Quando eu era criança não havia passado pelo desconforto de participar de um enterro de um familiar ou amigo. Mas, minha mãe sim. Tínhamos um vizinho que era um anjo nas nossas vidas. Idoso forte, disposto, lúcido, sempre com a enxada na mão para plantar junto comigo em nossa propriedade. Chamávamos ele de Seu Bibiu. Era uma figura emblemática.
Chapéu de palha, cigarro de palha, um conjunto de calça e blusão azuis, acompanhado sempre por seu cachorro, passava seu Bibiu pelo nosso terreno para plantar grandes porções de coentro, cebolinha, quiabo, maxixe, alface, além de macaxeira, batata doce e tantas outras coisas que ajudaram a matar a minha fome e me ensinaram a ter amor pela terra.
A morte de seu Bibiu foi muito chocante pra minha mãe, especialmente. Era um pai pra ela e um avô para mim. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ele descansou da labuta desta vida e foi arar na eternidade...
Nos anos que se sucederam à morte de seu Bibiu, minha mãe adquiriu um hábito que carrega até hoje. Todos os dias de finados, ela acendia uma vela para ele. Era um ritual que me chamava atenção e que me encabulava. Não entendia porque tínhamos que acender uma vela para alguém que havia partido. O meu pároco tentou me explicar dizendo que era para iluminar o caminho de quem partiu... Essa explicação em nada me convenceu.
Tudo era confuso. A idéia da morte também ainda era distante do ponto de vista prático, do processo de maturidade e experiência que ainda não havia passado, até que perdi uma ex-noiva e até que me separei de minha avó. Mas até elas, eu foi sendo educado por uma religião que esvaziou os cemitérios do mundo inteiro e trouxe esperanças para os corações desconsolados pela morte física. E aí nasceu a minha visão e a minha convicção sobre o dia de finados que compartilho agora com todos vocês...
A morte de seu Bibiu foi muito chocante pra minha mãe, especialmente. Era um pai pra ela e um avô para mim. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ele descansou da labuta desta vida e foi arar na eternidade...
Nos anos que se sucederam à morte de seu Bibiu, minha mãe adquiriu um hábito que carrega até hoje. Todos os dias de finados, ela acendia uma vela para ele. Era um ritual que me chamava atenção e que me encabulava. Não entendia porque tínhamos que acender uma vela para alguém que havia partido. O meu pároco tentou me explicar dizendo que era para iluminar o caminho de quem partiu... Essa explicação em nada me convenceu.
Tudo era confuso. A idéia da morte também ainda era distante do ponto de vista prático, do processo de maturidade e experiência que ainda não havia passado, até que perdi uma ex-noiva e até que me separei de minha avó. Mas até elas, eu foi sendo educado por uma religião que esvaziou os cemitérios do mundo inteiro e trouxe esperanças para os corações desconsolados pela morte física. E aí nasceu a minha visão e a minha convicção sobre o dia de finados que compartilho agora com todos vocês...
Há algumas décadas atrás, o Dia de Finados era marcado por recomendações de silêncio, pela obrigação de mostrar gestos compungidos e etc. Hoje estes hábitos se diluíram, mas grande número de pessoas concentra as suas lembranças e os gestos de respeito aos seus mortos nestes dias.
E eles passam então a se constituir em dias especiais, apenas porque muitas pessoas assim o consideram. Mas não temos razão alguma para escolhermos estes dias para lembrar e chorar pelos nossos mortos.
Também não temos razão alguma para nos reunirmos nos cemitérios levando flores e cuidando de enfeitar os túmulos. A visão espírita da morte, com muito mais razão, nos adverte da desnecessidade de cultivarmos estes hábitos.
De qualquer modo, devemos respeitar as crenças e as disposições mentais de quem quer que pense deste modo. É assim que em muitos centros espíritas bem orientados e genuinamente espíritas existe o costume de se reunirem os companheiros no Dia de Finados.
De qualquer modo, devemos respeitar as crenças e as disposições mentais de quem quer que pense deste modo. É assim que em muitos centros espíritas bem orientados e genuinamente espíritas existe o costume de se reunirem os companheiros no Dia de Finados.
Para os espíritas conscientes não há necessidade desta "comemoração" especial, já que a prática espírita nos põe todos os dias em contato com os mortos. Mas, para pessoas desconhecedoras dos ensinamentos espíritas, é uma oportunidade excelente para passarmos a nossa visão doutrinária da morte.
Se se dispuser de um médium, alguns desencarnados podem se manifestar, e, eventualmente passar recados ou mensagens de ordem particular ao lado de considerações doutrinárias.
Esta é a forma pela qual encaramos o costume de marcarmos o dia dois de novembro como dia dos mortos, embora todos os dias e todas as horas sejam adequadas para lembrarmos dos nossos mortos.
Esta é a forma pela qual encaramos o costume de marcarmos o dia dois de novembro como dia dos mortos, embora todos os dias e todas as horas sejam adequadas para lembrarmos dos nossos mortos.
As pessoas sempre me perguntaram se o dia de finados com seus rituais dentro dos cemirtérios, segundo a Doutrina Espírita, seria algo errado. Digo sempre que a Doutrina Espírita é libertária, não veio para defender este ou aquele procedimento em detrimento de outros, pois seria fazer um novo paradigma em substituição ao existente. O Espiritismo na verdade esclarece-nos quanto aos aspectos mais profundos do entendimento existencial.
Considera com muita propriedade que no túmulo não há mais nada, nem corpo às vezes dependendo da data do enterro. Em verdade, sabemos que os Espíritos de nossos entes queridos e amigos, assim como todos os espíritos, estão à nossa volta com os quais nos acotovelamos.
Cabe a nós outros, nos libertarmos dos atavismos e sabedores das verdades novas, assimilarmos de acordo com a nossa própria possibilidade. Consciente de que se a ciência descobriu novos medicamentos para velhos males cabe-nos tomá-los ou persistir no sofrimento.
Sabemos que toda forma de pensamento em relação a encarnados ou desencarnados e mesmo ao ente Divino são evocações. A prece é, pois uma evocação. A prece é a vela que deve ser acesa, verdadeiramente.
Por esta razão aconselhamos se faça preces aos nossos entes queridos, já desencarnados, pelo pensamento a Deus que os favoreça. Esta é muito apreciada e sentida pelos Espíritos desencarnados, dependendo sempre da sinceridade e bons sentimentos de quem a profere.
No dia de finados, que tal aproveitar a oportunidade de amor e carinho entre os que ainda estão encarnados para mostrar a harmonia e a fraternidade dos descendentes que possibilitam um sentimento mais elevado ao desencarnado?
Que tal aproveitar e pensar sobre o que é a vida e o que a morte, sobre como a vida neste mundo é importante para a nossa evolução ao lado daqueles que nos são próximos?
E...
Por fim, vamos recordar uma frase do grande Chico Xavier:
"A morte é a mudança completa de casa,
sem mudança essencial da pessoa."
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Paz a todos. Vivos e vivos.
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