Antônio Cruz/ABr |
Em conversa telefônica com o ministro Orlando Silva (Esportes), Dilma Rousseff pediu-lhe que providenciasse explicações públicas sobre a denúncia feita contra ele. Acusado de corrupção, Orlando esboçou com a direção do seu partido, o PCdoB, a estratégia de reação.
Líder da legenda na Câmara, o deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI) tocou o telefone, neste sábado (15), para o colega Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo.
Júnior disse a Vaccarezza que o ministro deseja antecipar-se à oposição. Orlando Silva se oferece para depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
Vaccarezza aconselhou Júnior a contactar o presidente da comissão, deputado Sérgio Brito (PSC-BA). Deseja-se agendar o depoimento para o início desta semana, se possível já na terça-feira (18).
Deve-se a pressa ao desejo do PCdoB de atenuar os danos provocados pela notícia veiculada na última edição de ‘Veja’.
Ouvidos pela revista, dois personagens acusados de desviar verbas da pasta dos Esportes disseram que o ministro participava dos malfeitos.
Pior: João Dias Ferreira, PM do Distrito Federal e ex-filiado do PCdoB, disse que Orlando recebeu propina na garagem do ministério.
Apontado como portador das verbas, outro personagem, Célio Soares Pereira, confirmou a entrega. Disse o seguinte:
"Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo [programa da pasta dos Esportes]…” “…Entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais."
Em viagem ao México, onde se realiza o Pan-Americano, Orlando Silva viu-se compelido a conceder uma entrevista.
Declarou-se vítima de uma “trama farsesca”, qualificou o denunciante João Dias de “bandido” e negou que conheça Célio Soares, o suposto portador dos maços de dinheiro.
Após conversar com Dilma, Orlando telefonou para o ministro José Eduardo Cardoso (Justiça). Pediu a abertura de um inquérito na Polícia Federal. Ouvido pelo repórter, um auxiliar de Dilma disse que a presidente apreciou a disposição de Orlando Silva.
Aguardará o depoimento do ministro à Câmara, analisará as repercussões e só então decidirá o que fazer. Cogita-se no Planalto acionar também a Controladoria-Geral da União, como já foi feito em escândalos anteriores (Transportes e Agricultura).
Diferentemente do que ocorreu em outras crises, o governo se absteve de acionar sua tropa para sair em defesa de Orlando Silva. Alheios à movimentação do ministro, os oposicionistas PSDB e PPS representarão contra ele na Procuradoria Geral da República.
De resto, afora o depoimento de Orlando Silva na Câmara, a oposição deseja arrastá-lo para explicar-se também no Senado.
Fonte: A Folha de São Paulo
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