domingo, 11 de julho de 2010

A vida colocada em segundo plano.




A história nos conta que não é de hoje que a vida humana sempre ficou em segundo plano, quando se trata de defender a ordem política e-ou religiosa de um povo. Foi assim nos povos bárbaros, como os Vikings. Foi assim com povos cristãos no início dessa era. Foi assim, mais recentemente, na Alemanha de Adolfo Hitler. E está sendo assim no Irão (Irã).


A NOTÍCIA:

Em Maio de 2006, a viúva iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani (foto acima), atualmente com 43 anos, foi condenada a 99 chicotadas na praça pública por alegadamente se ter envolvido com dois homens APÓS A MORTE DO MARIDO.


Em Setembro do mesmo ano, foi julgada por supostamente se ter envolvido com um homem enquanto ainda era casada, presa e condenada à morte por apedrejamento, pena que esta sexta-feira (09 de Julho) foi levantada pelo governo do Irã, após fortes protestos da comunidade internacional que redigiu um texto (carta), disponível no site "Save Sakineh", pede a eliminação da prática de apedrejamento no Irã, "que viola toda e qualquer definição de Direitos Humanos." . "O apedrejamento é bárbaro... e precisa parar", diz a nota.

Dentre as celebridades internacionais que protestaram contra esse ato de barbárie, estão: Chico Buarque, Caetano Veloso, Yoko Ono, William Hague (secretário-geral dos Negócios Estrangeiros britânicos), Peter Gabriel, Sting, Annie Lennox, Colin Firth, Emma Thompson, Robert Redford, Juliette Binoche e Robert De Niro. O romancista indiano Salman Rushdie, a ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice e o prêmio Nobel da Paz José Ramos Horta fazem parte da lista de 37.257 pessoas que assinaram uma carta aberta contra o apedrejamento até a morte de Sakineh.

A pressão mundial surtil efeito. A Justiça iraniana decidiu suspender, até segunda ordem. "O veredicto foi suspenso por motivos humanitários e por ordem (...) do chefe da autoridade judiciária e não será aplicado pelo momento", declarou Malek Ajdar Sharifi, encarregado da Justiça na província do Azerbaijão oriental. Porém, o advogado de Ashtiani, Mohammad Mostafavi, disse que sua cliente "continua na prisão" e que não foi informada de nenhuma decisão das autoridades iranianas de suspender a sentença e que ela ainda poderia ser executada de outro modo.


AS REPERCUSSÕES E CRÍTICAS


A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional pediu nesta sexta-feira que o Irã perdoe a vítima, alegando que "uma simples mudança do método de execução" não era suficiente diante da "injustiça".

"Castigar - e em alguns casos executar - as pessoas por manterem relações nas quais há consentimento mútuo não é assunto do Estado", declarou Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretora do programa Oriente Médio da Anistia.

A organização afirmou em comunicado que há pelo menos outros dez casos de pessoas condenadas a morte por apedrejamento.

O ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, pediu que as autoridades iranianas escutassem "os pedidos que vêm do Irã e do mundo para que triunfe o sentimento de humanidade".

Seu colega britânico, William Hague, qualificou a morte por apedrejamento de "castigo medieval". "Se isso for feito, vai levar indignação e horror ao mundo."

Os Estados Unidos considerou "selvagem" e "uma forma legalizada de morte mediante tortura".

Já o Chile pediu que Teerã "proteja o direito à vida e integridade física" da vítima.

Uma jornalista iraniana que prefere manter o anonimato lançou em 2006 uma campanha internacional onde denuncia a legislação iraniana e situações nas quais as mulheres não têm defesa possível, alertando ainda para o fato dos supostos criminosos poderem ser julgadas mais que uma vez pelos mesmos crimes.



A LEI ISLÃMICA E O IRÃ

Lapidação ou apedrejamento é uma forma de execução de condenados à morte. Meio de execução muito antigo, consistente em que os assistentes lancem pedras contra o réu, até matá-lo. Como uma pessoa pode suportar golpes fortes sem perder a consciência, a lapidação pode produzir uma morte muito lenta.

Aparece na Bíblia em várias passagens, como na narração da intervenção de Jesus salvando da lapidação uma adúltera (de acordo com a Lei de Moisés, quem fosse descoberto praticando adultério deveria ser apedrejado publicamente).

Pressionado pela multidão, Jesus pôs-se a escrever na areia e tomou uma posição autorizando quem nunca cometeu pecado que atirasse a primeira pedra ("Quem tiver sem pecados que atire a primeira pedra!"). Constrangidos pelas palavras, os homens foram se retirando do local até que só restou Jesus e a mulher que foi absolvida por Ele. É também exemplo a morte de Santo Estevão, por dar testemunho de Jesus em pregações em defesa da fé cristã, após ter sido acusado perante o Sinédrio.

Até hoje essa pena ainda é praticada em alguns países muçulmanos. Apesar de o Corão não mencionar a lapidação como pena, a Lei islâmica aplicada em certos países justifica essa prática por relatos da vida de Maomé.

De acordo com a rigorosa interpretação da lei islâmica utilizada no Irão, manter relações sexuais antes do casamento é punido com 100 chicoteadas em praça pública e o adultério com morte por apedrejamento, sendo que as pedras têm que ser grandes para causar sofrimento mas não podem ser suficientemente fortes para que a morte não seja imediata.




A OPINIÃO DE UM LEIGO SER HUMANO (EU)


Alguém que pensa ou sente diferente é alguém cujas idéias são sempre ouvidas com as pedras nas mãos. Creio que a questão em termos de tratar do valor da vida humana deve ser bem maior do que qualquer convenção humana seja ela cultura, religiosa, social ou política.

A verdadeira questão passa pelo fluxo da compreensão que move os valores espirituais. Todas as forças que buscam congelar a vida, só o faz na perspectiva de manter o poder e fortalecer a ortodoxia de qualquer grupo social e a motivação espiritual deve ser sempre considerada. Ela é motivadora de toda e qualquer transformação em qualquer esfera da vida.

O fato é que nós precisamos é combater toda forma de ortodoxia, porque na verdade ela asfixia quem a ela está sujeito, combate com altas doses de apologia seus oponentes, mantém com culpa muitos ao redor de si e impede que a vida prossiga com a fluidez que a torna tão surpreendente e bela.

Jesus não foi o que a ortodoxia de sua religião e cultura determinava que fosse. Havia no seu tempo, uma reafirmação sobrenatural e violenta do judaísmo frente ao poder ultrajante dos romanos. Ele foi uma negação pacífica e radicalmente humana da pretensão sempre perversa de qualquer tipo de dominação sobre quem quer seja e creio que esse exemplo anima e inspira qualquer movimento nosso no sentido de alterar a história de tantas vidas.

Sem querer confrontar valores Cristãos com os valores Islâmicos, Jesus com Maomé, mas, é preciso que a humanidade ultrapasse a barreira do seu próprio ego machista, de atavismos remanescentes dos nossos antepassados, dos arquétipos que construímos e reproduzimos ao longo das nossas existências.

E a questão da liberdade, onde fica? Sakineh Mohammadi Ashtiani é mãe de dois filhos, é viúva, islâmica e, por isso, não tem ela a liberdade de viver o gozo pela vida que ainda lhe resta? Independentemente dos profetas que o mundo segue, há apenas um Deus. E Deus permitiu que cada um agisse com o livre arbítrio, ou seja, cada um segundo suas obras. Esta é uma prova de amor justo.

Agir com barbárie é, além de retroceder milênios na história, negar a Declaração Universal dos Direitos Humanos conquistados juntamente por termos vivido sombrias fases de violência, de injustiça, de conflitos e guerras.

As religiões atreladas ao poder político, são as grandes causas das guerras e mortes na humanidade. Essa prática do apedrejamento já deveria ter sido eliminada a dois mil anos, desde a absolvição de Maria Madalena, pois conhecemos bem a hipocrisia dos homens e daqueles que querem atirar a primeira pedra.

O corpo humano não é propriedade do outro e muito menos do Estado. O conceito de que as relações humanas devem ser reguladas pelo Estado não pode imperar sobre o desejo humano de ser feliz.


Urge mudar esses conceitos na lei iraniana. A prática selvagem do açoite e de qualquer outra penalidade que imponha dor corporal e a absurda pena de morte devem ser repelidas pelas autoridades mundiais, mormente quando o "crime" diz respeito ao relacionamento consentido, quando afetivo, amoroso e sexual.



SE ESSE FOR SEU PENSAMENTO, DIVULGUE ESTA MATÉRIA AMPLAMENTE. ESCREVA. DÊ A SUA OPINIÃO E FAÇA PARTE DESSA CORRENTE QUE DEVERIA SER MAIOR.


PELO MENOS, A DOR DO SILÊNCIO, DA INDIFERENÇA DE COLOCAR A VIDA EM SEGUNDO PLANO, NÃO CARREGAREMOS.

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