Falar de Política não é tão fácil quanto parece. Principalmente se buscarmos discutir a epistemologia e de como surgiu. Apesar da importância que esse assunto tem, poucos são aqueles que se interessam em debater, com a falsa idéia de que é um tema indiscutível para o povo e dever dos que vivem do “poder”, especialmente se o tal “poder” for municipal.
Essa atitude omissa da maioria da população acaba fortalecendo ainda mais o que nós entendemos como politicagem e enfraquecendo a idéia primordial de Política. Surgem, então, os que desonram, que corrompem e cooptam descarada e politicamente procuram, nada mais, nada menos, beneficiar-se.
Mas, quem disse que em Política não se joga com as armas e os votos que se dispõe? Sempre foi assim, desde que os Gregos criaram a Polis, a Cidade-estado. É claro que Política é a arte de governar, é o uso do poder para defender seus direitos de cidadania.
Segundo a autora Hannah Arendt, filósofa alemã (1906-1975), política "trata-se da convivência entre diferentes", pois a política "baseia-se na pluralidade dos homens", assim se a pluralidade implica na coexistência de diferenças, a igualdade a ser alcançada através desse exercício de interesses, quase sempre conflitantes, é a liberdade e não a justiça, pois a liberdade distingue "o convívio dos homens na polis de todas as outras formas de convívio humano bem conhecidas pelos gregos".
Segundo Nicolau Maquiavel, em O Príncipe, política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo. Ainda existem algumas divergências sobre o tema, para alguns política é a ciência do poder e para outros é a Ciência do Estado. A política na atualidade encontra-se bastante deteriorada. Precisando urgentemente de uma reforma. Com mais responsabilidade partidária, com mais definições e execuções dos seus representantes.
Mas, e a questão da Ideologia?
Poderíamos afirmar que Ideologia política e partidária são os motivos que levam uma pessoa a se entranhar numa atividade que afeta a sociedade. Sendo que suas atuações vão infligir no cotidiano da população. Por isso devem estar os políticos guarnecidos de "boas intenções", e terem claro que suas intenções são sustentadas por ideologias construtivas e experimentadas.
Quando adolescendo, cantava: “Ideologia, eu quero uma pra viver.” Aos 17 anos conheci a JOC e o PT. Estas duas forças ajudaram a formar o caráter ideológico-político que existe em mim. Figuras como o ex-prefeito do Recife João Paulo e tantos outros que foram militantes da JOC e, como eu, aprenderam que ideologia ganha força dentro de nós quando acreditamos no que sentimos e sonhamos, mas não tapa os nossos sentidos, impedindo-nos de ver, pensar e agir contra um possível engano, venha de onde vier.
Quase vinte anos depois dos meus primeiros contatos com a política e com a ideologia – especialmente de classes – percebo o quanto foi importante pra mim, perder domingos de festas com amigos, para está em um seminário discutindo formação trabalhista, visões e sonhos políticos, defesa dos diretos humanos e tantos outros temas que a JOC brasileira me proporcionou.
De forma natural e até por questão de justiça, me liguei ao Partido dos Trabalhadores em Vitória de Santo Antão entre os anos de 1989 e 2000. Militei na campanha do professor Dodó para Prefeito, dois anos depois de ter conhecido de perto o famoso Deputado Federal Luis Inácio Lula da Silva. Participei de dois Congressos da UNE e da UBES, além de congressos nacionais da UJS, da CUT e tornei-me coordenador regional das atividades da JOC no Nordeste. Como professor, fiz parte de comissões do SINPRO-PE, articulei movimentos, paradas, passeatas e greves de advertências e também fiz parte do grupo que foi a Brasília reivindicar a implantação do Piso Nacional da categoria, em 2008.
Tudo que fiz foi defendendo uma política de ideologia. Embora tivesse um ideal pra defender, nunca quis ser mártir. Levantei bandeiras por ter no sangue, no coração, na mente, um torpor ideológico acima dos meus sonhos materiais. Encarei políticos que me apontaram armas; enfrentei colegas de profissão que me insultaram; peitei vozes que tentaram me sucumbir o direito de gritar se fosse preciso…
Até que um dia, olhei para o lado, para o outro e não havia mais ninguém. Restaram apenas eu, minha voz e a desolação pelo abandono dos amigos, dos companheiros. Pouco tempo depois, uma amiga me fez uma pergunta simples – que com certeza está na sua cabeça agora – me fez despertar para o tempo que estava perdendo. A pergunta foi: o que você ganhou com tudo isso?
Na época em que eu fui questionado, a resposta foi: - Ganhei mais força pra acreditar que estou no caminho do bem. Eu sou comunista, com sonhos socialistas e irei morrer assim.
Anos mais tarde, chego a Gravatá pra estabelecer este lugar como o meu novo lar, a cidade que escolheria para viver o resto dos meus dias ao lado daqueles que amo e que me amam. Tudo que aprendi na vida de esquerda ideológica trouxe comigo para servir de ferramenta, tanto para a Educação, quanto para a política municipais. E mais uma vez, nada colhi além de arrependimentos por ter me envolvido como no passado em causas que não merecem minha força, minha voz, minhas mãos.
Seis anos depois da minha chegada aqui, eis o cenário que se apresenta para mim:
Amigos angustiados por não conseguirem se localizar politicamente, como é o caso do jovem universitário Thiago e o Farmacêutico (a quem chamo de pai) Herbert Candeia;
Políticos que pensávamos ter um grão de consideração, uma pitada de ideologia, nos abandonando a própria sorte, gozando de prestígios e conseguindo melhorar financeiramente as suas vidas;
Uma mídia pouco comprometida com imparcialidade, com a justiça e com a informação verdadeira;
Uma parcela de figuras públicas que desonram até os piores vilões do cinema;
Funcionários e cargos comissionados que não valorizam as suas funções e, de certa forma, “queimam” as melhores intenções do Executivo;
Eleitores e políticos que só falam de política a cada dois ou quatro anos e esquecem-se do povo, da formação desse povo, da vida política do nosso município.
E diante das próximas eleições, temos os seguintes dados:
Gravatá tem cerca de 76 mil habitantes, segundo o último senso de 2009. Atualmente possui 55.888 eleitores, dos quais, segundo pesquisa recente, 92% desejam votar em um candidato a Deputado Estadual que seja da cidade.
Pergunto:
Qual a bandeira política que mais representa Gravatá?
Qual a ideologia que podemos esperar de figuras exóticas da política local?
Quem será o nosso Deputado Estadual pelos próximos quatro anos?
Qual dos candidatos é o que mais poderá fazer por Gravatá, diante da história de casa um?
Qual o partido que vai governar Gravatá a partir de 2012? PSDB ou PSB?
Joaquim Neto terá mais de 10 mil votos em seu município?
Bruno Martiniano irá conseguir mais votos do que na última vez que tentou ser Deputado?
E o novo nome, Junior de Paulo, está preparado para alçar um vôo maior?
São muitas as questões que passam pelo crivo da minha análise. E como sei que a Educação não dá saltos como a natureza dá, as minhas decisões políticas e ideológicas passaram por uma transformação radical. E como nunca gostei de ser personagem do mito da caverna de Platão, arrisco-me a sonhar que há uma grande conspiração que levará a melhorias significativas em todos os níveis de nossa sociedade, ideológica e politicamente.
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