Por Lucivânio Jatobá
Era geralmente nas tardes de domingo que nos reuníamos à frente do Cinema. O programa consistia em assistir a mais um faroeste. Antes, trocávamos os almanaques ou figurinhas do álbum de jogadores brasileiros, comprávamos um saquinho de pipocas, com bastante sal, e um chocolate do peixinho, recoberto por um colorido papel de alumínio, que guardaríamos para "marcar" páginas de caderno escolar.
O Leão da “Metro”, de início, iria rugir na tela mágica do cinema. Que urro ensurdecedor, meu Deus! Era o início do espetáculo, do sonho... Naquelas tardes, poderiam surgir ali, diante de nós , meninos inquietos:
John Waine, no magnífico, A Diligência;
Joan Crawford em Jonhny Guitar;
Burt Lancaster, extraordinário, em Duelo de Titãs;
Quem sabe Clint Eastwood, enigmático, em Por um punhado de dólares...
Antes desses deuses despontarem naqueles momentos fugazes, ainda era apresentado o seriado de Batman - o Homem Morcego ou, talvez, o Cavaleiro Negro...
Na segunda-feira, de volta às aulas, teríamos muito assunto para a Hora do Recreio. Comentaríamos o capítulo do seriado, tentaríamos imitar, caboclamente, escondendo-nos atrás de um pilar ou de um muro baixo, a performance dos nossos heróis.
O barulho de tiros fictícios saía da nossa boca; um pouco adiante um amigo cairia, fingindo-se de morto, atingido por uma "bala" fatal disparada por aquele "dublê" de Burt Lancaster. Abriríamos as duas pernas, faríamos um V, e comemoraríamos a vitória, com o "revólver" imaginário, ainda fumegante, sendo colocado na cartucheira.
Retornaríamos à aula, onde a rígida e inesquecível professora, com uma varinha na mão, continuaria a falar da importância de Tiradentes para a nossa Pátria ou da "Guerra das Tabocas", em que o invasor holandês teria sido aniquilado nas terras de Santo Antão das Matas.
Já se passou tanto tempo... Mas ainda escutamos os gritos da meninada quando o mocinho acertava um "pele vermelha" ou matava um bandido feroz, com um tiro certeiro que lhe varava o peito. Politicamente incorreto? Quem sabe? Nem se falava nisso naqueles anos 1950/1960. Contudo, éramos bons meninos. Antes de "apreciar" na tela o genocídio dos índios, nós os católicos orávamos na missa e , num latim que não compreendíamos, pedíamos perdão pelos nossos "pecados" e pela paz. “Gracia plena”...
Agora, décadas depois, restam-nos a solidão e uma série de imagens materializadas em antigos cartazes que eram expostos na entrada dos cinemas de nossa infância. Há uma melancolia que nos devora pacientemente, sem pressa, enquanto aguardamos o por do Sol de nossa existência. Há uma lembrança que, a exemplo da chama de uma vela, começa a se apagar.
Claine Trevor, John Waine, Joan Crawford, Natalia Wood, Burt Lancastar, Gregory Peck, William Holder, Gary Cooper,Dean Martin, Clint Eastwood... Quem mais? A memória já não colabora... Por que não voltam? Estamos todos esperando por vocês nessa tarde de domingo do nosso delírio.
Procure rugir de novo, bravo Leão! Por favor, atenda-nos! Por favor... Já houve as três badaladas. Por favor, estamos aguardando. Há um "pele vermelha" à nossa espreita perto da árvore dos enforcados.
Temos pressa, o Sol está se pondo e logo será noite!
O Leão da “Metro”, de início, iria rugir na tela mágica do cinema. Que urro ensurdecedor, meu Deus! Era o início do espetáculo, do sonho... Naquelas tardes, poderiam surgir ali, diante de nós , meninos inquietos:
John Waine, no magnífico, A Diligência;
Joan Crawford em Jonhny Guitar;
Burt Lancaster, extraordinário, em Duelo de Titãs;
Quem sabe Clint Eastwood, enigmático, em Por um punhado de dólares...
Antes desses deuses despontarem naqueles momentos fugazes, ainda era apresentado o seriado de Batman - o Homem Morcego ou, talvez, o Cavaleiro Negro...
Na segunda-feira, de volta às aulas, teríamos muito assunto para a Hora do Recreio. Comentaríamos o capítulo do seriado, tentaríamos imitar, caboclamente, escondendo-nos atrás de um pilar ou de um muro baixo, a performance dos nossos heróis.
O barulho de tiros fictícios saía da nossa boca; um pouco adiante um amigo cairia, fingindo-se de morto, atingido por uma "bala" fatal disparada por aquele "dublê" de Burt Lancaster. Abriríamos as duas pernas, faríamos um V, e comemoraríamos a vitória, com o "revólver" imaginário, ainda fumegante, sendo colocado na cartucheira.
Retornaríamos à aula, onde a rígida e inesquecível professora, com uma varinha na mão, continuaria a falar da importância de Tiradentes para a nossa Pátria ou da "Guerra das Tabocas", em que o invasor holandês teria sido aniquilado nas terras de Santo Antão das Matas.
Já se passou tanto tempo... Mas ainda escutamos os gritos da meninada quando o mocinho acertava um "pele vermelha" ou matava um bandido feroz, com um tiro certeiro que lhe varava o peito. Politicamente incorreto? Quem sabe? Nem se falava nisso naqueles anos 1950/1960. Contudo, éramos bons meninos. Antes de "apreciar" na tela o genocídio dos índios, nós os católicos orávamos na missa e , num latim que não compreendíamos, pedíamos perdão pelos nossos "pecados" e pela paz. “Gracia plena”...
Agora, décadas depois, restam-nos a solidão e uma série de imagens materializadas em antigos cartazes que eram expostos na entrada dos cinemas de nossa infância. Há uma melancolia que nos devora pacientemente, sem pressa, enquanto aguardamos o por do Sol de nossa existência. Há uma lembrança que, a exemplo da chama de uma vela, começa a se apagar.
Claine Trevor, John Waine, Joan Crawford, Natalia Wood, Burt Lancastar, Gregory Peck, William Holder, Gary Cooper,Dean Martin, Clint Eastwood... Quem mais? A memória já não colabora... Por que não voltam? Estamos todos esperando por vocês nessa tarde de domingo do nosso delírio.
Procure rugir de novo, bravo Leão! Por favor, atenda-nos! Por favor... Já houve as três badaladas. Por favor, estamos aguardando. Há um "pele vermelha" à nossa espreita perto da árvore dos enforcados.
Temos pressa, o Sol está se pondo e logo será noite!
Crônica escrita na manhã do dia 1 de agosto de 2010.
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