Parece que os brasileiros andam pessimistas sobre a capacidade de as “otoridades” organizarem uma Copa do Mundo decente, que não submeta o país a um vexame planetário. Pois é… Gente sensata! Por enquanto, todos os pênaltis cobrados pelos valentes foram parar no mato.
Não sei, não… Chegue de um vôo internacional a Cumbica pra ver… Não se consegue organizar uma fila decente nem para passar na aduana. O painel que indica o guichê a que deve se dirigir o vivente estava quebrado. Aí se ouve uma voz lá ao fundo: “O próximo”. Hein? Onde? Quem está falando? Ouve-se de novo, aí já com a entonação da impaciência: “O próximo…” Parece coisa complicada demais pra nós.
Digamos que se superem os entraves dos aeroportos, das vias congestionadas, dos estádios, vamos ver o que temos a oferecer além de bueiros que explodem e arrastões em hotéis, restaurantes, vias expressas em que o trânsito não flui…
Não se trata de pessimismo blasé ou da atração pelo insucesso. Mas é impressionante que um brasileiro de volta a seu país consiga se sentir mais destratado pela incompetência e pela desídia do que numa visita a um país latino-americano mais pobre do que o nosso, que enfrenta dificuldades econômicas muito maiores.
Eu cheguei sinceramente a pensar, ali pelo fim dos 1990 e início dos 2000, que finalmente teríamos uma sociedade capaz de governar o estado. Está se dando o contrário. O estado, tomado por cleptocratas, gerenciado politicamente por organizações corporativistas, esmaga a sociedade.
Achamos que ser maltratado é natural. Por que é assim? “Por que ninguém se indigna?”, perguntou Juan Arias, correspondente do El País no Brasil. Respondi em parte num post escrito antes de viajar.
O PT nos transformou em funcionários de nossa própria solidão civilizacional. O partido conseguiu convencer parcelas consideráveis de pessoas de que a verdadeira igualdade está em maltratar a todos igualmente: chutar apenas o traseiro dos pobres parecia ao partido de uma injustiça insuportável…
Por Reinaldo Azevedo.
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