Dilma agora vence em São Paulo, em Minas, no Sul, no interior do país e sobe cada vez mais entre lulistas
VINICIUS TORRES FREIRE ( Folha de São Paulo)
DESDE O início da campanha no rádio e na TV, José Serra (PSDB) perde cada vez mais votos para Dilma Rousseff (PT) entre os que consideram o governo Lula ótimo ou bom.
Quase tão lúgubre para o PSDB é a informação de que Serra perde até em São Paulo, Estado e capital, berço e encrave tucanos. Na pesquisa encerrada em 23 de julho, Serra batia Dilma por 44% a 30%. O levantamento fechado ontem deu Dilma por 41% a 36%.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
O GOSTO DA VITÓRIA E DERROTAS ÚTEIS
Parece um tanto óbvio, mas é a confirmação da hipótese de que, uma vez o presidente taumaturgo Lula fosse à TV dar seu toque sobrenatural em Dilma, votos incautos no tucano transmigrariam para a petista. Quem inadvertidamente ainda votava em Serra por desconhecer que "Dilma é a mulher de Lula" mudou de opinião ao ver os programas eleitorais na TV ou se ligar às discussões políticas suscitadas pelo início "pop" da campanha.
É o que se depreende da mais recente pesquisa Datafolha, publicada hoje nesta Folha. A distância entre Dilma e Serra aumentou pouco - de 17 para 20 pontos percentuais. A petista bate o tucano por 49% a 29% das intenções de voto. O que parece mais relevante, pois, é a informação de que, quanto mais eleitores assistem aos programas de TV, mais sabem que Dilma é a candidata do presidente considerado ótimo ou bom por 79% dos eleitores.
A parcela dos entrevistados que viram a campanha na TV foi de 34% para 39%. Os eleitores se dizem cada vez mais certos de sua escolha.
Serra perde agora nas Minas Gerais de Aécio Neves, no Rio Grande do Sul, no Paraná. De julho para este final de agosto, a distância Dilma-Serra subiu de 5 pontos percentuais para 38 na Bahia; de 15 para 41 em Pernambuco. Perdeu ainda mais votos fora das capitais e regiões metropolitanas. Trata-se de uma invasão dilmista em todas as frentes; o centro da defesa serrista se rompeu.
Além de enfrentarem o sucesso popular do governo Lula, Serra e a oposição pagam a conta de oito anos de inércia política e intelectual, de inanidade programática e de descaso com bases partidárias e sociais, para não dizer mesmo demofobia, ojeriza ao povo.
Pela tendência da pesquisa e pela generalização dos reveses em quase todas as classes e regiões, a situação parece muito difícil, mesmo faltando um mês para votação, mesmo que um talho de cinco pontos nos votos de Dilma ainda leve a eleição para o segundo turno. Ainda que, hoje, Dilma vença Serra por 55% a 36% nesse eventual segundo turno, ressalte-se que a debandada e a desmobilização oposicionista seria um péssimo serviço ao país.
Eleição é um raro momento de debate e crítica amplos, por mais baixo que seja o nível da campanha, tal como o desta eleição vazia. O êxtase lulista parece cegar o país para vários problemas, em políticas sociais ou macroeconômicas.
Também muito importante, uma crítica bem-feita poderia ao menos limitar o excessivo à vontade da máquina governamental em suas intervenções politizadas, no mau sentido, em negócios e economia, em fusões de empresas, na capitalização politizada de uma estatal, na criação de estatais sem fundamento etc. O à vontade não para aí: ressalte-se a descoberta de outras ações criminosas de uma franja do petismo, que espiona sem cerimônia pessoas ligadas a Serra e ao PSDB.
vinit@uol.com.br
0 comentários:
Postar um comentário