terça-feira, 15 de março de 2011

Itamar Franco quer acabar com voto obrigatório e reeleição


CLAUDIA ANDRADE
Direto de Brasília

O ex-presidente da República e agora senador Itamar Franco (PPS-MG) deve apresentar na comissão da reforma política pelo menos duas propostas que prometem gerar polêmica. Ele defende o fim do voto obrigatório e o fim da possibilidade de reeleição.

Em relação ao voto obrigatório, o senador acredita que ele "deixa de ser consciente" a partir do momento em que uma viagem passa a ser mais importante do que o direito de exercer a escolha dos governantes. "A eleição vai para o segundo turno, mas aí o sujeito já marcou as férias, o feriado com a família. Aí o voto obrigatório deixa de ser consciente", alega. Nas eleições de 2010, mais de 29 milhões de brasileiros (21,5% do eleitorado) não votaram no segundo turno, dia 31 de outubro, no meio do feriado de Finados.

Itamar não teme um provável baixo índice de presença caso a medida seja aprovada. "Isso vai depender dos candidatos. Nos Estados Unidos, a votação era pequena, até que surgiu um candidato que mobilizou os eleitores. O fim do voto obrigatório vai obrigar os candidatos a terem um contato muito mais forte com o eleitor", afirmou.

Reeleição

O senador, que presidiu o Brasil de 1992 a 1994, acha ainda que a oportunidade de ser presidente da República deve ser desfrutada uma única vez pelo eleito. "Quem já foi presidente duas vezes não poderia concorrer mais. Vamos dar oportunidade a outras pessoas. O cidadão fica oito anos no poder e quer voltar?", questiona.

Mais do que contrário à possibilidade de um ex-presidente se candidatar novamente ao cargo, Itamar acha que a reeleição deveria ser extinta. A emenda constitucional que permite a reeleição foi aprovada durante o governo do sucessor de Itamar, Fernando Henrique Cardoso.

Itamar integra a comissão da reforma política que deverá ser instalada no Senado Federal na próxima semana. O grupo terá 12 integrantes e 45 dias para elaborar um anteprojeto com as propostas apresentadas. Além do senador de Minas, outro ex-presidente estará na comissão, o senador Fernando Collor (PTB-AL).

"Desde 1994 eu ouço falar em reforma política. Acho que pode avançar agora porque o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) é um homem criterioso", avalia, ao citar o presidente da comissão. A Câmara dos Deputados também terá uma comissão para analisar a reforma política.

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