O que você comeu no café da manhã hoje? Cereais com leite? Ovos com bacon? Quem sabe um pouco de chá com mel? A resposta será ‘não’, se você for um vegetariano radical. Os vegetarianos levam o vegetarianismo básico a alguns passos além. Em vez de abster-se de apenas peixe e carne, os vegetarianos radicais evitam comer, vestir ou usar qualquer produto de origem animal. Isso significa nada de ovo ou leite, mel, couro, pele de animais, lã ou seda, nem cosméticos ou produtos químicos testados em animais.
Os vegetarianos deveriam comer uma grande variedade de alimentos para manter uma dieta saudável
E existe muita coisa que os vegetarianos podem comer. A Sociedade Vegetariana dos Estados Unidos recomenda porções de verduras, frutas, grãos, legumes, óleos e produtos fortificados não derivados do leite, como leite de soja. Alguns vegetarianos radicais substituem a carne por carne de soja, tofu ou proteína do trigo, às vezes, chamada de seitan. Eles também tomam suplementos de vitamina B12, vitamina D e cálcio para suprir qualquer deficiência da dieta.
Mas por que as pessoas escolhem uma dieta tão restritiva? Até que ponto algumas pessoas levam o veganismo (vegetariano radical)? Nesse artigo, responderemos a essas perguntas e aprenderemos um pouco sobre a história do veganismo.
Por que as pessoas escolhem o veganismo?
Os vegetarianos radicais escolhem sua dieta por uma série de razões. Muitos abstêm-se de produtos de origem animal porque consideram sua indústria cruel e desumana. Outros acreditam que a agricultura animal destrói o meio-ambiente. E algumas pessoas simplesmente vêem no veganismo uma dieta saudável – pobre em gordura e colesterol e rica em fibras e vitaminas.
Os vegetarianos radicais acreditam(eu tenho a certeza) que as vacas leiteiras e as galinhas vivem em condições desumanas
Razões morais A maioria dos vegetarianos sente-se eticamente incapaz de comer animais abatidos. Também pensam que as galinhas poedeiras e as vacas leiteiras criadas em granjas levam uma vida desnecessariamente miserável e curta. As galinhas poedeiras criadas em granjas geralmente vivem em pequenas gaiolas sem nenhum espaço. Embora possam viver mais de uma década, a maioria é abatida após dois anos.
Os não vegetarianos que desaprovam os métodos das granjas geralmente preferem a criação de animais caipiras como uma alternativa. O USDA exige que as galinhas caipiras tenham acesso a áreas ao ar livre. No entanto, não especifica por quanto tempo elas devem ficar fora dos galinheiros e das gaiolas [fonte: USDA (em inglês) ]. Devido a essa brecha, os vegetarianos radicais que optam pela dieta por razões morais acreditam que a criação em espaço aberto não seja tão humana.
Eles também desaprovam o tratamento às vacas leiteiras. Como as galinhas, as vacas são abatidas quando sua produtividade diminui. Elas podem viver até 25 anos, mas a maioria morre após cinco. Os bezerros machos, que não têm nenhum valor às granjas leiteiras, são vendidos rapidamente e abatidos nas granjas de vitela.
Razões ambientais
Algumas pessoas tornam-se vegetarianas por questões ambientais. A agricultura animal exige grande quantidade de terra e água para sustentar o gado e fazer plantações. A troca da terra necessária para as pastagens e plantações leva ao desmatamento, à degradação do solo e a uma diminuição da biodiversidade. A água usada pela agricultura animal, a maior parte como irrigação às colheitas, responde por 8% do uso global da água pelo homem [fonte: Livestock, Environment and Development Initiative (em inglês)].
As enormes plantações de milho ou grãos também precisam de pesticidas e fertilizantes. O nitrogênio dos fertilizantes contribui para a proliferação das algas e cria zonas mortas. É necessária uma grande quantidade de terra para plantar alimentos para o gado.
Os próprios animais produzem lixo e poluição. A criação de gado produz 18% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, medidos em CO2 – é mais do que os emitidos pelos meios de transporte! [Fonte: LEAD (em inglês)]
O metano, gás 23 vezes mais poderoso do que o CO2 , forma a maior parte das emissões do gado. O esterco animal contamina a água e libera antibióticos que podem aumentar a resistência de algumas bactérias.
Os vegetarianos radicais também acreditam que sua dieta utiliza a terra com mais eficiência e responsabilidade do que a agricultura animal. Se as pessoas comessem alimentos à base de plantas, não haveria necessidade de pastagens nem plantações para sustentar o gado. A agricultura produziria o alimento diretamente para o consumo humano e utilizaria menos terras. As proteínas e vitaminas dos produtos animais, entretanto, ajudam a sustentar a maioria dos pobres do mundo – pessoas que poderiam não ter os recursos para criar e monitorar uma dieta totalmente à base de plantas.
Razões de saúde
Muitos vegetarianos radicais escolhem a dieta puramente por seus benefícios à saúde. Embora o veganismo requeira suplementos e acompanhamento profissional para suprir as necessidades alimentares, a maioria dos vegetarianos pode ingerir todos os nutrientes sem consumir produtos de origem animal. Os principais alimentos do vegetariano radical, como grãos integrais, verduras, frutas e legumes, são naturalmente pobres em gordura e colesterol e ricos em fibras, magnésio, potássio, ácido fólico e vitaminas C e E. A Associação Americana de Dieta relata que os vegetarianos e os vegetarianos radicais possuem índices de massa corporal, pressão sangüínea e níveis de colesterol mais baixos do que os não vegetarianos. Também apresentam índices menores de diabetes tipo 2, câncer de cólon, câncer de próstata, hipertensão e doenças cardíacas [fonte: ADA (site em inglês)].
Veganismo duvidoso
O veganismo não é uma dieta fácil de manter, e nem deveria ser – deixar de consumir produtos de origem animal requer planejamento e acompanhamento cuidadosos. Mas os adultos têm uma certa medida de segurança em qualquer dieta. A maioria observa ganho de peso, perda de peso ou mesmo condições mais discretas, como anemia devido à deficiência de ferro. As pessoas são capazes de se adaptarem antes que apareçam conseqüências graves. No entanto, bebês, crianças e animais não conseguem controlar suas próprias dietas e têm necessidades nutricionais delicadas. Para os vegetarianos radicais que optam por estender suas crenças em dieta a seus filhos e animais, cuidado e acompanhamento médico são cruciais.
É possível fazer com que uma criança cresça com uma dieta vegetariana bem planejada
Bebês vegetarianos
Em abril de 2004, Crown Shakur, um bebê de seis semanas e 1,75kg, morreu de inanição. Seus pais, que o alimentavam com leite de soja e suco de maçã, insistiram em dizer que fizeram a melhor coisa fazendo-o seguir sua dieta vegetariana. Os nutricionistas, entretanto, afirmaram que não foi o veganismo que causou a morte do bebê, mas sim a negligência e a ignorância – os pais simplesmente não o alimentavam o suficiente. O júri concordou com o prosseguimento do caso e condenou os pais por assassinato. Como os pais usavam o veganismo como sua estratégia de defesa, o caso atraiu bastante atenção para a dieta e para as crianças vegetarianas.
Quando os pais criam as crianças e os adolescentes com dietas alternativas, como o veganismo, não se pode haver erros. Uma dieta vegetariana bem planejada e cuidadosamente seguida, no entanto, pode suprir adequadamente as necessidades das crianças. A maioria das mães vegetarianas alimenta seus bebês – o leite materno aumenta o sistema imunológico, diminui o risco de infecção da criança e ajuda a prevenir alergias. As vegetarianas que amamentam tomam suplementos para compensar suas deficiências de vitaminas D e B12. Quando não é possível amamentar, fórmulas vegetarianas oferecem uma alternativa. No entanto, os pais jamais deveriam dar a seus filhos fórmulas caseiras ou produtos que não fossem derivados do leite, já que elas não atenderão as necessidades nutricionais de um bebê. Crianças maiores podem comer frutas e legumes amassados, purê de tofu, iogurte de soja e leite fortificado de soja, arroz ou de aveia.
Animais vegetarianos
Alguns vegetarianos estendem suas dietas a seus animais. Eles acham hipócrita não consumir produtos animais e dá-los a seus gatos e cachorros. Os vegetarianos que dão a seus cães comida à base de vegetais chamam seus bichinhos de cachorros vegetarianos. Eles se alimentam de comidas especialmente formuladas ou feitas em casa. Alguns cães não gostam da dieta, mas muitos vegetarianos a mantêm porque querem seus animais tão fortes e saudáveis quanto os outros.
Os gatos, no entanto, têm necessidades bastante estritas. Eles não conseguem sintetizar a vitamina A dos vegetais e precisam de vitamina C e aminoácidos, como os touros, para serem saudáveis. Embora as comidas de gatos vegetarianos contenham suplementos, a complexidade das necessidades alimentares de um gato torna o veganismo difícil e muito perigoso. Até mesmo os grupos de vegetarianos radicais somente apóiam a dieta aos felinos como uma tentativa.
O veganismo é mais do que uma simples dieta. Aprenderemos, na próxima seção, sobre a história do veganismo, a cozinha vegetariana e o estado atual da moda vegetariana.
Veganismo ao extremo
Alguns vegetarianos levam suas dietas ao extremo. Os praticantes da Dieta de Alimentos Crus - Crudívoros - comem somente comida crua. Isso pode incluir produtos de origem animal, mas como a maioria das pessoas não gosta da idéia de comer carne nem ovo cru, boa parte dos seguidores é vegetariana.
A Dieta das Frutas permite apenas frutas cruas e sementes. Os frugívoros acreditam que as frutas são o alimento ideal da natureza. Eles acham que comer frutas é uma forma natural de prolongar a vida e que é errado matar os vegetais.
Os vegansexuais são aqueles que seguem dietas vegetarianas, mas que também evitam ter relações sexuais com não vegetarianos.
Estilo de vida do vegetariano radical
Quando Elsie Shrigley e Donald Watson usaram pela primeira vez a expressão “vegetariano radical” para descrever os vegetarianos que não consumiam derivados do leite, em novembro de 1944, a dieta e o estilo de vida definitivamente não eram “legais”. Os vegetarianos antipáticos se recusavam a associar-se a movimentos radicais. O veganismo criou uma reputação amigável e louca por saúde. A dieta finalmente tornou-se popular com movimentos contraculturais – a maioria particularmente hippie – mas ainda com um ar de exclusividade. Hoje em dia, muitos vegetarianos radicais ignoram a reputação virtuosa e promovem o veganismo como uma brincadeira e, até mesmo, como um estilo de vida moderno.
A culinária vegetariana era, até recentemente, sinônimo de tofu mole e fermento nutritivo. Entretanto, um interesse crescente na culinária étnica tem feito chefes de cozinha iniciantes perceberem que muitas culturas possuem deliciosos pratos vegetarianos feitos diretamente em suas cozinhas. Comidas do Oriente Médio, como humus, tahina e falafel, ensopados e tagines da África do Norte, caril de vegetais da Índia e comidas rápidas da Ásia fazem os vegetarianos radicais apreciarem e compartilharem suas dietas à base de vegetais com amigos não vegetarianos.
Por outro lado, um prato assado do vegetariano radical parece ser uma coisa impossível. Como fazer um bolo ou biscoito sem leite, manteiga ou ovos? Leite de soja, arroz ou amêndoa é um bom substituto para o leite comum. Sementes de linhaça, tofu cremoso, iogurte de soja, ovo vegetariano ou mesmo bananas podem substituir os ovos, enquanto a margarina sem sal ou o óleo de canola pode substituir a manteiga. O assado de um vegetariano também atrai pessoas com alergia a ovo ou intolerância à lactose.
Os vegetarianos radicais também não vestem nem usam produtos de animais – couro, lã, seda e colas, tintas, cosméticos e produtos químicos de base animal. Dar lindos tênis de couro, blusas de seda e calças de lã em troca de roupas de cânhamo grosseiro costumava ser um dos maiores sacrifícios do veganismo. Mas agora os desenhistas e as lojas para vegetarianos cultivam uma nova estética – bem feita, elegante e que não seja cruel. A conhecida desenhista de modas Stella McCartney, uma vegetariana, usa apenas fibras naturais e imitação de couro em suas roupas. O estilo de vida de um vegetariano radical está deixando de ser de auto-sacrifício para se tornar um prazer consciente. Entretanto, os vegetarianos em potencial, atraídos pela característica do estilo de vida ou por seus benefícios éticos, ambientais ou à saúde, deveriam dar mais atenção a sua pesquisa. A dieta ainda é uma questão complicada que precisa de acompanhamento profissional.
A Associação Americana de Dieta relata que os vegetarianos e os veganos possuem índices de massa corporal, pressão sanguínea e níveis de colesterol mais baixos do que os não vegetarianos. Também apresentam índices menores de diabetes tipo 2, câncer de colon, câncer de próstata, hipertensão e doenças cardíacas.
Veganismo é uma filosofia de vida motivada por convicções éticas com base nos direitos animais, que procura evitar exploração ou abuso dos mesmos, através do boicote a atividades e produtos considerados especistas.
Etimologia
O termo inglês vegan (pronuncia-se vígan) foi criado em 1944, numa reunião organizada por Donald Watson (1910 - 2005) envolvendo 6 pessoas (após desfiliarem-se da The Vegetarian Society por diferenças ideológicas), onde ficou decidido criar uma nova sociedade (The Vegan Society) e adotar um novo termo para definir a si próprios.
Trata-se de uma corruptela da palavra "VEGetariAN", em que se consideram as 3 primeiras letras e as 2 últimas para formar a palavra vegan.
Em português se consideram as três primeiras e as três últimas letras (vegetariano), na formação do termo vegano (s.m. adepto do veganismo - fem. vegana). Tem sido usado também o termo veganista para se referir aos adeptos do veganismo.
Ideologia Os veganos boicotam qualquer produto de origem animal (alimentar ou não), além de produtos que tenham sido testados em animais ou que incluam qualquer forma possível de exploração animal nos seus ingredientes ou processos de manufatura.
Para o vegano, animais não existem para os humanos, assim como o negro não existe para o branco nem a mulher para o homem. Cada animal é dono de sua própria vida, tendo assim o direito de não ser tratado como propriedade (enfeite, entretenimento, comida, cobaia, mercadoria, etc). Dessa forma veganos propõem uma analogia entre especismo, racismo, sexismo e outras formas de preconceito e discriminação.
Preferem usar os termos "animais não-humanos" ou "seres sencientes", em vez de "irracionais".
Muito importante distanciar a ideologia vegana da dieta vegetariana. Veganismo não é dieta, mas sim uma ideologia baseada nos direitos animais, e que luta pela inclusão destes na sociedade.
Vestuário, adornos, etc Artigos em peles, couro, lã, seda, camurça ou outros materiais de origem animal (como adornos de pérolas, plumas, penas, ossos, pêlos, marfim, etc) são preteridos, pois implicam a morte e/ou exploração dos animais que lhes deram origem. Sendo assim, um vegano se veste de tecidos de origem vegetal (algodão, linho, etc) ou sintéticos (poliéster, etc).
Alimentação
São vegetarianos estritos, ou seja, excluem da sua dieta carnes, gelatina, lacticínios, ovos, mel e quaisquer alimentos de origem animal. Consomem basicamente cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e qualquer produto, industrializado ou não, desde que não contenha nenhum ingrediente de origem animal.
Medicamentos, cosméticos, higiene e limpeza
Evitam o uso de medicamentos, cosméticos e produtos de higiene e limpeza que tenham sido testados em animais. Alguns optam pela fitoterapia, homeopatia ou qualquer tratamento alternativo.
O vegano defende o surgimento de alternativas para experiências laboratoriais, como testes in vitro, cultura de tecidos e modelos computacionais.
São divulgadas entre a comunidade vegana extensas listas de marcas e empresas de cosméticos e produtos de limpeza e higiene pessoal não testados em animais.
Entretenimento
Circos com animais, rodeios, vaquejadas, touradas e jardins zoológicos, também são boicotados pois implicam escravidão, posse, deslocamento do animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades, adestramento forçoso e sofrimento.
Não caçam, não promovem nenhum tipo de pesca, e boicotam qualquer "esporte" que envolva animais não-humanos. Muitos seguem o princípio político da não-violência.
Dia Mundial Vegano
O dia 1 de Novembro é marcado pelo Dia Mundial Vegano ("World Vegan Day", em inglês), que é comemorado desde 1994, quando a Vegan Society da Inglaterra comemorou 50 anos de criação.
Em 2004 o evento marcou o 60º aniversário da sociedade, e o 10º aniversário do feriado.
Documentários
O número de adeptos tem crescido de forma gradual, com o auxílio de documentários que denunciam o especismo e ensinam direitos animais.
Documentários como Meet your Meat ("Conheça sua Carne"), Earthlings ("Terráqueos"), Chew on This ("Pense Nisso") e o pioneiro brasileiro A Carne é Fraca, seguido de Não Matarás, têm causado polêmica e de uma forma geral ganhado adeptos em todo o mundo.