O senador Cristovam
Buarque (PDT-DF) criticou, nesta segunda-feira (25), o fato de a presidente da
República, Dilma Rousseff, ter usado, na semana passada, o verbo “superar” ao
se referir a 22 milhões de famílias que deixaram a situação de miséria extrema.
Para Cristovam, a
presidente empregou o verbo de forma errada, criando uma ilusão de que os
pobres deixaram definitivamente a situação em que se encontravam. Para o líder
do PDT, embora tenha o mérito de aliviar a fome, o programa Bolsa Família ainda
não fez as pessoas superarem a pobreza.
- Elas voltarão à
pobreza, por exemplo, se a inflação continuar, e tudo indica que a inflação vai
corroer as transferências de renda - afirmou.
A inflação, para
Cristovam, é um grande problema que pode impedir a superação da pobreza. Ele
afirmou que, se a inflação voltar a uma taxa de, por exemplo, 8% ao ano, em
apenas quatro anos se perderão quase 50% do valor da transferência de renda do
Bolsa Família.
Outra questão levantada
pelo senador é a necessidade de medidas estruturais para alcançar de fato a
superação da miséria.
- Mesmo com a renda
beneficiada pela Bolsa Família, elas permanecem na mesma situação social,
porque a situação social não é definida só por um aumento da renda, nem mesmo
se fosse um aumento substancial. A posição social depende das condições de
habitação, depende das condições de segurança, depende, fundamentalmente, da
saúde e da escola onde essa pessoa está - observou.
Cristovam disse que, ao
falar sobre superação da miséria, Dilma pode ter criado uma "grave
ilusão". Para o senador, em vez de superação da miséria, há no país uma
“miséria da superação”.
- Nós empobrecemos o
conceito de superar. O conceito de superar é aquele que diz que houve uma
revolução, houve uma mudança, houve uma passagem. Não houve passagem. As
famílias da Bolsa Família continuam no mesmo estágio de pobreza, apenas com um
alívio, por exemplo, na questão da fome.
Ao comentar o discurso
de Cristovam, a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou que seria interessante o
beneficiário do programa social não deixar de receber o benefício ao passar a
trabalhar com carteira assinada.
- A carteira assinada é
a inclusão social, a mais digna inclusão social - disse a senadora gaúcha.
Acompanhamento dos pais
Cristovam Buarque
também criticou a manifestação do governo contra um projeto de sua autoria que
condiciona o recebimento dos benefícios do Bolsa Família à visita de pais ou
responsáveis à escola dos filhos pelo menos uma vez por ano. O PLS 449/2007
tramita atualmente na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
0 comentários:
Postar um comentário