domingo, 11 de julho de 2010

A CULPA FOI DE MICK JAGGER


Por
Lucivânio Jatobá


A população brasileira desespera-se. O time estava ganhando. 1x0 era o placar. Quase uma hora antes, impossível dirigir pelas ruas das grandes e médias cidades do país. Engarrafamentos colossais, gritos, nervosismo, buzinas estridentes, vuvuzelas insuportáveis nas casas, bares e apartamentos... quase uma histeria coletiva. Parecia que uma guerra ía ter início e se fazia necessário chegar em casa.


O Brasil vencia por 1X 0. Médicos faltaram plantões nos hospitais. Enfermeiros “esqueceram” dos plantões. Professores deixaram de ministrar as aulas. Padarias fecharam. Supermercados esvaziaram-se. Policiais deixaram seus postos de trabalho. Até os bandidos suspenderam as suas atividades "laboriais"...para assistir ao jogo.


O Brasil estava na por 1 x 0. Dona Maria, na esquina da rua, faturava com a venda do "churrasquinho de gato" e de tapiocas. Seu "Antonho", apesar da truculência que lhe é peculiar e o mau humor perpétuo, vendia mais cerveja , enquanto a galera gritava : Vai, Robinho! Vai Robinho...!!!! E seu "Antonho" la´ dentro do boteco felicíssimo ( com a vitória ou com o lucro? Quem sabe...?).


O Brasil ganhava de 1X 0, e todo mundo na sala daquele apartamento já arriscava o palpite: a Final será Brasil X Alemanha. Mas eis que de repente, não mais que de repente, o locutor da transmissão do jogo pela TV anuncia: "olha lá, olha lá!!!! É o Mick Jagger que está no estádio, com seu filho, torcendo pelo Brasil!" E surge na telinha a imagem do ancião, taciturno, face enrugada, olhando Robinho e Kaká , os muito bem-pagos jogadores, de salto alto, trocando passes...


Pronto, pensei com minha memória RAM: " danou-se! O Brasil vai perder a partida! Jagger foi o urubu das equipes pelas quais torceu". Não deu outra!!!!!!!
Agora, o Brasil está em depressão generalizada. Uma distimia sem tamanho abateu-se sobre a Nação...


"Amanhã tudo volta ao normal", diria o Conselheiro Acácio, estivesse aqui agora. E´ uma pena que todo esse "sentimento patriótico" do brasileiro acabe-se quando o juiz japonês apita e aponta para o centro do campo.


A Seleção Brasileira, ou selecinha para muitos, é apenas um time, composto por jovens bilionários. A Seleção Brasileira não é a Pátria brasileira. Esta é infinitamente maior.


Que ergamos a nossa Bandeira no alto do Cristo Redentor ou a finquemos no Pico da Neblina. A Copa se esvai, a Pátria fica. Isso foi apenas uma competição. "Competição é competição", diria novamente o Conselheiro.


Amanhã o Brasil acorda da letargia. A realidade despertará a todos. O sonho acabou.


A culpa foi de Mick Jagger.

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