas por professores, escritores, gestores escolares e pessoas de bom senso, e a posição do grupo restrito de escritores de livros didáticos sob encomenda da editora para a ONG Ação Educativa, nele incluída a autora da obra polêmica. Há também outra agravante: há 30 anos, pelo menos, livros didáticos, eivados de erros, estariam circulando nas escolas públicas.

A própria autora de "Por uma vida melhor", professora Heloísa Ramos revela: ´O livro é fruto da minha carreira. Escrevi o que já havia praticado.` Em síntese, ela pretende difundir, como válido, o uso da língua popular, sem excluir seus erros gramaticais. Os seguidores da corrente da linguagem coloquial pretendem substituir a classificação de certa ou errada por adequada ou inadequada.

A diversidade na cultura brasileira produziu, pelo menos, oito subculturas distintas. Serviu como paradigma o dialeto caipira, corporificado por Amadeu Amaral. Por esse critério, o País contaria com as subculturas gaúcha, paulista, carioca, mineira, baiana, cearense, maranhense e amazonense, todas com cosmovisão, ethos, indumentária, gastronomia e falares distintos. Nesses complexos culturais, há uma linguagem oral distinta da escrita, incorporando os regionalismos típicos.

Mas nem assim, há impedimentos para se nivelar a linguagem oral ao código escrito da língua culta. A diferenciação entre a linguagem oral e a linguagem escrita é consequência da falta de escolaridade.

O Brasil não logrou sucesso, até hoje, em nenhuma de suas campanhas de alfabetização de crianças, jovens ou adultos. Quando universalizou a matrícula da escola fundamental, viu cair a aprendizagem.

Na escola regular, as deficiências no ato de aprender a língua culta decorre do abandono dos métodos pragmáticos de outrora, quando havia uma carga obrigatória de leitura, do ditado e da descrição nas séries iniciais do ensino fundamental, aliados à tabuada.

A pedagogia dispõe no presente de meios para absorção dessas noções elementares, porém, distantes de seu emprego, por conta da pobreza predominante na escola pública, onde o único recurso existente é o quadro de giz.

Essa obra didática que conflita com a norma culta da língua, exigida de todos os brasileiros, foi distribuída para jovens e adultos, matriculados entre o 6º e o 9º ano do ensino fundamental.

Como a rede oficial tem seu planejamento baseado na norma culta, esse livro veio para confundir, desservir, desorientar e alimentar conflitos.

Refugá-la é proteger a língua nacional e estimular sua aprendizagem.

 
 
“Nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
 
 
Os erros gramaticais são apenas alguns encontrados no livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver, Aprender – adotado pelo Ministério da Educação (MEC) e distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA) a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”.

Publicado pela Editora Global, o livro apresenta frases erradas e explicações para cada uma delas, como forma de ensinar a maneira correta de falar e escrever. Você pode estar se perguntando:

‘Mas eu posso falar ‘os livro’?’

Claro que pode.

Mas fique atento, porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico, diz um dos trechos.

 

Correto e adequado


Em nota divulgada pelo Ministério da Educação, a autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.”

“Como se aprende isso? Observando, analisando, refletindo e praticando a língua em diferentes situações de comunicação”, acrescenta a autora em seu texto.

Heloisa também afirma que o livro tem como fundamento os “documentos do MEC para o ensino fundamental regular e Educação de Jovens e Adultos(EJA)”. Segundo ela, a obra leva em consideração as matrizes que estruturam o Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Encceja).

Procurada pela reportagem, a Editora Global informou, por intermédio de sua assessoria, que é a responsável pela comercialização e pela produção do livro, mas não pelo seu conteúdo.





ESTOU MUITO PREOCUPADO COM A SITUAÇÃO DOS PROFESSORES, PROFISSIONAIS EM GERAL, PESSOAS COMUNS, ENFIM, TODAS AS PESSOAS QUE FALAM E ESCREVEM CORRETAMENTE. PODEREMOS SER CONSTRANGIDOS POR SEGUIRMOS, BASICAMENTE, A NORMA CULTA, A NORMA CORRETA DA NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, FREQUENTEMENTE DESRESPEITADA POR MUITOS.

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