quinta-feira, 17 de março de 2011

Maurício X ODRACIR

Já não sei dizer se ainda sei sentir

Todos as minhas forças, todas as minhas crenças
Em uma vida melhor, em um mundo melhor


O meu coração já não me pertence
Aliás, creio nunca foi meu, nem seu
Este que dizem ser residência da emoção


Já não quer mais me obedecer
Não quer mais me ouvir e seguir
Apenas pulsa, impávido, por uma manhã de sol


Parece agora estar tão cansado quanto eu
Quanto tantos outros Ícaros sem horizontes
Em plena vastidão do quintal boreal


Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar
Em mim, em você e em tudo que já vivemos
Desde que escolhemos nosso caminho


Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem
Antes ser sozinho era defeito, não é mais
Porque almas não se pertencem, permitem-se apenas


Às vezes faço planos
De recomeçar, de reavaliar, de redescobrir
Tudo que era receita pronta, definida


Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Lugares que nem as linhas das minhas mãos
Seriam capazes de apontar o destino


Voltar a ser feliz
Como já devo ter sido em outra vida
Como já sonhei para esta existência


Já não sei dizer o que aconteceu
Com minhas idiossincrasias e devaneios
Com tudo que eu poderia fazer com a verdade


Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu
Devo nunca mais acordar para a realidade
Quero permanecer sôfrego, até que o telefone toque


Se meu desejo então já se realizou
Então preciso entendê-lo e não deixá-lo partir
Como num passado longínquo dos olhos


O que fazer depois
Que o dia me pedir pra acordar
Depois que a noite me vigiar?


Pra onde é que eu vou?
Quem tem a respostas da coragem?
Quem tem a coragem da respostas?


Eu vi você voltar pra mim
Minha alegria


Eu vi você voltar pra mim
Minha fé

Eu vi você voltar pra mim...

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