sábado, 28 de novembro de 2009

Bosque dos Universitários? Melhor Micro-clima?



Estátua do Bosque dos Namorados - Natal-RN


Não tenho nenhum preconceito em ler este ou aquele site. O site da prefeitura de Gravatá, apesar de ter um papel importante, seus editores cometem ou reproduzem sempre algum tipo de erro. Lógico que todos nós cometemos. Nos melhoramos a medida em que admitimos o erro e buscamos não trilhar pelo caminho reconhecidamente errado, do ponto de vista holístico. E hoje, ao abrir a página da prefeitura, tomei um baita susto. Mais um, pra variar.

Hoje, andando pelas ruas da cidade, como sempre faço nos dias de sábado, ouvi os estouros dos fogos de artifício que sinalizavam a inauguração do Bosque dos Universitários. Estava na calçada da Câmara de Vereadores quando um sujeito muito conhecido na cidade comentou entre amigos, ironicamente:
- Os universitários plantando árvores?! Só vai dá pé de maconha nessa inauguração. (...)

Segui meu caminho.

Conversei com quatro universitários, na minha parada obrigatória, a qual está sendo batizada de “Sociedade dos Poetas Vivos”. (esse dado é outro capítulo a parte). Todos eles estavam completamente indignados. Um deles não compareceu ao plantio. Os outros três bradaram frases de repúdio e prometeram que não iriam cuidar da árvore plantada por motivos óbvios. Um deles me olhou e questionou:

- Ricardo, o que é um bosque? Essa idéia vai dar certo nas margens de um rio? O que você pensa sobre isso?

E a minha resposta foi:

- Acho a iniciativa, a idéia muito louvável, do ponto de vista ambiental. Do ponto de vista político e social, a idéia é retrógrada porque se baseia na barganha, haja vista que o transporte escolar é direito de todos os estudantes e obrigação dos governos. Do ponto de vista da Botânica, um bosque é uma denominação para certas formações florestais. Diferencia-se da floresta pelo fato de as copas das árvores não formarem uma cobertura contínua, isto é, as árvores encontram-se mais afastadas. Com relação à Geografia (minha área) eu entendo que um bosque deve envolver uma superfície terrestre o suficientemente grande para ter representado todos os usos e valores da floresta — é uma paisagem completamente operativa de florestas e zonas com atividades agropecuárias, áreas protegidas, rios e área urbana. Devido à impossibilidade de separar a floresta das pessoas, estas ocupam um lugar central no conceito de bosque. É o fator chave na procura por definir a sustentabilidade na região onde vivem onde estão os bosques. Neste sentido, um bosque é uma aliança voluntária onde os membros representam plenamente as forças ambientais, sociais e econômicas da região.

Os universitários – amigos – me contaram que não houve uma adesão significativa por parte dos estudantes. O projeto da prefeitura sugeria que fossem plantadas 691 mudas de árvores nativas e não se alcançou nem metade desse número, segundo eles. Cheguei a perguntar se as árvores eram realmente nativas, mas eles não souberam responder. O que é um dado importante para se investigar, além de se tratar de um lugar inapropriado para criar-se um bosque. Querem saber por quê? Eu peço que aguardem as chuvas de inverno.

Voltei pra casa e corri para o computador para ler algo sobre o assunto no site da prefeitura. E lá estava a chamada: “GRAVATÁ GANHA NOVO ESPAÇO ECOLÓGICO ÀS MARGENS DO IPOJUCA NO SÁBADO (28).”

Transcorri a leitura e comecei a montar este texto, em minha cabeça. Os dedos coçaram e a cabeça fervilhou quando li: “A proposta é tornar a cidade mais verde, e assim preservar o clima local, já avaliado pela Organização Mundial de Saúde - OMS, como o melhor microclima do mundo.”

Já faz algum tempo que tenho colocado no meu blog e em outros meios comunicação, que existem mitos (pra não dizer inverdades) que devem ser desmistificados e desmentidos com urgência. Um deles trata justamente da questão do Clima. Não irei reescrever as minhas idéias e os conceitos geográficos mais corretos com relação a este dado freqüentemente vinculado pelo site da prefeitura. Estou aberto para debates e sugiro um estudo mais apurado do caso, envolvendo profissionais da área, da educação que possam colocar definitivamente o ponto nos is.

Duas questões primordiais são levantadas aqui.
Uma é saber o que vai acontecer com os universitários que se recusaram a participar do plantio de sua árvore, no questionável bosque dedicado a eles. A outra é esperar, com angústia, até quando vamos vender conceitos errôneos em detrimento dos interesses turísticos e econômicos de alguns políticos e empresários do nosso município.

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