domingo, 11 de outubro de 2009


"Boa noite Rio de Janeiro! Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim. Eu tenho mais ou menos 30 anos. Eu nasci no Rio de Janeiro. Eu soudo signo de áries. Eu gosto de beber pra caramba de vez em quando. Também gosto de Milk Shake. Eu gosto de meninas, mas eu também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou um cantor na banda de Rock. Eu sou letrista e algumas pessoas dizem que eu sou poeta..."


Esta foi a autodefinição que Renato Russo fez no início de um dos shows mais intensos da banda legião Urbana, no palco do Canecão. E foi tão intenso que até hoje eu tenho decorado desde aquela época, quando ainda eu era pré-adolescente.


Em setembro de 92 eu tive o grande privilégio de ver A Legião Urbana no Recife, no Geraldão lotado. Renato Russo entrou no palco trazendo rosas e falou que iria abrir o show cantando o Hino Nacional (era época do ‘Collorgate’). Cantou um hino, não exatamente o Nacional, mas Carinhoso, de Pixinguinha, em compasso lento, triste. Logo em seguida, reassumiu a persona agressiva que criou para disfarçar sua timidez, traumas e neuroses: “Tem muita gata gostosa aí?”, “Tem muito macho aí?”, “Quem é viado aqui?” Foi um show tranqüilo, em que ele desfiou praticamente todos os hits do grupo (com uma competente canja do guitarrista Sergio Serra, que havia saído do Ultraje a Rigor), enxertou trechos de She Loves You, dos Beatles, com Blue Suede Shoes, de Carl Perkins, e ainda repetiu Carinhoso. Os fãs nem se tocaram, mas o choro de Pixinguinha virou uma espécie de Valsa do Adeus, a despedida do cantor do seu público pernambucano.



Renato Manfredini Júnior nasceu no Rio de Janeiro, no dia 27 de março de 1960. Ficou mais conhecido como Renato Russo, foi um cantor, compositor e músico brasileiro, membro da banda Legião Urbana e do Aborto Elétrico.

É considerado por vários críticos o maior compositor do rock brasileiro. Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico (1978), a qual durou quatro anos, e terminou devido às constantes brigas que havia entre ele e o baterista Fê Lemos. Renato herdou desta banda uma forte influência punk que influenciou toda a sua carreira. Nessa mesma época, aos 18 anos, assumiu para sua mãe que era homossexual; em 1988, assumiu publicamente.

Em 1982, integrou a banda Legião Urbana. Nesta nova banda desenvolveu um estilo mais próximo ao pop e ao rock do que ao punk. Russo permaneceu na Legião Urbana até sua morte, em 11 de outubro de 1996. Gravou ainda três discos solo e cantou ao lado de Herbert Vianna, Adriana Calcanhoto, Cássia Eller, Paulo Ricardo, Erasmo Carlos, Leila Pinheiro e 14 Bis.

Infância


Até os seis anos de idade, Renato sempre viveu no Rio de Janeiro junto com sua família. Começou a estudar cedo no Colégio Olavo Bilac, na Ilha do Governador. Nessa época teria escrito uma bela redação chamada "Casa velha, em ruínas...", que nunca foi divulgada na integra. Em 1967, mudou-se com sua família para Nova Iorque pois seu pai, funcionário do Banco do Brasil, fora transferido para agência do banco em Nova York, mais especificamente para Forest Hills, no distrito de Queens, onde foi introduzido à língua e cultura norte-americana. Aos nove anos, em 1969, Renato e sua família voltam para o Brasil, indo morar na casa de seu tio Sávio numa casa na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.


Adolescência


Em 1973 a família trocou o Rio de Janeiro por Brasília, passando a morar na Asa Sul. Em 1975, aos quinze anos, Renato começou a atravessar uma das fases mais difíceis e curiosas de sua vida quando fora diagnosticado como portador da epifisiólise, uma doença óssea. Ao saber do resultado, os médicos submeteram-no a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na bacia. Renato sofreu duramente a enfermidade, tendo que ficar seis meses na cama, quase sem movimentos.

Carreira

Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico, ao lado dos irmãos Felipe Lemos (Fê) (bateria) e Flávio Lemos (baixo elétrico) e do sul-africano André Pretorius (guitarra). O grupo durou quatro anos, de 1978 a 1982, terminando por brigas entre Fê e Renato. O Aborto Elétrico foi a semente que deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial (formado por Fê e Flávio, junto ao guitarrista Loro Jones e ao vocalista Dinho Ouro-Preto). Após o fim do Aborto Elétrico, Renato começa a compor e se apresentar sozinho, tornando-se o Trovador Solitário. A fase solo durou poucos meses, até que o cantor se juntou a Marcelo Bonfá (baterista do grupo Dado e o Reino Animal), Eduardo Paraná (guitarrista, conhecido como Kadu Lambach) e Paulo Guimarães (tecladista, conhecido como Paulo Paulista), formando a Legião Urbana, tendo Renato como vocalista e baixista.

Após os primeiros shows, Eduardo Paraná e Paulo Paulista saem da Legião. A vaga de guitarrista é assumida por Ico-Ouro Preto, irmão de Dinho Ouro-Preto, que fica até o início de 1983. Seu lugar é assumido definitivamente por Dado Villa-Lobos (que criou a banda Dado e o Reino Animal com Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto, Loro Jones e o tecladista Pedro Thompson). A entrada de Dado consagrou a formação clássica da banda.

À frente da Legião, que contou com o baixista Renato Rocha entre 1984 e 1989, Renato Russo atingiu o auge de sua carreira como músico, sendo reconhecido como um dos maiores poetas do rock brasileiro, criando uma relação com os fãs que chegava a ser messiânica (alguns adoravam o cantor como se fosse um deus). Os mesmos fãs chegavam a fazer um trocadilho com o nome da banda: Religião Urbana/Legião Urbana. Renato desconsiderava este trocadilho e sempre negou ser messiânico.


Morte

Renato Russo morreu, pesando apenas 45 quilos, em consequência de complicações causadas pela Aids (era soropositivo desde 1989), mas jamais revelou publicamente sua doença[1]. Seu corpo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx.

No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do cantor, Dado e Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo. Estima-se que a banda tenha vendido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Russo. Mais de uma década após sua morte, a banda ainda apresenta vendagens expressivas de seus discos.


Livros


Durante sua carreira teve quatro livros publicados e, após sua morte, outros quatro livros foram lançados sobre ele, sendo um deles "Conversações com Renato Russo", que contém trechos de entrevistas mostrando o seu ponto de vista sobre o rock, a bissexualidade (incluindo a sua própria), o mundo, as drogas e a política.

Do ponto de vista da análise técnica, isto é, da crítica literária (acadêmica), foi lançado o livro: "Depois do Fim - vida, amor e morte nas canções da Legião Urbana", de Angélica Castilho e Erica Schlude (ambas da UERJ). Vale ser citado como bibliografia referencial os livros "O Trovador Solitário" e "BRock - O rock brasileiro nos anos oitenta", ambos de Arthur Dapieve.

Em junho de 2009, é lançada a biografia "Renato Russo: O filho da Revolução", do jornalista Carlos Marcelo Carvalho. A obra é contextualizada desde o período de infância de Renato, passando pela sua juventude - com acontecimentos políticos históricos da época forte de opressão da Ditadura Militar - e culminando com o seu amadurecimento como homem, poeta, artista e músico.


Curiosidades

> Em 2001, foi publicado o livro Sempre Há uma Luz, pela editora DPL, psicografado por Sérgio Luís, o qual consiste em um suposto relato de Renato Russo sobre sua "passagem para o plano espiritual".


> A Rede Globo contou a história de Renato Russo no especial "Por Toda a Minha Vida", apresentado pela atriz Fernanda Lima.

0 comentários:

Postar um comentário