Parece absurdo, mas, em plena era das novas tecnologias na Educação, num momento histórico impulsionado pela globalização, ainda é preciso se fazer este tipo de pergunta. A pergunta parece está fora do contexto. Será?
Rui Barbosa disse que "falar e escrever corretamente é dever de todo cidadão". Cem anos depois, a frase de um dos maiores cérebros brasileiros, está totalmente atualizada, haja vista que empresas públicas e privadas estão cada vez mais preocupadas com o vocabulário dos seus funcionários.
Outro dia, numa sala de aula da 8ª série, reclamei com um aluno que disse: “é eu!” Na mesma ora o orientei. De pronto ele me retrucou: “Tem professor que fala mais errado do que eu, viu professor Ricardo?” Devo confessar que ele tem razão e vocês sabem que sim.
Quem não conhece professores que falam frases do tipo “a gente fizemos” em reuniões, capacitações e em conversas informais? Quem já não leu uma frase num blog ou num site onde são desconsideradas regras básicas de concordância verbal? Escrever é tarefa perigosa, mesmo para quem conhece as convenções da escrita e os mais sutis caminhos que levam ao “certo” ou ao “errado”.
Não sou professor de Português, como é sabido. Tampouco faço parte do grupo de professores “gramatiqueiros” que defendem o ensino da língua como transmissão e fixação das regras, até porque a tendência atual é outra. Considero também que muitos professores põem à parte a gramática normativa, alguns por considerá-la um fardo muito pesado para colocar aos ombros dos alunos, outros porque a desconhecem.
No entanto, creio ser imprescindível que todo professor, independente da sua formação acadêmica, conheça noções básicas de sua língua materna, organize suas idéias de forma clara, simples e, acima de tudo, correta. Adoniran Barbosa escreveu: “Pra falar errado é preciso saber falar errado”. Ironias a parte, o que defendemos é a imagem dos profissionais que lidam com gente, com formação, com educação.
A verdade é que dominar a língua portuguesa é muito difícil. Cheia de regras - nem sempre precisas - não há quem, por mais gabaritado, que não tenha cometido deslizes ao falar ou escrever. O próprio leitor, por exemplo, no final da leitura desta matéria, pode encontrar algum deslize meu. Contudo, estou certo de que dominar a própria língua é uma das maiores qualidades de um profissional, tanto da Educação, como da Comunicação.
Aproveito e deixo aqui uma pequena orientação que aprendi com o Mestre Pasquale Cipro Neto, que se notabilizou pela maneira objetiva e direta de combater erros e cacoetes e esclarecer dúvidas por meio do programa "Nossa Língua Portuguesa", da TV Cultura. Vejamos:
Dedicar-se à leitura diária - Escrever bem sem ler é praticamente impossível. Recomenda-se ler autores de qualidade e um jornal por dia, uma revista por semana e um livro por mês.
Escrever, mesmo com dificuldade - Deve-se escolher uma notícia veiculada pelo rádio ou pela televisão e dar a opinião por escrito, mostrando depois para os colegas.
Consultar dicionários, livros do tipo "Tira-Dúvidas" e Manuais de Redação- Não se deve perguntar como se escreve determinadas palavras. Pode ser que as pessoas consultadas também não saibam.
Assistir e ouvir documentários e programas jornalísticos - São ótimos para ampliar os conhecimentos gerais.
E, pra finalizar, um alerta irônico:
Tem professor que não sabe ainda a diferença entre “falar informalmente” e “falar erradamente” quando estão diante de colegas. Quanto maior é o cargo de um sujeito, mais ele deve ter o cuidado quando coordenarem reuniões, ministrarem palestras ou simplesmente levantarem a voz para registrar suas observações.
Cuidado.
A nossa Língua Agradece.
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