A naturalidade é o grande trunfo de Alec, que fala do que conhece, leva jeito para escrever e é engraçadinho. Desde que não se espere de seus livros nada além do que um menino muito esperto de 10 anos é capaz de produzir – quem esperar mais pode ir direto ao melhor livro de autoajuda sobre comportamento amoroso jamais escrito, As Relações Perigosas.
Como no romance epistolar do fim do século XVIII, de Choderlos de Laclos, o principal conselho de Alec é não demonstrar interesse excessivo pelo alvo em potencial da conquista para não tirar o sabor de emoção e de incerteza do processo todo. Considerações recheadas de bom senso se misturam a estatísticas que, modesto, avisa, "se baseiam nas minhas observações na escola; não têm alcance global". Entre elas: "Cerca de 73% das meninas normais dispensam os meninos; 98% das meninas bonitas dispensam os meninos".
A imagem de bom menino do interiorzão americano é outra vantagem de Alec, que doa parte do que ganha com os livros a uma fundação de pesquisa sobre câncer, em memória da avó, vítima da doença. O restante é administrado pelos pais – um empresário do ramo de guarda-volumes e uma dona de casa que, além do mais velho, Alec, têm mais dois filhos (o do meio, evidentemente, já pensa em escrever um livro).
Em Castle Rock, Alec leva vida normalíssima para a idade: é bom aluno, vai passar as férias de verão na Flórida, gosta de jogar beisebol, sonha em conhecer a Casa Branca – nenhum convite até agora –, não liga para videogame, pouco vê TV e é fã de Harry Potter.
"Eu fiquei mais conhecido aqui, mas não sou nenhum Justin Timberlake. Nem adulto eu sou ainda", releva.
O sucesso literário não impressiona os coleguinhas:
"Não fiquei muito mais popular na escola. Perguntam como é aparecer na televisão e conversar com pessoas do mundo inteiro, mas não ganhei mais amigos por isso".
E como é aparecer na TV?
"Minha mãe me ajuda a escolher a roupa e eu treino com ela possíveis perguntas e respostas. Fico meio nervoso, mas todo mundo é muito legal comigo", responde.
Sobre relacionamentos, fora as observações da hora do recreio, ainda se mantém no ramo teórico.
"Nunca tive namorada. Acho que é porque sou muito novo. Meus pais ainda não me deixam sair para encontros", diz. "Mas, quando eu tiver 16 anos, vou encontrar alguém." De preferência, uma menina de cabelo liso, a única exigência que confessa, embora avise: "Se ela for muito legal, até pode ter cabelo cacheado".
Surpreendentemente, não pretende ser escritor quando crescer. Quer ser arqueólogo – com bastante tempo para namorar e escrever livros, claro.
FONTE: Revista Veja
Matéria Escrita por: Suzana Villaverde
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