domingo, 21 de junho de 2009

VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO? QUANDO? ONDE? COMO?



O inciso V do artigo 206, da Constituição Federal de 1988, refere-se à valorização dos profissionais do ensino. Aqui, vale salientar que a Constituição cuida, preponderante, dos profissionais do ensino público. Vale salientar que que o inciso não se refere aos professores, mas aos profissionais do ensino. Ora, a estes profissionais são garantidas três prerrogativas:

a) Planos de carreira para o magistério público
b) Piso salarial profissional
c) Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos.



Temos percebido que o nosso ofício tem se tornado um simples bico, um ganho avulso, um passatempo ocasional, uma mera viração, um emprego subsidiário e, conseqüentemente, nada rendoso. A tarefa de educar, mesmo sendo através de concurso reconhecido, tem sido banalizada em sua importância. Parece que “qualquer um” pode ser professor. E o que acontece?

Muitas vezes escutamos, no meio escolar ou familiar, professores a dizer que o magistério é uma carreira simples, que não precisa se estudar, se preparar. Ora, ser educador não é tão simples assim. É uma carreira que exige muito esforço, muito compromisso, muita dedicação, muito estudo. Como carreira, o magistério, para o verdadeiro profissional do ensino, é um modo de vida, é sua profissão, é, acima de tudo, uma missão das mais honrosas.

Tal visão retrógrada da profissão faz com que muitos políticos se esqueçam de também valorizarem a figura do educador. A premissa de que qualquer profissional da face da Terra precisou de um professor é constantemente esquecida pelos poderes públicos. Para nós, a tarefa do Poder Público é fazer a ordenação, através dos planos de carreira para o magistério público, a ordenação dos cargos a partir das titulações acadêmicas (graduados, especialistas, mestre, doutores, pós-doutores).

Quando isso não ocorre, pagamos um preço alto. Ao lado de uma visão missionária, o professor do mundo atual, precisa ser bem remunerado pelo trabalho que desempenha. Outro dia ouvi uma pessoa dizer que se arrepende muito ter feito o curso de Letras e exercer a carreira de professor. Isto porque a sua amiga de infância, hoje fonoaudióloga, ganha uma média de R$ 150,00 por dia, em dois vínculos empregatícios.

É triste. Mas é verdade e justa a revolta da professora. Dias atrás eu mesmo reclamava da vida porque havia estudado tanto e não conseguia entender porque vereadores analfabetos ganham tanto em tão pouco tempo e se aposentam muito antes do que um professor no efetivo exercício de sua função.

A valorização do profissional do ensino é a primeira providência para transformar o profissional do ensino para evitar a perda de sua dignidade e identidade profissional. O profissional do ensino não pode ser considerado, no mercado escolar, como uma simples mercadoria, como um meio político de conseguir votos, como fetiche de joguetes sórdidos de uma gestão pública.

Tal situação ronda muitas cidades do Brasil. E o que mais entristece é o fato de que não somos uma classe de profissionais reconhecidos e em nada somos corporativistas, como ensinam os profissionais da saúde, em especial, os médicos. Pelo contrário, somos extremamente egoístas do ponto de vista coletivo e completamente imediatistas quando se refere a reajuste salarial.

Quando um professor se destaca ao fazer reivindicações para a categoria, logo é chamado a ocupar cargo de “diretor de ensino”, “supervisor”, “coordenador”, “diretor escolar e vice” ou outro cargo alusivo ao interesse pessoal. Ou seja, são os profissionais que se vendem por quatro ou oito anos ao gestor municipal. É uma prática muito comum em 99,9% das prefeituras brasileiras.

Sindicatos e sindicalistas ganham status de poder e são levados obrigatoriamente às mãos do executivo. Uns ganham bolsas de estudos, outros regalias profissionais ou simplesmente se contentam em receber esmolas que variam entre R$ 50, e R$ 200, mensais para ficar quieto e contra os seus próprios colegas e conquistas futuras. É o chamado “cala a boca” que faz um bem danado pra quem cala...

Será que o senso comum de classe não chegará um dia ao entendimento do que se refere o inciso V do artigo 206, da Constituição Federal? Ou seja, não chegará o dia em que não precisaremos ver colegas de profissão sem venderem por tão pouco, virando as costas para a sua própria categoria? Será que não conhecemos gestores públicos que valorizem o professor, não só do ponto de vista da remuneração como também pela sua formação, pelo sem emprenho, pela sua entrega a causa da Educação?

Vivemos em uma das maiores democracias do mundo e em um dos piores sistemas educacionais do planeta. Tal contradição explica porque ainda não temos o direito de elegermos o diretor e o vice-diretor escolar. É vergonhoso para um profissional ocupar um cargo que não lhe pertence de fato e de direito. E mais vergonhoso ainda é saber que nós somos vistos como profissionais de custo muito barato...



Ademais, ficam três perguntas referentes às prerrogativas citadas acima:


Para que temos um plano de cargos e carreiras?



Para que temos um piso salarial nacional?



Para que fazermos concursos e nos dipormos a provas de títulos?

3 comentários:

Caro colega,
Eloquentes e sábias palavras. Reitero-as apenas com uma menção de que muitos dos atuais cargos de confiança da educação de Gravatá, para completar a tragédia, adquiriram diplomas COMPRADOS, com cursos que em nada capacitam para a atuação a qual foram dispostos!! Pela primeira vez em 10 anos, não haverá 13 salário para os funcionaŕios da educação que, têm seu repasse garantido todo dia 20. VALORIZAÇÃO, RESPEITO, PROGRESSO! Dizem pr aí que é por amor!!!

Concordo com tudo que foi dito. E em relação aos vereadores analfabetos é um reflexo que não existe democracia nessa cidade e sim o que existe é um " quanto tu quer"$$$$$$$ Em relação aos cargos de confiança da educação é apenas mais um, temos varias pessoas que prestaram concurso público para serviços gerais e hoje ocupam cargos de confiança em toda as secretárias! ( Mais tenho certeza que isso está perto de acabar.) E muita gente vai ter que ocupar o seu verdadeiro cargo de confiança mais com a vassoura! isso é claro com todo respeito possível pelos profissionais desse campo.

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