Professora Sunamita em sua antiga escola. Vê-se apenas abandono onde antes havia um grande pomar com várias hortaliças.
Foto: Ricardo Vieira.
* Por Sunamita Oliveira.
Era uma vez uma professora que acreditava que o ensino público poderia ser tão bom quanto o das escolas particulares, e certo dia, procurou colocar em prática um projeto que havia elaborado havia algum tempo: criar uma horta orgânica ao lado da escolinha onde trabalhava.
A idéia da professora tinha dois objetivos bem definidos: primeiro era o de despertar nos alunos e na comunidade escolar a consciência da necessidade de se preservar o meio ambiente. O segundo era promover uma mudança gradual nos seus hábitos alimentares, garantindo-lhes qualidade de vida.
Não bastasse a coragem de cogitar tal idéia, havia ainda outro obstáculo a ser superado: como desenvolver um pomar, um canteiro de hortaliças em um solo salinizado? Foi com base nos quatro pilares da educação para o século XXI pensadas por Jacques Délors, que são aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser, que conseguimos tal feito, especialmente quando aprendemos a conhecer.
Com ajuda da comunidade e cooperação de algumas pessoas que compunham o poder político de seu país naquela época, a professora, em pouco tempo, transformou uma paisagem desoladora típica da caatinga, em uma visão inspiradora, em algo verdadeiro e promissor, como acreditava ela, a educação deveria ser.
As Palmas (plantas típicas da caatinga, que alimentam o gado) foram sendo substituídas por ALFACE, BETERRABA, CENOURA, RÚCULA, BROCÓLIS, MILHO, BERINJELA, COUVE, RABANETE, COENTRO... E o que parecia loucura e utopia, transformou-se num respeitável celeiro multicolorido que enriqueceu a merenda dos alunos, como também beneficiou os pais que ajudavam na manutenção da horta.
Esse trabalho proporcionou cenas inusitadas, como por exemplo, crianças de três anos comendo rabanete na salada, e mudanças de comportamento consideráveis, especialmente se partirmos do princípio de que crianças têm a fama de não gostar de verduras e hortaliças. Durante três anos, a qualidade de vida dos alunos, no que concerne à alimentação melhorou consideravelmente, assim como de seus familiares.
As mães da comunidade escolar receberam treinamento, orientação de como usar e preparar os alimentos de forma integral utilizando cascas, talos, folhas, etc. e os alunos por sua vez traduziam o que todos já ouviram falar: “Quem vai para a escola tem fome de aprender, desde que não tenha fome de fato.”
Um trabalho que tinha tudo para ser expandido, esbarrou na arrogância de “um rei mal coroado, que não queria o amor em seu reinado, pois sabia que não iria ser amado...” O que deveria ser um conto com final feliz para todos, acabou sendo vencido pelo ervas daninhas da falta compromisso com o ser humano, com a Educação, com o desenvolvimento, com o planeta em que vivemos.
A professora continua tendo sonhos. Muitos sonhos. A professora acredita que ter sonhos, mesmo aqueles que sofrem a ação maléfica do mundo, é sentir-se vivo em plenitude. Ela segue parodiando a ironia feita por Maquiavel “a mediocridade e o anonimato são a melhor escolha... o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”.
A professora continua acreditando que há alternativas dignas de construção social, política, religiosa e cultural, independente do “rei”, pois seus sonhos são maiores que os limites humanos. Ela ainda crê nas comunidades, acredita ainda nos homens de boa vontade. Acredita que poderemos um dia dizer, como num conto de fadas:
“E foram felizes para sempre...”
*Sunamita Oliveira
Educadora da Rede Municipal de Ensino – Gravatá.
Estudante de Psicologia.
Era uma vez uma professora que acreditava que o ensino público poderia ser tão bom quanto o das escolas particulares, e certo dia, procurou colocar em prática um projeto que havia elaborado havia algum tempo: criar uma horta orgânica ao lado da escolinha onde trabalhava.
A idéia da professora tinha dois objetivos bem definidos: primeiro era o de despertar nos alunos e na comunidade escolar a consciência da necessidade de se preservar o meio ambiente. O segundo era promover uma mudança gradual nos seus hábitos alimentares, garantindo-lhes qualidade de vida.
Não bastasse a coragem de cogitar tal idéia, havia ainda outro obstáculo a ser superado: como desenvolver um pomar, um canteiro de hortaliças em um solo salinizado? Foi com base nos quatro pilares da educação para o século XXI pensadas por Jacques Délors, que são aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser, que conseguimos tal feito, especialmente quando aprendemos a conhecer.
Com ajuda da comunidade e cooperação de algumas pessoas que compunham o poder político de seu país naquela época, a professora, em pouco tempo, transformou uma paisagem desoladora típica da caatinga, em uma visão inspiradora, em algo verdadeiro e promissor, como acreditava ela, a educação deveria ser.
As Palmas (plantas típicas da caatinga, que alimentam o gado) foram sendo substituídas por ALFACE, BETERRABA, CENOURA, RÚCULA, BROCÓLIS, MILHO, BERINJELA, COUVE, RABANETE, COENTRO... E o que parecia loucura e utopia, transformou-se num respeitável celeiro multicolorido que enriqueceu a merenda dos alunos, como também beneficiou os pais que ajudavam na manutenção da horta.
Esse trabalho proporcionou cenas inusitadas, como por exemplo, crianças de três anos comendo rabanete na salada, e mudanças de comportamento consideráveis, especialmente se partirmos do princípio de que crianças têm a fama de não gostar de verduras e hortaliças. Durante três anos, a qualidade de vida dos alunos, no que concerne à alimentação melhorou consideravelmente, assim como de seus familiares.
As mães da comunidade escolar receberam treinamento, orientação de como usar e preparar os alimentos de forma integral utilizando cascas, talos, folhas, etc. e os alunos por sua vez traduziam o que todos já ouviram falar: “Quem vai para a escola tem fome de aprender, desde que não tenha fome de fato.”
Um trabalho que tinha tudo para ser expandido, esbarrou na arrogância de “um rei mal coroado, que não queria o amor em seu reinado, pois sabia que não iria ser amado...” O que deveria ser um conto com final feliz para todos, acabou sendo vencido pelo ervas daninhas da falta compromisso com o ser humano, com a Educação, com o desenvolvimento, com o planeta em que vivemos.
A professora continua tendo sonhos. Muitos sonhos. A professora acredita que ter sonhos, mesmo aqueles que sofrem a ação maléfica do mundo, é sentir-se vivo em plenitude. Ela segue parodiando a ironia feita por Maquiavel “a mediocridade e o anonimato são a melhor escolha... o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”.
A professora continua acreditando que há alternativas dignas de construção social, política, religiosa e cultural, independente do “rei”, pois seus sonhos são maiores que os limites humanos. Ela ainda crê nas comunidades, acredita ainda nos homens de boa vontade. Acredita que poderemos um dia dizer, como num conto de fadas:
“E foram felizes para sempre...”
*Sunamita Oliveira
Educadora da Rede Municipal de Ensino – Gravatá.
Estudante de Psicologia.
0 comentários:
Postar um comentário