sábado, 23 de julho de 2011

Experimento consegue aumentar em 11% o rendimento da produção de etanol

Experimento consegue aumentar em 11% o rendimento da produção de etanol


Melhorar geneticamente os micro-organismos utilizados no processo convencional de produção do etanol pode ajudar a atender às demandas interna e de exportação, segundo projeto realizado por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com grupos de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Delft University of Technology, da Holanda.

Em meio ao contexto atual, no qual o setor sucroalcooleiro brasileiro se depara com o desafio de aumentar a produção de etanol, os cientistas elevaram em 11% o rendimento produtivo do biocombustível, ao fazerem com que as leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae convertessem a sacarose (o açúcar) em etanol.

“Esse experimento ainda não foi testado em ambiente industrial. Mas, levando-se em conta o grande volume da produção atual, um aumento de apenas 3% no rendimento da fermentação alcoólica permitiria hoje um incremento de 1 bilhão de litros de etanol por ano, só no Brasil, a partir da mesma quantidade de cana-de-açúcar. O que já seria um ganho extraordinário”, destacou à Agência Fapesp Andreas Karoly Gombert, professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do projeto.

O projeto nasceu a partir de uma iniciativa do professor Boris Ugarte Stambuk, da UFSC, que desenvolveu em laboratório e patenteou uma estratégia de engenharia metabólica que altera a topologia e a energética do metabolismo de sacarose na levedura Sacchromyces cerevisiae. Durante o processo de experimentação, a levedura é submetida a uma pressão seletiva por várias gerações, durante as quais ocorrem alterações genéticas e seleção dos indivíduos mais bem adaptados à condição de cultivo.

"Esse resultado é inédito e superou nossas previsões quantitativas, com base em um modelo teórico do consumo de sacarose por Sacchromyces cerevisiae. O próximo passo será introduzir essas mesmas estratégias em leveduras industriais e, finalmente, testá-las em condições industriais”, projetou Gombert.

Segundo o pesquisador, já há pelo menos uma empresa estrangeira que está introduzindo no Brasil uma levedura geneticamente modificada para produção em escala industrial de outra molécula, que não é o etanol, a partir da sacarose da cana-de-açúcar. 

"Se esse experimento for bem-sucedido, teremos a prova de que é possível cultivar esses microrganismos em um processo de grande escala, com assepsia e reciclagem de células durante os vários meses da safra da cana-de-açúcar, para a produção de um composto de baixo valor agregado. O que, até onde eu sei, é muito raro ou até mesmo inédito”, observou Gombert.

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