Editorial do jornal A Folha de São Paulo, 2/6/2009.
A PUBLICIDADE oficial, em todos os níveis da administração, não raro é empregada em benefício pessoal do ocupante do cargo. Sob a desculpa de prestar contas à população e divulgar iniciativas de interesse público, serve de ordinário ao propósito de lustrar a imagem do governante.Não é outra a razão para tais gastos aumentarem em período pré-eleitoral, como agora, a mais de um ano do próximo pleito.
A PUBLICIDADE oficial, em todos os níveis da administração, não raro é empregada em benefício pessoal do ocupante do cargo. Sob a desculpa de prestar contas à população e divulgar iniciativas de interesse público, serve de ordinário ao propósito de lustrar a imagem do governante.Não é outra a razão para tais gastos aumentarem em período pré-eleitoral, como agora, a mais de um ano do próximo pleito.
O presidente Lula apenas dá continuidade à tradição. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) prevê gastar em 2009 R$ 155 milhões, 26% mais que o orçado para 2008.A fatia da Secom, porém, representa só 10,6% do gasto total com publicidade das administrações direta e indireta: a fatura toda foi de R$ 1 bilhão em 2008, dentro da média do governo Lula e próxima da observada nos cinco últimos anos de FHC (R$ 957 milhões, em valores corrigidos).
Na trilha do aumento segue também o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com dispêndio total de R$ 227 milhões (mais 44%) neste ano. O prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), que não se declara candidato em 2010, deu salto de 134%, para R$ 79 milhões.Lula inova, no entanto, ao pulverizar esse dispêndio posto sob controle direto do Planalto por iniciativa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas que terminou por beneficiar seu sucessor (antes, campanhas de interesse da Presidência eram encomendadas a ministérios ou estatais).
Desde o primeiro ano do governo Lula, multiplicou-se por mais de dez o número de veículos regados com o maná presidencial: de 499 em 2003 a 5.297 em 2008.É mais que óbvio o poder de alavancagem eleitoral da distribuição entre veículos locais e regionais.
Quanto menor o órgão de imprensa e mais afastado dos mercados competitivos, tanto mais vulnerável à dependência de anúncios estatais.Pulverizar ou concentrar o gasto, por outro lado, constitui só uma estratégia.
O absurdo está na existência dessa verba para autopromoção. Enquanto o contribuinte não reagir, seu dinheiro continuará a ser desperdiçado para ludibriá-lo, ainda que a pretexto de esclarecê-lo.
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