segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ciência Ditatorial



Recentemente li um artigo de autoria do Dr. Ramzi Amri intitulado “Steve Jobs, o não-cientista”. Ramzi Amri é um renomado cirurgião oncológica da Harvard Medical School e vem estudando formas do cancro que afetou Steve Jobs.

O artigo questiona como homens inteligentes, a exemplo de Steve Jobs e até Isaac Newton, poderiam viver entre a luz (da ciência) e a escuridão (de suas próprias crenças), pois, segundo o oncologista americano, 99% da nossa vida é feita para se seguir as verdades lógicas do pensamento científico.

Amri critica veementemente a decisão de Jobs em buscar formas de curas alternativas para a sua doença. Para o cirurgião, o criador da Apple foi um tolo ao seguir algumas paranoias “new age”. Ele também se diz decepcionado ao afirmar que Newton acreditava na Alquimia. Em ambos os casos, tudo não passa de uma grande ilusão, onde resolvemos cair nas garras dos pseudos.

Então, devemos entender que acreditar em dietas vegetarianas, viver uma vida religiosa baseada no Budismo ou simplesmente aderir aos tratamentos homeopáticos é condenar-se a morte, é suicidar-se, é, acima de tudo, fechar as portas da esperança da casa da ciência médica.

Não seria este tipo de ideia algo beirando as portas da intolerância humano-científica? Sempre acreditei que a ciência é fonte de liberdade e garantia de expressão plena do pensamento humano, em detrimento aos atos irracionais da era medieval, dos mil anos de escuridão que o mundo assistiu sem recorrer à ferramenta maior do ser humano: o pensar.

O Doutor Ramzi Amri, a bem da verdade, faz parte de um grupo de pensadores e cientistas que não tolera a união entre o pensamento científico e a ideia da existência de Deus. Com certeza o renomado cirurgião de Harvard jamais admitiria declarações como esta: “Todas as especulações mais refinadas no campo da ciência, provêm de um profundo sentimento religioso; sem esse sentimento, elas seriam infrutíferas”.

Esta é uma das centenas de ditas por Albert Einstein, um homem que defendia a correlação intrínseca entre o Criador e todas as criaturas e sistemas de vidas existentes em todo o universo. Qual o problema, afinal? Falta de tolerância?

Quando se trata de intolerância, seja ela qual for, recordo-me de imediato, como todos os espíritas que conhecem a história, do ano de 1861 quando o bispo de Barcelona, na Espanha, promoveu um auto-de-fé: uma enorme fogueira queimou os livros de Kardec. Mesmo assim, a Ciência Espírita continua sendo alvo de pesquisa e sendo reafirmada por muitos cientistas mundo afora.

Há alguns anos, um ex-reitor de uma universidade, ocupava o cargo de Secretário de Educação de estado brasileiro, afirmou que o professor não precisava se especializar, conquistar títulos de Mestre o Doutor, pois, segundo ele, o profissional da educação só precisa ser um bom regente de sala.

Arrogância, ignorância, prepotência, intolerância extrema, não acham? Se eu tivesse tido a oportunidade, perguntaria se ele tornou-se Reitor de uma renomada Universidade brasileira sem especializar-se nas ciências universitárias.

Se Steve Jobs poderia ter sido salvo através de tratamentos administrados pela medicina, não tenhamos dúvida de que ele pode ser considerado um suicida contumaz. Se ele resolveu esperar nove meses para fazer a operação na esperança de que as “alternativas” funcionassem e acabou falecendo, sentimos muito, mas é um ato suicida. E daí? Não conheço nenhum médico com título de magistrado celeste, enviado por Deus, para ser promotor e juiz de ninguém.

Fazer um paralelo entre o que acreditou Jobs e o que a ciência médica prega, é gerar conflitos com os mesmos teores que existem na Irlanda, entre protestantes e católicos. Dizer que é uma bobagem Newtoniana acreditar em Alquimia, é arrogância magnetizada por Narciso.

Pra encerrar, me recordo de dois grandes exemplos que deveriam servir de luz sobre o preconceito de muitos terráqueos. Na verdade, quero apenas deixar um recado para sujeitos como o oncologista de Harvard, embora saiba que nem todos tenham consciência de saber que o pior cego é aquele que não quer ouvir.

O primeiro exemplo é Albert Einstein, quando ele diz: “Triste época é a nossa em que é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito".

O segundo exemplo, contra todo tipo de intolerância da ciência ditatorial e até mesmo contra os religiosos de plantão, que se acham os donos da verdade divina. Desconheço qualquer sujeito que tenha tido a coragem de pôr em risco a sua pesquisa, o seu nome e a sua crença, como fez o professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, o aluno mais brilhante de Pestalozzi.

Certa feita Kardec disse em sua lucidez e extremo bom senso que se um dia a ciência provasse que o espiritismo estivesse errado em seus postulados, que ficássemos com a ciência.

Não mais precisa ser dito.

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