segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Escrever Bem para Bem Servir




Desde que o homem iniciou seu desenvolvimento através da escrita, tratou de organizar o seu pensamento por meio dos registros em paredes de cavernas, em papiros de barro cozido e com a invenção do papel, o mundo da linguagem não foi mais o mesmo.

O advento do rádio, da televisão, do cinema e, recentemente, da internet, não foi capaz de abalar o prazer de escrever. Os radialistas, cantores e atores de radionovelas se viram obrigados a dominar a escrita obedecendo, sempre, as regras essenciais da Língua Portuguesa.

Com a tv, com o cinema e com as redes sociais da internet, apesar da força das expressões regionais e outras tipicamente usadas no mundo virtual, a escrita foi ganhando status universal de comunicação. No entanto, com as novas visões teóricas sobre a gramática de nossa língua, a rigidez do que antes era “errado”, hoje o que importa é produzir textos, mesmo que os mesmos esqueçam as regras normativas da gramática.

Mas produzir escrita não tão simples como se parece. Por mais que especialistas, teóricos e professores defendam a flexibilização da escrita e que os pais (que deveriam ser os maiores incentivadores) deixem nas mãos da tecnologia o ato de ler e escrever corretamente, é preciso refletir sobre algumas questões.

Porque as nossas crianças do sexto ano escrevem tão mal?

Um estudo divulgado este ano pelo Fundo Nacional de Alfabetização do Reino Unido, "The National Literancy Trust”, mostrou que a criança estimulada a escrever regularmente tem mais chance de adquirir este hábito e escrever melhor. Alguns professores diriam que essa informação é velha, é redundante. Isso todos sabem. De fato. Mas porque continuamos com índices tão negativos na Prova Brasil, no Enem, quando o assunto é ler > interpretar > escrever?

O escritor, roteirista e professor universitário de Literatura Brasileira, Jorge Miguel Marinho que lançou um livro chamado “A convite das palavras: motivações para ler, escrever e criar”, argumenta que crianças, jovens e mesmo adultos que vivem com pessoas que valorizam e são entusiasmadas com o mundo dos livros e da escrita têm mais oportunidade de viver a sensibilidade das palavras enquanto leitores, escritores e até criadores e isto, mais do que um hábito, torna-se um componente absolutamente necessário e imprescindível para a vida.


*A leitura é realmente indispensável para a vida social?

Sempre digo aos meus alunos que escrever vai muito além das regras impostas por qualquer sistema teórico ou didático, muito embora escrever, assim como ler, necessita-se conhecer bem as regras básicas da gramática portuguesa. A escrita, bem como a leitura, é uma habilidade que capacita o cidadão para atuar em todos os âmbitos sociais.

Quando uma pessoa aprende a escrever com clareza, ela assume seu lugar num mundo que, cada vez mais, precisa da escrita para se comunicar. Assim, a escrita é um recurso indispensável à cidadania e um meio para a inclusão social e digital. Mas não basta apenas saber escrever (e ler). É preciso saber fazer uso desse recurso em práticas sociais - para se manifestar, se comunicar, acessar os meios digitais, blogs, e-mails, dentre outros recursos comumente usados pelas crianças e jovens de hoje.

A historiadora e escritora Mary Del Priore disse que “Para se gozar o prazer de bem escrever é preciso ler. E investir na formação e na energia do trabalho com as palavras”. Alguém discorda?

*Uma Conclusão

Quanto mais lemos, mais poder temos. Quanto mais escrevemos, mais dominamos a nossa história e mudamos nossa realidade. Quando escrevemos manifestamos os nossos sentimentos e externamos os nossos pensamentos como ato maior de nossa liberdade. Escrever bem é ato diferencial que nos leva a galgarmos degraus dentro de nossa carreira profissional.

*Uma Problemática

Recentemente eu li em um mural de um site da cidade que um professor de História não precisa escrever corretamente, porque quem precisa escrever corretamente é o professor de Português. O argumento do comentarista estaria certo?

Creio que todos os professores, independente de suas disciplinas, são intermediadores do conhecimento, logo precisam ler e escrever bem para intermediarem esta aprendizagem, pois essas habilidades são primordiais em qualquer matéria.

Estava navegando pelo site G1.com e encontrei uma matéria sobre erros cometidos nas escolas. Tirei somente um trecho: Uma mãe tomou um susto quando recebeu um bilhete em que a professora escreveu trouxe, com ss.

- Isso me preocupa e eu acho inadmissível quando uma professora que está alfabetizando escreve desta forma, afirmou.

Uma realidade mais frequente do que se imagina.

- É muito difícil fazer uma revolução na educação sem ter professores muito bem formados. Nós não temos, afirma Eunice.

Se nós somos educadores, como tal, devemos orientar os nossos alunos a escrever corretamente. É uma questão de cidadania. Hoje como professor, eu sempre corrijo meus alunos que aceitam muito bem minhas correções. Fui educado e hoje educo entendendo que a habilidade para leitura, escrita e cálculo, como elementos básicos para aquisição de informação, leva o aluno à habilidade para identificar problemas e resolvê-los de maneira científica, para que possa acreditar em suas soluções e vencer os obstáculos, sejam eles quais forem.

Todo professor tem sim que pelo menos ler, falar e escrever bem, afinal é sua língua natal e de muita precisão em algumas disciplinas como história, geografia, biologia, matemática e, porque não, língua estrangeira?

O professor é o reflexo para o aluno, e ele também precisa entender o que ensina, saber escrever, pronunciar, ler. Isso é um ponto positivo para ele mesmo, pois mostra que não só tem domínio na disciplina que leciona, mostra que tem domínio também na sua vida intelectual.

Escrever não é para qualquer um, eu concluo. Independente de ser professor de Português, de Geografia, Médico, Gari, Engenheiro, Empregada Doméstica, precisamos reconhecer a extrema necessidade de falarmos simples, mas corretamente.


*Para Finalizar

Portanto, seja você professor de História ou Educação Artística, Blogueiro ou Comentarista, político ou estudante, tenha mais atenção no que você escreve e, acima de tudo, como você escreve. É claro que nós precisamos dá sempre oportunidades às palavras.

Já ouvi alguém dizer que sua vida daria um romance, se fosse escrita. Isso não é verdade se você não tem as ferramentas necessárias para escrever, não ter domínio sobre um estilo, uma forma, um dom diferente de expor sua história através das palavras. Nas mãos do escritor, não tenhamos dúvidas, seria um belo romance. Mas nas mãos de um sujeito que mal sabe conjugar ou coordenar uma frase, mesmo que de forma simplória, será um desastre.

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