quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Música e a Literatura na Minha Vida


Hoje vou ler música ao som de um livro. Isso mesmo! Vou deixar que imagens criadas pela canção misturem-se às harmoniosas e ritmadas sonoridades das frases que dançam sobre as páginas. Som será palavra, palavra será som e tudo será arte.



Quem consegue, de fato, enxergar a fina linha que separa a Música da Literatura? Ainda não descobri se Guimarães Rosa é um grande escritor que faz melodias com as palavras ou um grande músico que cria textos exuberantes com os ritmos.



Talvez seja ambos. Será que leio os discos de Chico Buarque ou ponho no tocador os seus livros? Talvez seja necessário fazer os dois. Alguém por acaso saberia dizer onde consigo encomendar todos os “longplays” de Machado de Assis? E os romances de Pixinguinha?



Caetano Veloso já, divertidamente, relatou em uma de suas canções: “Minha música vem da música da poesia de um poeta João que não gosta de música; Minha poesia vem da poesia da música de um João músico que não gosta de poesia”. Onde, então, procurar as lindas sinfonias de João Cabral de Melo Neto e onde adquirir as impressionantes obras literárias de João Gilberto?



Ouvir O Guarani de José de Alencar ou ler O Guarani de Carlos Gomes? Talvez seja melhor ler e ouvir sem se deter nas fronteiras artificiais que separam as notas musicais das palavras. Assim tudo fará mais sentido. Inúmeros poetas/maestros e inigualáveis maestros/poetas.



Todos eles do tamanho da beleza de nossa língua e do encanto incomparável de nossos ritmos. O romance, o samba, o conto, o choro, a poesia, a sinfonia, a prosa, a ópera, a letra, a nota, todos reunidos no mesmo altar de excelência. Bonito de ler, bonito de ouvir.



Andando de mãos dadas, Música e Literatura Brasileiras encantam por todos os cantos por onde passeiam. Os tais maestros/poetas sonham seus discursos e seus concertos entre ritmos e palavras de singela complexidade e complexa singeleza.



É o plano etéreo onde Jorge Amado abraça Cartola, Graciliano Ramos corteja Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim papeia com Drummond e Noel Rosa comenta o jogo de domingo com Nelson Rodrigues.



Só cabe a nós admirar essa genial confraternização de sons e palavras e torcer para que esses respingos poético-musicais sempre continuem atingindo em cheio nossos olhos, ouvidos, mente e coração.

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